27/2/2013, Pepe Escobar, Asia Times Online – The Roving
Eye
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Assista a seguir o vídeo: “John
Kerry invents country of Kyrzakhstan”
Pepe Escobar |
A
comunidade internacional entrou em tumulto, depois que o Secretário de Estado
dos EUA, John Kerry, inadvertidamente, falou do Quirzaquistão.
Analistas do
Ártico à Oceania, à cata de respostas, ainda não conseguiram determinar a exata
localização geográfica do misterioso país.
A
CIA diz que “fica por lá, na Ásia Central”. Num esforço para largar na frente no
jogo, John Brennan, à espera de ser confirmado no cargo de diretor da CIA, já
organizou uma flotilha de drones armados para recolher inteligência sobre
atividade terrorista no Quirzaquistão.
Sempre
na linha da política de “via dupla” também já aplicada no Irã, há notícias de
que Brennan estaria convocando os serviços do produtor George Clooney e do
diretor Ben Affleck para um complô vagamente assemelhado ao do premiado
Argo, para infiltrá-los no Quirzaquistão travestidos como equipe de
filmagem hollywoodiana para rodarem
um filme sobre as viagens de Alexandre, O Grande pela Ásia Central.
Mapa político da Asia com o Quirzaquistão. É só procurar... |
Quando
Kerry, à véspera de sua primeira viagem internacional como Secretário de Estado,
elogiou os diplomatas dos EUA que trabalham para dar segurança a “instituições
democráticas” no Quirzaquistão, mal sabia o Departamento de Estado da furiosa
tempestade que se armava no horizonte. Sobretudo porque as fontes dentro da
pequena república ermitã decidiram permanecer de bico fechado.
Fontes
da União Europeia disseram que, se o Quirzaquistão continuar a obstruir o desejo
da comunidade internacional por mais transparência – e continuar a se recusar a
abandonar seu programa hiper, ultra, mega secreto – a União Europeia será
obrigada a impor sanções comerciais e bancárias, acompanhando a liderança
(“lidera pela retaguarda”) de Washington.
Fontes
na capital do Cazaquistão, Astana, disseram “Não, não! Nada tem a ver conosco.
Somos economia “leopardo da neve” estável, a caminho do status de mundo desenvolvido. Temos
muito petróleo e estamos fazendo ótimos negócios com Rússia e China, e também
com o “Big Oil” dos EUA. Estamos limpos. Só se for complô para subversão por
aqui”.
Quanto
ao Quirguistão – pobre país de 5,5 milhões de habitantes, sem acesso ao mar –
também chamado de “a Suíça da Ásia Central” – nem responde aos telefonemas, nem
na capital Bishkek, nem nas missões estrangeiras. O Quirguistão é aliado chave
na Guerra Global ao Terror liderada pelos EUA centrada no Afeganistão; em 2011,
segundo os últimos dados disponíveis, o Quirguistão recebeu exorbitantes $41
milhões de ajuda norte-americana.
O
Quirguistão apareceu brevemente nos noticiários, como epicentro de uma “avançada
democrática” promovida por Washington na Ásia Central. Foi berço da Revolução da
Tulipa, em 2005, mas também da contrarrevolução da tulipa em 2010; o que levou a
eleições, pode-se dizer, à prova de tulipas, em 2011. Washington e Moscou ainda
estão às turras, tentando influenciar Bishkek.
Especialistas
e analistas de energia especulam que, de fato, o caso do Quirzaquistão é outro
negócio, completamente diferente. Talvez lá estejam as maiores reservas não
exploradas de petróleo e gás natural do planeta; assim sendo, o país está
destinado a tornar-se o mais ambicionado peão no Novo Grande Jogo na Eurásia.
Em
artigo a ser publicado na próxima edição da revista Foreign Affairs,
Zbigniew Brzezinski diz que se prevê que um oleoduto do Quirzaquistão para os
mercados ocidentais, que contornará ambos, Rússia e Irã, com certeza será
prioridade número um do governo Barack Obama, que se pivoteia em direção à Ásia.
O
Secretário-Geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Anders
Fogh-Rasmussen, já encorajou o Quirzaquistão a unir-se à OTAN – a qual, em
breve, estará sem serviço no Afeganistão. Rasmussen disse que “Nossa missão é
defender o povo do Quirzaquistão antes que o país se converta em mais um paraíso
seguro para terroristas. O tempo está acabando”. Se o Quirzaquistão não
concordar, Rasmussen avisou que “todas as opções estão sobre a mesa” em matéria
de implantar uma zona aérea de exclusão sobre o misterioso país.
Outros
“-stões” regionais, por sua vez, já estão engajados em campanha de lobby,
para que o Quirzaquistão se una à Organização de Cooperação de Xangai, seguindo
expressos desejos de ambas, Pequim e Moscou. Tudo parece concorrer para que a
candidatura do Quirzaquistão seja analisada sem tardança, à frente de outras
nações que esperam na fila, como Irã, Paquistão e Índia.
Instigado
pela comunidade internacional, o Conselho de Segurança da ONU reúne-se em sessão
especial, essa semana, para delilberar sobre o status do Quirzaquistão. O clima é de
otimismo; mas se a república que até hoje se manteve como perfeita ermitã
insistir em continuar invisível, poderá ser golpeada por sanções duríssimas e
chamada de “estado bandido”, cruzando assim a linha vermelha demarcada por
Rússia e China, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
No
Oriente Médio, a Coalizão Nacional Síria, pelo sim pelo não, já formou
delegação, imediatamente, para visitar o Quirzaquistão e pedir armas para os
rebeldes sírios, as quais suplementarão as já compradas e embarcadas da Croácia,
pela Arábia Saudita. Al-Jazeera já planeja um especial, a ser comandado
por Sheikh Yusuf al-Qaradawi, para apresentar o Quirzaquistão ao mundo.
Kerry,
enquanto isso, embarcou num tour europeu/Oriente Médio, que o levará à
Grã-Bretanha, Alemanha, França, Itália, Turquia, Egito, Arábia Saudita, Emirados
Árabes Unidos e Qatar.
Não
há pouso previsto no Quirzaquistão.
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