Declaração da República Popular Democrática da Coreia,
RPDC
6/3/2013, Craig Brown, Commondreams
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Craig Brown (CommonDreams) |
A
Coreia do Norte ameaçou lançar ataque nuclear preventivo contra os EUA, depois
de declarar que ataque desse tipo “não é monopólio” daquele país.
Porta-voz
do Ministério de Relações Exteriores da RPDC (chamada “Coreia do Norte”, no
ocidente) disse que o país exercerá seu direito a um “ataque nuclear preventivo
para destruir instalações fortificadas de seus agressores”, porque os EUA
insistem em dar prosseguimento às manobras “Foal Eagle”, de treinamento para
guerra nuclear, com a Coreia do Sul, no mês em curso.
“Foal
Eagle” é o nome das manobras para treinamento de
guerra realizadas em conjunto por militares da Coreia do Sul e dos EUA, dos
maiores exercícios
militares que se fazem anualmente no mundo.
Ao
que se sabe, a República Popular Democrática da Coreia tem combustível nuclear
em quantidade suficiente para construir várias armas atômicas.
A
Doutrina Bush: “Não
podemos deixar que nossos inimigos ataquem primeiro”
Os
EUA têm longa história de iniciar ataques militares preventivos, mas depois do
11/9/2001, o presidente Bush, em sua “Estratégia de Segurança
Nacional”, documento lançado em 2002, elevou a prevenção a um novo
patamar:
Os
EUA não podem continuar a confiar exclusivamente numa postura reativa, como no
passado. A inabilidade para conter um atacante, a imediatez das ameaças
contemporâneas e a magnitude do dano potencial que pode nos ser infligido pelas
armas à escolha de nossos inimigos não permitem a posição defensiva. Não podemos
deixar que nossos inimigos ataquem primeiro.
No
desenvolvimento dessa doutrina, o governo Obama adotou e continua a adotar a
maioria das políticas preventivas instituídas pela “Doutrina Bush” do pós-11/9.
Na
Praça Kim Il Sung em Piongueangue, na 5ª-feira (7/mar/2013), dezenas de milhares
de norte-coreanos protestaram contra as manobras EUA-Coreia do Sul e contra as
sanções impostas ao país.
O
General de Exército, Kang Pyo Yong disse à multidão que a Coreia do Norte está
preparada para lançar mísseis nucleares de longo alcance contra Washington.
Mísseis
balísticos intercontinentais e vários outros mísseis já direcionados para seus
alvos, estão agora armados com ogivas nucleares mais leves, menores e mais
diversificadas e estão já em estado de prontidão – disse o
general Kang – Quando decidirmos que é
chegada a hora, Washington, fortaleza dos demônios, será mergulhada num mar de
fogo.
Segundo
os locutores da Agência Coreana Central de Notícias, Kang, naquela manifestação;
...alertou
que os imperialistas norte-americanos e os sul-coreanos obcecados por guerras
devem compreender claramente quem é seu adversário e que miserável destino os
aguarda. Devem também compreender com a máxima clareza que o direito de
desencadear ataque nuclear preventivo não é privilégio
deles.
A
declaração
de estado de prevenção contra
ataque nuclear inimigo, lida pelo porta-voz do Ministério de Relações Exteriores
da República Popular Democrática da Coreia, foi publicada na íntegra pela
Agência Coreana Central de Notícias:
Segunda
Guerra da Coreia é inevitável
Os
EUA dedicam-se empenhadamente em iniciar guerra nuclear contra a República
Popular Democrática da Coreia [orig. DPRK, Democratic Peoples Republic of
Korea).
Os exercício militares conjuntos “Key
Resolve” e “Foal Eagle” iniciados
pelos EUA, levam a situação na Península Coreana à beira da guerra; são manobras
para uma guerra nuclear que visam a deflagrar ataque preventivo conta a RPDC, de
A a Z.
Os
EUA estão empenhados num massivo deslocamento de forças armadas para agressão,
inclusive um porta-aviões com força-tarefa e bombardeiros estratégicos,
suficientes para combater uma guerra atômica, ocultada sob a cortina de fumaça
de “exercícios militares anuais”.
Não
se pode desconsiderar que essas manobras militares de guerra foram agendadas de
modo a coincidir com os movimentos para fabricar uma nova “resolução” do
Conselho de Segurança da ONU contra a RPDC, gerando cenário mais do que
suficiente para que os EUA provoquem uma guerra atômica, sob o disfarce de luta
pela “não proliferação nuclear”.
É
velho e conhecido método de guerra dos EUA, forçar “resoluções” do Conselho de
Segurança da ONU para justificar suas guerras de agressão e agredir acobertados
sob os casquetes das “forças da ONU”.
