24/2/2014, [*] Israel Shamir − Counterpunch
Traduzido por João Aroldo
Kiev "by night"- Opera House |
Eu sou um grande fã de Kiev, uma cidade afável de caráter
burguês agradável, com seus abundantes pequenos restaurantes, ruas arborizadas
limpas e bonomia dos seus beer gardens. Cem anos atrás, Kiev era
predominantemente um resort russo, e algumas áreas centrais mantiveram este
sabor. Agora Kiev é patrulhada por bandidos armados da Ucrânia Ocidental, por
combatentes do Setor Direita (Pravy Sektor) neonazista, descendentes de Stepan
Bandera, soldados traidores ucranianos e por seus camaradas-em-armas locais de
caráter nacionalista.
Após um mês de confronto, o presidente Viktor Yanukovitch
cedeu, assinou a rendição preparada pela UE − e escapou da dura justiça
revolucionária por um triz.
Os deputados do partido governista [Partido das Regiões]
foram surrados e dispersos, os comunistas quase linchados, a oposição tem o
parlamento só para eles, e nomeou novos ministros e tomou conta da Ucrânia. A
Revolução Marrom ganhou na Ucrânia. Este grande país do leste europeu de
cinquenta milhões de habitantes seguiu o caminho da Líbia.
Os EUA e a UE venceram nesta rodada, e empurraram a Rússia de
volta para o leste, exatamente como eles pretendiam.
Resta saber se os bandidos neonazistas que venceram a batalha
vão concordar em entregar os doces frutos da vitória para os políticos, que
são, Deus sabe, desagradáveis o suficiente. E mais importante, resta saber se
as parte leste e sudeste onde se fala russo vão aceitar o domínio Marrom de
Kiev, ou vão se separar e seguir seu próprio caminho, como o povo de Israel
(segundo a Bíblia) após morte do rei Salomão se rebelou contra o seu herdeiro,
dizendo “para as suas tendas, ó Israel!” e proclamou a independência do seu
feudo (I Reis 12:16).
Enquanto isso, parece que o desejo da parte leste de
preservar a integridade do Estado ucraniano é mais forte do que sua antipatia
pelos Marrons vitoriosos. Apesar de terem reunido os seus representantes para o
que poderia ser uma declaração de independência, eles não se atrevem a
reivindicar o poder. Essas pessoas pacíficas têm pouca resistência para
conflitos.
O seu grande vizinho, a Rússia, não parece abertamente
preocupada com esse desenvolvimento ameaçador. Ambas as agências de notícias
russas, TASS e RIA, nem sequer colocam as terríveis notícias ucranianas no
topo, como a Reuters e BBC fazem: para eles, os Jogos Olímpicos e o biatlon eram de maior importância, como
você pode ver nessas telas:
A seguir a imagem aumentada:
Esta atitude “avestruz” é bastante típica da mídia russa:
sempre que eles se encontram em uma posição embaraçosa, eles escapam mostrando
o balé “O Lago dos Cisnes” na TV. Isso é o que eles fizeram quando a União
Soviética entrou em colapso em 1991. Desta vez foram as Olimpíadas, em vez do ballet.
A oposição anti Putin na Rússia aprovou entusiasticamente o
golpe ucraniano.
Ontem Kiev, amanhã Moscou, cantavam. Maidan (a praça central
de Kiev, o local das manifestações antigoverno) é igual a Bolótnaya (uma praça
em Moscou, o local das manifestações antigoverno em dezembro de 2012) é outro
slogan popular.
A maioria dos russos ficou irritada, mas não surpresa. A
Rússia decidiu minimizar seu envolvimento na Ucrânia algumas semanas atrás como
se quisessem demonstrar ao mundo sua não interferência. Seu comportamento
beirou a imprudência.
Enquanto ministros do exterior de países da UE e seus aliados
se reuniam em Kiev, Putin enviou Vladimir Lukin, um emissário de direitos
humanos, um político mais velho de baixo escalão com muito pouca influência,
para lidar com a crise ucraniana. O embaixador russo, Sr. Zurabov, outra não
entidade, desapareceu completamente de vista. (Agora ele foi chamado de volta a
Moscou).
Putin não fez nenhuma declaração pública sobre a Ucrânia,
tratando-a como se fosse a Líbia ou o Mali, não um país vizinho tão perto do
interior da Rússia.
Esta abordagem de não intervenção se poderia esperar: a
Rússia não interferiu nas desastrosas eleições ucranianas de 2004, ou nas
eleições georgianas que produziram os governos extremamente antirrussos.
