28/8/2013, [*] Qifa Nabki,
The Qnion, Líbano
Sátira traduzida pelo pessoal da Vila
Vudu
Abkar
Palace (comentário na página)
Essa “operação” parece mais absurda, a cada hora que passa. O governo Obama vaza
feito peneira e aparentemente quer que você acredite que o alvo não seria Assad
e seu governo. Essa medida “punitiva” é só o espetáculo. Assad será atingido com
a força total de um buscapé. Só
precisará de um lencinho para limpar o estrago desse terrível golpe...
Com
os EUA preparando-se para um quase ataque militar contra a Síria, a especulação
sobre o momento e a extensão da operação corre solta e é o assunto da hora. Para
felicidade de nossos leitores, nossa redação de The
Qnion
recebeu
a transcrição de um
briefing para a imprensa,
a portas fechadas, do qual participaram o Secretário de Imprensa da Casa Branca,
Jay Carney, e seleto grupo de jornalistas dos grandes veículos da
imprensa-empresa.
**
Jay Carney no briefing de hoje, 28/8/2013 |
[Sigiloso:
não oficial e vedado ao público externo]
Secretário
Carney (Secretário de Imprensa da Casa Branca): Certo,
pessoal... Acho que estamos prontos para começar [inaudível. Risos e ruídos
na sala.] Obrigado a todos por terem vindo tão rapidamente. Obviamente a
situação desenrola-se muito depressa, e queremos passar informação sempre
atualizada para vocês. Estou saindo de uma reunião na Sala de Situação, e tenho
algumas atualizações importantes.
Primeiro;
como já dissemos em múltiplas ocasiões, o governo dos EUA condena, nos termos
mais fortes, o uso de armas químicas pelo regime de Assad. Consideramos que seja
violação de leis internacionais e continuamos apoiando os esforços da ONU, em
campo, na Síria. Como vocês sabem, o presidente decidiu que aqueles esforços não
são suficientes e agora analisa opções para ação militar decisiva, sem
concessões.
[Vozes
altas, várias perguntas inaudíveis]
Repórter:
Que tipo de opções militares?
Jay
Carney:
Alegra-me que você tenha perguntado,
Jim. Obviamente, não é do interesse dos EUA partilhar detalhes sensíveis
de operações militares. Nos reservamos o direito de atacar qualquer ponto da
Síria para punir o regime por seus ataques repreensíveis e brutais contra o
próprio povo.
Isso
posto, consideramos primeiramente dois conjuntos de ataques com mísseis Tomahawk
(entre oito e 11) a serem disparados pelos navios de guerra USS Mahan e
USS Gravely contra um conjunto de bases militares no deserto sírio,
inclusive, mas não limitados a [ruídos de folhas de blocos de anotação sendo
viradas]… E... deixem-me ver se digo os nomes certos: Marj Ruhayyil, Base
Aérea Militar; Al-Nayrab, Base Aérea Militar; Suwayda Base do Exército; Marj
al-Sultan Heliporto Militar...
Não, não! Desculpem. Risquem isso. Errei. O
heliporto não será atacado. Quero dizer, talvez esteja, talvez não esteja sendo
considerado. Vejamos, onde paramos? Ah, também Shayrat Base Aérea Militar e a
Khalkh… Não, não! Esse nome eu nem vou tentar pronunciar.
Preparamos
uma lista impressa e um mapa de alvos potenciais, e vocês podem pegar na passagem, ao
sair, com as coordenadas geográficas e grafia certinha e tal, só para facilitar
as coisas.
Repórter:
E
qual o prazo para o início dos ataques?
Jay
Carney:
Outra vez, nosso negócio não é revelar informação sensível, Judy. Só posso lhe
adiantar que nós talvez ataquemos, talvez não, entre as 21h e as 23h da
6ª-feira, 30 de agosto; e depois, novamente, entre 15h e 17h do sábado, 31. Por
favor, prestem atenção: é hora de Damasco, GMT +2. Esses horários são difíceis,
eu reconheço.
Seja
como for, depois dos ataques que podem acontecer, ou não, nesses horários,
talvez ataquemos, ou não, ataque surpresa de saturação, na outra semana,
2ª-feira de manhã, entre 10h30-11h, dependendo da situação em campo.
[Irrompem
várias perguntas]
Jay
Carney: Não,
lamento, mas não podemos discutir detalhes. Mas o governo Obama gostaria de
enfatizar e assegurar ao bravo povo sírio que eles não são os alvos visados
nesses ataques altamente cirúrgicos. Só pessoal e equipamento militar que por
acaso haja na vizinhança daquelas áreas durante aqueles períodos demarcados de
tempo a que me referi e que podem ser, ou não ser, potencialmente, atacados.
O
governo Assad deve considerar-se avisado.
Repórter:
Os
senhores esperam que esses ataques derrubem o regime de Assad?
Jay
Carney: É
realmente ótimo que você tenha perguntado isso, Bill. Talvez seja surpresa para
vocês, mas nós não estamos, eu
repito, não estamos considerando qualquer cenário de mudança de
regime, apesar da decisão e firmeza com que podemos atacar, ou não atacar. De
fato, temos decididas várias contingências para modificar a operação proposta,
caso o colapso do regime pareça iminente. Por isso estamos deliberando tanto,
tão cuidadosamente.
[Mais
perguntas]
Jay
Carney: Vejo
muitas mãos erguidas, mas não tenho liberdade para falar mais, porque não
podemos comprometer a integridade da missão. Muito obrigado, pessoal, por ter
vindo. Ao saírem, não se esqueçam de pegar o resumo impresso, com as informações
que dei a vocês e mais alguns detalhes, como os alvos militares e locais a serem
atacados, como já disse.
Repito, porque é importante: o horário de Damasco é
sete horas à frente de Washington. GMT +2. Sei que já disse, mas é detalhe que
pode passar despercebido. OK, rapazes. Em breve, mais informações.
[*]
Qifa Nabki
é o blog de Elias I. Muhanna, professor de Literatura Comparada na Brown
University. É ávido escritor, pesquisador e compilador. Qifa Nabki, um blog muito
lido na política libanesa contemporânea. Escreve frequentemente sobre temas
políticos e culturais para o New York Times, The Nation, The Guardian, entre
outras publicações.
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