27/9/2013, [*] Seymour
Hersh, The Guardian, UK (Resumo
da entrevista)
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Este artigo foi muito comentado na
Birosca do Rolha (onde foi traduzido) na Vila Vudu. Os comentários foram
inseridos ao longo do texto, em vermelho. Tivemos muitos outros
comentários, os quais, infelizmente não foram
anotados.
Seymour Herch em 11/69 quando denunciou o massacre de Mi Lai no Vietnã |
Seymour
Hersh tem ideias extremistas para consertar o jornalismo: fechar as agências de
notícias NBC e ABC [as
agências Estado e Folha, no Brasil, então... só se forem fechadas E o terreno
salgado, para que ali nada mais nasça!];
demitir 90% dos editores [no
Brasil, tem de ser 110%: todos os editores e, também, as respectivas esposas,
namoradas etc. dos donos da empresa e de marketeiros e donos de institutos de
pesquisa, pressupostos jornalistas!]
e mandar os jornalistas de volta ao trabalho sério, que, diz ele, é trabalho de
outsider.
Não
é preciso muito para incendiar Hersh, jornalista investigativo que tem sido a
nêmese dos presidentes dos EUA desde os anos 1960s, quando escreveu que o
Partido Republicano é “o parente mais próximo, dentro do jornalismo dos EUA, de
um grupo terrorista” [no
Brasil, o mais parecido com grupo terrorista que temos por aqui são o Instituto
Millenium e a Opus Dei. E, no Brasil, esses grupos terroristas são DONOS de toda
a imprensa-empresa que vende produtos em língua portuguesa do
Brasil].
Vive
enfurecido ante a timidez dos jornalistas nos EUA, o fracasso do jornalismo que
não confronta a Casa Branca e não consegue ser mensageiro impopular da verdade
[no
Brasil, é exatamente o contrário: o Grupo GAFE (Globo-Abril-FSP-Estadão) é
mensageiro impopular da mentira. Mas o jornalismo e os jornalistas são
igualmente incompetentes. Aqui, o jornalismo NÃO VÊ governo e presidente
populares, de democratização e bem-sucedidos, porque o jornalismo brasileiro
trabalha a serviço de uma mesma velha UDN elitista, sem votos, sem projeto
democrático e sem vergonha na cara, que se apresenta hoje sob novas
siglas].
NYT promove Obama desavergonhadamente |
Para
Hersh, o New York Times “gasta mais dinheiro para promover Obama do que
jamais pensei que fosse possível” [No
Brasil é o contrário, igualmente ruim: o Grupo GAFE gasta mais dinheiro para
desconstituir governos eleitos, populares e bem-sucedidos, do que faria sentido
para qualquer empresa comercial que dependa, pra viver, de ter alguma
credibilidade. Isso se explica, porque, no Brasil, a imprensa-empresa é mais
partido político conservador e reacionário, até, do que é empresa
comercial].
E enfurece-se ante qualquer referência a morte de Osama bin Laden. “Nenhum
jornal, nenhum jornalista, ninguém, na imprensa-empresa dos EUA, moveu uma palha
para desmascarar aquela mentira gigante. Tudo, ali, é mentira. Não há, na
história contada sobre a morte de bin Laden, sequer uma palavra que seja
verdade” – diz ele, sobre o dramático raid dos SEALS da Marinha dos EUA
em 2011 [No
Brasil, a mentira gigante, mentira monstro, que NENHUM jornal ou jornalista
moveu uma palha para desmascarar é a “Ação Penal 470”. Escandalosa foram, isso
sim, a ação, o julgamento e a cobertura “jornalística” da tal “AçãoPenal
470”].
Hersh
está escrevendo um livro sobre segurança nacional e dedica um capítulo ao
assassinato de bin Laden. Diz que matéria recente, publicada por uma comissão
paquistanesa “independente” sobre o complexo, em Abottabad, no qual Bin Laden
foi cercado, não resiste a análise séria. “Nem quero começar a falar sobre o
relatório dos paquistaneses! Digamos o seguinte: foi redigido com “apoio”
norte-americano. É lixo. Não vale nada”. Para mais informação, teremos de
esperar pelo livro.
