12/4/2014, Ivana Bentes, pelo Facebook [editado]
Enviado e
comentado pelo pessoal da Vila Vudu
Entreouvido na rampa do Xibiu na Vila Vudu: O comentário é ótimo, no que expõe de o quanto (muuuuuuuito!) o
pessoal “da pesquisa” [só rindo!] está desentendido. E está. Faltou só injetar
aí um pouco de marxismo do-bom, que controlasse um pouco o ímpeto de classe
média metida a libertarista, falso-anarquista e porralokista. Como se a crise
vastíssima aí exposta, se resolvesse com algum diagnóstico de “luto” e xiliques
protestistas à moda Gerdau-Estadão-Tea Party.
Que diabo seriam as tais "corporações do comum"?!
Empresas-imprensa, só que NINJAS?! Empresas-escola, só que ONGs?! Fascistas
quebradores de lojas, só que “éticos”?! Natura-Itaú & Al-Gore só que
Marina-ecológicos?!
Só rindo!
De fato, assim como o pessoal “da pesquisa” não entende as
mudanças pelas quais o Brasil está passando, assim também o pessoal NINJA supõe
que bastaria trocar a Folha de
S.Paulo por algum jornalismo
NINJA, e todos seríamos felizes para sempre.
Por sorte nossa, o pessoal aqui da Vila, mesmo que ainda não
entenda tudo isso aí, já consegue, pelo menos, diagnosticar UM desentendimento
a mais, além do desentendimento da Ivana; e DOIS desentendimentos a mais, além
do desentendimento das tais “agências de pesquisa”.
Vamkemamo. Só a luta ensina...
Ivana Bentes |
Passei a
sexta em São Paulo
em uma agência que “estuda pessoas” dos mais diferentes grupos sociais (estuda
estudiosos inclusive), para atender as mais diversas demandas, do mercado, da
mídia, de produtos, de consumo, de políticas públicas.
O sintoma:
as empresas já não conseguem compreender o que está mudando no Brasil. Por que
as pessoas não se comportam mais como o esperado? Por que se embaralharam os
códigos e desejos?
O pessoal
das kumunicações não entende os
pobres, não entende os jovens, não entende as mulheres, não entende os gays, não entende as crianças, não
entende as manifestações nas ruas, não entende tanta indignação, etc..
Então,
primeiro gastam fortunas para continuar a fingir que funcionam nas suas bolhas
de certezas e visões de mundo pré-estabelecidas, e na maior parte das vezes “vencidas”.
Depois, gastam mais grana ainda para entenderem por que suas narrativas não nos
comovem mais e não coincidem com certo presente urgente, quando a própria ideia
de futuro ficou velha. Por que seus “modelos de negócio” não servem mais para
um mundo que tem como horizonte, por exemplo, a desmonetização da vida e tantos
outros desejos insurgentes?
Por quê?
Porque. Porquês. As corporações já perceberam que certas mudanças não têm
volta, mas não querem mudar com as mudanças. Só querem saber onde colocar o
taxímetro, preocupam-se com o “design” do taxímetro. E não veem que o problema
é o taxímetro! Querem barrar o mundo em que não sabem se movimentar, ou querem
só remediá-lo.
[Ou só querem, mesmo, é conseguir
convencer os clientes de que ainda estão entendendo alguma coisa! 8-)))))))
Vale também prôs professo-dotô, Ivana, é claro! (NR)]
Eu torço e
luto para que essa crise se radicalize de tal forma que as corporações
trabalhem para a sua própria extinção (mas essas mudanças sempre vêm de fora) e
que surjam novas formas de configurar “corpo e ação”: as singularidades
cooperantes e outras redes de comunidades que inventem as corporações do comum,
o que já está acontecendo, daí o medo e inquietação de tantos.
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