11/3/2014, [*] Dmitry Orlov, Blog Club Orlov
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Bandeiras nazistas durante a ocupação do Parlamento em Kiev |
[Atualização
da 3ª-feira (11/3/2014):
Semana
passada publiquei aqui o postado de Renée, porque o Huffington Post recusou-se
a publicá-lo. Agora, fico sabendo que todos os comentários que associem o novo
governo da Ucrânia aos neonazistas e aos neonazistas assassinos em massa que
atiraram contra civis e policiais em Kiev estão proibidos em todos as páginas
de notícias nos EUA.
É como se
houvesse um blecaute nos “noticiários” nos EUA, contra o seguinte postado:
Parece que
o Departamento de Estado dos EUA deu US$
5 bilhões aos neonazistas ucranianos, que usaram parte do dinheiro para
contratar pistoleiros e assassinos em massa, que massacraram civis que se
manifestavam nas ruas, policiais e pessoas que passavam por ali, para criar um
pretexto para derrubar o governo democraticamente eleito da Ucrânia e instalar
um governo anti-Rússia fantoche dos EUA.
É o modo
mais curto e suave de dizer, que eu consegui. Agora tratem de ver em quantas
colunas de “Cartas do Leitor”, jornais e blogs vocês conseguem cortar-colar o
parágrafo acima. Assim, teremos uma ideia da extensão da censura nos EUA.
Primeiro, invadem a Ucrânia. Agora, invadem o Huffington Post. Depois,
invadirão o quê? A sua sala de jantar?]
Financiados pelos EUA, nazistas operaram o Massacre de Kiev |
[Atualização
sobre a Ucrânia:
Todo
mundo já admite que o massacre
de Kiev foi operação forjada, exatamente como eu disse que foi. A teoria dominante reza que os atiradores
que atiraram indiscriminadamente contra policiais, manifestantes e passantes
foram contratados pela oposição ucraniana (Pergunta interessante: “Teriam, por
acaso, sido pagos com dinheiro do Departamento de Estado dos EUA?”). Mas, em
resposta, as autoridades recém instaladas em Kiev entraram em surto de retardo
mental e estão culpando... Ora, ora... a Rússia! Óbvio!
A Rússia
tinha assinado acordo histórico com Yanukovich, aceitando a Ucrânia na União
Aduaneira, dando imenso desconto no preço do gás natural, e, além disso, os
Jogos Olímpicos em Sochi estavam em andamento. A Rússia, é claro, não quereria
desperdiçar tudo isso, e assistia impotente enquanto o governo da Ucrânia era
derrubado e substituído por governo de neonazistas financiados pelos EUA, e
agora enfrenta sanções por ter defendido direitos de seus cidadãos na Crimeia.
Não. Assim, não dá.
Simultaneamente,
Putin enfrenta grandes dificuldades para explicar a líderes ocidentais que o
que a Rússia está fazendo nada tem de ilegal: há tropas russas legalmente na
Crimeia, nos termos de acordo de longo prazo assinado com a Ucrânia e as forças
de autodefesa ativas lá são independentes, que não devem obediência aos
militares russos.
A Crimeia
está às vésperas de fazer um referendo sobre se tornar independente da Ucrânia
(e se é parte da Ucrânia, lá está por acaso). Mas o ocidente diz que o
referendo seria ilegal.
Nazistas desfilam em Kiev com o retrato de Stepan Bandera, comandante das forças de ocupação alemã na IIa. Guerra Mundial |
Vejam
vocês! Diferentes dos albaneses no Kosovo, ou dos sul-sudaneses, ou de
praticamente todos os demais grupos, os russos na Crimeia não têm direito à
autodeterminação. Por quê? Porque são russos?
Essa
semana, o postado cuja leitura recomendo é do blog Outlook Zen, “A
crise na Crimeia e o viés ocidental” (ing.). Parece-me excepcionalmente
equilibrado.
Minha única
crítica é que recorre à Lei de Godwin
(“Quanto mais se prolonga uma discussão online, mais aumenta a
probabilidade de alguém xingar alguém de envolvimento com nazistas ou com
Hitler”), mas ignora o que se lê em “Democratização e antissemitismo na
Ucrânia: quando símbolos neonazistas tornam-se “a Nova Normalidade” (“Democratization”
and Anti-Semitism in Ukraine: When Neo-Nazi Symbols become “The New Normal”).
[Mike]
Godwin espinafrou com razão gente que usa gratuitamente os termos “fascismo” e
“nazismo” e compara qualquer um a Hitler.
Sim, mas...