Jornalista fotografado ao sair de uma entrevista com Obama, mas é também de qualquer um da imprensa-empresa do Brasil |
O
governo Obama mente sempre, sistematicamente, diz ele. Mas ninguém dos leviatãs
da imprensa-empresa nos EUA o confronta, nem a televisão, nem os jornais,
ninguém.
“É
jornalismo patético. Os jornalistas são servis, obsequiosos [no
Brasil, também são, mas mais obsequiosos à UDN e àquele atrasismo elitista
doentio do Instituto Millenium, da Opus Dei e da embaixada dos EUA, do que a
alguma autoridade eleita. Em relação a autoridade eleita, depende: se for eleita
contra a maioria dos votos dos eleitores, ou, mesmo, se nem foi eleita (como no
caso dos juízes do STF, então, sim: jornalismo e jornalistas brasileiros são,
também, servis e obsequiosos, aos juízes que sejam servis e obsequiosos mais à
imprensa-empresa, que à justiça].
Os jornalistas têm medo daquele cara [Obama]” – disse Hersh, em entrevista ao The Guardian.
[No
Brasil, os jornais-empresas e os jornalistas têm medo, sim, mas só de juízes
decentes e também têm medo, muito, muito medo, de eleitor e de
urna!].
“Antes,
quando se tinha uma situação em que algo muito dramático aconteceu e o
presidente e seu círculo de puxa-sacos controlavam a narrativa, sabia-se que
algum jornalista trataria de trabalhar o mais possível para divulgar a
verdadeira história. Hoje, não mais. Aproveitam o que o poder diga e tratam
exclusivamente de reeleger o presidente [No
Brasil é o contrário, igualmente ruim: não importa o que digam os fatos e todas
as evidências, os jornais-empresas e jornalistas do Grupo GAFE publicam e
repetem, e repetem, e repetem, sempre, o contrário do que digam os fatos e as
evidências; vale dizer, noticiam a mentira. Não muda nunca. No Brasil, há dez
anos o Grupo GAFE trabalha para NÃO reeleger o presidente preferido dos
eleitores (e perde sempre! \o/ \o/ \o/)].
Duncan Campbell |
Seymour
Hersh duvida, até, de que as recentes revelações sobre a profundidade e o
alcance do estado de vigilância, imposto ao país [e
ao mundo!]
pela Agência de Segurança Nacional dos EUA tenham algum efeito ou consequências
duradouros.
Quem
mudou o debate sobre a vigilância não foi a imprensa-empresa: foi
Snowden
Hersh
não tem dúvidas de que Edward Snowden, que vazou segredos da Agência de
Segurança Nacional “mudou completamente a natureza do debate” sobre o estado de
vigilância. Diz que ele e outros jornalistas já haviam escrito sobre a
vigilância, mas Snowden mudou o jogo, porque exibiu provas documentais
irrefutáveis – mas Hersh não tem qualquer esperança de que as revelações venham
a mudar a política do governo dos EUA.
“Duncan Campbell [jornalista
investigativo britânico, que revelou a verdadeira história e desmascarou a
Zircon],
James Bamford [jornalista
norte-americano]
e Julian Assange e eu e a revista New Yorker, todos já havíamos escrito
sobre a existência de vigilância constante, mas Snowden exibiu o documento. Isso
mudou a natureza do debate: agora é fato” – diz Hersh.
James Bamford |
“Editores
adoram documentos” [no Brasil é o
contrário: os editores ODEIAM documentos e provas; e amar, mesmo, só amam
opiniões sempre repetidas dos mesmos “analistas”, sempre os mesmos, sempre os
mesmos, sempre os mesmos...]. “Editores acovardados, que jamais publicariam
matérias como essas, só se deixam convencer por documentos” [quem
dera que, no Brasil, algum documento convencesse algum editor! Quem
dera!].
“Os documentos de Snowden, sim, conseguiram mudar o jogo” – mas, na sequência,
Hersh fala de suas poucas esperanças.
