Laerte Braga |
Laerte Braga
Eu não sei o que Dilma (também não sei se permanece Rousseff, ou já virou Serra ou Neves) foi fazer na festa do jornal FOLHA DE SÃO PAULO. Mas sei com certeza que as centenas de corpos de presos políticos assassinados pela ditadura militar e desovados pelos caminhões da FOLHA para que os militares pudessem simular atropelamentos, assaltos, etc, foram pisoteados, picados e servidos no cinismo da presidente.
“Venho aqui como presidente, está aqui a presidência da República”. A frase de Dilma é típica de uma vingança infantil (o que a desqualifica para o cargo que ocupa, mostra-se um conto do vigário eleitoral aplicado a Lula e aos brasileiros que nela votaram). Se é que se trata disso, pode ser apenas e tão somente a capitulação da presidente. O desejo ardente de receber um diploma da baronesa do esquema FIESP/DASLU.
Em toda a história das campanhas políticas desde o fim da ditadura nunca se viu tanta podridão e mentira através da mídia privada como se fez em relação à candidatura Dilma tentando eleger José Arruda Serra. É uma constatação que não é minha, é de vários jornalistas estarrecidos com a presença da presidente na festa de um dos veículos mais venais da mídia privada brasileira, se é que existe algum mais venal.
Todos são.
É incrível o que acontece ao Brasil e o que aconteceu aos EUA nas duas últimas eleições presidenciais. Os brasileiros elegeram a sua primeira presidente na presunção que os dias de Lula continuariam (programas, política externa, avanços possíveis na ótica do ex-presidente, etc.). Dilma se mostra um embuste. A mulher brasileira tem páginas e páginas de nossa história preenchidas com dignidade, coragem e determinação. Não com síndrome de rainha Elizabeth dos trópicos.
Os norte-americanos elegeram Barack Hussein Obama acreditando que votaram num negro. É só um branco a mais, engraxado com graxa preta. Igualzinho a qualquer Bush da vida, varia apenas o estilo, o jeito de ser.
Vão se encontrar na visita de Obama ao Brasil. Se merecem.
São duas fraudes de um processo dito democrático, mas calcado na economia neoliberal, toda a sua perversidade e toda a corrupção que traz embutida.
Nem começou e já acabou, é o governo Dilma.
A visita feita ao jornal FOLHA DE SÃO PAULO é imperdoável levando em conta o passado de lutadora contra a ditadura da presidente Dilma.
O discurso de Dilma no evento é uma cusparada nos brasileiros, principalmente em seus eleitores.
Fomos servidos como salada mista com molho de gente picadinha.
Sem falar que não pode pretender ser respeitado um governo que tem ministros desqualificados como Moreira Franco, Nelson Jobim, Antônio Palloci e Anthony Patriot, que dizem ocupar a pasta das Relações Exteriores.
Para variar o senador Collor de Mello foi eleito presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o que é presidido por José Sarney.
Joaquim Cardozo, ministro da Justiça, vê-se em denúncias públicas, nega os documentos referentes à morte de Vladimir Herzog (torturado pelo coronel Brilhante Ulstra, paladino da moral e dos bons costumes medievais da Inquisição), nega acesso, ao jornalista Audálio Dantas, combatente contra o regime militar e que escreve um livro sobre o fato.
O baú repleto de sangue das vítimas da barbárie que foi o golpe de 1964 permanece intocado no governo da ex-guerrilheira Dilma, um dia Rousseff, hoje sabe-se lá o que.
A “democracia” no Brasil está montada em estruturas herdadas da ditadura militar e a constituição do País, a despeito de eventuais avanços, está contida nos limites determinados pelos militares que deixavam o poder. Aquela história de nem tão depressa que pareça covardia, nem tão devagar que pareça provocação.
Não tivemos uma Assembléia Nacional Constituinte lato sensu. Participação popular objetiva e direta (a despeito das emendas populares), como não temos canais de presença no debate político, já que a mídia é podre e venal, serve às elites e interesses de potências estrangeiras.
Não há legitimidade no fundo desse processo, tão somente uma espécie de tubo de oxigênio para que possamos respirar ao sairmos das cavernas da barbárie militar.
Cedo ou tarde um ajuste há que ser feito, é a História.
