O que quer Gerdau?
12/4/2014, Bernie Sanders, Senador
[Independente] por Vermont, EUA
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Jorge Gerdau Johannpeter |
Entreouvido na tenda
do Deiztão na Vila Vudu: Gerdau convoca rebelião. “Tem de se rebelar, gente!” no 22º Fórum da
Liberdade, de empresários, em Porto Alegre, 3ª-feira, 7/4/2014. No Estadão, em:
Jorge
Gerdau sugere que população se “rebele”.
Ver também:
·
– 3/9/2010, redecastorphoto em: “Os
irmãos bilionários que comandam a guerra contra Obama”,
·
– 9/12/2011, John Nichols, The
Nation, redecastorphoto em: “Irmãos
Koch e ALEC: assalto selvagem contra a democracia”,
·
– 15/3/2013, Esther Zuckerman, Atlantic
Wire, redecastorphoto em: “Acontece
nos EUA: Os irmãos Koch disputarão com a Grande Grana da ‘left-EUA’ o controle
do mercado de mídia”.
Os Irmãos Koch (Charles e David) |
Como
resultado da desastrosa decisão “Cidadãos Unidos” da Suprema Corte, bilionários
e grandes empresas podem agora gastar quantidades ilimitadas de dinheiro para
influenciar o processo político.
Talvez os
maiores vencedores no caso “Cidadão Unidos” sejam Charles e David Koch, proprietários
da segunda maior empresa privada dos EUA, as Indústrias Koch.
Dentre
outras coisas, os irmãos Koch são proprietários de refinarias de petróleo no
Texas, Alaska e Minnesota e controlam 4 mil milhas de oleodutos.
Segundo a
revista Forbes, os irmãos Koch valem hoje 80 bilhões de dólares; só no
último ano, a fortuna deles cresceu 12 bilhões.
Para os
irmãos, a fortuna de 80 bilhões de dólares, ao que parece, ainda é pouco. Serem
donos da segunda maior empresa privada dos EUA ainda é pouco. Ao que se está
vendo, só se darão por satisfeitos quando controlarem completamente todo o
processo político.
É fato bem
conhecido que os irmãos Koch são a principal fonte de dinheiro para o Tea Party e estão contra o “Affordable Care Act”.
O que mais
querem os irmãos Koch?
Em 1980,
David Koch concorreu à vice-presidência, candidato pelo Partido
Libertarista-EUA [orig. Libertarian Party]. [1]
Examinemos
a plataforma do Partido Libertarista-EUA, em 1980.
Aqui,
apenas alguns itens da plataforma do Partido Libertarista-EUA, que David Koch
defendia em 1980:
- – Somos contra o financiamento público de campanhas eleitorais e pela imediata extinção da despótica Comissão Eleitoral Federal.
- – Somos a favor da abolição de toda a assistência pública à saúde [orig. programs Medicare and Medicaid].
- – Somos contra qualquer seguro de saúde apoiado por impostos para dar assistência gratuita à saúde, inclusive os que mantêm serviços públicos de aborto. – Somos a favor da total desregulação de toda a indústria privada de serviços de saúde.
- – Somos contra o sistema Público de Assistência à Saúde, que é fraudulento, está virtualmente falido e é cada dia mais autoritário e opressor. A adesão à Assistência Social tem de ser voluntária.
- – Propomos a extinção do Serviço Público de Correios. O atual sistema, além de ineficiente, facilita a vigilância, pelo Estado, da correspondência privada. Exigimos o fim do sistema de monopólio, e que todo o sistema postal seja aberto à iniciativa privada.
- – Somos contra todos os impostos, pessoais e empresarias, inclusive todos os impostos sobre ganhos de capital.
- – Apoiamos a rejeição a todos os impostos, de todos os tipos.
- – Como medida a ser tomada imediatamente, todas as sanções civis e criminais contra a sonegação de impostos devem ser abolidas.
- – Apoiamos a rejeição de todas as leis que impedem as pessoas de conseguirem emprego, como as leis o salário mínimo.
- – Defendemos a completa separação entre educação e Estado. Escolas coordenadas e comandadas pelo Estado são agentes de doutrinação das crianças e interferem com o direito ao livre arbítrio dos indivíduos. Devem ser imediatamente extintas toda e qualquer propriedade estatal, a operação, a regulação e todos os subsídios a escolas e universidades.
- – Todas as leis sobre educação compulsória devem ser imediatamente abolidas.
- – Apoiamos a luta contra todos os impostos aplicados a escolas e universidades privadas, sejam orientadas ao lucro, ou não.
- – A Agência de Proteção Ambiental deve ser abolida.
- – O Ministério da Energia deve ser extinto.
- – Devem ser extintas todas as agências governamentais ligadas ao transporte, inclusive o Ministério dos Transportes.
- – Exigimos que o sistema ferroviário dos EUA seja devolvido à propriedade privada. Todas as estradas, ferroviárias e rodoviárias, devem ser privatizadas.
