1/3/2013, Paul Jay entrevista Michael Ratner, advogado - The Real News Network, TRNN
Vídeo-entrevista traduzida pelo
pessoal da Vila
Vudu
PAUL
JAY, editor sênior de TRNN: Michael Ratner, advogado de Wikileaks,
assistiu à audiência, ontem, em que Manning falou, em tom firme, com
inteligência e confiança, detalhando as inúmeras brutalidades às quais assistiu
e que o levaram a enviar os documentos que, sim, enviou a Wikileaks. Aqui,
Michael Ratner fala à TRNN e conta o que viu.
Michael,
que fala conosco de New York City, é presidente emérito do Centro de Direitos
Constitucionais; é presidente do Centro Europeu pelos Direitos Humanos e
Constitucionais em Berlim; é o advogado que defende Julian Assange nos EUA; e
também é membro do conselho editorial de The Real News Network. Obrigado pela
entrevista.
MICHAEL
RATNER: É um
prazer estar com você, Paul.
JAY: Você
ontem viveu dia muito fortemente emocionante, assistindo ao julgamento histórico
de Bradley Manning. O que aconteceu lá?
RATNER: Fui
cedo para Fort Meade, e foi coisa de dia inteiro. Bradley Manning estava na sala
do tribunal. A maior parte de imprensa foi direcionada para um auditório, e só
uns poucos – eu também, mas não sou jornalista – fomos autorizados a entrar na
sala em que Bradley Manning
depôs. Foi dia especial, porque o advogado de Bradley Manning e o próprio
Bradley decidiram que Bradley se declararia culpado em algumas das acusações,
com penas menores; mas não nas acusações de espionagem e colaboração com o
inimigo..
Fato
é que, para mim, no plano emocional, foi um dia devastador. No fim do dia,
sentia-me uma ruína, emocionalmente devastado. Mas, ao mesmo tempo... Quem lá
estava viu, afinal, quem é Bradley Manning. É um herói. Um desses raros homens
que, diante de um crime para o qual todos fecham os olhos, encontra o que fazer
e age.
Tecnicamente,
Bradley, hoje, declarou-se culpado em nove acusações. E , quando o
acusado se declara culpado, a corte tem de ter certeza de que o acusado entende
perfeitamente o que está fazendo, que entende a natureza da confissão de culpa.
Então, a corte pede ao acusado que narre detalhadamente as próprias ações.
Bradley Manning declarou-se culpado de distribuir, ou de transferir a WikiLeaks
(que são meus clientes), todos os documentos dos chamados “Iraq War Logs”, dos
“Afghan war logs”, o vídeo “Collateral Murder”, telegramas do Departamento de
Estado, os 13 telegramas de Reykjavik, etc.. Mas o mais interessante, nessa
admissão de culpa em nove acusações, foi que a juíza permitiu que Bradley lesse
uma declaração de cerca de 30 laudas. A leitura durou duas, quase três horas. E
esse documento, sim, permitiu ver que tipo de homem é Bradley Manning. Foi
declaração profunda, imensamente emocionante.
Começa
com quando ele se alistou no exército; fala depois de sua primeira missão no
Iraque. E essa primeira missão já foi associada a algo que se conhece como
SigAct, abreviatura de “atividades significativas”: são os relatórios diários de
tudo que acontece em
campo. E Bradley , quanto mais lia aqueles relatórios, mais
perturbado se sentia com o que via acontecer no Iraque: número de mortos, número
de... Bradley disse que entendeu rapidamente que estavam assassinando pessoas
cujos nomes constavam de uma ‘'lista de matar'’. Que absolutamente não estavam
ajudando a salvar ninguém. E conta que concluiu que teria de haver discussão
muito séria sobre a contrainsurgência: se existe para ajudar alguém ou para
ferir inocentes e matar alvos predefinidos.
Ao
mesmo tempo em que trabalhava com os arquivos da guerra do Iraque – era parte do
seu trabalho – trabalhava também com os arquivos da guerra do Afeganistão,
material muito semelhante, condições semelhantes, locais semelhantes. Todos
esses arquivos passaram pelas mãos de Bradley.