A Rússia se envolve apenas se houver uma verdadeira batalha
em campo, e um governo legítimo pede ajuda, como na Ossétia, em 2008, ou na
Síria, em 2011. A
Rússia apoia aqueles que lutam por sua causa, caso contrário, a Rússia, de
maneira um pouco decepcionante, fica de lado.
O Ocidente não tem tais inibições, e seus representantes
foram extremamente ativos: a representante do Departamento de Estado dos EUA,
Victoria "Foda-UE'' Nuland passou dias e semanas em Kiev, dando biscoitos
aos insurgentes, entregando milhões de dólares contrabandeados para eles, se
encontrando com seus líderes, planejando e traçando o golpe. Kiev foi inundada
com os mais novos dólares americanos que saíram da prensa (de um tipo nunca
visto em Moscou, me contaram amigos russos).
Victoria Nuland |
A embaixada dos EUA espalhou dinheiro ao redor como um texano
embriagado em um night club. Cada
jovem disposto a lutar recebeu quinhentos dólares por semana, um lutador
qualificado - até mil, um comandante de pelotão, dois mil dólares - um bom
dinheiro para os padrões ucranianos.
Dinheiro não é tudo. Pessoas também são necessárias para um
golpe bem-sucedido. Não havia uma oposição a Yanukovitch, que ganhou eleições
democráticas e, consequentemente, três partidos perderam eleições. Os
defensores dos três partidos poderiam reunir um monte de gente para uma
manifestação pacífica. Mas eles lutariam na hora da verdade? Provavelmente não.
Idem para os recipientes de generosos subsídios dos EUA e da UE (Nuland estimou
o valor total de investimento americano na “construção da democracia” em cinco
bilhões de dólares). Eles poderiam ser chamados para irem à praça principal
para uma manifestação. No entanto, os beneficiários das ONGs são pessoas
tímidas, não é provável que arriscassem o seu bem-estar. E os EUA precisavam de
melhores combatentes para remover o presidente democraticamente eleito do
poder.
Os Ovos da
Serpente
No oeste da Ucrânia, eclodiram os ovos da serpente: os filhos
e netos de colaboradores nazistas que absorveram o ódio aos russos com seu
leite materno.
Seus pais formaram uma rede sob Reinhard Gehlen, o chefe
espião alemão. Em 1945, enquanto a Alemanha era derrotada, Gehlen jurou
obediência aos EUA e entregou suas redes à CIA. Eles continuaram sua guerra de
guerrilha contra os sovietes até 1956. Sua crueldade era legendária, porque
eles tinham como objetivo aterrorizar a população até a total obediência.
Notoriamente, eles estrangulavam ucranianos suspeitos de serem amigáveis aos
russos com suas próprias mãos.
Reinhard Gehlen - General do Exército alemão - Chefe da Inteligência |
A confissão
terrível de um participante fala de suas atividades em Volyn:
Uma
noite, nós estrangulamos 84 homens. Nós estrangulamos adultos, já as crianças,
segurávamos suas pernas, balançávamos e quebrávamos suas cabeças em um batente.
Duas crianças bonitas..., Stepa e Olya, 12 e 14 anos de idade... nós retalhamos
o mais jovem em duas partes, e não precisamos estrangular sua mãe Julia, ela
morreu de ataque cardíaco, e assim por diante.
Mataram centenas de milhares de poloneses e judeus, mesmo o
terrível massacre Baby Yar foi feito
por eles, com a conivência alemã, um pouco semelhante a conivência de Israel
nos massacres de Sabra e Chatila de palestinos pelos fascistas libaneses da
Falange.
Os filhos desses “Stepan Bandera” assassinos foram criados
para odiar o comunismo, os soviéticos e russos, e na adoração dos atos de seus
pais. Eles formaram a ponta de lança dos rebeldes anti-governamentais pró-EUA
na Ucrânia, o Pravy Sektor (Setor Direita) liderado pelo fascista descarado Dmytro Yarosh.
Dmytro Yarosh |
Eles estavam prontos para lutar, morrer e matar. Tais
unidades atraem potenciais rebeldes de diferentes origens: seu porta-voz é um
jovem russo que se tornou nacionalista ucraniano, Artem Skoropadsky, um jornalista
do diário mainstream de propriedade
de oligarcas, Kommersant-UA.
Há jovens russos similares que se juntam às redes salafistas
e se tornam homens-bomba nas montanhas do Cáucaso - jovens cujo desejo de ação
e sacrifício não poderiam ser satisfeitas na sociedade de consumo. Esta é uma
al-Qaeda eslava - tropas reais de assalto neonazistas, um aliado natural dos
EUA.
