14/3/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
Traduzido pelo pessoal da
Vila Vudu
The Saker |
Parece que
as próximas 24 horas serão absolutamente cruciais para o futuro da Ucrânia. Até
esse momento, eis os mais importantes desenvolvimentos:
Durante o
fim de semana houve levantes nas seguintes cidades: Carcóvia, Slaviansk,
Krasnyi Liman, Kramatorsk, Lugansk, Enakievo, Gorlovka, Donetsk, Khartsyzk,
Ilovaisk, Mariupol. Para terem uma ideia da extensão, vejam o mapa (“Cidades
rebeladas no leste da Ucrânia”) a seguir:
Cidades rebeladas na Ucrânia oriental (clique na imagem para aumentar) |
O segundo
grande desenvolvimento é a clara melhora na qualidade das forças que se opõem à
tomada do leste da Ucrânia pelo regime golpista de Kiev. Até 6a-feira
(11/4/2014), a maioria dos manifestantes eram civis, “armados” com porretes,
pedras, coquetéis Molotov, etc. e, francamente, as barricadas que ergueram
pareciam bem precárias. Ao longo da semana, apareceram forças mais bem
equipadas, o que se pode explicar pela tomada de depósitos de armas da SBU, mas acho que há trânsito de
armas entre a Crimeia e o leste da Ucrânia. Alguns crimeanos já disseram
exatamente isso, abertamente. Além do mais, é muito provável que haja também
voluntários vindos da Rússia, provavelmente gente com experiência militar,
ajudando os locais. As barricadas parecem agora muito mais bem construídas, com
quase dois metros de altura e parecem mais bem protegidas.
O regime
de Kiev e os EUA acusaram a Rússia de ter agentes da Agência Militar Russa (GRU)
envolvidos. Bem, não tenho dúvidas de que estão lá – e seria estupidez se não
estivessem – mas pretender que a insurreição em toda essa vasta área seja
resultado de operações clandestinas do Kremlin é completa estupidez. Embora
seja razoável supor que há gente do SVR e do GRU para ajudar, eles farão o possível para
manter-se distanciados vários passos, fora da cena principal, para evitar um
potencial escândalo político contra a Rússia. Mas os GRU podem estar fornecendo equipamento a
voluntários russos no leste da Ucrânia. Não há dúvidas de que é possível,
embora essa não seja necessariamente a explicação mais provável. O fato é que ninguém sabe com certeza.
Há boatos
muito consistentes de que o diretor da CIA,
John O. Brennan, esteve secretamente em Kiev e que foi ele quem disse ao regime
que acabasse com a rebelião no leste. Pode ser que sim, pode ser que não.
Mapa da Ucrânia oriental com as cidades rebeladas e a concentração de tropas russas na fronteira em 14/4/2014 (mapa editado pelo WSJ) |
O que é
certo é que os serviços secretos da Ucrânia são comandados pela CIA já há 22 anos, e que as autoridades de Kiev
jamais teriam prosseguido nesse plano, se não tivessem a aprovação do Tio Sam. Dado
que a ofensiva basicamente falhou, parece que os EUA recomendaram aos aliados
ucranianos que “esfriassem”, seja para tentar negociar, seja para tentar ganhar
algum tempo. Seja a causa qual for, os dois, Iatseniuk e Turchinov, já
prometeram um referendo para decidir o futuro da Ucrânia e atendimento de todas
as “legítimas demandas” do leste. Ninguém confia neles (Turchinov havia anunciado
uma operação “antiterroristas”!), mas, mesmo assim, é ENORME desdobramento.
Ao mesmo
tempo, há repetidas notícias sobre uma ordem secreta, dada por Turchinov, para
atacar no leste da Ucrânia, e de que Andrei Parubii (Maidan), Valentin
Nalivaichenko (SBU) e Vasilii Krutov (militares ucranianos) teriam formado um
comando para coordenar a repressão.
Para
finalizar, há muitas matérias sobre grandes colunas de unidades militares
movendo-se para o leste. Incluem até
artilharia e lançadores múltiplos de foguetes. Minha esperança é que estejam
sendo movidas para o leste da Ucrânia para tentar deter alguma intervenção
militar russa. Não estou dizendo que funcione – não funcionará – mas espero que
o plano seja esse. Não quero nem pensar na possibilidade de que esses sistemas
venham a ser usados contra população civil.
Agora, no
curto prazo, há basicamente três cenários:
1) Kiev desiste da ideia de
usar de violência e terror para resolver esse problema, e alguma espécie de
acordo será construído entre Rússia e EUA, dia 17.
2) Kiev ataca e fracassa.
3) Kiev ataca, é bem-sucedida,
e a Rússia intervém.
É ainda
possível salvar alguma Ucrânia unitária? Nesse ponto, eu diria que PODE ainda
ser possível, mas que Kiev terá de realmente
desistir da ideia de usar de violência contra os rebeldes no leste; e os EUA
terão de, finalmente, parar de cometer loucuras e aceitar negociar seriamente.
Se Kiev
tentar atacar, para derrubar a rebelião pela força, nesse caso, Kiev pode dar
adeus, para sempre, à Ucrânia do leste.
Permaneçam
sintonizados.
The Saker
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