Nicolás Maduro - Presidente da República Bolivariana da Venezuela |
Publicado
em 06/08/2013 por [*] Mário Augusto
Jakobskind
O
mundo gira. Enquanto o governador do Estado do Rio de Janeiro, provavelmente
aconselhado por algum marqueteiro tenta posar de vítima, quando na verdade não
passa de algoz dos jovens manifestantes, pelo mundo acontecem fatos relevantes
absolutamente ignorados pela mídia de mercado, que segue desempenhando a função,
não propriamente de quarto poder, mas de aparelho ideológico de concepções
conservadoras, como diria o jornalista Ignácio Ramonet, do Le Monde
Diplomatique.
Guillermo Cochez MENTIROSO |
Pois
bem, na Venezuela, os opositores da revolução bolivariana assacaram uma
deslavada mentira contra o presidente eleito Nicolás Maduro. Os golpistas, tendo
por base declaração de um tresloucado ex-embaixador do Panamá na Organização dos
Estados Americanos (OEA), de nome Guillermo Cochez, segundo a qual Maduro não é
venezuelano pois nasceu na Colômbia, na cidade de Cúcuta, na fronteira com a
Venezuela, aproveitaram o embalo para mais uma vez tentar derrubar o Presidente
que substituiu Hugo Chávez.
O
candidato derrotado, Henrique Capriles tentando criar um fato político, sempre
com discurso ao estilo de outros golpistas na América Latina, exigiu que Maduro
apresentasse sua certidão de nascimento e assim sucessivamente. Outros
seguidores de Capriles chegaram a colocar em questão a constitucionalidade do
mandato de Maduro, já que a legislação não permite que estrangeiros ocupem a
Presidência da República da Venezuela.
Mas
a tramoia golpista durou pouco, porque o desmentido das próprias autoridades
colombianas não demorou a aparecer. A denúncia foi rigorosamente investigada no
setor do Registro Civil da cidade de Cúcuta, que chegou a conclusão, segundo
informou Carlos Alberto Arias, diretor nacional do setor, que o documento
apresentado pelo ex-embaixador panamenho na OEA era mesmo
falso.
A
história da América Latina registra falsificações do gênero que serviram de
pretexto ou para golpes de Estado ou tentativas de desestabilizar governos
democráticos. No Brasil, o Plano Cohen, de responsabilidade do então capitão
integralista Olímpio Mourão Filho em 1937 mostrava um suposto plano comunista de
assalto ao poder, servindo de pretexto para o golpe do Estado Novo. Este mesmo
Mourão Filho, 27 anos depois comandava tropas de Minas Gerais que culminaram no
golpe que derrubou o presidente constitucional João Goulart e mergulhou o país
em uma longa noite escura de torturas e assassinatos de
oposicionistas.
Mourão Filho MILICANALHA |
No
anos 50, mais precisamente em 17 de agosto de 1953, o então famigerado deputado
Carlos Lacerda inventava no seu jornal Tribuna da Imprensa uma falsa carta que
recebeu a denominação de Brandy, em que um deputado argentino intermediava
encontro secreto do então Ministro do Trabalho, João Goulart, como emissário do
Presidente Getúlio Vargas. Ficou constatada a mentira, mas Lacerda continuou
impune e posteriormente tornou-se um dos responsáveis pela tentativa de golpe de
estado, em 1954, evitado porque Vargas saiu da vida para entrar para história ao
se suicidar em agosto de 1954.
Fatos
históricos como os mencionados são importantes de serem lembrados, inclusive
para tentar entender o momento presente, como o da Venezuela com a mentira
apresentada pelo ex-embaixador do Panamá na OEA, Guillermo Cochez, o mesmo
boquirroto que em janeiro deste ano havia investido contra a Venezuela em um
discurso raivoso na entidade onde servia.
Por
estas e muitas outras, todo o cuidado é pouco em se tratando de setores
conservadores e de direita. Até porque, sai ano entra ano, figuras como este
Cochez, como Capriles e tantos outros pelo continente latino-americano não se
cansam de tentar desestabilizar governos que não rezem pela cartilha de
Washington.
Miguel Rodríguez Torres |
Na
Venezuela, as tentativas golpistas não se resumem a falsa denúncia contra
Maduro. O Ministro das Relações Interiores da Venezuela, Miguel Rodríguez
Torres, informou que elementos da direita mantiveram contatos com setores
ideológicos no exterior afinados com a doutrina golpista com o objetivo de
assassinar o Presidente Maduro. E o Ministro deu nome aos bois, bem como os
locais onde ocorreram reuniões conspiratórias que tiveram por objetivo
assassinar o Presidente Nicolás Maduro.
Segundo
Rodriguez Torres, duas reuniões ocorreram no mês de abril em Bogotá e Miami.
Participaram, entre outros, o ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe, o
ex-presidente de fato de Honduras, Roberto Micheletti, um delegado enviado pelo
terrorista Luis Posada Carriles (1),
um oficial colombiano da ativa e um oficial da Agência Central de Inteligência
dos Estados Unidos (CIA). O plano discutido previa “iniciar contato com a
direita venezuelana e promover ações desestabilizadoras”.
Naturalmente
que essas informações não foram divulgadas até agora pela mídia de mercado e se
o forem provavelmente serão manipuladas no sentido do leitor concluir que não
passam de teorias conspiratórias da história. É o que acontece rotineiramente
nos jornalões e telejornalões.
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Nota do
Autor
(1) Luís Posada Carriles foi o terrorista responsável pela explosão de um avião da Cubana de Aviação nos céus
da Venezuela matando dezenas de atletas que tinham participado de uma competição
esportiva. Carriles foi condenado pela Justiça venezuelana, mas fugiu da prisão
com a ajuda CIA. Hoje vive em liberdade nos EUA.
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[*] Mário Augusto
Jakobskind é
correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do
Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da
Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor,
entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes -
Fantástico/IBOPE.
Enviado por Direto da Redação
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