segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Jornalistas de 40 países unem-se em apoio a WikiLeaks (traduzido)

8/11/2010, Global Investigative Journalism Network Journalists from 40 countries join in support for WikiLeaks

Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu 


Jornalistas de várias partes do mundo reuniram-se para lançar um manifesto de apoio à organização Wikileaks e seu fundador Julian Assange os quais, segundo os jornalistas, conseguem hoje oferecer recurso extraordinário para promover melhor jornalismo em todo o mundo e trazem “contribuição extraordinária à transparência e a indispensável relação de prestação e cobrança de contas, no campo da informação democrática, no que tenha a ver, até agora, com as guerras do Afeganistão e do Iraque”.

Os jornalistas signatários do manifesto, muitos dos quais são influentes e destacadas repórteres investigativos, veem das mais diferentes partes do mundo (Rússia, Namíbia, Israel, Indonésia, de vários países europeus e dos EUA). São profissionais conectados em várias redes de jornalistas investigativos, que decidiram vir a público, como movimento para oferecer alguma proteção a Assange e WikiLeaks, convertidos em alvo de uma campanha de difamação e ameaças que se manifesta com mais violenta a cada dia que passa.

Adiante, o texto do Manifesto, a lista dos signatários e endereço pelos quais todos os jornalistas podem obter informações sobre o Manifesto, em várias regiões do mundo. 

Gavin MacFadyen (UK)
cell +44 (0)774 030 4570

Mark Lee Hunter (France)
Portable: (+33) [0]6 27 81 00 87

Nicky Hager (New Zealand)

Lucy Komisar (USA)
212 929-1610

DECLARAÇÃO DOS JORNALISTAS, sobre ataques à organização WikiLeaks 

Julian Assange, fundador da organização WikiLeaks, está sendo alvo de massiva campanha de crítica e difamação, ameaçado por trabalhar para divulgar documentos militares sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque (“War Diaries”). Assange está sendo acusado de ter divulgado informação militar confidencial, que poria em risco a vida das pessoas cujos nomes aparecem nos documentos vazados e, também, de espionagem. Várias empresas jornalísticas envolveram-se também na mesma campanha de crítica e difamação.

Nós, jornalistas e organizações de jornalistas de vários países, manifestamos aqui nosso apoio ao Sr. Julian Assange e a organização WikiLeaks.

Acreditamos firmemente que o Sr. Assange trouxe contribuição extraordinária com vistas a maior transparência e a indispensável relação de prestação e cobrança de contas, no campo da informação democrática, no que tenha a ver, até agora, com as guerras do Afeganistão e do Iraque – assuntos em relação ao quais a transparência e a livre divulgação de informação têm sofrido pesadas restrições, seja por ação dos governos, seja pelo controle e censura que as empresas jornalísticas se autoimpõem. Assange tem sido atacado por divulgar informações que de modo algum poderiam ter sido censuradas e impedidas de chegar à opinião pública.

Cremos firmemente que WikiLeaks tem e deve ter pleno direito de divulgar material militar confidencial, porque é do alto interesse da opinião pública saber o que realmente se passou e continua a passar-se naquelas duas guerras. Os documentos divulgados por WikiLeaks são prova viva de que o governo dos EUA mentiu à opinião pública sobre suas atividades no Iraque e no Afeganistão; e que pode ter cometido crimes de guerra.

Os documentos vazados por WikiLeaks criaram risco de vida para várias pessoas. Essa talvez seja a única crítica legítima que se poderia fazer a WikiLeaks, por não ter revisado suficientemente os documentos, de modo a ter impedido a divulgação de nomes de pessoas – agentes duplos e espiões – cujas vidas pudessem ficar ameaçadas pela divulgação. Felizmente, ainda não há qualquer sinal de que alguém tenha sido ferido ou morto por ter tido seu nome exposto nos documentos vazados. Observamos também que WikiLeaks aprendeu com aquele primeiro erro. A divulgação dos documentos sobre a guerra do Iraque foi mais cuidadosa nesse quesito. 

O que realmente importa, contudo, são as provas que WikiLeaks afinal divulgou, de que, sim, tem havido inúmeros abusos e crimes, cometidos por exércitos dos EUA e aliados. Essa divulgação é imensamente mais importante, e os crimes afinal comprovados são imensamente mais graves do que algum eventual erro de redação jornalística.

O Sr. Assange tem sido atacado e pressionado pessoalmente, por ser divulgador de seu próprio trabalho. Já pesam sobre ele, inclusive, acusações de espionagem. O Sr. Assange é tão ‘espião’ quanto qualquer jornalista e ou qualquer fonte das quais depende o trabalho dos jornalistas investigativos. Acusar Julian Assange de espionagem é precedente terrível, que ataca o coração de qualquer governo democrático.

Se houver crime de espionagem em publicar documentos recebidos de fontes confiáveis, praticamente todos os jornalistas do mundo serão culpados do mesmo crime. Os jornalistas temos o dever de apoiar e defender Julian Assange, face aos ataques que tem sofrido.

Desde a criação, em 2006, a organização WikiLeaks tem sido fonte extraordinária de recursos e informação para jornalistas de todo o mundo, fazendo aumentar a transparência e democratizando a informação, em tempos em que os governos trabalham exatamente na direção oposta. 

Embora não seja incluído no conjunto que se designa como ‘a mídia’ – e não aspire a ser aí incluído – a missão de WikiLeaks é oferecer informação confiável à opinião pública, sem se render a restrições injustificáveis na divulgação de segredos injustificáveis. O trabalho de WikiLeaks é ajuda formidável ao nosso trabalho jornalístico.

Na posição de beneficiários agradecidos do trabalho de WikiLeaks e de Julian Assange, aqui manifestamos nosso apoio àquele trabalho.



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