16/8/2013, al-Akhbar, Beirute -
Líbano
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah do Líbano, em discurso transmitido pela TV a partir de um local ignorado em 16 de agosto de 2013 no Líbano. (Foto: Al-Manar) |
Se
tínhamos 100 combatentes na Síria, agora serão 200. Se eram mil, serão 2.000. Se
tínhamos 10 mil, agora serão 20 mil combatentes, disse Hassan Nasrallah
O
Líbano deve unir-se para impedir que ataques como o atentado à bomba nos
arredores de Beirute arrastem o país para uma guerra civil, disse o
secretário-geral Hassan Nasrallah, do Hizbollah, em discurso transmitido por
televisão na noite de ontem, na solenidade que marcou os sete anos do fim da
guerra de julho de 2006.
Sua
Eminência apresentou condolências às famílias dos mortos e feridos no atentado
que detonou um carro-bomba no bairro de Roueiss, e que chamou de “massacre
horrendo”.
Temos
de baixar a cabeça e mostrar todo o nosso respeito à resistência em
Dahiyeh –
disse Sua Eminência. – O que se viu ontem
foi um ataque contra a população. Não foi operação de assassinato, não atacaram
bases, instituições ou homens do Hezbollah. Atacaram deliberadamente para causar
o maior número possível de mortes entre civis.
Sua
Eminência conclamou o povo a ter paciência e a praticar a moderação, para não
reagir impulsivamente ao ataque.
Falo
ao povo que foi atacado ontem: Sabemos da paciência e da coragem de vocês.
Querem abalar a fé de vocês, destruir o empenho com que abraçaram a resistência.
Mas todos confiamos em vocês. Todos temos de continuar a nos
conter –
disse o secretário-geral. Qualquer ato
ilegítimo, impensado, de qualquer um de nós, levará a resultados perigosos e
sangrentos. Temos de impedir que o projeto terrorista de enfurecer as massas
alcance seus objetivos.
Depois
do massacre de ontem, controlamos a situação. Mas tenho de dizer a todo o povo
do Líbano que, se esses atentados continuarem, o Líbano estará à beira do
colapso. Nossos atos, doravante, terão de começar por todos compreendermos
claramente a ameaça que o Líbano está enfrentando. Engana-se quem suponha que se
trate só de uma seita religiosa.
Nasrallah
recomendou que se implantem medidas de prevenção, com inspeções e pontos de
revista, mas alertou que só isso não bastará; que as forças de segurança terão
de identificar e desmantelar os grupos terroristas responsáveis por ataques no
Líbano.
O
líder do movimento da Resistência disse que investigações das forças de
segurança do Líbano apontaram grupos de “rebeldes” sírios como responsáveis
pelos recentes atentados nos subúrbios do sul do Líbano, e que há “alta
probabilidade” de que as explosões em Roueiss também sejam obra de criminosos
assemelhados.
O povo
de Dahieh está habituado a ser atacado –
disse Sua Eminência, que continuou: – O inimigo faz o que faz porque supõe que, se
atacar nosso povo, nos atinge no ponto mais fraco. Mas em Dahieh os ataques não
assustam ninguém.
Nasrallah
informou que a identidade dos criminosos que atacaram dia 9 de julho nos
arredores do subúrbio de Bir Abed já está determinada “com 99,99% de certeza”.
Informou também que a inteligência libanesa já identificou os autores dos
atentados em Hermel e os que dispararam foguetes contra Dahiyeh em maio.
Sua
Eminência disse que os serviços de segurança libaneses haviam alertado o
Hezbollah, de que circulavam informes que associavam grupos militantes contra o
presidente Bashar al-Assad da Síria – aliado do Hezbollah – a atentados com
explosivos em carros, que estariam sendo planejados para os subúrbios de
Beirute.
Nasrallah
disse que não se descarta a possibilidade de Israel ter trabalhado associada
àqueles grupos terroristas, para atingir o Hezbollah.
“Não
temos dúvidas de que os EUA e Israel estão infiltrados naqueles grupos de takfiri, mas os takfiri são os agentes diretos dos ataques” – disse
ele. Takfiri, que significa
“apóstata”, “infiel”, é expressão usada pelos aliados e defensores do governo de
Assad na Síria, para designar os mesmos que o ocidente chama de “rebeldes”.
Falando
diretamente àqueles takfiri,
Nasrallah advertiu que novos ataques pelos rebeldes sírios contra o Hezbollah e
seus apoiadores ampliarão a guerra na Síria.
Vocês
dizem que defendem o povo sírio, que querem punir o Hezbollah por sua presença
na Síria. Mas são vocês os que causam mais sofrimento ao povo sírio. Vocês
explodem mesquitas, matam crianças, atacam cidades com carros-bomba
– disse
Sua Eminência – e nós, o Hezbollah,
lutamos por nossos valores e de acordo com nossos valores. Não torturamos nem
agredimos prisioneiros. E nunca matamos civis.
Bombardearam
o bairro errado –
disse Sua Eminência. – Se a luta exigir
que eu e todo o Hezbollah vamos lutar na Síria, iremos. Nossa resposta a novos
bombardeios é que se tínhamos 100 combatentes na Síria, serão 200. Se eram mil,
serão 2.000. Se tínhamos 10 mil, serão 20 mil combatentes. A batalha será
difícil e custosa, sim, mas muito mais difícil e custoso é deixar-se massacrar
como carneiros.
Nasrallah
também comentou a emboscada contra soldados israelenses que cruzaram a fronteira
do Líbano, dia 7 de agosto:
Já
não permitimos que nenhum soldado israelense pise em território libanês. A era
do turismo militar no Líbano acabou para sempre.
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