Também
ao mesmo tempo, ouviu falar da organização WikiLeaks. E ouviu falar de WikiLeaks
porque WL acabava de divulgar – nem lembro quantas dezenas de milhares de SMSs,
aquele, com as mensagens de texto de pessoas que estavam dentro do World Trade
Center quando foi atacado. Assim, ele tomou conhecimento da existência de WikiLeaks. Em
seguida fez algumas pesquisas pelo computador, e descobriu que, em 2008, havia
um documento do governo dos EUA sobre como desmontar a organização WL.
Quer
dizer... Foram dois processos: Bradley lendo os arquivos da Guerra do Iraque, os
arquivos da Guerra do Afeganistão e, em seguida, fazendo contato, como fez, com
WikiLeaks.
Mas,
no início, só havia os arquivos da Guerra do Iraque e os arquivos da Guerra do
Afeganistão, e Bradley cada vez mais perturbado com o que lia. De início, não
fez qualquer movimento. Mas, em certo momento, ele viajou aos EUA já com todos
aqueles arquivos baixados em seu computador, acho, ou num CD, talvez num pequeno
cartão para transporte de dados. Estava em Maryland. Nevava muito. Bradley não
conseguia decidir-se sobre o que fazer com os arquivos. Falou sobre eles com um
amigo, seu namorado, pelo menos durante algum tempo, e perguntou a ele “o que
você faria se tivesse com você coisas que todos os norte-americanos têm de ver?”
O rapaz nada disse de relevante. Bradley continuou a pensar nos arquivos, que
continuavam a incomodá-lo.
Quando
voltava de Boston a Maryland, entrou numa loja Barnes & Noble, para fugir da
tempestade de neve e, também, porque precisava do acesso à banda larga, e, dali,
enviou os documentos a WikiLeaks. Enviou pela própria página de WL, na qual há
uma sessão para envio anônimo de documentos. Depois, Bradley, como já dissera
antes, diz que se sentiu muito aliviado; “eu tinha certeza de que era algo que o
povo norte-americano tinha de ver; que todos têm de debater essa guerra. E eu
esperava que os arquivos da Guerra do Afeganistão e os arquivos da Guerra do
Iraque modificassem a situação”. Assim, o primeiro bloco de documentos estava
enviado.
A
partir daí, é claro, há correspondência, de algum modo, entre Manning e
WikiLeaks. Manning nunca soube quem estava na outra ponta do contato por
computador. Diz que, em algum momento, é possível que tenha sido o próprio
Julian Assange, ou, talvez, alguém chamado Daniel Schmitt (um rapaz alemão que
esteve com os WikiLeaks durante algum tempo, Domscheit/Schmitt). Mas Bradley não
sabe quem seria. Diz que, sim, bem poderiam ser outras pessoas das organizações
WikiLeaks. “Eu nunca soube com quem me comunicava, da organização WikiLeaks.
Todos os contatos eram anônimos”.
Bradley Manning e Assange |
Bradley
diz também que, ninguém associado com a Organização WikiLeaks (WLO) pressionou-o
para que lhes desse mais informação. “A decisão de entregar documentos a
WikiLeaks foi exclusivamente minha”, ele disse. É bem claro que Bradley é pessoa
politizada. Pelo menos, entende claramente que a opinião pública tem de conhecer
exatamente o que fazem os governantes.
Depois
disso, o grande acontecimento foi o vídeo “Collateral Murder”. As pessoas, nos
gabinetes no Iraque, discutiam se os vídeos seriam legais, se estariam de acordo
com as leis de guerra e do serviço militar, ou não. Bradley decidiu ver, ele
mesmo, os tais vídeos. E viu. E horrorizou-se porque “primeiro, sim, até se
poderia argumentar que tivesse sido acidente”, quando os dois jornalistas da
Reuters foram mortos com tiros de arma que atirava do que parece ser um
helicóptero. E, sim, é possível que tenha acontecido um engano, como Bradley
disse. E há discussão até hoje sobre se teriam, mesmo, de assassinar os
jornalistas da Reuters.
