Comentários
da semana 10-17/1/2014, publicados dia 24/1/2014
Traduzido
pelo pessoal da Vila Vudu
Este
“Comentário” foi redigido antes da reunião da Oposição ao Governo Sírio, na 6ª-feira
(24/1/2014), para decidir sobre alguma política comum para Genebra-2
No caminho
para Genebra-2, o quadro que emerge do Oriente Médio permanece
complicado, com correntes
políticas que, não raro, movem-se em direções contrárias.
No Líbano,
pela primeira vez, há sinais de que a posição saudita pode estar-se suavizando
– mesmo no sentido de aceitar tacitamente pelo menos, alguma cooperação com o Irã
(mais sobre isso, adiante).
Mas na Síria,
a política saudita parece ser ostensivamente de apoio às conversações, embora
não se devam esperar sinais de descontentamento entre os sauditas, se Genebra-2
gorar, com uma retirada em massa da chamada “oposição” liderada pela Coalizão
Nacional Síria. No momento, Qatar e sauditas estão
competindo para conseguir pôr a culpa, cada um no outro lado, por essa
fragmentação da tal “coalizão” e seu enfraquecimento, até aparecer reduzida a
um pequeno grupo de exilados, sem qualquer representatividade (e sem qualquer
estratégia política concertada), já na véspera das conversações.
Bandar "Bush" bin Sultan - Chefe do Serviço Secreto da Arábia Saudita |
As
conversações estão agendadas para começar dia 22/1. O quadro geral é – por um
lado – de limitada suavização da posição dos sauditas (mais sobre isso,
adiante), com notícias
(não confirmadas) de que o príncipe Bandar aproximou-se de Adnan Khashoggi,
tentando abrir um canal de comunicação com Teerã; e, por outro lado, não se vê qualquer
sinal de recuo na posição linha-duríssima dos sauditas em relação a Síria,
Iraque (ou à Fraternidade Muçulmana).
Veem-se
também alguns sinais de que o comando militar iraquiano reage adversamente às
atividades dos sauditas que visam a enfraquecer o governo do Primeiro-Ministro
Maliki.
Sobre a Síria,
o jornal Al-Quds Al-Arabi, por exemplo, noticiando a recente eleição da
liderança da Coalizão Nacional Síria (considerada crucial para determinar a
formação da delegação da “oposição” em Genebra-2), observou a discussão intensa
e amarga entre os candidatos, que terminou com Ahmad al-Jarba (homem
de Bandar) mantendo o posto de líder, à custa da
candidatura de Riyad Hijab (mais próximo do Qatar), em “eleição polarizada, com
troca de acusações de compra de votos”. A reunião foi tensa; 41 dos 121 membros
da Coalizão Nacional Síria ameaçaram renunciar, inclusive figuras importantes,
como Mustafa al-Sayigh, ex-secretário-geral da CNS; Lu’ayy al-Miqdad, porta-voz
do comando do Exército Sírio Livre; Nizar al-Hiraki, representante da CNS no
Qatar; e Khalid Khuja, representante da CNS na Turquia.
Ahmad al Jarba (homem de Bandar) ouve John Kerry (EUA) em reunião de 13/1/2014 |
Kamal
al-Labwani, destacado membro da oposição síria e membro do Conselho Político da
Coalizão de Oposição Síria, lançou uma granada (verbal) na confusão já
reinante, ao dizer ao jornal Al-Watan que a retirada de partes e membros
da Coalizão “é operação tática que já
estava preparada desde antes” para abortar a participação na conferência
Genebra-2.
Kamal al-Labwani |
Nós abortamos a participação da
Coalizão de Oposição Síria, com uma operação que já estava preparada com antecedência.
Tudo isso foi feito para impedir a ida a Genebra-2. Não estamos interessados em
nenhum diálogo com o regime de Al-Assad. Na coalizão há os que aceitam um
diálogo com o regime, mas há também os que rejeitam o diálogo. Esses são os que
se retiraram da coalizão, que agora parece começar a naufragar nos próprios
erros. Podemos dizer que cometemos suicídio político, para impedir que haja
diálogo com esse regime que já matou mais de 130 mil filhos do honrado povo
sírio. [E Al-Labwani acrescenta: “Pusemos
abaixo a Coalizão, para impedir a Conferência Genebra-2”] [aspas nossas].
Mas não se
deve esquecer que o jornal Al-Watan pertence à família reinante no
Qatar.
Parece que
Genebra terá de acontecer
sem representantes também do principal grupo da oposição
política interna: Haytham al-Manna, um dos principais nomes no Comitê de
Coordenação Nacional para Mudança Democrática [orig. National Coordinating
Committee for Democratic Change (NCC)], aparece citado no jornal Al-Mayadeen,
dizendo que o grupo não participará de Genebra-2. Esse NCC – grupo
guarda-chuva, em que se reúnem várias linhas da oposição política interna,
constituído de vários partidos de esquerda e nacionalistas – tinha esperanças
de conseguir coordenar-se com a SNC para formar uma delegação unificada
que participaria das conversações.
