O massacre do
Cairo
Centenas de civis assassinados pelo exército no Cairo e em todas as cidades do Egito |
15/8/2013, Socialist
Worker, UK
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Recado da
Vila Vudu: Essa declaração foi distribuída
originalmente em árabe,
pelos Socialistas Revolucionários Egípcios,
dia 14/8/2013. Em seguida foi publicada em inglês, no blog
Socialist Worker.
Fora os
militares!
Fora al-Sisi, cabeça da
contrarrevolução!
O
sangrento ataque às manifestações pacíficas [orig. sit-ins] na Praça
Al-Nahda e em Raba'a al-Adawiyya é um massacre – que já estava preparado. Visa a
liquidar a Fraternidade Muçulmana. Mas é parte também de um plano para liquidar
a Revolução Egípcia e restaurar o estado policial-militar do regime de Mubarak.
Os
Socialistas Revolucionários jamais, nem por um dia, defendemos o regime de
Mohamed Mursi e da Fraternidade Muçulmana. Sempre estivemos nas linhas de frente
da oposição àquele regime criminoso, fracassado, que traiu os objetivos da
Revolução Egípcia. E que chegou até a proteger os pilares do regime de Mubarak,
de seu aparato de segurança, as suas forças armadas e seus empresários
corruptos. Participamos empenhadamente da onda revolucionária de 30 de Junho.
Tampouco
defendemos, nem por um dia, as manifestações pacíficas de apoio à Fraternidade e
seus esforços para devolver o poder a Mursi.
Mas
é preciso pôr em contexto os eventos de hoje, e o uso dos militares para esmagar
greves de trabalhadores. Vemos também que foram nomeados novos governadores
provinciais – os novos governadores saídos das fileiras remanescentes do velho
regime, da polícia e dos generais. E há ainda as políticas do governo do general
Abdel Fatah Al-Sisi. O governo de Al-Sisi adotou um mapa do caminho que é
claramente hostil aos objetivos e demandas da Revolução Egípcia – que clama por
liberdade, dignidade e justiça social.
Esse
é o contexto do massacre brutal que exército e polícia estão cometendo. Estamos
vendo o sangrento ensaio geral para a liquidação da Revolução Egípcia. O
massacre visa a criar um estado de terror e assim quebrar o ânimo revolucionário
de todos os egípcios que exigem respeito aos seus direitos: os trabalhadores, os
pobres, a juventude revolucionária.
Mas
a reação da Fraternidade Muçulmana e dos salafistas, que atacam cristãos e suas
igrejas, é crime sectário que só serve às forças da contrarrevolução.
O
estado de Mubarak e o estado de Al-Sisi que nunca, nem por um dia, defendeu os
coptas e suas igrejas, são cúmplices na sórdida tentativa de criar uma guerra
civil, na qual cristãos egípcios tombarão vítimas da reacionária Fraternidade
Muçulmana.
Nos
declaramos em firme oposição contra os massacres de Al-Sisi e contra sua sórdida
tentativa de tentar abortar a Revolução Egípcia. O massacre de hoje é o primeiro
passo na direção da contrarrevolução.
Lutaremos
com igual firmeza contra os ataques aos cristãos egípcios e contra a campanha
sectária que só serve aos interesses de Al-Sisi e de seu projeto sangrento.
Muitos
dos que se descreviam como liberais e de esquerda traíram a Revolução Egípcia,
liderados pelos que participaram do governo de Al-Sisi. Eles venderam o sangue
dos mártires ao governo militar e à contrarrevolução. Esses hoje têm as mãos
sujas de sangue.
Nós,
os Socialistas Revolucionários, jamais nos desviaremos do caminho da Revolução
Egípcia. Não cederemos nem faremos qualquer concessão na luta pelos direitos e
pelo sangue puro dos mártires da revolução: os que caíram na luta contra
Mubarak, os que caíram na luta contra o Conselho Militar, os que caíram na luta
contra o regime de Mursi e os que agora caem na luta contra Al-Sisi e seus
cães.
Abaixo
o regime militar!
NÃO
à volta do velho regime!
NÃO
à volta da Fraternidade!
Toda
a riqueza e todo o poder ao povo!
Socialistas
Revolucionários
Cairo,
14/8/2013
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