Mas
o problema é que, em seguida, aparece uma caminhonete para socorrer as pessoas
feridas... E os atiradores no helicóptero atiram contra a caminhonete. E isso,
Bradley parece não ter dúvida alguma, é crime de guerra, ação bem claramente
proibida. Era pessoal de resgate, que vinha resgatar os feridos. Ninguém portava
armas. Mas o vídeo permite ouvir as falas dos militares dentro do helicóptero, a
sanha por sangue. E a expressão que ele usou: sanha de sangue
[orig. bloodlust]. Quando veem alguém que rasteja no chão, aparentemente
já ferido, alguém diz no helicóptero que “tomara que ele saque a arma”.
Evidentemente, para terem o pretexto necessário para matá-lo.
O
vídeo também o incomodou. Incomodou-o, sobretudo, o fato de o vídeo não ter sido
entregue à Agência Reuters, apesar de a Reuters tê-lo requisitado, em nome das
famílias dos dois jornalistas mortos. E o governo dos EUA, o CENTCOM, os
militares responderam que nem tinham certeza de que tivessem o tal vídeo. E o
vídeo lá estava. Outra vez, o que temos é Bradley profundamente incomodado com o
que via e agindo, reagindo, tomando uma atitude.
Essa
é a segunda acusação face à qual Bradley declarou-se culpado: ter entregado
aquele vídeo, outra vez, como antes, enviado à página de WikiLeaks. Esse vídeo
sequer estava classificado como secreto – o que é interessante. Mas Bradley
enviou o vídeo, sim, à organização WikiLeaks.
O
terceiro caso é com a polícia iraquiana. Pediram que Bradley ajudasse a polícia
do Iraque, a polícia de Bagdá, que os ajudasse a identificar, insurgentes, não
sei, ou outros desse tipo. Àquela altura, 15 pessoas foram entregues à polícia
iraquiano. E Bradley examinou aqueles casos; pediu para examiná-los. E descobriu
que nada havia contra aquelas pessoas; no máximo, acusações de terem colado
cartazes criticando a corrupção no governo iraquiano. Mais uma vez o caso
incomoda Bradley, porque aqueles prisioneiros foram terrivelmente maltratados.
Bradley temeu que fossem mortos ou desaparecessem ou, até, que fossem mandados
para Guantánamo, se fossem entregues aos EUA.
Então,
sua primeira providência foi tentar relatar o caso aos seus próprios superiores,
os quais, é claro, não lhe deram qualquer atenção. Bradley, outra vez, enviou os
arquivos relacionados àqueles prisioneiros, para WikiLeaks. WikiLeaks não
publicou aqueles documentos, mas, é claro, Bradley continuava conversando com
WikiLeaks. Mas o caso dos iraquianos presos chamou a atenção de Bradley para
outro tópico: Guantánamo.
O
que Bradley disse à corte foi “[incompr.] tem direito de interrogar pessoas, é
claro, mas Guantánamo é moralmente questionável. O que fazemos ali é manter
encarceradas pessoas inocentes, pobres, gente de escalão muito inferior, e
Barack Obama prometeu fechar Guantánamo. Minha opinião é que manter aquela
prisão fere os EUA”.
Prisão de Guantánamo, território cubano ilegalmente ocupado pelos EUA |
A
partir daí, Bradley passou a trabalhar no que hoje se chama “arquivos dos
detentos”, arquivos sobre cada um dos prisioneiros de Guantánamo. E, quando
falou com WikiLeaks, disse que mandaria aqueles arquivos; WikiLeaks respondeu
“OK, são arquivos antigos, já perderam o conteúdo político, mas são
historicamente importantes para o caso Gauntánamo; e podem ser úteis aos
advogados”. Então, os arquivos foram enviados para WikiLeaks.
