25/3/2013, MK Bhadrakumar*, Indian Punchline
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Encontro dos BRICS em Durban, África do Sul em 26/27 de março de 2013 |
O
encontro dos BRICS em Durban prossegue, e ouvem-se os tambores da guerra pela
Síria, cada vez mais próximos, dia a dia.
A
reconciliação, na 6ª-feira que o Presidente Obama dos EUA costurou entre Turquia
e Israel foi premontada em cenário dramático, na pista do aeroporto Ben Gurion
próximo de Telavive, num trailer,
quando Obama já partia, depois de concluída a visita a Israel. Foi preparada
como espetáculo para a Região: para fazer crer que os EUA estão mudando de
marcha para atacar a questão síria.
Dois
dias antes, no domingo, veio a grave acusação, feita pelo poderoso presidente da
Comissão de Inteligência do Senado e destacado Republicano, Mike Rogers, de que
“acumulam-se evidências” de que o regime sírio já ultrapassou “completamente” a
chamada “linha vermelha” que Obama fixou, sobre deslocamento e uso de armas
químicas, pelas forças do governo sírio.
Tudo
parece bem orquestrado. Na véspera, Obama anunciara em Jerusalém que qualquer
uso de armas químicas pelas forças sírias seria fator para “mudança no jogo”.
Agora, Obama tem o argumento perfeito para intervir militarmente na Síria.
CIA - Central Intelligence Agency Headquarters |
E Israel, por sua vez, já testa as
defesas
sírias nas colinas do Golan.
O Ministro da Defesa israelense, Moshe Yaalon, alegou “ataque à soberania”, pela
Síria. E tudo, na sequência imediata da visita de Obama a Israel e à Jordânia.
Ahmed Moaz al-Khatib |
O
mais revelador é a reestruturação na liderança da Coalizão das Oposições na
Síria. No final da semana, Ahmed Moaz al-Khatib renunciou à presidência da
coalizão. Khatib estava com viagem marcada a Moscou, para conversações.
Evidentemente,
alguém ficou aflito com a possibilidade de Khatib ser persuadido pelos russos a
dar uma chance ao diálogo nacional interno, na Síria.
Ghassan Hitto |
Bingo!
Um novo Primeiro-Ministro para a oposição síria surgiu repentinamente, do nada,
no fim de semana, um sírio-norte-americano, profissional de Tecnologias da
Informação, com base nos EUA: Ghassan Hitto.
Hitto tem sido vagamente
apresentado como caixeiro-viajante a serviço da Fraternidade Muçulmana, mas o
Embaixador dos EUA na Síria, Robert Ford, já apareceu citado
pela Agência France Press,
dizendo, simploriamente, que “ele é mais texano que da Fraternidade Muçulmana”.
De fato, não faz diferença que Hitto seja norte-americano ou Irmão. Mohamed Mursi do Egito é mais ou menos da mesma espécie. E os EUA estão bastante satisfeitos com o desempenho dos Irmãos até aqui, no Egito; e parecem bem interessados em ter mais regimes comandados pelos Irmãos no Oriente Médio Muçulmano. O Qatar e a Turquia não teriam o que objetar.
De fato, não faz diferença que Hitto seja norte-americano ou Irmão. Mohamed Mursi do Egito é mais ou menos da mesma espécie. E os EUA estão bastante satisfeitos com o desempenho dos Irmãos até aqui, no Egito; e parecem bem interessados em ter mais regimes comandados pelos Irmãos no Oriente Médio Muçulmano. O Qatar e a Turquia não teriam o que objetar.
Robert Ford |
Obama
fará com que esses tumultos de mudança de regime agitem Damasco, quando os
iranianos estiverem focados na eleição presidencial de junho, e a crucial
formação de novo governo em Teerã (que jamais é fácil, dada as muitas divisões
que cortam a política dos xiitas) estiver em curso. Obama foi a Israel e a
Jordânia especificamente para organizar a guerra contra Síria e Irã, nada mais,
nada menos.
No domingo, Obama despachou o
Secretário de Estado, John Kerry, para Bagdá, em visita surpresa, para ler os
mandamentos ao Primeiro-Ministro Nouri al-Maliki e fazê-lo pôr fim
aos voos sobre território iraquiano, até a Síria.
Apertem os cintos. Turbulências pela frente.
Encontro dos BRICS em Durban - 26 e 27 de março de 2013 |
Interessante: o Brookings Doha Centre, think-tank
que opera nos EUA e no Qatar, conclamou abertamente os BRICS para um motim!
Querem que os presidentes de África do Sul, Brasil e Índia metam a coleira
em Rússia e
China , na questão síria.
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MK Bhadrakumar* foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as quais The Hindu, Asia Online e Indian Punchline. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de Kerala.
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