14/8/2013, WikiLeaks
Traduzido
pelo pessoal da Vila
Vudu
Os
jornais informam que Bradley Manning fez hoje uma declaração de arrependimento,
em audiência para sentença, em Fort Meade, Maryland. A declaração de Manning
surge no fim de uma corte marcial, na qual os procuradores atuaram com fúria sem
precedentes.
Desde
que foi preso, o Sr. Manning tem sido exemplo de resistência e coragem ante a
adversidade. Resistiu sempre a pressões extraordinárias. Sobreviveu à prisão em
cela solitária, nu e submetido a tratamento cruel, desumano e degradante, pelo
governo dos EUA. Ignorou-se o seu direito constitucional a julgamento rápido.
Está preso há três anos, sob condições ilegais de prisão, enquanto o governo
arrebanhava 141 testemunhas e ocultava os milhares de documentos aos quais os
advogados da defesa não tiveram acesso.
O
governo negou-lhe o direito de construir defesa básica de
whistleblower [alertador]. Foi indevidamente acusado, até
que se viu ante a iminência de ser condenado a um século de cadeia, tendo tido
impedidas praticamente todas as suas testemunhas, exceto umas poucas.
Negaram-lhe o direito de declarar em sua defesa, no julgamento, que os atos de
que era acusado não provocaram dano algum. Seus advogados foram preventivamente
impedidos de falar das intenções do acusado e de provar que suas ações não
prejudicaram ninguém.
Bradley Manning |
Apesar
de todos esses obstáculos, o Sr. Manning e sua equipe de defesa lutaram passo a
passo a luta que lhes foi imposta. Mês passado, foi condenado a penas que
chegavam a 90 anos de prisão. O governo dos EUA admitiu que suas ações não
feriram fisicamente ninguém; e foi absolvido da acusação de “ajudar o inimigo”.
Suas condenações só têm a ver com a suposta decisão de informar a opinião
pública sobre crimes de guerra e a prática sistemática de atos injustos.
Mas,
afinal, se esgotaram as opções para o Sr. Manning. A única moeda que essa corte
militar aceitaria seria a humilhação. À luz disso, a decisão forçada do Sr.
Manning, de pedir desculpas ao governo dos EUA, na esperança de reduzir uma
década ou mais em sua sentença, tem de ser vista com compaixão e compreensão.
As
desculpas foram declaração arrancada dele, depois de longo massacre a que foi
submetido sob o peso do sistema militar judicial dos EUA. Foram necessários três
anos e milhões de dólares, para extrair dois minutos de remorso tático desse
homem valente.
As
desculpas foram extraídas à força de Bradley Manning. Em corte justa, o governo
dos EUA pediria desculpas a Bradley Manning. Como o atesta a sua indicação ao
Prêmio Nobel da Paz, já com mais de 100 mil assinaturas, Bradley Manning mudou o
mundo para melhor. E ele permanece, como símbolo de coragem e de resistência
humanitária.
As
desculpas do Sr. Manning mostram que, no que tenha a ver com sua sentença, ainda
há décadas pelas quais lutar.
Nesses
dias finais, é preciso intensificar a pressão pública contra a corte militar que
julga Bradley Manning, antes de que se consuma a decisão sobre a sentença que
terá de cumprir.
WikiLeaks
continua a apoiar Bradley Manning e manterá a campanha, até que seja posto em
liberdade, sem condições.
LIBERTEM
BRADLEY MANNING
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