E eles não lutam apenas pela associação com a UE e contra
aderir ao acordo com a Rússia. Seus inimigos são também os russos na Ucrânia, e
ucranianos étnicos de língua russa. A diferença entre os dois é discutível.
Antes da independência, em 1991, cerca de três quartos da população preferiu
falar russo. Desde então, os sucessivos governos têm tentado forçar as pessoas
a usar o ucraniano. Para os ucranianos neonazistas, quem fala russo é um
inimigo. Você pode comparar isso com a Escócia, onde as pessoas falam inglês, e
os nacionalistas gostariam de forçá-los a falar a língua de Robert Burns.
Atrás da ponta de lança do Setor Direita, com seus lutadores
anticomunistas e antirrussos fervorosos, há uma organização maior: a neonazista
Liberdade (Svoboda), de Tyagnibok. Alguns anos atrás, Tyagnibok chamava para
uma luta contra os russos e judeus, agora ele tornou-se mais cauteloso em
relação aos judeus. Ele ainda é tão
antirrusso como John Foster Dulles. Tyagnibok foi tolerado, ou mesmo encorajada
por Yanukovitch, que queria tomar uma página do livro do presidente francês,
Jacques Chirac. Chirac venceu o segundo turno das eleições contra o
nacionalista Le Pen, enquanto, provavelmente, teria perdido contra qualquer outro
adversário. Do mesmo modo, Yanukovitch desejou Tyagnibok para tornar-se o seu
adversário a ser derrotado no segundo turno das eleições presidenciais.
Os partidos parlamentares (o maior deles é o partido de Yulia
Timoshenko, com 25% dos assentos, o menor, o partido de Klitschko, o boxeador,
com 15%) apoiariam a turbulência como uma forma de ganhar o poder que perderam
nas eleições.
Vitali Klitschko e John McCain em Kiev |
União dos
nacionalistas e liberais
Assim, uma união de nacionalistas e liberais foi formada.
Esta união é a marca registrada de uma nova política dos EUA na Europa
Oriental. Ela foi testada na Rússia, há dois anos, onde os inimigos de Putin
são compostos por estas duas forças, liberais pró-ocidentais e seus novos
aliados, os nacionalistas étnicos russos, neonazistas suaves e os mais
radicais.
Os liberais não vão lutar, eles são impopulares com as
massas, que incluem um percentual acima da média dos judeus, gays, milionários
e colunistas liberais; os nacionalistas podem incitar as grandes massas quase
tão bem quanto os bolcheviques, e vão lutar. Este é o coquetel anti Putin
preferido pelos EUA.
Essa aliança, na verdade, levou mais de 20% dos votos nas
eleições da cidade de Moscou, depois de sua tentativa de tomar o poder por
golpe foi rechaçada por Putin. A Ucrânia é sua segunda ação conjunta,
bem-sucedida.
Tenham em mente: os liberais não precisam apoiar a
democracia. Eles fazem isso somente se eles estão souberem que a democracia vai
proporcionar o que eles querem. Caso contrário, eles podem unir forças com a al
Qaeda, como agora na Síria, com os extremistas islâmicos, como na Líbia, com o
Exército, como no Egito, ou com neonazistas, como agora na Rússia e na Ucrânia.
Historicamente, a aliança liberal-nazista não funcionou,
porque os velhos nazistas eram inimigos dos banqueiros e do capital financeiro,
e, portanto, antissemitas.
Este obstáculo poderia ser evitado: Mussolini foi amigável
com judeus e tinha alguns ministros judeus em seu governo, ele contestou a
atitude antissemita de Hitler dizendo que “os judeus são úteis e amigáveis”.
Hitler respondeu que se ele permitisse isso, milhares de judeus iriam entrar
para seu partido. Hoje em dia, este problema desapareceu: os neonazistas
modernos são amigáveis com os judeus, os banqueiros e os gays.
O assassino norueguês Breivik é uma amostra exemplar de um
neonazista simpático aos judeus. Assim são os ucranianos e russos neonazistas.
Enquanto os bandidos originais de Bandera matavam todos os
judeus (e poloneses) que cruzavam seu caminho, seus herdeiros modernos recebem
algum apoio judeu valioso.
Os oligarcas de origem judia (Kolomoysky, Pinchuk e
Poroshenko) os financiam, enquanto um proeminente líder judeu, presidente da
Associação das Organizações Judaicas e Comunidades da Ucrânia, Josef Zissels,
apoiou-os e os justificou.