Na hora do pulo a presidente eleita para dar o pulo, medrou, sentou e resolveu andar de costas para conviver com o passado e todos os seus horrores. Deu as costas aos brasileiros.
A visita à FOLHA DE SÃO PAULO pode ser classificada como um desses horrores. Faltam ainda VEJA e GLOBO. Quem sabe a presidente não aparece no BBB e ajuda os heróis de Pedro Bial a melhorar a audiência?
Só falta agora o chanceler (Putz! Que esculhambação!) Anthony Patriot proclamar que o Irã é o culpado enquanto Moreira Franco limpa os cofres públicos com majuda da PROCONSULT e Johnbim hasteia a bandeira norte-americana com a inscrição “in Boeing we trust”.
Palloci está procurando casa e caseiro de confiança em Brasília.
Ou vai a Ana Maria Braga e mostra uma receita caseira dos tempos de luta armada? De sobrevivência.
A mulher brasileira não é Dilma, não é assim. Pelo menos a que luta e se esgoela no dia a dia das trabalhadoras. Mas preserva sua identidade e como conseqüência, seu caráter.
A presidente, desde que assumiu, não está fazendo outra coisa que não servir uma salada mista de sabor amargo, indigesta e com molho de gente picadinha.
Data vencida, gosto de DEM, de banqueiros, latifundiários, grandes empresários, sem sal como a comida nos EUA.
É grave. Pode causar uma gastrenterite na democracia brasileira.
(comentário enviado por e-mail e postado por Castor Filho)
ResponderExcluirLamento ter de discordar do texto abaixo. A presença da Presidenta Dilma na festa comemorativa da Folha foi ato de grandeza admirável, assim como seu discurso bem ilustra. Ela não se apresentou ali como militante, mas como Chefa de Estado e de Governo, assim representando todos os brasileiros, mesmo os que a renegam ou mantêm firme oposição à sua gestão de menos de dois meses.
Nessas condições, prestigiava uma empresa jornalística que surgiu antes mesmo da Revolução de 30 e não lhe cabia, na posição que ocupa no Brasil e perante o mundo, "vingar-se" da empresa jornalística em questão. Já imaginaram se ela, Comandanta das Forças Armadas, negar-se a participar das cerimônias militares, só porque sofreu nas mãos de de oficiais, sargentos, praças e agentes policiais?
Quanto ao novo Chanceler, Embaixador Antonio de Aguiar Patriota, trata-se de diplomata de escol, de caráter firme e reputação ilibada. Já fez e faz muito pelo País, ao longo de sua carreira bilhante e jamais particïparia de grupos possuídos de "complexo de vira-latas" ou "entreguistas". É profissional da maior seriedade, culto, preparado e detentor de grande sensibilidade diplomática e humana.
E assino embaixo, com
Abraços do
ArnaC
(comentário enviado por Sonia Montenegro por e-mail e postado por Castor Filho)
ResponderExcluirEu já vi o Laerte escrever cobras e lagartos a respeito do Lula, e já lhe escrevi privadamente, falando o que penso. O Laerte é ótimo em períodos eleitorais, mas fuma palha trocada durante os mandatos.
Lembro que me indignou qdo comparou o Lula ao traficante Marcola. Agora, por muito pouco, se julga no direito que dizer que a Dilma tem "desejo ardente de receber um
diploma da baronesa do esquema FIESP/DASLU". Por favor, me poupe!!!
Já vi diversas críticas ao comparecimento da Dilma à FSP, mas nenhum foi tão radical, descortês, e pior, calunioso quanto esse do Laerte.
Sou democrata, e a favor da pluralidade de idéias, mas não posso concordar com uma pessoa que julga e condena outra, de quem nem ao menos priva da intimidade, desprezando todo o passado desta pessoa.
Por que achar que se trata de "vingança infantil" o fato da Dilma ressaltar que quem está alí é a entidade "Presidente da República" e não a mulher Dilma Rousseff? Por que não achar que ela deixou bem claro que jamais estaria alí se não tivesse essa desagradável incumbência?
O Laerte me fez lembrar uma citação de Wayne Dyer: "Quando você julga os outros, não os define, mas define a si mesmo".
Sonia.