quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Itau, Fiat e Vivo patrocinam vergonha do futebol brasileiro

Mauro Carrara

A imagem de uma empresa não é construída apenas pela qualidade de seus produtos e serviços.

Nas ações de “branding”, valem também os valores e princípios associados à marca.

No caso do pensamento capitalista brasileiro, no entanto, ainda atrasado e obtuso, o foco está na exposição obsessiva e alienada do logo.

Pelo segundo ano seguido, o Campeonato Brasileiro de Futebo  está sendo decidido na base da sabotagem, da cafajestada e do corpo mole.

No ano de 2009, o Corinthians pulverizou as chances do São Paulo ao facilitar a vida do Flamengo, no polêmico match de Campinas.

Este ano, a fase final do torneio vem sendo desenhada pelo entrega-entrega público e descarado.

Se o futebol é um veículo de transmissão pedagógica de princípios, presta-se hoje um péssimo serviço à juventude brasileira.

Consagra-se uma fórmula de conduta que mistura o “levar vantagem em tudo” (Lei de Gérson) e o “Tô nem aí”, hit pop de Luka.

Estarrecedor é constatar que as grandes corporações gastam milhões neste processo de substituição da ética pela conveniência.

O Banco BMG, por exemplo, é o nome associado à ridícula apresentação do São Paulo diante do Fluminense.

O parvo atleta Richarlyson vestia uma camisa-propaganda da instituição ao cavar sua expulsão.

Assim como é o nome da Fiat, montadora líder no Brasil, que patrocina a estupidez dos palmeirenses que planejam outra entrega, também para o Fluminense.

O técnico Felipão, que já admitiu admirar Augusto Pinochet, escarrou na cara dos torcedores (de seu time, inclusive) ao afirmar em tom de deboche que desconhece o jogo da penúltima rodada.

O mesmo pode-se dizer do veterano jogador Felipe, do Vasco, que confessou publicamente a falta de vontade para o jogo contra o Corinthians.

Nesse caso, é lamentável que o uniforme do atleta estampe o nome da Eletrobrás.

O sistema atual de disputa do Brasileiro é excelente somente para os cartolas gatunos. Permite o comércio de malas brancas e pretas, a manipulação de arbitragens e a troca de favores políticos.

E essa tragédia moral é tema diário das principais redes televisivas.

A safadeza, exposta coloridamente pela TV Globo, é patrocinada por empresas como Itaú, Volkswagen e Vivo.

Se o futebol virou o teatro da canalhice e da dissimulação, que motivos o consumidor terá para crer nesse banco, nessa fábrica de veículos e nessa operadora de telefonia celular?

Esse é o modelo deteriorado de negócios, marketing e propaganda em vigor no Brasil.

E é essa a elite de empresários e comunicadores que enche a boca para falar em qualidade, coerência e valores.

Lembre-se disso na próxima vez em que o banco lhe cobrar uma taxa indevida.

No próximo recall para o seu veículo. E na próxima vez que lhe faltar o sinal do celular numa situação de emergência.

Perceba que nada é por acaso.

No Brasil, marcas e produtos exibem a cara apodrecida do nosso capitalismo de currais e monopólios.

Um comentário:

  1. E em que modelo de quê isso será diferenciado?
    Quem sempre alega esses casos (não fatos)?
    Beneficiando ou não um ao outro, que time entra em campo com vontade de jogar quando não se há mais o que disputar. Aliás esse é uma das premissas capitalistas, a disputa, a conquista. Sem ela, o Capitalismo não se funda.
    A entrega também é fruto do Capitalismo, pois se pensa: oque é que eu vou ganhar com isso?

    ResponderExcluir

Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.