13/3/2013, Sean Fenley,
Asia Times Online – Speaking
Freely
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Sean
Fenley é autor
independente, que trabalha para implantar alguma sanidade no presente e no
futuro político dos EUA, entre os militares dos EUA e nas políticas externa e
doméstica dos EUA. Escreve e publica em vários websites e veículos da
imprensa não-empresa em todo o mundo.
Comentário de
internauta (na mesma página): Te Pu Win, Top Commenter - Toronto,
Ontario
Fazer
de Assad o vilão é tolice “jornalística” simplória, pessoal. Sugiro que
aproveitem o tempo e leiam um pouco sobre o Líbano. Antes de 1967, Beirute era a
“Veneza do Oriente Médio”, elo de ligação entre a Europa e o mundo árabe. O
ataque de Israel aos países árabes mudou essa equação para todo o meio século
seguinte, que foi de guerra e sangue. Os israelenses incitaram os cristãos
libaneses, o que resultou na destruição da sociedade deles, o que destruiu
Beirute.
Lembram
o massacre de Sabra e Shatila, em que palestinos foram assassinados nos campos
de refugiados? Foi crime instigado por Ariel Sharon. E Israel continuou a
agredir o Líbano – até os bombardeios bem recentes. Com essa ação, Israel
provocou reação cada vez mais extremista. Quantos outros civis inocentes foram
mortos é informação que a imprensa-empresa oligárquica ocidental esconde.
Façam
avançar o filme até o Iraque, a Síria e o Irã, e vocês verão o mesmo padrão vil,
com Israel a incitar cada vez mais violência e mais guerra, sempre aos gritos de
“querem destruir Israel” (e por isso seria preciso demonizar meio mundo, sem
parar).
Os
EUA estão-se comportando como vassalos de Israel e, por isso, perdem amigos por
todo o planeta.
Kirsten Gillibrand |
Quando
a senadora Kirsten Gillibrand sabatinava o ex-senador de Nebraska, Chuck Hagel,
na audiência no Senado para a confirmação do ex-senador como secretário de
Defesa, ela mencionou armas químicas e Síria.
Acho
que a boa senadora Gillibrand precisaria ser informada de que a verdadeira
ameaça não é a Síria, mas o chamado “exército sírio livre” e suas armas
químicas. Foram e continuam a ser apoiados por aliados dos EUA, como Arábia
Saudita e Qatar, estados wahhabistas que reprimem as mulheres e nada sabem de
liberdades civis e direitos democráticos. São estados antidiluvianos, já maduros
para primaveras árabes, à espera de que alguma genuína democracia brote por ali.
A Arábia Saudita invadiu o vizinho Bahrain, e não se cansa de reprimir
movimentos revolucionários de base também ali.
Bashar al-Assad |
A
Síria é sociedade complexa, onde convivem diferentes religiões e seitas, muito
mais bem protegidas, todas elas, sob o governo árabe nacionalista de Bashar
al-Assad, do que algum dia seriam sob governo de algum estado salafista ou da
Fraternidade Muçulmana, fascistas que aspiram a ocupar o lugar do Presidente
Bashar – algum estado como o Egito de Mohamed Mursi (do qual todos os cristãos
coptas já se afastaram).
Temo
muito pelos alawitas, os drusos e os cristãos sírios: os melquitas, siríacos,
maronitas, caldáicos e outros grupos, no caso de esses assassinos salafistas e
wahhabis, apoiados pelos mais retrógrados governos aliados dos EUA, chegarem ao
poder. Laurent Fabius, Ministro de Relações Exteriores da França, disse que:
Não
podemos permitir que a Síria degenere num conflito de milícias.
Gerard
Araud, representante permanente da França na ONU, disse que:
Estamos
criando uma Somália, no coração do Oriente Médio.
A
melhor saída é exigir que Arábia Saudita e Qatar ponham fim ao seu projeto de
desestabilização de toda aquela região. A única saída é uma solução política não
violenta, que assegure que os sunitas fundamentalistas não cheguem ao poder.
Os
siríacos/aramaicos – que falam aramaico, a língua de Jesus Cristo – querem um
diálogo entre todos os grupos sem precondições; querem o cessar-fogo; querem o
fim da importação e do contrabando de todo e qualquer armamento estrangeiro;
querem o fim das sanções econômicas; e querem o fim do recrutamento de
milicianos estrangeiros mercenários para guerrear contra o país deles e dentro
do país deles.
Moaz al-Khatib |
Moaz
al-Khatib, que lidera a Coalizão Nacional Síria – o grupo de exilados que apoia
a intervenção armada contra o governo sírio, e que são apoiados pelo ocidente e
pelos países do Golfo – já fala, agora, também, de conversações com Bashar
al-Assad. Vários grupos civis que rejeitaram a luta armada e se opõem à
intervenção estrangeira na Síria também são favoráveis a um imediato cessar-fogo
e a uma solução negociada.
Os
EUA e a OTAN que recolham imediatamente aos canis os seus cães de guerra (a
Turquia também se misturou nesse mix sórdido). Que todos procuremos
pensar com a cabeça limpa, em vez de só pensar em derrubar um governo cujos
principais “defeitos” são ser independentes de EUA e OTAN; não dar rédea livre
às empresas daqueles países; não se deixar manobrar como fantoches.
A
Síria, aliada ao Hezbollah e ao Irã, está além de qualquer possibilidade de ser
comandada pelo ocidente, mas também é imperativo que os fundamentalistas sunitas
não consigam chegar ao poder.
Em vez de fixarem-se em objetivos
geopolíticos caolhos e capengas, sempre atentos exclusivamente ao interesse de
Israel, EUA e OTAN têm de começar a trabalhar imediatamente na direção de uma
solução política, e já! Têm de deixar de crer, exclusivamente, na força das
armas. Essa estratégia é depravada, é ignóbil e, em todos os casos, obedece ao
comando de gente que, em matéria de negociação política, só conhece o
“argumento” dos esquadrões da morte e da selvageria mais brutal e que, como já
se lê de várias fontes confiáveis, já se aliou, até, aos
terroristas.
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