3/7/2013,
Abdel Bari Atwan عبد
الباري
عطوان
(Excerto)
Al-Quds,
Grã-Bretanha (em árabe)
Traduzido para o espanhol
por Al Fanar Traductores,
Traduzido
para o português pelo pessoal da Vila Vudu
General Abdelfattah al Sisi |
Abdelfattah
al Sisi, comandante geral das Forças Armadas, demonstrou que é o presidente
de facto do Egito, e a instituição militar demonstrou que é a única
instituição sólida capaz de inverter, a qualquer momento, os resultado das
urnas, a título de “responder às aspirações do povo e salvaguardar seus
interesses nacionais”.
Sheikh Al-Azhar |
Trata-se
de um golpe de estado militar com rosto civil, cobertura religiosa e promessas
democráticas, o que explica a presença do Sheikh Al-Azhar e do papa da
igreja copta na tomada de decisão de derrubar o presidente e seu grupo, os
Irmãos Muçulmanos, para lançá-los em destino ignorado, talvez na prisão, na cela
ao lado da do presidente Mubarak e os seus.
Quando
falamos de rosto civil de um golpe de Estado militar, nos referimos à eleição de
um presidente civil provisório, o presidente do Tribunal Constitucional, à
convocação de eleições presidenciais e legislativas dentro de seis meses, e à
formação de um grupo de especialistas que redijam uma nova Carta Constitucional
(…)
A
instituição militar pôs-se ao lado da parte mais capacitada para reunir milhões
de pessoas nas praças e ruas do Egito, como reza o comunicado divulgado pelos
militares. Mas não há dúvidas de que o movimento dos Irmãos Muçulmanos, que
esperou 90 anos para chegar ao poder, sentir-se-á agora, concordemos ou não com
o que dizem e pregam, como a vítima à qual roubaram a presidência (…)
O
exército egípcio planejou bem o dia de ontem (…) E quando dizemos que planejou
bem, nos referimos ao fato de que cuidou de garantir a lealdade e o apoio da
instituição de Al-Azhar, da Igreja copta, da Frente de Salvação opositora e do
movimento Tamarrud, que inclui a geração mais jovem, e usar todos esses lados e
setores e seus simpatizantes, para garantir respaldo à sua intervenção
crucialmente decisiva.
Entrada da Praça Tahrir na noite de 3/7/1013 |
A
pergunta agora é como Al Sisi venderá esse mapa do caminho à parte prejudicada,
aos Irmãos Muçulmanos, e qual será a resposta deles, que desfrutam de grande
popularidade em todo o mundo rural, depois de terem dito – tanto Mursi, como Al
Baltagui e Al Arián, que não se calarão e que lutarão para defender a própria
legitimidade até a última gota de sangue (…)
O
Egito estava dividido antes do comunicado dos militares, de ontem. Agora, está
mais dividido do que nunca, e por isso não nos surpreenderá, nem descartamos a
ideia de que os papéis se invertam: a oposição deixará as praças, para ser
substituída pelos ofendidos e prejudicados, talvez mais numerosos.
O
precedente da Argélia repete-se literalmente no Egito, com pequenas diferenças,
a saber, a instituição militar argelina abortou o processo eleitoral no qual os
islamistas venceram, antes de os resultados serem anunciados, enquanto os
militares egípcios abortaram o processo eleitoral depois de conhecidos os
resultados (…)
Somos
contra o derramamento de sangue e o uso de armas, seja qual for a justificativa
(…) por isso esperamos que os Irmãos Muçulmanos aceitem o que aconteceu, bebam o
veneno e preparem-se para as próximas eleições presidenciais e parlamentares,
para assim confirmar seu espírito cívico, seu empenho em preservar o Egito
e não desperdiçar o sangue de seus filhos, fazendo o que, até agora, seus
detratores nunca fizeram: vencer nas urnas.
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