2/7/2013, Olga CHETVERIKOVA, Strategic Culture [excertos]
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Ver também:
16/3/2010, redecastorphoto, Matteo Pasquinelli: “O
algoritmo do PageRank do Google”. Um diagrama do capitalismo cognitivo e
da exploração da inteligência social geral
Olga Chetverikova |
Os
eventos em curso em todo o mundo mostram cada vez mais claramente que os mais
importantes objetivos da elite mundial concentram-se em torno do projeto de uma
total re-estruturação da consciência humana (...). De fato, esses objetivos são
simultaneamente os fins e os meios de uma “nova ordem mundial”. A mais recente
reunião do Grupo Bilderberg, realizada nos dias 6-9/6/2013 no Grove Hotel, num
subúrbio de Londres, é especialmente eloquente quanto a isso...
Pela
primeira vez, houve informação abundante sobre o local da reunião, agenda e
lista de participantes, desde muito antes da data marcada, tanto nos grandes
veículos comerciais de informação e noticiário quanto nas mídias alternativas.
Por
exemplo, o jornal The Telegraph escreveu sobre a reunião, em artigo
intitulado “Bilderberg
Group? No conspiracy, just the most
influential group in the world”, [port.:“Grupo Bilderberg? Não
são conspiradores. São só o grupo mais influente do mundo”].
Min. da Fazenda George Osborne, UK (E) e a Chefe do FMI, Christine Lagarde (D) Participantes do Grupo de Bilderberg |
No jornal do dia
seguinte, o mesmo Telegraph apresentava: “Bilderberg Group 2013: guest list and
agenda”, [port.:“Grupo Bilderberg 2013: lista de convidados e
agenda”], com as questões a serem discutidas na reunião. A
lista dos temas a ser discutidos em 2013 é a seguinte:
-
Os EUA e a Europa podem crescer mais depressa e criar empregos?
-
Empregos, entitlement e dívida.
-
Como big data estão mudando praticamente tudo.
-
Nacionalismo e populismo.
-
Política externa dos EUA.
-
Desafios da África.
-
Ciberguerra e a proliferação de ameaças assimétricas.
-
Principais tendências na pesquisa médica.
-
Educação Online: promessa e impactos.
-
Política da União Europeia.
-
Desenvolvimentos no Oriente Médio.
-
Temas da atualidade.
Fonte interna deu informação ainda
mais detalhada sobre a agenda ao site
Infowars.com, demarcando dois grandes
blocos de questões que seriam discutidas.
No
primeiro, os assuntos econômicos:
-
aumentar os poderes dos bancos centrais (o que ali se chama “reformas bancárias”); resgatar bancos para manter o suporte ao euro e preservar a eurozona;
-
criar sistemas mais efetivos de arrecadação de impostos; impedir que a Grã-Bretanha separe-se da União Europeia; disseminar protestos sociais induzidos por medidas de austeridade;
-
manter mínimo o crescimento econômico em 2013; e concentrar a riqueza das populações em mãos de empresas gigantes e dos super ricos.
No
segundo bloco, reúnem-se questões militares, políticas e de controle
psicossocial:
-
atacar instalações nucleares no Irã, se não suspender todos os programas nucleares no prazo de três anos;
-
armar a oposição, para manter e prolongar a guerra na Síria;
-
considerar o risco de pandemias planetárias;
-
controlar a produção de impressoras 3D;
-
controle estatal sobre a Internet, para gerar “ciber-resiliência”;
-
controle sobre a disseminação de informação, mediante um “Ministério da Verdade” (antiga ideia sempre acalentada por Bill Clinton);
-
criar “cidades inteligentes” capazes de observar todos os aspectos da vida e do comportamento humano, para desenvolver tecnologias, métodos, técnicas e táticas de total supervisão das populações.
Para dar conta dessas tarefas, a
esfera tecnocrática tem de ser rapidamente estruturada. Isso já está sendo
feito, bem diante de nossos olhos. Como Paul Joseph Watson e Alex Jones,
editores do site Infowars.com, observaram bem, o Grupo Bilderberg, como
outras organizações-sombra, estão em período de importante transformação. No
caso do Grupo
Bilderberg, forjaram uma associação com a empresa Google; Eric Emerson
Schmidt,
presidente executivo da Google e presença regular nas reuniões do grupo, é o
elemento de ligação.
Grove Hotel em Wattford, Londres |
O
local onde o Grupo Bilderberg reuniu-se esse ano, o Grove Hotel, em Londres, foi
escolhido por uma razão: ali, desde o início de 2007, realizam-se as
conferências Google conhecidas como Google Zeitgeist [O espírito Google
do tempo]; nessas reuniões, analisam-se resultados de pesquisas feitas no
universo de bilhões de usuários do sistema e estruturam-se resumos e resultados.
Em 2013, a conferência Google aconteceu
literalmente na véspera da reunião do Grupo Bilderberg, no mesmo local.
É
o mesmo que dizer que o Grove Hotel britânico está convertido em uma espécie de
“base doméstica” para o desenvolvimento da agenda da empresa Google, no campo da
política tecnológica mundial. A empresa Google trabalha hoje como uma versão
“mais íntimo-amigável” [orig.“cuddlier”] do Grupo de Bilderberg, como
disse o jornal Independent, o qual, por sua vez, passa por total
reestruturação tecnocrática.
