sexta-feira, 19 de novembro de 2010

“Sou leal a Israel, não a Obama”

Comentários entreouvidos, dentre muitos, aqui na Vila Vudu
O ridículo dessa direitona sionista fascista universal não tem limites
“Perigas de o senador Álvaro Dias perder o título de “Sarah Pallin Tropical!"
 “Te cuida, William Waack! Abre o olho Ali Kamel!”
“D. Eliane Cantanhêde, olhaíssó! Perigas de esse Eric Cantor tirar seu emprego!”

Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu
Declaração do próximo líder da maioria, Eric Cantor (Republicano de Virginia) na Câmara de Deputados dos EUA, jurando lealdade a Israel
MJ Rosenberg, 18/11/2010, Al-Jazeera, Qatar - Republican Cantor recants on Israel


Deputado recém eleito e próximo líder da maioria na Câmara de Deputados dos EUA, Eric Cantor (R-VA) tenta, agora, desesperadamente explicar que não disse o que disse ao primeiro-ministro de Israel Binyamin Netanyahu, na 4ª-feira.

Cantor esteve com Netanyahu pouco antes de o primeiro-ministro israelense encontrar-se com a secretária de Estado Hillary Clinton. Na reunião, esperava-se que Clinton reafirmasse o compromisso dos EUA com o prosseguimento das conversações de paz entre israelenses e palestinos e de oposição aos planos de Israel de construir novas casas exclusivas para judeus nos territórios palestinos ocupados.

Cantor então quis que Netanyahu soubesse que, dissessem os Democratas o que dissessem, ele e os Republicanos sempre apoiariam Israel.

O gabinete de Cantor já distribuiu nota sobre o juramento de fidelidade de Cantor a Israel: “O deputado Eric chamou a atenção do primeiro-ministro de Israel para o fato de que a nova maioria Republicana trabalhará para vigiar o governo e contra a noção de que Washington governa como se não houvesse oposição” – diz a nota.

“Declarou que a maioria Republicana entende o relacionamento muito especial que há entre os EUA e Israel, e que a segurança de cada nação depende da segurança da outra.”

À primeira sandice, Cantor acrescentou, portanto, uma segunda sandice: que a segurança dos EUA dependeria da segurança de Israel e vice-versa.

Não. A segurança de Israel depende dos EUA, que dão a Israel toda a assistência de que Israel precisa. O vice-versa não existe.

Mas deixemos de lado a segunda sandice. Na declaração de Cantor, de lealdade a Netanyahu, o que mais choca é a promessa de que a maioria Republicana na Câmara de Deputados dos EUA trabalhará para vigiar a política dos EUA para o Oriente Médio.

Quase instantaneamente, o diretor da sucursal em Washington da Jewish Telegraphic Agency, Ron Kampeas, disse que a frase de Cantor parecera-lhe “espantosa”.

Acrescentou que não se lembrava de “outro líder de oposição que tenha dito a mandatário estrangeiro, em encontro pessoal, que apoiará o país estrangeiro contra o presidente dos EUA.” Kampeas estava evidentemente chocado, mas, de fato, repetiu e reforçou a enorme ofensa já praticada por Cantor.

A declaração de lealdade de Cantor a representante de país estrangeiro já seria “espantosa” e configuraria ofensa grave ao presidente dos EUA, mesmo que tivesse sido feita a representante do Canadá ou do Reino Unido, dois dos mais próximos aliados dos EUA, em relação aos quais praticamente não há qualquer divergência.

Mas há diferenças políticas consideráveis entre os EUA e Israel, que existem há décadas, sobretudo quanto à construção de colônias exclusivas para judeus em territórios palestinos ocupados – na Cisjordânia, em Gaza, em Jerusalém Leste etc.

Israel é também destinatário da maior ajuda que os EUA distribuem em todo o planeta, o que significa que o presidente dos EUA tem pleno direito de manifestar com firmeza e clareza todas as diferenças políticas que haja entre Israel e EUA.

