3/3/2014, [*] Paul Craig Roberts
− Institute for Political Economy
Traduzido por João Aroldo
Políticos marionetes |
Em algumas partes, a consciência pública está se informando
com Stephen Lendman, Michel Chossudovsky, Rick Rozoff, eu e alguns outros para
perceber o grave perigo da crise que Washington criou na Ucrânia.
Os políticos marionetes que os EUA pretendem colocar no
comando da Ucrânia perderam o controle dos neonazistas organizados e armados,
que estão atacando judeus, russos, e intimidando os políticos ucranianos.
O governo da Crimeia, uma província russa que Khrushchev
transferiu para a República Soviética da Ucrânia na década de 1950, não
reconhece o governo ilegítimo que se apoderou ilegalmente do poder em Kiev, e
pediu proteção à Rússia.
As forças militares ucranianas na Crimeia passaram para a
Rússia. O governo russo anunciou que também irá proteger as antigas províncias
russas na Ucrânia oriental.
Alexander Solzhenitsyn |
Como Aleksandr Solzhenitsyn apontou, foi loucura o Partido Comunista da União Soviética transferir províncias históricas da Rússia
para a Ucrânia. Na época, parecia, para a liderança soviética, uma coisa boa a
se fazer. A Ucrânia fazia parte da União Soviética e tinha sido governada pela
Rússia desde o século 18. Adicionar território russo à Ucrânia serviu para
diluir os elementos nazistas na Ucrânia ocidental, que tinham lutado por Hitler
durante a IIª Guerra Mundial. Talvez outro fator na ampliação da Ucrânia foi o
fato da herança ucraniana de Khrushchev.
De qualquer maneira, isso não importou até que a União
Soviética e, em seguida, o próprio império russo, se desfez. Sob pressão dos
EUA, a Ucrânia tornou-se um país independente mantendo as províncias russas,
mas a Rússia manteve a sua base naval do Mar Negro na Crimeia.
Os EUA tentaram, mas não conseguiram, tomar Ucrânia, em 2004,
com a “Revolução Laranja” financiada por Washington. Segundo a Secretária-Adjunta
de Estado, Victoria Nuland, após esta falha, os EUA “investiram” 5 bilhões de
dólares na Ucrânia, a fim de fomentar a agitação para a adesão da Ucrânia à UE.
A adesão à UE abriria a Ucrânia para saques por banqueiros ocidentais e
corporações, mas o objetivo principal de Washington é estabelecer bases de
mísseis dos EUA na fronteira da Ucrânia com a Rússia e privar a Rússia de sua
base naval do Mar Negro e das indústrias militares no leste da Ucrânia. A
adesão da Ucrânia à UE significa adesão à OTAN.
Os EUA querem bases de mísseis na Ucrânia, a fim de degradar
a dissuasão nuclear da Rússia, reduzindo assim a capacidade da Rússia de
resistir à hegemonia dos EUA. Apenas três países estão no caminho da hegemonia
de Washington sobre o mundo, a Rússia, a China e o Irã.
O Irã está totalmente cercado por bases militares dos EUA-OTAN (vide estrelas no mapa) |
O Irã está cercado por bases militares dos Estados Unidos e
há frotas dos EUA em sua costa. O “Pivot para a Ásia” anunciado pelo regime
belicista Obama, está cercando a China com bases aéreas e navais. Washington
está cercando a Rússia com mísseis dos EUA e bases da OTAN.
Os corruptos governos poloneses e tchecos foram pagos para
aceitar bases de mísseis e radares norte-americanos, o que torna os estados
fantoches poloneses e tchecos alvos principais para aniquilação nuclear.
Os EUA compraram a antiga província russa e soviética da
Geórgia, terra natal de Joseph Stálin, e está em processo de colocar este
fantoche na OTAN.
Fantoches de Washington da Europa Ocidental são demasiado
gananciosos pelo dinheiro de Washington para tomar conhecimento do fato de que
esses movimentos altamente provocativos são uma ameaça estratégica direta à
Rússia. A atitude dos governos europeus parece ser, “depois de mim, o dilúvio”
(Après moi, le déluge – fala de Luis
XV).
A Rússia tem sido lenta a reagir aos muitos anos de
provocações de Washington, esperando por algum sinal de bom senso e boa vontade
surgir no Ocidente. Em vez disso, a Rússia tem experimentado crescente
demonização dos EUA e países europeus com denúncias viciosas por presstitutes do Ocidente espumando pela
boca.
A maior parte das populações americanas e europeias estão
sofrendo lavagem cerebral para ver o problema que a intromissão de Washington
tem causado na Ucrânia como se fosse culpa da Rússia. Ontem, ouvi na National Public Radio um presstitute da New Republic descrevendo Putin como o problema.