Na
sequência, a última coisa sobre a qual Bradley falou foram os telegramas do
Departamento de Estado. Houve telegrama anterior, chamado “Reykjavik
13” , que,
de fato, foi o primeiro documento, pelo que sei, que WikiLeaks
divulgou online. Reykjavik 13 foi recolhido de uma website que tem
algo a ver com a Islândia. E, de repente, lá estava a Islândia – no coração da
crise financeira. – E havia terríveis pressões, pelo Reino Unido e pelos EUA,
sobre a Islândia, para que o país se rendesse aos programas de resgate e de
austeridade. E a Islândia recusou. E o tal telegrama falava das pressões que os
EUA estavam fazendo sobre a Islândia. E Bradley Manning – que sabia o que mais
ninguém sabia – reagiu. Denunciou que os EUA estavam assediando a Islândia. Que
não pode ser. Que nada, naquele caso, poderia ser secreto.
Com
isso, claro, Bradley chegou aos telegramas diplomáticos. – Bradley leu todos os
telegramas sobre o Iraque, cada um daqueles telegramas, disse ele; e percebeu
que, basicamente, todos aqueles telegramas incluíam crimes, criminalidade de
diferentes níveis. O que o convenceu de que aquele tipo de diplomacia também
prejudica os EUA: diplomacia de segredos inconfessáveis dos quais o público
jamais toma conhecimento. Em seguida, então, enviou a WikiLeaks os telegramas
diplomáticos.
Mas
o que se vê em cada um desses casos, é que Bradley foi influenciado, sempre,
pelo que viu ou leu. Foi sincera e profundamente atingido e influenciado. E não
conseguiu nada, nas tentativas que fez para alertar, primeiro, os seus
superiores. Se não conseguia fazer nada dentro da estrutura onde estava – o que
mais poderia fazer? Então, decidiu que todos, todos os cidadãos dos EUA, toda a
opinião pública, nos EUA e no mundo, tinham de ser informados. Porque era
preciso discutir aquilo tudo. Supôs que talvez, com a discussão, se conseguiria
mudar aquelas políticas.
Mas...
Houve vários momentos muito interessantes, no depoimento. A certa altura, quando
já havia voltado para Maryland, pensando em divulgar os arquivos sobre o Iraque
e o Afeganistão, Bradley contou que, em primeiro lugar, fez contato com outros
veículos. Telefonou a um dos editores do The New York Times e deixou uma
mensagem na secretária eletrônica, ou na página do editor. Jamais houve
resposta. Telefonou ao The Washington Post e, disse ele, ninguém, ali, o
levou a sério. Foi quando entendeu que nada conseguiria, em matéria de divulgar
os fatos, nem doWashington Post nem do New York Times. Disse que,
então, começou a procurar outros meios para divulgar os arquivos. No final,
considerando o que WikiLeaks já fizera no passado, Bradley disse que concluiu
que seria o melhor meio de divulgar os arquivos.
O
que pensei, naquele tribunal, vendo e ouvindo aquele rapaz, 22 anos, que se
alistou no Exército aos 20 anos, e que aos 22 já distribuía aqueles documentos
para WikiLeaks, porque se sentiu horrorizado, perturbado... O que pensei ali,
naquela hora, é que esse rapaz é um herói. Bradley Manning é um grande herói. Um
homem que viu o que os militares dos EUA faziam no Afeganistão, no Iraque, em
Guantánamo, que viu o que o Departamento de Estado fazia pelo mundo... E decide
que é indispensável agir, fazer alguma coisa.
Infelizmente,
pagará preço muito, muito alto pela sua coragem...
Para
que todos entendam, tenho de explicar um pouco como aquilo funciona. Não é como
o que se vê nas cortes comuns, quando é possível fazer um acordo com o
Procurador, quando há pena máxima e pena mínima, conforme o crime que o acusado
escolha confessar. No caso desse tribunal militar as coisas não funcionam desse
modo.
Trata-se,
nesse caso, do que a juíza chamou de “naked plea” [lit. “admissão nua”(?)
(NTs)]. Significa que Bradley apenas decidiu declarar-se culpado nessas nove
acusações. Então, a juíza requereu que ele narrasse todos os atos praticados.