Há muitos apoiadores de Stepan Bandera em Israel, pois eles
geralmente afirmam que Bandera não era um antissemita, porque ele tinha um
médico judeu (assim como Hitler). Os judeus não se importam com nazistas que
não os incomodem.
Os russos neonazistas atacam trabalhadores imigrantes
tadjiques, e os ucranianos neonazistas atacam os falantes de russo.
Revolução: Esboço
A revolução pode ser descrita em poucas linhas: Yanukovitch
não foi um presidente tão ruim, prudente, mas fraco. Ainda assim, a Ucrânia
chegou à beira do abismo financeiro. (Você pode ler mais sobre isso no meu artigo
anterior). Ele tentou salvar a situação, aliando-se à UE, mas a UE não
tinha dinheiro de sobra. Em seguida, ele tentou fazer um acordo com a Rússia, e
Putin ofereceu-lhe uma saída, sem sequer exigir dele que a Ucrânia se juntasse
ao grupo liderado pela Rússia. Isto provocou a resposta violenta da UE e dos
EUA, já que estavam preocupados que isso iria fortalecer a Rússia.
Yanuk, como as pessoas o chamam, tinha poucos amigos.
Oligarcas poderosos ucranianos não ficaram impressionados por ele. Além das
razões de costume, eles não gostavam dos hábitos predatórios do filho de Yanuk,
que rouba as empresas dos outros. Aqui eles podem ter razão, porque o líder da
Bielorrússia, o valente Lukashenko, disse que as formas não ortodoxas de
aquisição de empresas do filho de Yanuk causaram desastre.
O eleitorado de Yanuk, as pessoas falantes de russo da
Ucrânia (e eles são a maioria no país, como os escoceses que falam inglês são
maioria na Escócia) ficaram desapontados com ele porque ele não lhes deu o
direito de falar e educar seus filhos em russo.
Yulia Timoshenko |
Os seguidores de Yulia Timoshenko não gostavam dele porque
ele prendeu sua líder (ela mereceu: contratou assassinos, roubou bilhões de
dinheiro do Estado ucraniano em conluio com um ex-primeiro-ministro, fez um
acordo escuso com a Gazprom às custas dos consumidores ucranianos, entre outras
coisas).
Os nacionalistas radicais o odiavam por ele não erradicar o
idioma russo. O ataque ao presidente
eleito orquestrado pelos EUA seguiu as instruções de Gene Sharp para um golpe,
a saber:
(1) tomar uma
praça central e organizar uma manifestação pacífica,
(2) falar sem
parar do perigo da dispersão violenta,
(3) se as
autoridades não fizerem nada, provocar derramamento de sangue,
(4) acusar
assassinato,
(5) a autoridade
fica horrorizada e estupefata e
(6) é removida e
(7) novos
poderes assumem.
O elemento mais importante do sistema nunca foi expressado
pelo astuto Sharp, e é por isso que o movimento Occupy Wall Street (que folheou o livro) não conseguiu alcançar o
resultado desejado. Você tem que ter os Mestres do Discurso™, isto é, a mídia
ocidental, do seu lado. Caso contrário, o governo vai esmagar você como fizeram
com o Occupy e muitos outros
movimentos similares. Mas aqui, a mídia ocidental ficou totalmente do lado dos
rebeldes, porque os eventos foram organizados pela embaixada dos EUA.
No início, eles reuniam algumas pessoas conhecidas para uma
manifestação pacífica na Praça da Independência (ou “Praça Maidan”):
beneficiários de subvenções da USAID através da rede de ONGs, escreveu
um especialista ucraniano, Andrey Vajra, redes de oligarca fugitivo
Khoroshkovski, neonazis do Setor Direita e radicais de causa comum.
A reunião pacífica foi ricamente entretida por artistas,
alimentos e bebidas foram servidos gratuitamente, sexo livre foi encorajado −
era um carnaval no centro da capital, e começou a atrair as massas, como
aconteceria em todas as cidades do universo conhecido. Este carnaval foi pago
pelos oligarcas e pela embaixada dos EUA.
Sergey Levochkin |
Mas o carnaval não poderia durar para sempre. De acordo com (2), rumores de dispersão violenta
foram espalhados. As pessoas ficaram com medo e se afastaram. Apenas uma
pequena multidão de ativistas permaneceu na praça. Provocação de acordo com (3) foi fornecida por um agente
ocidental dentro da administração, o Sr. Sergey Levochkin. Ele escreveu sua
carta de demissão, a enviou e ordenou à polícia dispersar violentamente a
manifestação. A polícia chegou e dispersou os ativistas. Ninguém foi morto, ninguém
ficou gravemente ferido – hoje, depois de cem mortos, é ridículo sequer
mencionar essa surra – mas a oposição acusou que houve mortes na época.
