domingo, 28 de novembro de 2010

Não é Teoria de Conspiração; a realidade dos Seguros de Saúde PRIVADOS nos EUA confessada

No passado dia 22 de Novembro, o programa "Countdown" da cadeia NBC, dirigido pelo jornalista progressista Keith Oberman, brindou uma entrevista com Michael Moore e Wendell Potter.

Numa cena sem precedentes na televisão estadunidense, Wendell, ex-diretor de comunicação empresarial do gigante de seguros de saúde CIGNA, pediu desculpas a Michael Moore pela campanha de difamação que dirigiu quando foi estreado o filme Sicko sobre os efeitos das seguradoras médicas privadas nos Estados Unidos.

Potter explicou que, antes de sair o filme, as seguradoras médicas privadas prepararam uma campanha dirigida a desprestigiar a pessoa e o trabalho de Michael Moore.

O medo das seguradoras: que o filme desencadeasse um poderoso movimento social a favor da aprovação do seguro médico público universal. Nas reuniões internas, executivos destas companhias chegaram a ameaçar com atirá-lo por um barranco se tal coisa sucedesse.

Como parte do seu trabalho, Potter foi a várias apresentações do filme e apresentou-se com o seu filho na estreia do documentário na cidade natal de Michael Moore. Como prova da viagem, Potter incluiu uma fotografia daquela apresentação no seu blogue.

O trabalho de Potter consistia em investigar os filmes de Moore, a sua vida, a vida da sua família e os possíveis ângulos de ataque que depois foram reproduzidos pela maioria dos meios de comunicação para dissuadir o público estadunidense de ver o filme de Moore. O ataque consistia em repetir que os dados no filme eram incorretos e que Moore era um realizador anti-estadunidense que queria impor o comunismo nos Estados Unidos. Os argumentos da CIGNA foram utilizados inclusive por George W. Bush no seu recente livro de memórias.

Michael Moore, visivelmente comovido pela notícia, aceitou as desculpas, mas acrescentou: «acho que ambos sabemos que isto vai muito mais além do que se fez comigo ou contra o filme».

Moore afirmou que a indústria estava disposta a gastar centenas de milhares de dólares numa tentativa de «travar um filme» porque temia que o mesmo «pudesse desencadear um levantamento populista» contra, segundo as suas palavras, «um sistema doente que permite que empresas lucrem à nossa custa quando ficamos doentes».

Moore também perguntou a Potter o que sentia ao saber que estava mentindo abertamente para proteger os interesses das companhias de seguros. Potter respondeu que não podia viver tranquilo e que por isso decidiu confessar tudo. Moore respondeu que ficava contente com tal mudança de atitude porque as seguradoras são responsáveis pela morte de milhões de pessoas no país.

Potter aceitou esta tese e acrescentou que a maioria da informação de Sicko era correta.

Para os que ainda pensam que as campanhas de difamação são puras teorias da conspiração, este é um momento de verdade. Fora dos Estados Unidos isto pode parecer uma verdade banal, mas uma declaração deste tipo numa Rede Nacional de Televisão é realmente significativa.

Abaixo a entrevista na íntegra, em inglês:


Extraído de Rebelión e Democracy Now! (24 de novembro de 2010)

Um comentário:

  1. O que singulariza Michael Moore é que seus documentários surgiram num país em que o neocapitalismo das últimas quatro décadas logrou impor um cinema propagandístico, logo não-analítico e não-crítico.

    Quando Moore afirma, com razão, que nenhum congressista dos EUA, seja na Casa dos Representantes, seja no Senado, tem filho(s) convocado(s) para combater no Iraque ou no Afeganistão, revela aos espectadores o caráter da invasão e ocupação de ambos os países. Isso quer dizer que surgiu uma classe, naquele país, que se preserva de ir para a guerra e logra evitar as convocações.

    Aliás, seus últimos dois presidentes escaparam delas, contrariamente aos anteriores, inclusive o pai de um deles, também ex-presidente. Em suma, o documentarista estadunidense enfrenta a espessa malha que costurou a publicidade à propaganda.

    Abraços do
    ArnaC

    P.S.: interessante seria averiguar a porcentagem de convocados junto a famílias sem seguro de saúde. Há sempre que estabelecer correlações.

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