Ali Haidar |
“Nós os
convidamos a coordenar posições conosco”, disse Ahmad al-Esrawi, membro do
Gabinete Executivo do NCC, ao jornal Al-Monitor; acrescentou que
a Coalizão ainda não respondera ao convite. Além disso, Ali Haidar, presidente
do Partido Social Nacionalista Sírio [orig. Syrian Social Nationalist Party
(SSNP)] e ministro da reconciliação nacional, não participará das
conversações por causa de diferenças com a Coalizão. “[Haidar] definitivamente
não participará da delegação do governo. Se vai haver delegação chefiada pela
Coalizão, não iremos. Absolutamente não” – disse Elia Samaan.
(Desde o
início, a oposição política síria foi marginalizada, simultaneamente, por
grupos de exilados e pelos seus apoiadores ocidentais e do Golfo, porque o SSNP
(a) opõe-se absolutamente a
qualquer tipo de intervenção estrangeira; e (b) apoia um diálogo e negociações com o governo sírio).
O que
parece estar acontecendo é que, já há algum tempo, a Arábia Saudita tem
resistido às repetidas tentativas ocidentais para que apoie Genebra-2. Foi a
via que os sauditas escolheram para mostrar o quanto ficaram ofendidos e
magoados por os EUA terem recuado da decisão de invadir militarmente a Síria.
Os sauditas disseram que, definitivamente, não apoiariam a iniciativa, se o Irã
tivesse assento à mesa de negociações (e o Irã não foi convidado, apesar dos
insistentes movimentos de Moscou nessa direção; e países periféricos, como a
Argélia e a Indonésia, sim, foram convidados). A Arábia Saudita disse (aos
russos) que, se comparecesse, a delegação presente deveria ser composta por
seus (de fato!) procuradores (i.e. a Coalizão Nacional Síria). Essa foi a
decisão final da recente reunião da Coalizão.
Terrorista do ESL está na
frente do graffiti que diz "Da’ish (Estado Islâmico do Iraque e al-Sham)"
no bairro Masaken Hanano, Aleppo, 07 de janeiro de 2014. (Foto de REUTERS /
Jalal Alhalabi)
|
O problema é
bem evidente: a delegação da “oposição” – na atual composição – não representa
nada nem ninguém, além de uma pequena claque de exilados, com alguns elementos
da oposição, mas tão apavorados ante o rumo que as coisas vão tomando, que já
se mostram dispostos a derrubar sobre as próprias cabeças até os pilares de
Genebra-2.
Verdade é
que o Conselho da Oposição Síria já tinha preparada a sua declaração escrita,
na qual se recusa
a participar de Genebra-2. Mas
isso talvez interesse aos objetivos da política saudita. Contudo, a evidência
de que a delegação da oposição nada representa; a ausência do Irã, que é ator
chave; e a rejeição do processo pelos grupos internos de oposição política;
além da oposição total de todos os grupos jihadistas, tudo isso sugere que
Genebra-2 – se chegar a acontecer – será, inevitavelmente, o início de um
“longo processo”, como Kerry já disse.
Claro que
as pressões para que a Coalizão Nacional Síria participe de Genebra-2 (na
realidade, acontecerá em Montreux, próximo de Genebra) são intensas, e muitas
mudanças ainda podem acontecer. Mas é interessante que, como noticia
o Hurriyet da Turquia, e como disse um membro da Coalizão,
falando em Londres, outros apoiadores não estavam pressionando tanto, como a
Grã-Bretanha e os EUA:
A França [que trabalha para substituir os EUA
como “escritório de negócios” dos sauditas] nos diz para irmos; mas dizem que a
decisão cabe a nós e que estarão conosco, seja qual for a nossa decisão. É a
mesma posição dos sauditas e da Turquia.
Dito de
outro modo, há divisões dentro da Coalizão, mas também há divisões evidentes
dentro do grupo dos “Amigos” – todos, provavelmente, temendo que Assad saia
vitorioso, sem ter feito qualquer concessão.
Terroristas de Frente al-Nusra empilham sacos de areia como barricada em Deir al-Zor (Foto REUTERS/Khalil Ashawi) |
Em resumo, a Arábia
Saudita (e, em certa medida, um considerável eleitorado nos EUA – mais sobre
isso, adiante) está indicando, precisamente, que pode estar em andamento um outro
“jogo na cidade”, além de Genebra – em oposição direta à insistência com que
Kerry tem repetido que Genebra é “o único jogo na cidade”.
