10/1/2014, [*] Moon
of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Entreouvido na tendinha do Bebe-Bem na Vila
Vudu: As matérias do NYTimes
do dia 9/1 JÁ FORAM IMEDIATAMENTE copiadas / editadas / coladas na Folha de
S.Paulo (no dia seguinte!),
em matéria assinada pelo “correspondente” do “jornal” para o Oriente Médio, escrevendo
de... Jerusalém [só rindo muuuuuito!].
Destruição causada pelos "rebeldes" no centro de Homs (Síria). Segundo o NYTimes os EUA "cooperarão com a reconstrução da Síria". Foto Al Khalidiya |
Há uma bem estranha contradição, no governo dos EUA, no que
tenha a ver com sua política para os “insurgentes” patrocinados pelo ocidente
na Síria: hoje, enquanto uma matéria no New
York Times obra para fabricar mais medo de “terroristas” (Syria Militants Said to Recruit Visiting Americans to Attack U.S.
/ Militantes na Síria estariam recrutando norte-americanos em visita à Síria para
atacar os EUA), outra matéria diz que funcionários dos EUA teriam dito que U.S. Considers Resuming Nonlethal Aid to Syrian Opposition
[EUA considera retomar o envio de ajuda não letal (sic) à oposição síria],
mesmo que a tal “ajuda” acabe nas mãos dos mesmos islamistas que estão convertendo
cidadãos norte-americanos em potenciais terroristas.
Da primeira
matéria (9/1):
O governo Obama considera retomar o envio de
ajuda militar não letal à oposição síria moderada, disseram na 5ª-feira (8/1/2014)
altos funcionário do governo, ainda que parte desse equipamento acabe por
chegar a grupos islamistas aliados dos moderados.
...
Funcionários do governo insistiram que
nenhuma ajuda seria diretamente entregue à Frente Islâmica [orig. Islamic Front], organização guarda-chuva para meia dúzia de grupos rebeldes que
trabalham para criar um estado islamista ortodoxo na Síria. A ajuda continuaria
a ser encaminhada exclusivamente mediante o Supremo Conselho Militar, braço
militar da oposição síria secular moderada.
Mas um alto funcionário do governo disse que
“Você tem de levar em conta aspectos de como o Supremo Conselho Militar e a
Frente Islâmica estão interagindo em campo”, acrescentando: “Não há como
garantir 100% que [a “ajuda”] não acabará nas mãos da Frente Islâmica”.
É claro que
os EUA continuam a fornecer armas e treinamento a alguns dos grupos
insurgentes. A conversa sobre “ajuda” só fala da parte “civil” (que inclui
algumas armas) que o Departamento de Estado fornece. Ninguém fala do que a CIA
e o Pentágono fornecem. A matéria é bem reveladora, ao comentar o depósito do
Exército Sírio Livre cheio de produtos dos EUA que os islamistas invadiram:
O governo tentou saber o que precisamente
aconteceu nas primeiras horas de 7/12, quando a Frente Islâmica invadiu e
assumiu o controle de depósitos em Atmeh, no norte da Síria, onde estavam
armazenados produtos fornecidos pelos EUA, incluindo rações de comida, kits médicos e veículos.
...
Mr. Ford disse a analistas que a Frente Islâmica
devolveu os depósitos e o conteúdo deles, exceto armas leves e munição.
A mesma
matéria menciona que a Frente Islâmica e outros braços do Exército Sírio Livre
estão cooperando com a Frente al-Nusra, afiliada da Al-Qaeda:
O risco, dizem alguns analistas, não é que a
ajuda norte-americana acabe em mãos do ISIS ou ISIL
(Islamic State of Iraq and Syria
/ Estado Islâmico do Iraque e Levante [Síria]), mas em mãos da Frente al-Nusra,
outro poderoso grupo rebelde que os EUA acreditam que tenha ligações com a
Al-Qaeda, mas que muitos rebeldes veem como força considerável na oposição
contra Assad. A Frente al-Nusra não integra a Frente Islâmica, mas tem laços próximos com alguns grupos
incluídos sob o guarda-chuva da Frente.
A Frente
al-Nusra é o mesmo grupo que estaria treinando cidadãos norte-americanos para
convertê-los em terroristas. Da segunda matéria (10/1/2014):
Eric G. Harroun |
Grupos islamistas extremistas na Síria com
laços com a Al-Qaeda estão tentando identificar, recrutar e treinar
norte-americanos e outros ocidentais em viagem ao país para que executem
ataques no seu país de origem, quando retornarem, segundo altos funcionários da
inteligência e do contraterrorismo dos EUA.
...
Eric G. Harroun, ex-soldado do Exército, de
Phoenix, foi indiciado em Virginia por um tribunal federal, ano passado,
acusado de ter combatido ao lado da Frente al-Nusra, um dos grupos da oposição
síria ligados à Al Qaeda. Em setembro, o ex-soldado declarou-se culpado, em
troca de acusação mais leve, de conspiração para transferir artigos e
serviços de defesa, e foi libertado sob custódia.
Agora, o
governo Obama planeja – e anuncia pelo NYTimes– fazer exatamente o que
Eric G. Harroun declarou-se culpado de ter feito. Fornecerá artigos e serviços
de defesa a insurgentes sírios, sabendo que tais itens praticamente com certeza
acabarão nas mãos da Frente al-Nusra e outros grupos jihadistas... Já sabendo
que, muito provavelmente, serão usados para treinar cidadãos norte-americanos
para que cometam atos terroristas nos EUA.
Pode-se
atribuir esse “movimento” a correntes divergentes de incompetência, dentro do
governo Obama. Mas as duas matérias do NYTimes, postas em sequência,
parecem mais um dedo de intimidação apontado para a cara do povo
norte-americano:
Morram de medo daqueles terroristas, enquanto
assistem ao nosso trabalhinho de criar mais terroristas.
Como se
sentirá o povo, diante de tudo isso?
[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como“Whisky
Bar” ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na
peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com
música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na
ópera A Ascensão e a Queda da
Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem
Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita
em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por
vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967).
No Brasil, produzimos versão SENSACIONAL, na voz de Cida Moreira, gravada em
“Cida Moreira canta Brecht”, que incorporamos às nossas traduções desse blog Moon of Alabama, à guisa de
homenagem. Pode ser ouvida a seguir:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.