“Não
sei se tudo isso significará alguma coisa no longo prazo, porque as pesquisas
que tenho visto nos EUA... Basta que o presidente pronuncie as palavras
“al-Qaeda, al-Qaeda”, para os eleitores aprovarem, com proporção de 2:1,
qualquer tipo de vigilância. É reação perfeitamente idiota”.
Dar
tempo ao tempo
Renata Lo Prete |
[Essa
parte da entrevista deve ser estudada ATENTAMENTE pela “jornalista” (só rindo!). Renata Loprete, da Folha de S. Paulo, que NAAAAADA investigou e tudo
publicou, totalmente na lôka, no dia
seguinte, as loucuras de Roberto Jefferson (mentiroso hoje já condenado) contou
a ela, sabendo, o doido, é claro, a quem escolhia, é claro].
Para
os estudantes de jornalismo, a mensagem de Seymour Hersh é “deem tempo ao tempo,
e andem”. Hersh já sabia da tortura de prisioneiros em Abu Ghraib cinco meses
antes de poder escrever e publicar as denúncias, porque recebeu informes de um
oficial do exército do Iraque que arriscara a vida numa viagem de Bagdá a
Damasco para encontrar-se com Hersh e contar que havia prisioneiros que estavam
escrevendo às famílias pedindo que viessem visitá-los para matá-los, porque
haviam sido “desonrados”.
“Passei
cinco meses à procura de alguma prova, porque, sem algum documento não havia
notícia, e o que eu escrevesse seria desmentido facilmente”. [Não,
é claro, no Brasil, onde as mentiras e loucuras de Roberto Jefferson, o doido,
“avalizadas” pela “credibilidade” do “jornalismo” da Loprete e da FSP,
NUNCA seriam desmentidas pela “credibilidade” (zero) do “jornalismo” (zero) do
resto da camarilha do Grupo GAFE!].
Hersh
volta a falar do presidente Bush dos EUA. Disse antes que a confiança da
imprensa-empresa norte-americana para desafiar o estado e o governo dos EUA
entrou em colapso depois do 11/9, mas afirma, sem vacilar, que Obama é pior que
Bush.
“Você
acha que Obama está sendo avaliado por algum padrão racional? Guantánamo foi
fechada? Alguma guerra acabou? Alguém está prestando atenção ao que está
acontecendo no Iraque? Alguém diz coisa com coisa sobre o que está acontecendo
na Síria? Os EUA, nesse momento, estão fracassando nas 80 guerras em que estão
metidos. Por que, diabos, Obama quer meter-nos em mais uma guerra? E os
jornalistas? Estão fazendo O QUÊ?” – pergunta ele.
Para
ele, o jornalismo investigativo nos EUA está sendo assassinado pela crise de
confiança, falta de recursos e por uma ideia errada do que seja o serviço
jornalístico.
“A
impressão que tenho é que há gente demais à caça de prêmios. É jornalismo que só
visa ao Prêmio Pulitzer” – diz. – “É um pacote. Basta selecionar um tema (não
quero diminuir os que trabalhem), mas basta escolher um tema, como segurança
para atravessar as ruas ou coisa do tipo. Não quero dizer que isso não
interesse, mas há outras questões sobre as quais absolutamente ninguém
investiga”.
Podemos assassinar civis em ataques de "drones"? Sim, podemos. |
“Assassinato
de civis, por exemplo. Como é possível que Obama continue a safar-se de
críticas, ao mesmo tempo em que mantém o programa de assassinatos premeditados,
por drones? Por que ninguém lhe pergunta sobre isso? O que o presidente
tem a dizer em sua defesa? Por que não insistimos mais nessa investigação? Com
que tipo de inteligência o presidente está operando? Por que ninguém abre a
discussão sobre esse programa? Por que não descobrimos e divulgamos dados reais?
Por que ninguém até hoje disse, pelos jornais, que se trata de assassinato
premeditado apresentado como se fosse prática legal? Por que os jornais só fazem
repetir dados de um ou dois grupos, sempre os mesmos, que monitoram a matança
por drones? Por que nenhum jornal ou jornalista investiga diretamente os
fatos, as fontes?”.