A mídia mundial, essa poderosa ferramenta nas mãos dos Mestres
do Discurso, denunciou “Yanukovitch massacrador de crianças”.
A UE e os EUA ameaçaram sanções, diplomatas estrangeiros
vieram, todos alegando que queriam proteger os manifestantes pacíficos,
enquanto, ao mesmo tempo melhorar a multidão de Maidan com homens armados e
combatentes do Setor Direita.
Nós citamos Gene Sharp, mas a Maidan teve uma influência
adicional, o de Guy Debord e seu conceito de Sociedade do Espetáculo.
Não era uma coisa real, mas um faz-de-conta muito bem-feito,
como foi o seu antecessor, o golpe de Moscou de agosto de 1991. Yanukovitch fez
de tudo para formar a resistência Maidan: ele enviava a polícia de choque para
dispersar a multidão, e depois que eles faziam apenas metade do trabalho, ele
os chamava de volta, e ele fez isso todos os dias. Após esse tratamento, mesmo
um cão muito tranquilo mordia.
A qualidade irreal de espetáculo dos eventos de Kiev foi
enfatizada pela chegada do belicista imperial, o filósofo neo-com,
Bérnard-Henri Levy. Ele foi a Maidan como foi à Líbia e à Bósnia, reivindicando
direitos humanos e ameaçando sanções e bombardeios. Sempre que ele aparece, a
guerra está por vir. Espero estar longe de todos os países que ele pretenda
visitar.
Bernard-Henri "Lévyshenko" |
As primeiras vítimas da Revolução Marrom foram os monumentos
- os de Lenin, porque eles odeiam o comunismo em todas as formas, e os da IIª
Guerra Mundial, porque os revolucionários se solidarizam com o lado derrotado,
os nazistas alemães.
A história nos dirá até que ponto Yanukovich e seus
assessores entenderam o que eles estavam fazendo. De qualquer forma, ele
incentivou o fogo de Maidan por seus ataques ineficientes por uma força
policial desarmada. Os neonazistas de Maidan usaram snipers (franco-atiradores) contra a força policial, dezenas de
pessoas foram mortas, mas o presidente Obama mandou Yanukovich desistir, e ele
desistiu.
Após novo tiroteio, ele enviava a polícia novamente. Um
diplomata UE ameaçava com o tribunal de Haia, e ele chamava sua polícia de
volta. Nenhum governo pode funcionar em tais circunstâncias.
Eventualmente, ele caiu, assinou na linha pontilhada e partiu
para destino desconhecido.
Os rebeldes tomaram o poder, proibiram o idioma russo e
começaram a saquear Kiev e Lvov. Agora, a vida das pessoas tranquilas de Kiev
foi transformada em um verdadeiro inferno: assaltos diários, espancamentos,
assassinatos.
Os vencedores estão preparando uma operação militar contra as
áreas de língua russa no sudeste da Ucrânia. O espetáculo da revolução ainda
pode ficar realmente sangrento.
Alguns ucranianos esperam que Yulia Timoshenko,
recém-libertada da prisão, será capaz de controlar os rebeldes. Outros esperam
que o presidente Putin vá prestar atenção aos eventos da Ucrânia, agora que
seus Jogos Olímpicos, felizmente, terminaram.
O espetáculo não acabou até que a gorda senhora (ref. à Russia)
cante, mas ela vai cantar – sua canção será vista e ouvida.
_________________
[*] Israel Shamir é um escritor, colunista da e jornalista antissionista.
De origem russa, ele nasceu em Novosibirsk, na Sibéria, e emigrou para Israel
em 1969. Lá, trabalhou como jornalista e tradutor. Seus artigos sobre a
ocupação da Terra Santa pelo sionismo estão reunidos no sítio eletrônico e em três livros: Galilee
Flowers, Cabbala of Power e Masters of Discourse,
também disponíveis em francês, espanhol, italiano, alemão e russo. Em 2004, ele
abraçou a fé cristã ortodoxa, sendo batizado na Igreja Ortodoxa de Jerusalém e
Terra Santa pelo arcebispo Theodosius Attalla Hanna. Shamir. Vive atualmente em
Jaffa e viaja frequentemente a Moscou e Estocolmo.
Brasil, empieza a tener cuidado con las "manifestaciones de descontento". en Argentina ya lo tenemos, salvo cierta izquierda suicida.
ResponderExcluirEstamos atentos, mas não se essa "atenção" será suficiente...
Excluir