Mas nenhum funcionário público norte-americano, eleito ou nomeado – e em nenhum caso – tem direito de declarar apoio a Israel ou a qualquer governo estrangeiro, no caso específico em que esse apoio implique apoio a governo estrangeiro contra posições do presidente dos EUA.

Uma coisa é fazer oposição a algumas políticas dos EUA; outra coisa completamente diferente é dizer a representante estrangeiro “Estou com você; não estou com meu presidente.” Ah, mas, sim: não há dúvidas de que Cantor foi sincero.

Chama a atenção que, assim como se opõe sem qualquer critério a todas as políticas do presidente Obama – Cantor é Republicano e opor-se ao presidente Obama é exatamente o que fazem todos os Republicanos –, o Deputado apóie também sem qualquer critério todas as políticas de Israel.

Cantor é obsessivamente partidário, no plano doméstico. Mas, no que tenha a ver com Israel, nenhum partido o preocupa: em Israel ele apoia qualquer partido e qualquer governo. Sente-se no direito de criticar o atual governo dos EUA; mas, em Israel, pouco lhe importa o governo que esteja no poder.

Cantor não errou por ter dito a Netanyahu o que, afinal, não é segredo para ninguém. Errou por ter dito ao mundo que disse o que disse a Netanyahu. É a definição clássica, em Washington da palavra “gaffe” – enunciar inadvertidamente uma verdade inconveniente. No caso de Cantor, a gaffe desencadeou uma tempestade.

Por isso tenho a impressão de que Cantor simplesmente não entende o que está fazendo.

Cantor é homem do American Israel Public Affairs Committee (AIPAC) desde sua primeira eleição. Já deve ter perdido a conta do número de reuniões do AIPAC a que assistiu. Vezes mais do que suficientes para já ter entendido que o lobby judeu é obsessivamente atento ao que diz e faz; nunca, em momento algum, o lobby judeu deixou de manifestar total lealdade aos EUA; simultaneamente, apoia as políticas israelenses que visam a minar os objetivos de nossa política externa.

Nunca, em momento algum, ouviu-se qualquer voz do AIPAC declarar-se leal a Israel e não-leal aos EUA. De fato, a acusação de deslealdade aos EUA é a acusação que o AIPAC mais detesta. Aí então, sem mais nem menos, aparece o próximo líder da maioria Republicana na Câmara de Deputados e professa sua lealdade a Israel, contra os EUA: estou com Israel, acerte ou erre.

Cantor precisou de vários dias para dar-se conta de o quanto sua frase foi ofensiva. Provavelmente, ouviu protestos até de tipos do “Tea Party” os quais, diga-se deles o que se disser, levam muito a sério a lealdade aos EUA.

Então, Cantor pôs-se a explicar que havia sido mal interpretado. A verdade inconveniente enunciada para quem quisesse ouvir, a gaffe, passou a ser divulgada como se não tivesse sido o que foi. Eis o que Dana Milbank, do Washington Post escreveu:

Brad Dayspring, assessor de imprensa de Cantor, contou-me que a promessa de Cantor, de que a maioria Republicana “trabalhará para vigiar o governo” nada teve a ver com as relações Israel-EUA”.

Mmmm. Não vejo como a jura de Cantor, de lealdade a Netanyahu, contra Obama, poderia “nada ter a ver com as relações Israel-EUA”, no contexto em que ocorreu – antes de Netanyahu encontrar-se com Clinton – e apesar de Cantor estar falando com o primeiro-ministro de Israel. E a propósito de quê, então, Cantor teria dito o que disse?

Teria dito o que disse, para explicar a rejeição à lei “Não pergunte, Não responda” [ing. “Don't Ask, Don't Tell”] ou para manifestar-se contra os cortes de impostos para milionários, de Bush? Talvez... a respeito de subsídios para a agricultura? Calma, Eric. Essa ‘explicação’ parece piada!

Não há nem poderia haver dúvida alguma sobre o que os Republicanos andam dizendo. E dessa vez, serão responsabilizados pelo que, sim, disseram.

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