“O
trabalho jornalístico não é apenas repetir que há um debate. Nosso serviço é ir além do
debate como ele aparece e descobrir quem diz a verdade e quem mente, em todos os
debates. Isso é o que já ninguém faz. Porque esse trabalho é caro, custa
dinheiro, exige tempo, implica riscos. Ainda há uns poucos jornalistas de
investigação – no New York Times, por exemplo. Mas os jornalistas só
investigam para bajular o governo, mais do que jamais imaginei que fosse
possível [no
Brasil, o jornalismo e os jornalistas absolutamente nada investigam. No máximo,
“investigam” as opiniões do senador Álvaro “Peruca” Dias, ou as opiniões do
ex-ministro Celso “Tiro os sapatos e as calças, se os EUA mandarem” Lafer, ou
opiniões de cepas variadas de sionistas, sempre os mesmos, e só].
É como se mais ninguém tivesse coragem de pensar fora do padrão (patrão)
dominante, e só”.
Diz
que, em vários sentidos, era mais fácil escrever sobre o governo do presidente
George Bush. “A era Bush, acho que era mais fácil criticar o governo, que hoje,
no governo Obama. No governo Obama é muito mais difícil” – diz Hersh.
Jean-Luc Godard |
Para
ele, os editores são covardes, e têm de ser demitidos [no
Brasil, essa solução pouco ajudaria, porque, além dos donos das
empresas-imprensa e dos editores, os próprios jornalistas e “âncoras” são o que
Godard definiu como “fascistas sinceros”: eles continuariam a repetir as
estupidezes que dizem e escrevem todos os dias, mesmo que nenhum editor ou
patrão os mandassem dizê-las e escrevê-las, e até PAGARIAM, em vez de ser pagos,
para dizê-las e escrevê-las diariamente, incansavelmente repetidas, sempre as
mesmas estupidezes].
Hersh
tampouco entende por que o Washington Post segurou os arquivos que
recebeu de Snowden e talvez nem os tivesse publicado, se não chegasse a
informação de que o The Guardian se
preparava para publicar tudo.
Se
Hersh mandasse na empresa “Mídia Norte-americana Inc.”, sua política de
terra arrasada não pararia na demissão de editores. “Eu fecharia também todas as
agências de notícias de todas as redes. Fecharia tudo. Tabula rasa. Para
começarem do zero. As grandes NBCs, ABCs, não gostariam da minha
ideia. Nesse caso, que recomeçassem, que fizessem qualquer coisa melhor do que o
que fazem hoje, qualquer coisa”.
Atualmente,
Hersh não está trabalhando como repórter: está preparando um livro que com
certeza nenhum jornalista gostará de ler, ou que os jornalistas provavelmente
apreciarão tão pouco quanto Bush e Obama.
“A
república está em perigo, nos EUA. Mente-se demais, mente-se, pelos jornais e
noticiários sobre tudo e todos. A mentira virou o gancho”. E suplica que os
jornalistas façam algo contra esse estado de coisas.
[*] Seymour Myron “Cy”
Hersh (Chicago,
8/4/1937) é jornalista de investigação norte-americano, ganhador do prêmio
Pulitzer e especializado em geopolítica, atividades dos serviços secretos e
assuntos militares dos Estados Unidos.
Principais
feitos jornalísticos
- Revelação
do massacre de My Lai, no Vietnam, em novembro de 1969, o que lhe valeu o prêmio
Pulitzer de 1970.
- Revelação do projeto Jennifer
(tentativa de resgate dos destroços do submarinosoviéticoK-129 promovida pela CIA, também em 1969, visando
recuperar, em proveito dos Estados Unidos, dados e tecnologias
soviéticas).
- Revelação das atividades ilegais
da CIAcontra organizações pacifistas e
outros movimentos políticos de oposição, nos Estados Unidos, em 1974, o que resultou na demissão de
James
Jesus Angleton,
chefe da contraespionagem da CIA.
- Revelação
da existência do Office of Special
Plans (OSP) do Departamento de Defesa norte-americano, ao publicar o artigo
“Selective Intelligence”, em 2003.
Parabéns aos (as) que fazem esse belo trabalho escrito. Viva a imprensa livre e soberana feita por homens e mulheres sérias.
ResponderExcluir