Esse “jogo”
parece estar sendo indicado pela guerra furiosa em curso entre grupos
jihadistas no norte da Síria. São combates violentos, com muitos mortos,
jihadistas executando jihadistas, com estupro por jihadistas, da esposa e da
mãe do líder de um grupo jihadista rival. Inicialmente o ISIS (Da’ish)
perdeu terreno, mas nos últimos dias parece estar-se recuperando. O Exército
Sírio explorou a situação e rapidamente ocupou as áreas esvaziadas, enquanto
prosseguiam os combates entre grupos jihadistas. Como já observamos em outros
“Comentários”, a situação militar em geral está mudando a favor o presidente
Assad.
Edward
Dark (codinome de um morador de Aleppo, que foi ativista da
oposição na cidade) escreve:
Salim Idris |
Não é segredo que a Frente Islâmica que
agora tenta liquidar o grupo ISIS
é fortemente paga e armada pela Arábia Saudita, e assim se podem compreender as
reais razões e o timing por
trás dessa súbita guerra de todos contra todos, de vida ou morte. Depois que a
Frente Islâmica, mês passado, realmente destruiu os moderados do Conselho
Militar Supremo do Exército Sírio Livre comandado pelo general Salim Idris,
isso realmente tornou sem sentido as conversações de Genebra e esvaziou
qualquer resultado que saia de lá (...) “O
próximo passo é livrar-se do bicho-papão al-Qaeda e promover as versões menos
extremistas. Ironicamente, a Frente
al-Nusra, outra afiliada da
al-Qaeda endossada por Ayman al-Zawahri e classificada como organização
terrorista pelos EUA, está-se juntando à luta conta o ISIS. Serão os próximos
candidatos à destruição? Ou serão assimilados, reembalados e vendidos ao mundo
como grupo jihadista mais palatável, junto com a Frente Islâmica?” [aspas
nossas.]
Mas que ninguém se engane –Dark alerta – não se trata de alguma “ressurgência” da
revolução síria; nem se trata de algum levante popular contra outro tirano
opressor, “agora que o povo sírio está
dividido demais, desmoralizado e cansado de guerras, para tentar qualquer
coisa. É simplesmente disputa, com a faca na garganta, pelo poder, entre grupos
jihadistas de ideologia similar, diferentes só nos nomes e na identidade dos
patrocinadores-financiadores, embora com alguma pequena diferença nos métodos
para impor em campo as respectivas doutrinas”. [aspas nossas.]
Assim
sendo, parece que a Arábia Saudita está extraordinariamente discreta e
cautelosa sobre Genebra-2, e ainda vê uma possibilidade de “reembalar” os
“seus” jihadistas, como a Frente Islâmica (e possivelmente a Frente al-Nusrah – com tácito apoio
do ocidente) como jihadistas “moderados”/“rebeldes
mainstream”, mantendo
assim aberta a opção de a Arábia Saudita inserir-se na mutável narrativa dos
neoconservadores dos EUA (regionais norte-americanos),
dos especialistas dos think-tanks pró-intervencionistas ocidentais (entre os quais os grupos
de lobby com base em Washington), que ainda
insistem em que o presidente Assad tenha de ser enfraquecido por todos os meios
(inclusive mediante o empoderamento, pela Arábia Saudita, de jihadistas takfiri
“moderados”), como precondição necessária, indispensável, para “forçar” Assad a
negociar seriamente com a oposição.
Em resumo,
a Arábia Saudita atira simultaneamente em duas diferentes direções – ambas
garantindo caloroso apoio a Kerry, ao mesmo tempo em que se prepara contra a
possibilidade de fracasso em Genebra-2, com o que se fortaleceria o jogo dos
intervencionistas norte-americanos. Embora a luta esteja nos primeiros dias,
não é absolutamente garantido que a Frente Islâmica de Bandar consiga derrotar
os Da’ish. Até aqui, só conseguiu enfraquecer e dividir a oposição
jihadista armada.
Os russos
divergem fortemente dessa opção conservadora / intervencionista takfiri
“moderada”: Vitaly Naumkin, refletindo comentários
semelhantes do ministro de Relações Exteriores da
Rússia, Serguey Lavrov, escreve:
Os políticos e diplomatas russos
absolutamente não partilham as ilusões dos EUA sobre qualquer diferença entre
os terroristas em guerra na Síria (os que teriam agenda internacional e
os que teriam agenda local [quer dizer, entre jihadistas globais e jihadistas
que dizem que sua jihad estaria
confinada à Síria]). Na avaliação dos
russos, a diferença não é tão significativa, a ponto de a Frente Islâmica, com
a qual os EUA estão em contato, poder ser classificada como grupo moderado, em
oposição ao grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL), classificado como grupo
extremista e terrorista. Membros da Fraternidade Muçulmana no Egito, cuja
organização foi declarada organização terrorista pelo governo egípcio, são
quase querubins, se comparados a membros da Frente Islâmica.