Mas
essas não são as acusações mais graves. Até aí, só se falou de acusações que, se
o acusado for condenado, gerarão pena de 20 anos de prisão. Mas a questão é que
o procurador não é obrigado a aceitar coisa alguma. Ele pode dar andamento ao
processo e exigir julgamento de todas as demais acusações, as mais graves. Pode
até usar elementos do que Bradley Manning confessou ter feito e de como agiu.
E
esses desdobramentos é que serão realmente decisivos. Mas o primeiro passo
também conta muito. Bradley demonstrou que é homem que faz e assume a
responsabilidade pelo que faz. A declaração que leu no tribunal é perfeitamente
verossímil, faz perfeito sentido, é crível. De fato, é documento
impressionantemente sincero e claro. Pode-se esperar que o juiz seja tocado por
aquela fala. Pode-se esperar que a sentença considere que o acusado declarou-se
culpado de alguns feitos. Mas não, de modo algum, se declara culpado das
acusações que a Procuradoria amontoa contra ele e que podem condená-lo à prisão
perpétua. Foi um dia de tribunal realmente impressionante, Paul.
JAY: Muitos disseram que Manning seria homem
perturbado, pessoa fraca... Que impressão você teve. De que tipo de homem se
trata?
RATNER:
Sabe... Vi Manning pela primeira vez na audiência em que ele testemunhou sobre
os abusos e a tortura que havia sofrido, durante praticamente um ano, no Iraque
e na prisão de Quantico. Já naquele dia, via-se que não é fraco, nem perturbado;
é, de fato, muito diferente disso. É homem forte, muito inteligente. Já se via
claramente na audiência sobre a tortura e viu-se novamente agora, o mesmo homem.
Em
primeiro lugar, é visivelmente pessoa muito inteligente. Não fosse, não teria
sido enviado para missão no serviço de computação de alto nível, computadores,
informes. É evidente que ele entende do que fazia e fez, em serviço para o qual
foi selecionado e nomeado.
Mas
também é pessoa que tem personalidade política, que percebe as implicações do
que pensa, de como se apresenta. Não é fraco nem é voz fraca.
Num
certo momento da audiência, a juíza lhe fez uma pergunta; Bradley respondeu que
não poderia responder, porque teria de revelar informação secreta. Muitos riram,
porque... ali, sob processo, sob ataque do Promotor, ele ainda pensou mais em
proteger informação secreta do que em responder à juíza. Alguns riram. Outros
permaneceram sérios. Outros baixaram a cabeça.
Mas
é claro que foi dia duríssimo para Bradley Manning... Será sentenciado a pena
muito longa. Esperemos que não receba a pior sentença. Esperemos que considerem
essas acusações nas quais ele declarou-se culpado.
Ainda
se deve registrar aquela declaração lida, umas 35 páginas, que não foram
distribuídas a ninguém, nem a advogados nem a jornalistas presentes. Só a juíza
recebeu o documento. Mas havia cópias circulando entre aqueles caras que andavam
por ali, no salão, em uniforme de camuflagem. Nós não recebemos. Evidentemente,
não é documento secreto. Eu, como outros, ouvimos a leitura de todo o documento,
palavra a palavra; claro que não é secreto. O que há é que essa corte é
conhecida por demorar muito, inadmissivelmente demais, para distribuir
documentos devidos à defesa.
Já
há importante processo iniciado contra essa Corte, pelo Centro [de Direitos
Constitucionais]. Já obrigamos essa Corte a liberar alguns documentos devidos à
Defesa. Mas a declaração que Manning leu no tribunal é documento muito, muito
importante. Todos, jovens, velhos, que leiam aquela declaração hão de sentir-se
tocados. Talvez mais gente se disponha a agir, a fazer o que possa, para que
esse país seja forçado a andar na direção do estado de direito, na direção do
respeito à lei. Para que os EUA deixem de ser a máquina de matar que, me parece,
Bradley Manning viu, com clareza, em escandaloso funcionamento.
[Agradecimentos.
Fim da entrevista]
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