4/7/2010, R.W. Johnson, London Review of Books, vol. 32, n. 13, ed. impres. 8/7/2010 - Traduzido por
Aconteça o que acontecer daqui em diante, já foi excelente Copa do Mundo, para a Europa. Não só porque holandeses e alemães já despacharam devidamente Brasil e Argentina – no caso da Argentina, massacre que talvez custe o emprego de Maradona (e Dunga já foi demitido) –, mas porque três, dos quatro finalistas, são europeus. E, isso, mesmo depois de Itália, França e Inglaterra também terem sido rapidamente descartadas.
Haver três europeus entre quatro finalistas é detalhe que conta na política da FIFA. E a FIFA conta. Afinal, a FIFA é maior que a ONU. 207 membros da FIFA já se inscreveram para disputar a Copa do Mundo de
A grande questão é que o número de 32 finalistas para disputar a Copa do Mundo permite representações de todos os cantos do mundo. Atualmente, 13 federações europeias, quatro ou cinco asiáticas, uma ou zero da Oceania, cinco da África, três ou quatro da América Central e do Norte e Caribe, quatro ou cinco da América Latina, e a nação anfitriã.
As 54 nações africanas vivem a tentar obter maior número de representantes, mas de fato os representantes africanos cairão de seis para cinco em 2014 – para encaixar o Brasil que substitui a África do Sul nos serviços de hospedar a competição. É provável, portanto, que o número de Latino-Americanos pule para seis. Na prática, o lugar extra para a América Latina é praticamente garantido, porque a indicação depende apenas de fácil play-off entre equipes muito mais fracas da América Central: em 2010, para classificar-se, o Uruguai teve de vencer apenas a fraca Costa Rica.
A verdadeira anomalia é a fraqueza dos grupos de Oceania e Ásia por um lado, e a força muito superior da Europa.
Entre os competidores europeus, estão Rússia, Áustria, Croácia, Turquia e os tchecos, todos com respeitáveis currículos como finalistas
Dado que todos os times mais ricos já estão na Europa, não há dúvida de que a lógica da economia, tanto quanto a lógica da bola, levarão a aumentar cada vez mais o número de finalistas europeus.
Se o futebol fosse administrado como o cricket na Índia, aconteceria exatamente isso, sem dúvida alguma – porque, uma vez que o dinheiro e os grandes números de televisão estão na Índia, o cricket internacional acontece, cada vez mais, em torno da Índia.
Pois é exatamente o que a FIFA mais inveja, porque a sessão asiática da FIFA é pateticamente fraca. Só há futebol decente no Japão e na Coreia do Sul. Nenhum dos gigantes asiáticos – China, Índia, Paquistão, Indonésia, Vietnã ou Malásia – é bom de bola. E pouco melhora se se inclui o Oriente Médio na Ásia.
Para piorar, os lugares extras que a FIFA reservou para ser ocupados pelas massas asiáticas acabaram por se ocupados por Nova Zelândia e Austrália, que absolutamente não interessam à FIFA.
Sepp Blatter construiu uma carreira pavimentada de votos africanos, porque prometeu que haveria uma Copa do Mundo na África – aposta boa, que lhe valeu 54 votos africanos.
Mas o futuro da humanidade virá da Ásia e a qualidade do futebol precisa melhorar por lá, ou o futebol nunca será jogo global. Mas, sim, em certo sentido, pode-se acalentar esperanças de que ainda chegue lá.
Afinal, Blatter tem salário muito maior que Ban Ki Moon, imensíssimos recursos e quantidade muito maior de poder real. Blatter jamais trocaria seu emprego pelo emprego de Moon, embora, claro, também tenha lá os seus problemas.
O artigo original, em inglês, pode ser lido em: Fifa v. the UN