Walid Jumblatt |
No Líbano,
diferente disso tudo, a oposição saudita linha-dura contra um governo de unidade
parece (por enquanto) ter-se suavizado. Depois de uma visita de dois dias
do Ministro Zarif, de Relações Exteriores do Iraque, ao Líbano, no início dessa
semana – para uma rodada de discussões com partidos políticos libaneses, com
vistas a constituir-se um governo de unidade – Zarif conseguiu persuadir Walid
Jumblatt, que controla os votos “oscilantes” no Parlamento, de há potencial
para que se crie um governo de unidade, desde que a Arábia Saudita possa ser
convencida a concordar. Na sequência, Jumblatt consultou Riad – e recebeu
resposta positiva.
Não é fácil
entender por que Riad teria feito essa “meia-volta-volver”, nesse momento. O
Movimento 14 de Março não desistiu da exigência de criar-se governo “sem-Hezbollah”.
Mas é possível que os EUA e países europeus tenham sido avisados sobre a
crescente presença de terroristas do ISIL/ISIS no Líbano: podem
ter-se dado conta de que o Líbano pode ser a nova vítima dos movimentos jihadistas
– como aconteceu na Síria – e podem estar intensificando seus esforços e
pressões para estabilizar o quadro no Líbano, mediante a formação de um governo
nacional. Mas se essa iniciativa do Irã for bem-sucedida (e se Riad não
bloqueá-la), sim, ajudará a resolver muitos dos problemas da administração
política libanesa, que está paralisada há quase um ano e meio.
Em relação
a um aspecto dessa paralisia – exploração de gás e petróleo – um colega de Conflicts
Fórum escreveu para nós:
O longo hiato no processo de tomada de
decisões pelo qual passa o Líbano, já afetou também os planos para exploração
de gás e petróleo em águas territoriais e na Zona Econômica Exclusiva [orig. Exclusive
Economic Zone (EEZ)]. O
atual governo, atuando – como está – apenas com capacidade de zelador, não pôde
aprovar dois decretos necessários, necessários para determinar o número de
blocos de gás oferecidos em concorrência, nem definir a partilha dos lucros. O
Ministro interino de Energia e Águas, Gebran Bassil, estava tentando conseguir
que se realizasse uma sessão extraordinária de reunião do Gabinete, para aprovar
os dois decretos, mas o Primeiro-Ministro interino, Mikati, insistiu que a
Constituição não permite reuniões do Gabinete para essa finalidade. Assim, o
ministro Bassil teve de adiar o lançamento do leilão do bloco de gás offshore, de 10 de janeiro, para 10 de abril de 2014.
Gebran Bassil |
Apesar das atuais divisões políticas,
havia unanimidade entre os diferentes grupamentos políticos no Líbano, exceto o
ministro Bassil e seu grupo, o Movimento Patriótico Livre [orig. Free Patriotic Movement (FPM)], a favor do adiamento. O bloco 14 de Março,
que está na oposição, além de outros parceiros da coalizão governante do FPM, não querem que Gebran Bassil e seu FPM colham todo o crédito público e político por terem lançado a
exploração de gás e petróleo. Há também preocupações muito reais sobre todo o
processo, que é pouco transparente, e sem qualquer plano estratégico que o
articule ao maior potencial de gás da bacia do Leste do Mediterrâneo. Nessas
circunstâncias, nenhum partido quis assumir compromissos contratuais de longo
prazo com empresas petroleiras estrangeiras. Todos preferiram deixar abertas
outras opções. Nesse contexto, não restou alternativa além de adiar o
leilão.
Alguns atores políticos sugeriram ligar
a data do leilão à aprovação dos dois decretos, com o leilão ficando marcado
para seis semanas, ou três meses, depois de assinados os decretos, fosse qual
fosse o texto aprovado.
Mas surgiu uma preocupação, de que esse
arranjo – sem data claramente marcada – desestimularia as empresas petroleiras,
o que poderia levá-las a desinteressar-se e abandonar o leilão. Essa é a razão
que explica a decisão de fazer um “adiamento técnico” de três meses, e de
marcar a data do leilão para 10 de abril. Mas o adiamento não é causado
por desacordo essencial quanto aos decretos, nem tem qualquer coisa a ver com a
emissão das licenças para exploração do petróleo e do gás. O problema está,
integralmente, na divisão do poder no plano político. Não se deve esperar
nenhum movimento nesse front, enquanto não houver acordo político para formar
novo governo no Líbano. Mas, depois de constituído o governo, o processo poderá
andar rapidamente, porque o trabalho preparatório já está feito, e o
funcionamento da Agência do Petróleo [orig. Petroleum Authority] parece não ter sido afetado.
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