A ignorância, a falta de integridade e a falta de
independência da mídia dos EUA aumentam muito as chances de guerra. A imagem
sendo desenhada para americanos despreocupados é totalmente falsa. Um povo
informado teria desatado a rir quando o Secretário de Estado dos EUA, John
Kerry, denunciou a Rússia por “invadir a Ucrânia” em “violação do direito
internacional”.
Kerry é o ministro das Relações Exteriores de um país que
invadiu ilegalmente o Iraque, o Afeganistão, a Somália, organizou a queda do
governo na Líbia, tentou derrubar o governo na Síria, ataca as populações civis
do Paquistão e Iêmen com drones e mísseis, constantemente ameaça o Irã com
ataque, desencadeou o exército georgiano treinado pelos EUA e Israel sobre a
população russa da Ossétia do Sul, e agora ameaça a Rússia com sanções por
defenderem os russos e os interesses estratégicos da Rússia. O governo russo
observou que Kerry levou a hipocrisia para um novo nível.
Kerry não tem resposta para a pergunta:
Desde quando o governo dos Estados Unidos
realmente apoia e defende o conceito de soberania e integridade territorial?
Kerry, como é sempre o caso, está a mentir descaradamente. A
Rússia não invadiu a Ucrânia. A Rússia enviou mais algumas tropas para se
juntar àquelas em sua base do Mar Negro tendo em vista as declarações e ações
anti-russas violentas que emanam de Kiev. Enquanto os militares ucranianos na
Crimeia desertam para a Rússia, as tropas russas adicionais mal foram
necessárias.
O estúpido Kerry, chafurdando na sua arrogância, húbris e
maldade, fez ameaças diretas à Rússia. O ministro das Relações Exteriores russo
rejeitou as ameaças de Kerry como “inaceitáveis”. O palco está montado para a
guerra.
John Kerry |
Observe o absurdo da situação. Kiev foi tomado por
ultranacionalistas neonazis. Um bando de bandidos ultranacionalistas é a última
coisa que a União Europeia quer ou precisa de um Estado-membro. A UE está centralizando
o poder e quer suprimir a soberania dos Estados-membros. Observe o alinhamento
do regime neoconservador Obama com antissemitas neonazis.
A gangue neoconservadora que dominou o governo dos EUA desde
o regime Clinton é fortemente judaica, muitos dos quais são cidadãos de dupla nacionalidade
israelense/estadunidense.
Os neoconservadores judeus, a secretária-assistente de Estado,
Victoria Nuland e a Conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice, perderam o
controle de seu golpe para os neonazistas que pregam “morte aos judeus”.
Moshe Reuven Azman |
O jornal israelense Haaretz informou em 24 de fevereiro que o
rabi ucraniano, Moshe Reuven Azman aconselhou “os judeus de Kiev a deixar a
cidade e até mesmo o país”. Edward Dolinsky, chefe de uma grande organização de
judeus ucranianos, descreveu a situação para os judeus ucranianos como “terrível”
e pediu a ajuda de Israel.
Esta é a situação que Washington criou e defende, enquanto
acusa a Rússia de sufocar a democracia ucraniana. Uma democracia legítima é o
que a Ucrânia tinha antes que Washington a derrubasse.
Neste momento não há nenhum governo legítimo ucraniano.
Todo mundo precisa entender que os EUA estão mentindo sobre a
Ucrânia, assim como mentiram sobre Saddam Hussein e as armas de destruição em
massa no Iraque, assim como mentem sobre as armas nucleares iranianas, assim
como os EUA mentem sobre presidente sírio Assad usar armas químicas, assim como
os EUA mentiram sobre Afeganistão, Líbia, espionagem NSA, tortura.
Sobre o que os EUA não mentiram?
Washington é composta por três elementos: a arrogância,
húbris e a maldade. Não há mais nada lá.
_________________
Nota do tradutor
[1] A húbris ou hybris (em grego ὕϐρις,
“hýbris”) é um conceito grego que pode ser traduzido como “tudo que passa da
medida”; “descomedimento” e que atualmente alude a uma confiança excessiva, um orgulho
exagerado, presunção ou insolência (originalmente contra os deuses), que com
frequência termina sendo punida.
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[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril de 1939) é um
economista norte-americano, colunista
do Creators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do
Tesouro na administração Reagan e
foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor
e colunista do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News Service. Testemunhou perante comissões do
Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch,
escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde
Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a
proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado
posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as
drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel
contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.
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