quinta-feira, 25 de julho de 2013

OS DEUSES DO FUTEBOL



[*] Laerte Braga 

O futebol é mágico, tem deuses próprios. Mortais. Morreu, por exemplo, Djalma Santos, o maior lateral direito da história de nosso futebol e um dos maiores da história do futebol e o Atlético Mineiro conquistou a Taça Libertadores da América nas mãos do técnico Cuca.

É preciso chamar Celso Barros, o homem da UNIMED no Fluminense e apresentá-lo a realidade, maior que a pretensão. Dispensou Cuca que havia salvo o clube do rebaixamento e chamou outro pretencioso, Muricy, para conquistar a Libertadores. Muricy saiu falando de ratos no vestiário do tricolor.

Heleno de Freitas, numa partida do Botafogo,irritou-se quando o companheiro não aproveitou um dos seus passes geniais. Mostrou a camisa, a sua era de seda, e disse – “jogamos no mesmo time”. Terminou no campo de concentração de Barbacena, durante algum tempo chamado de hospício.

Foi um deus irado.

“Deem-me Zizinho e serei campeão”. Frase de Bela Gutman aos diretores do São Paulo quando chamado a trabalhar no clube. Zizinho foi para o tricolor paulista e Bela Gutman cumpriu a palavra, 1957. Em anos antes Gentill Cardoso havia dito aos diretores do Fluminense a mesma coisa só que em relação a Ademir Menezes, outro deus do futebol. 

O São Paulo repetiu o fato anos mais tarde com Gérson e depois com Pedro Rocha.

Os dois últimos jogadores capazes de integrarem esse Olimpo foram Romário e Ronaldo o Fenômeno. Zico era um craque, mas a mídia o transformou num deus sem condições para isso, no máximo semi-deus.

Pelé perdeu a condição de Zeus depois que abriu a boca. Segundo Romário, Pelé foi o maior jogador de futebol do mundo, mas  que "calado, era um poeta". Tem o defeito de falar bobagens o tempo inteiro e servir aos seus senhores.

Didi  um dos que se assentam no trono de Zeus foi explicar a Feola e Carlos Nascimento em 1958 que não ganharíamos a Copa sem Garrincha, Pelé e Zito. Não estava criticando a Joel, ou a Dida ou a Dino Sani. Foi o contrário, perguntou a Feola e Nascimento se já haviam vistos os globe trotters jogarem basquete. E explicou que Dino era globe trotter, mas se esquecia que o gol era o objetivo.

Em 1958 deixamos aqui Maurinho, superior a Joel. Canhoteiro, superior a Pepe e Zagalo. Julinho e Evaristo Macedo porque jogavam-no futebol estrangeiro. Ou Gino, centro-avante do São Paulo e bem melhor que Mazzola.

Vem cá Celso de Barros, lembra-se desse rapaz? É o Cuca, campeão da Libertadores da América.

Lembra-se dessa arrogância? É o Muricy, invenção de Rogério Ceni para derrubar Paulo Autuori no seu mau caratismo já denunciado pela mulher de um jogador.

Mané Garrincha, talvez o deus dos deuses. Comprou um rádio de pilhas na Suécia e deu de presente a Newton Santos, o maior lateral esquerdo do mundo em todos os tempos. “Quero isso não, só fala em sueco”

Na Copa de 70 Jairzinho inventou essa mania de entrar no meio da barreira adversária e Rivelino fez a bola passar por ali, Jair caiu propositadamente na hora do chute. Rivelino assenta-se no trono de Zeus. Era um fenômeno quase no nível de Pelé e Maradona ou Messi, hoje.

Nem falo de Di Stéfano ou Puskas, para ficar só nos brasileiros. Ou Néstor Rossi quando lhe perguntaram como fazia para jogar daquele jeito – “toco e me voy”.

Quero saber onde está Amarildo, o da Rocinha. 

Nunca joguem com o time da PM, nem a guisa de treino. É a velha cavalaria de Átila, “por onde passa não medra grama”. Só coquetel Molotov.

E cuidado com Brilhante Ulstra. Joga com pau de arara, choque elétrico, bastões de basebol e tem mania de ser “patriota”, o “último refugio dos canalhas” na opinião de Samuel Johnson.

Zizinho assenta-se no trono de Zeus como um dos maiores. Gérson também. O drible formidável de Clodoaldo em quatro adversários lhe vale um trono. Pena que Pagão tenha morrido cedo, mas foi para o Olimpo.

A vitória do Atlético, mesmo nos pênaltis, como diria Nélson Rodrigues estava escrita há mil anos. O gol aos 41 minutos explica isso.
E há um trono especial para Leônidas da Silva, o Diamante Negro.

Há muito mais tronos, mas gastaríamos um dia inteiro para relacioná-los.

O drible de corpo de Tostão nos ingleses. A jogada de Pelé, no gol que não entrou, sobre o goleiro do Uruguai e o fantástico gol contra o País de Gales em 1958.
Tim, mais tarde técnico, segundo os especialistas da época, passava meses sem errar um passe

E Castilho. Reserva de Veludo no Fluminense e titular da seleção brasileira com Veludo na reserva. Mais tarde passaram a fazer revezamento. Era assombroso como goleiro.

E hoje a mídia rotula de craque qualquer perna de pau que faz um gol diferente,

É lógico, o futebol evoluiu, a questão do condicionamento físico, mas duvido que esses supermen segurassem Garrincha ou um passe de Didi, de Zizinho, de Gérson ou de Rivelino.

Nem vou falar de Dirceu Lopes. Deixa para lá, quero saber onde está o Amarildo e fora Cabral, o homem do novo AI-5.

Cabral não tem trono, tem cela.

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[*] Laerte Braga é jornalista, trabalhou no Diário Mercantil e no Diário da Tarde de Juiz de Fora, para os Diários Associados e pela agência Meridional (primeira grande agência de notícias do Brasil) e também dos Diários e Emissoras Associadas, tendo sido correspondente do Estado de Minas de Juiz de Fora e Zona da Mata, e também trabalhou como freelancer para revistas e jornais do Brasil e de outros países. Laerte escreve sazonalmente para a redecastorphoto.


 

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