14/3/2014, [*] Paul Craig Roberts − Institute for Political Economy
Traduzido por João Aroldo
A violência dos "coxinhas" na Venezuela é comandada por Washington (14/2/2014) |
O golpe orquestrado pelos EUA na Ucrânia manteve a
Venezuela fora das manchetes.
Um confronto com a Rússia com armas nucleares é mais perigoso
do que com a Venezuela. Mas a violência que os EUA desencadearam na Venezuela,
quase simultaneamente com a Ucrânia, é testemunho da criminalidade gritante em
Washington.
A América do Sul sempre consistiu de uma pequena elite
espanhola com todo o dinheiro e poder sobre grandes populações majoritárias de
povos indígenas que não tinham representação política. Na Venezuela, Chávez
rompeu esse padrão. Foi eleito um presidente indígena que representava o povo e
trabalhou em seu favor, em vez de saquear o país. Chávez tornou-se um modelo, e
presidentes indígenas foram eleitos no Equador e na Bolívia.
Chávez foi odiado por Washington e demonizado por presstitutos americanos.
Quando Chávez morreu de câncer, Washington comemorou.
Evo Morales, presidente da Bolívia, estava inclinado em favor
de conceder asilo a Edward Snowden. Consequentemente, Washington ordenou a seus
estados fantoches europeus negar a permissão de sobrevoo do avião do presidente
Morales em seu retorno da Rússia à Bolívia. O avião de Morales, em violação a
todos os protocolos diplomáticos, foi forçado a aterrissar e foi revistado.
Morales, desde então, sofreu outras humilhações nas mãos dos criminosos dos EUA.
Rafael Correa, presidente do Equador, tornou-se um alvo dos
EUA através da concessão de asilo político a Julian Assange. Sob as ordens de
Washington, o estado britânico fantoche de Washington recusou-se a conceder a
livre passagem para Assange, e Assange está vivendo na Embaixada do Equador em
Londres, assim como o Cardeal Mindszenty passou sua vida na Embaixada dos EUA
na Hungria comunista.
Com a morte de Chávez, Nicolás Maduro tornou-se presidente.
Maduro não tem o carisma de Chávez, o que o torna alvo fácil para a pequena
elite espanhola que detém a mídia.
Washington começou o ataque contra Maduro atacando a moeda
venezuelana e reduzindo o seu valor nos mercados cambiais. Em seguida, os
estudantes universitários, muitos dos quais são filhos das ricas elites
espanholas, foram enviados para protestar.
Nicolás Maduro e o povo venezuelano |
A moeda venezuelana em queda aumentou os preços, e a
insatisfação se espalhou entre os pobres da base indígena de Maduro. Para
acabar com os tumultos, os danos à propriedade e o distúrbio que Washington
está usando para lançar um golpe, Maduro teve que usar a polícia.
O Secretário de Estado John Kerry chamou o esforço do governo
para restabelecer a ordem pública e evitar um golpe de estado uma “campanha de
terror contra seus próprios cidadãos”.
Tendo orquestrado os protestos e conspirado um golpe de
estado, Kerry culpou Maduro pela violência que Kerry desencadeou e exortou
Maduro “a respeitar os direitos humanos.
Para os EUA, é sempre o mesmo roteiro. Cometer um crime e
culpar a vítima.
Se os EUA conseguirem derrubar Maduro, o próximo alvo será
Correa. Se Washington conseguir se livrar de Correa e reempossar um governo
fantoche das ricas elites espanholas, Washington pode fazer o governo
equatoriano revogar o asilo político que Correa concedeu a Julian Assange. A
embaixada equatoriana em Londres será ordenada a mandar Assange para os braços
da polícia britânica, que irá mandá-lo para a Suécia, que vai mandá-lo a
Washington para ser torturado até que ele confesse o que Washington quiser.
Estudantes das elites venezuelanas armam barricadas nas ruas de Caracas em 12/3/2014 |
Os pobres idiotas úteis protestando nas ruas venezuelanas não
têm mais ideia do dano que estão fazendo a si mesmos e aos outros do que suas
contrapartes na Ucrânia.
Os venezuelanos já se esqueceram de como a vida era para eles
sob o domínio das elites espanholas. Parece que os venezuelanos estão
determinados a ajudar Washington a devolvê-los à sua servidão.
Se os EUA reconquistarem a Venezuela e o Equador, a Bolívia
será a próxima. Em seguida, o Brasil. Washington está de olho no Brasil, porque
o país é membro dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul), e Washington
tem a intenção de destruir esta organização antes que esses países possam
estabelecer um bloco comercial que não utilize o dólar norte-americano.
Não faz muito tempo, um funcionário norte-americano disse que
assim que nós (EUA) colocarmos a Rússia contra a parede, nós vamos lidar
com os emergentes da América Latina.
O programa está dentro do cronograma.
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[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril de 1939) é um
economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu
como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado
como um co-fundador da Reaganomics.
Ex-editor
e colunista do Wall Street Journal, Business Week e Scripps
Howard News Service. Testemunhou perante
comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica. Durante
o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch,
escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde
Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a
proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como
habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes
de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra
contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos.
Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de
Virginia, com pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na
Faculdade de Merton, Oxford University.
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