- – Rejeitamos e nos opomos a todas as leis que tornam obrigatório o uso do chamado “equipamento de autoproteção”, como cintos de segurança, air bags, ou capacetes.
- – Defendemos a abolição da Agência de Aviação Civil.
- – Defendemos a abolição da Agência Reguladora de Alimentos e Medicamentos.
- – Apoiamos o fim de todos os subsídios à criação de filhos que há em nossas leis atuais, inclusive os serviços de bem-estar e outros orientados para crianças e mantidos com impostos.
- – “Nos opomos a todos os serviços oficiais de bem-estar, projetos de apoio e a todos os programas de ‘ajuda aos mais pobres’. Todos esses programas são paternalistas, atentam contra a privacidade das pessoas e não funcionam. A fonte correta de ajuda aos necessitados são os esforços voluntáros de grupos privados e de indivíduos que se dediquem à caridade.
- – Exigimos a privatização de todos os mananciais de água e rios, e de todos os sistemas de distribuição que levam água a indústrias, à agricultura e aos lares.
- – Exigimos a rejeição da proposta de lei “Segurança do Trabalho e Assistência à Saúde do Trabalhador” [orig. Occupational Safety and Health Act].
- – Exigimos a abolição da Comissão de Proteção ao Consumidor.
- – Exigimos o fim de todas as leis de usura que privilegiam o Estado.
Quer dizer:
a agenda dos irmãos Koch não visa apenas a extinguir o Obamacare, por lhe
retirar todas as fontes de financiamento. A agenda dos irmãos Koch visa a pôr
fim a todas as leis votadas e aprovadas ao longo de 80 anos nos EUA, para
proteger a classe média, os idosos, as crianças, os doentes e os cidadãos mais
vulneráveis dos EUA.
É claro que
os irmãos Koch e outros bilionários de direita estão no controle do Partido
Republicano.
A Suprema Corte dos EUA |
E por causa
da desastrosa decisão da Suprema Corte, que autoriza as grandes empresas a dar
quantidades ilimitadas de dinheiro para campanhas eleitorais, eles agora podem
gastar o quanto queiram para comprar a Câmara de Deputados, o Senado e o próximo
presidente dos EUA.
Se forem
deixados à solta para sequestrar o processo político nos EUA e cortar todas as
vias de dinheiro que mantêm o Obamacare, em seguida voltarão, querendo mais.
Amanhã será
a Seguridade Social, o fim da assistência pública à saúde como a conhecemos, o
fim do salário mínimo. Minha impressão é que os irmãos Koch não pararão, até
conseguir tudo o que acham que merecem.
Nossa
grande nação não pode ser sequestrada por bilionários de direita como os irmãos
Koch.
Em nome de
nossos filhos e netos, em nome de nossa economia, temos de fazer prevalecer a
democracia.
________________
Nota dos tradutores:
[1] Atenção:
Traduzimos a expressão libertarian, por “libertarista-EUA”, para tentar
fugir da confusão com “libertário”, expressão que, em português, sempre esteve
associada ao anarquismo comunista. Os libertaristas-EUA são a extrema direita.
No Brasil, os “black-bloc” fascistas são libertaristas, mas não são
libertários.
Nos EUA, se o cara não for um diabão da falange do Pastor (Malafaia)
Maldito e/ou da falange da Blogueira Cubana Nefanda, ele já é apresentado como
progressista. E se, dentre os progressistas, ele não for um Obama acuado pelo
Complexo Industrial-Militar e rendido ao dinheiro dos sionistas, pronto: já é
apresentado como se fosse “Left” [“esquerda”] (podendo, num ou noutro caso ser
apresentado – e logo apagado do mundo que a grande imprensa-empresa
conservadora inventa – como um “radical”).
É quase impossível traduzir essas designações genéricas, porque quando,
nos EUA, se diz liberal, fala-se exclusivamente de liberais progressistas
(e o conceito muitas vezes aproxima-se de uma quase-esquerda burguesa,
democrática, metida a “ética”; às vezes, até, aproxima-se de alguma esquerda
revolucionária). Se o sujeito estiver um centímetro à esquerda do Khaganato dos
Nulands, pá! Já é dito “liberal”, nos EUA.
Quando se diz libertarian nos EUA, fala-se dos malucos do Tea
Party, ditos “libertários” porque querem total liberdade pra fazer o que
lhes dê nas telhas individualistas, sempre resistindo contra o Estado. Tá cheio
de libertarians, nos EUA, que batalham a favor de cada cidadão ter seu
canhão privado, em casa, pra poder atirar no coletor de impostos que chegue à
sua porta, e em qualquer preto que lhe pareça ameaçador (para os libertarian
à americana, todos os pretos são ameaçadores). (Nota redigida para 15/3/2013,
Esther Zuckerman, Atlantic Wire, redecastorphoto
em: “Acontece
nos EUA: Os irmãos Koch disputarão com a Grande Grana da left-EUA o controle do mercado de mídia”, aqui
reaproveitada).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.