O
espírito Google do tempo
Cerca de 400 delegados reúnem-se
anualmente nessas conferências Google, para discutir tópicos chaves na política
e na cultura mundiais, e para desenvolver planos de ação que visam a prevenir e
impedir os efeitos mais graves da “reação
contra a globalização”. Dentre os presentes, há
jornalistas, comentaristas e “especialistas” de jornais e televisão, além de
celebridades consagradas e em ascensão. Esse ano, lá estiveram Jim O’Neill, de
Goldman Sachs; Bill Clinton; e a cantora Annie Lennox. Os lucros da empresa
cresceram, em 2012, 60% - 2,89 bilhões de dólares.
As
conferências Google Zeitgeist são uma forma de governo mais efetiva que a
tradicional. O Grupo Bilderberg tem péssima reputação, são vistos como
conspiradores; mas a empresa Google pode controlar tudo abertamente, uma vez que
é pressuposto, na sua simples definição como empresa prestadora de serviços de
informação, que ela, ao mesmo tempo em que distribui informação, também recolha
informação, sem as quais não pode(ria) prestar serviços... de informação! Em
outras palavras: sob o disfarce de empresa democrática, até filantrópica, é
organização totalitária, que jornalistas independentes já chamam de
“Google-Berg” (“Bilderberg reformatado: um Google-Berg”).
Wael Ghonim |
Google,
como já se vê bem claramente, é modo altamente conveniente de mascarar
a operação das agências de inteligência. Como os mesmos investigadores
independentes já sabem, os primeiros arregimentadores do que se conhece como
“Primavera Árabe”, que assumiu o formato de agitações de civis, foram recrutados
pela empresa Google e participaram de Conferências Zeitgeist no hotel
Grove. Há farta documentação, por exemplo, que comprova que o egípcio Wael Ghonim, que iniciou a “revolução” no Egito que levou à ditadura da Fraternidade
Muçulmana [hoje ameaçada de golpe
pelo exército egípcio (NTs)], era empregado da Google,
gerente-geral de marketing para o Oriente Médio e Norte da África. Eric
Schmidt declarou-se orgulhoso do que Ghonim fez; e repetiu que o uso de Facebook, Twitter e ferramentas de Internet para
disparar protestos populares no Egito é “bom exemplo de
transparência”.
Google
exerce influência cada vez maior sobre os governos dos EUA e da Grã-Bretanha.
Não que seja trabalho muito difícil de fazer, dado que Eric Schmidt é membro do
Conselho de Assessores do presidente Obama para questões de Ciência e
Tecnologia; e preside a [Fundação] New
America Foundation, sem finalidades de lucro e patrocinadora da campanha
eleitoral de Barack Obama. Foi-lhe oferecido, até, o cargo de Secretário do
Tesouro dos EUA.
Na
Grã-Bretanha, representantes da empresa Google reuniram-se, desde as eleições
gerais de 2010, só até agora, nada menos que 23 vezes com membros do Partido
Conservador. David Cameron foi convidado-palestrante na Conferência Espírito
Google do Tempo de 2006, quatro anos antes de tornar-se primeiro-ministro. (...)
As
Conferências Google reúnem as cabeças que a empresa considera capazes de
“modelar o futuro global”. E a própria empresa posiciona-se para acumular mais
força que os governos, no monitoramento e controle do comportamento das pessoas
– como parecem ter conseguido fazer no Egito e na Tunísia. A interferência da
empresa Google em assuntos internos de países europeus já é tão ativa, que,
recentemente, a Comissão Europeia iniciou uma investigação do que considera
abuso, por aquela empresa, da posição de líder do mercado de serviços de
informação.
O
presidente da empresa Google jamais escondeu sua ambição de controlar a
sociedade; falou disso inúmeras vezes, sempre enfatizando que a privacidade é
relíquia do passado; e de seus planos para converter a empresa Google num
“Grande Irmão” [orig. Big Brother] que faça o 1984 de George
Orwell parecer conto de fadas.
Numa de suas palestras, Eric
Schmidt disse:
Eric Schmidt |
Já nem precisamos que você digite.
Sabemos onde você está. Sabemos onde esteve antes. Sabemos mais ou menos o que
você está pensando. Acho que, de fato, as pessoas não usam a Google para
responder perguntas (...) Querem, isso sim, que a Google lhes diga o que estarão
fazendo dentro de meia hora, quinze minutos (...) Sabemos tudo que vocês fazem e
o governo não perde o rastro de ninguém. Com o tempo, saberemos marcar sua
posição, com precisão de milímetros, ao longo do tempo. Seu carro se dirigirá
sozinho. Não é verdade que os carros tenham sido inventados antes dos
computadores… Você nunca fica sozinhos... Você nunca se entedia. (...)
O
que se vê é que os métodos pelos quais a elite do dinheiro governa os governos
está passando por mudanças: antes, as elites governavam clandestinamente; agora,
governam à vista de todos. Nesse quadro, tudo muda: mudam as conferências, as
reuniões de cúpula e até as negociações secretas. Foi o que se viu na mais
recente reunião do Grupo de Bilderberg, a primeira que pode ser descrita como
“anticonspirológica”: agenda divulgada, lista de autoridades presentes
divulgada, tudo “público”, tudo, tudo muito “transparente”. (...)
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