Por
isso os EUA estão atraindo para essas manobras de guerra também as forças
armadas de seus países-satélites que estiveram ativas na primeira Guerra da
Coreia como se fossem “forças da ONU”.
Depois
de fazer seu movimento estratégico de “pivô” para a região do Pacífico Asiático,
em busca de alcançar hegemonia mundial, os EUA veem como objetivo inicial ter
sob seu controle toda a Península Coreana, como tentativa para conquistar uma
cabeça de ponte que lhes permitam pôr os pés no continente eurasiano.
Igualmente, os EUA buscam alguma saída para a crise econômica que os devasta em
casa. Uma segunda Guerra da Coreia lhes parece útil também nesse campo.
Os
EUA são, de fato, os principais criminosos que ameaçam a paz e a segurança
globais hoje nessa região, com esses tão temerários e perigosos exercícios de
guerra – justamente aqui, num dos pontos mais complexos e tensos, onde se reúne
a maior concentração de arsenais e usinas nucleares de todo o mundo.
Até
agora, a República Popular Democrática da Coreia vem fazendo todos os esforços
possíveis e vem-se mantendo sob absoluto controle e automoderação, para defender
a paz e a estabilidade na Península Coreana e na região.
Os
EUA, contudo, respondem à boa-vontade e automoderação da República Popular
Democrática da Coreia com manobras de guerra e exercícios bélicos “anuais”, que
se vão convertendo em guerra real. Nessa
situação, a oportunidade para solução diplomática já não existe e só resta a
contrarreação militar.
O
porta-voz do Ministério de Relações Exteriores disse o seguinte, sobre a grave
situação que foi criada, com a Península Coreana ameaçando seriamente a
soberania do país e seu direito à existência:
Soldados da Coreia do Norte comemorando o Sŏn'gun [1] |
Primeiro,
agora que os EUA decidiram acender o pavio de uma guerra nuclear, as forças
armadas revolucionárias da República Popular Democrática da Coreia exercerá seu
direito de ataque nuclear preventivo para destruir o reduto e os meios dos
agressores e defender os supremos interesses do país.
O
Comando Supremo do Exército Popular Coreano declarou que cancelará completamente
o Acordo de Armistício Coreano [orig. Armistice Agreement (AA)] a partir de
11 de Março, quando o ensaio pré-guerra dos EUA chegará ao auge. Significa que a
partir daquele momento, as forças armadas revolucionárias da República Popular
Democrática da Coreia empreenderão ações militares de autodefesa contra qualquer
alvo e a qualquer momento, sem qualquer das restrições impostas pelo AA.
Segundo,
qualquer farsa promovida pelos EUA no Conselho de Segurança da ONU para fazer
aprovar “resolução sobre sanções” contra a República Popular Democrática da
Coreia forçará a RPDC a empreender, em data anterior àquela, contramedidas de
segunda e terceira ordem, mais poderosas, como já ficou aqui declarado.
Se o Conselho de Segurança da ONU der luz verde aos EUA
em seu movimento de guerra de agressão contra a República Popular Democrática da
Coreia, e aprovar nova ‘resolução sobre sanções’, a RPDC libertará toda a
potência do Sŏn'gun que construiu década após década e porá fim ao ciclo infernal de tensão.
Terceiro,
dado que já é difícil evitar a segunda guerra Coreana, a República Popular
Democrática da Coreia avisa firme e fortemente ao Conselho de Segurança da ONU
que não tente outra grande trapaça, como da outra vez, quando agiu para merecer
o mais aprofundado e profundo desprezo da nação coreana, e operou como lacaio de
guerra dos EUA, em 1950.
O
Conselho de Segurança da ONU deve agir para impedir que se prolonguem os ensaios
de guerra atômica cujo alvo é a RPDC e que impõem grave ameaça à paz e à
segurança globais; e para desmantelar imediatamente o “Comando ONU”, ferramenta
de execução da guerra de agressão dos EUA; e deve tomar medidas para pôr fim ao
estado de guerra técnica.
Defende-se
a justiça quando à força responde-se com força, bomba nuclear contra bomba
nuclear.
Se
os EUA incendiarem essa guerra, as chamas da justiça crescerão como vulcão
incontrolável, no qual perecerão os que nos agridem. E a amaldiçoada Linha de
Demarcação Militar também desaparecerá, varrida.
Nota
dos tradutores
[1]
Sŏn'gun
é
a política da RPDC de “Militares em Primeiro Lugar”, que prioriza o Exército
Popular Coreano nos negócios de Estado e aloca recursos nacionais primeiro para
o Exército.
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