E quando bandos de pirados com botas de campanha e braçadeiras com suásticas
põem-se a saudarem-se uns os outros com o Hitlergruß? Ainda se trata de comparação gratuita? A seguir vídeo da colocação de símbolos neonazistas e de supremacia branca na ocupação do prédio administrativo em Kiev:
)
Parece que
se tornou tabu, nos EUA, dizer que havia neonazistas por trás (ou na frente) do
putsch em Kiev. As alegações de que os neonazistas teriam contratado
atiradores para matar policiais e manifestantes, para gerar um pretexto para
derrubar o governo também estão proibidas? Por que são embaraçosas demais? Ora!
É claro que são alegações embaraçosas. Ainda bem que embaraçam alguém.
Embaraçosas ou não, mesmo assim tem de ser investigadas.
Adiante, um
excerto do postado de Outlook Zen, “A
crise na Crimeia e o viés ocidental” (ing.) aqui traduzido:
Sei que a situação é muito complicada, e absolutamente não quero super simplificá-la.
O que os crimeianos querem e se isso tem a ver com a ação dos russos, é, sim,
assunto para discutir. Há bons argumentos a favor e contra a ação russa na
Crimeia. No instante em que a Rússia suprimir ou ignorar o desejo do povo da
Crimeia, serei o primeiro a condenar Putin.
Mas, hoje, o mais reprovável é o exagero que cerca tudo que tenha a ver
com a Rússia, divulgado pela imprensa-empresa ocidental. O viés aparece em
absolutamente toda e qualquer matéria apresentada como jornalística, e os
argumentos apresentados a favor sempre de um lado e contra o outro já beiram a
propaganda. Ainda pior é a total falta de contexto para apresentar as ações dos
russos.
Soldados dos EUA derrubam estátua de Saddam Hussein em Bagdá, Iraque |
Considerem
a seguinte lista, de intervenções, pelos EUA, em vários países do mundo, pelos
EUA, só nos últimos 50 anos.
● EUA invadem
o Iraque, violando tanto a lei internacional (ONU) quanto o desejo dos iraquianos,
invasão que resultou na morte de 500 mil civis iraquianos.
● EUA
espionam aliados, chefes de Estado e praticamente todos que usem internet,
inclusive você e eu.
Depois de
examinar essa lista, é difícil aceitar que a ação russa na Crimeia seja crime,
se comparada ao que os EUA fazemos há décadas.
Em momento
algum, durante o desenrolar dos eventos acima, a imprensa-empresa questionou se
nosso país mereceria sanções econômicas, ou se os EUA deveriam ter cassada a
carteirinha de membro do G8; ou denunciou que os EUA estávamos nos convertendo
em estado-policial-espião como a Alemanha Nazista. Pois a ação russa na Crimeia
foi ‘'denunciada'’ como crime ainda pior que todos os crimes acima listados.
Nenhum
patriotismo pode servir de alvará para jornalismo enviesado e mentiroso contra
a Rússia. A Guerra Fria acabou há 25 anos. É hora de os norte-americanos
aprenderem a avaliar objetivamente as ações dos russos, e abandonarmos o prisma
estreito do etnocentrismo ocidental.
[*] Dmitry Orlov é um engenheiro russo-americano e escritor sobre temas relacionados ao
declínio econômico, ecológico e político dos Estados Unidos. Orlov acredita que o colapso será o resultado dos orçamentos militares, enormes déficits do governo
e um sistema político que não responde e declínio da produção de petróleo. Orlov
nasceu em Leningrado (agora São Petersburgo) e se mudou para os Estados Unidos
com 12 anos. Tem bacharelado em Engenharia de Computação e Mestrado em
Lingüística Aplicada. Foi testemunha ocular do colapso da União Soviética
durante os ano 1980-90. Entre 2005 e 2006 escreveu uma série de artigos sobre o
colapso da União Soviética publicada em Peak Oil.
Em 2006 publicou o Manifesto Orlov on-line,
“A Nova Era da Vela”.
Em 2007, ele e sua esposa venderam seu apartamento em Boston e compraram um veleiro,
equipado com painéis solares e seis meses de fornecimento de gás propano e
capaz de armazenar grande quantidade de produtos alimentícios. Chamou “cápsula
de sobrevivência”. Continua a escrever regularmente no seu blog “Clube Orlov” e
no EnergyBulletin.Net
Mandarei uma grana para o Saker por carta, não sei o que ele fará com reais lá na Suíça mas, será de coração.
ResponderExcluirO Saker
41 rue de la Sinagoga
CH-1204
Suiça
hehe.