sábado, 13 de novembro de 2010

A vigança do camponês

No dia 3 deste mês, Informação Incorrecta publicou um artigo dedicado aos bancos, com o título de Um Banco Sustentável, entre os quais era realçado o funcionamento d'uma instituição em particular, o Banco do North Dakota.

Vamos conhecer melhor este pequeno-grande milagre no coração dos Estados Unidos.
Vale bem a pena.
North Dakota Bank, o milagre caseiro


Qual é o Estado que tem um desemprego de 4,4%?
E os aumentos de dois dígitos do PIB com incrementos dos rendimentos das pessoas físicas de 23% entre 2006 e 2009? 

O leitor pensa: só pode ser a China.

Errado. Até nos latejantes Estados Unidos, há quem não conheça o sentido da palavra "problemas". O autor desse milagre é o Dakota do Norte, um dos pequenos e aparentemente marginal entre os 50 Estados que compõem a federação dos EUA.

A sorte deste País: ter ouvido, entre 1915 e 1920, a Nonpartisan League, um movimento local que o establishment tentou bloquear com a marca de populista, mas que na realidade foi previdente. 

O movimento independente propôs aos eleitores do Dakota do Norte de não aderir ao Federal Reserve System, isso é, ao circuito financeiro focalizado na Fed, o banco central dos EUA.Pensavam, os agricultores do Estado, que ninguém pudesse confiar nos banqueiros de Wall Street e que fosse mais sábio usar um instituto independente.

O tempo tem-lhes dado razão.

Longe da Fed
O sucesso do Dakota do Norte está tudo aqui: mesmo com a utilização do Dólar como moeda de troca, hoje é o único Estado dos EUA que não depende da Federal Reserve

Quem garante as próprias reservas são os cidadãos que, em caso de dificuldades financeiras, não podem contar com o seguro federal sobre os depósitos. O Estado corre um risco, mas hipotético: em mais de 90 anos de vida, a instituição nunca teve problemas e passou incólume por todas as crises.

Por lei, o Estado e todas as agências governamentais devem depositar os fundos nos cofres do Banco Central do Norte Dakota, que os utiliza não para obter um retorno surpreendente ou para enriquecer os bancos privados, mas para ajudar o crescimento do Estado.

Na verdade, age como uma agência de desenvolvimento econômico e, portanto, apoia projetos de investimento, concede financiamentos com juros muito baixos, e um número impressionante de empréstimos a estudantes com condições justas.

Talvez seja a mentalidade camponesa dessas pessoas ou as virtudes cívicas dos administradores banco e dos cidadãos, mas a taxa de desperdício e ineficiência é muito baixa.

Dito de outra forma: esses investimentos não ficam desperdiçados em projetos improdutivos ou sem sentido, não produzem departamentos públicos com interesses privados, mas produzem novas riquezas no território e, portanto, novas receitas fiscais, novos fundos para o banco; enfim, criam um ciclo virtuoso.

Parece uma solução tão óbvia, mas não é nada mais do que o triunfo do bom senso. Em última análise, o objetivo do banco central de um País deveria ser o de facilitar um desenvolvimento econômico harmonioso e sem desequilíbrios financeiros ou inflação.

O Bank of North Dakota consegue isso mesmo, ao ponto de fechar cada ano com lucros, dinheiro que volta para os seus legítimos proprietários: os contribuintes. O sistema funciona tão bem que vários Estados dos EUA querem imitá-lo. E não só os pequenos Estados, mas também gigantes como Califórnia, Ohio, Flórida, fartos dum mecanismo que nos últimos 30 anos criou uma riqueza ilusória. 

No subprimes, sim eficiência

A Federal Reserve, de fato, não pertence aos cidadãos americanos, mas aos bancos, que são, portanto, os seus acionistas, como de resto é acontece com os principais bancos centrais do mundo ocidental. 

O liberal Ron Paul afirma há anos, sem ser ouvido, que um banco central nem é previsto na Constituição americana e que, na verdade trai o espírito dos fundadores dos Estados Unidos da América. Foi o ambiente de Wall Street, em 1914, a induzir o então presidente Wilson a criar a Fed, que, ao longo das décadas, tem assumido funções "invasivas" e dinâmicas desviadas, subtraindo a soberania financeira do povo.

Ao contrário da Fed, o Banco do Norte Dakota não precisa considerar medidas extraordinárias para apoiar a economia asfixiada, nem de comprar Títulos de Estados não vendidos, pela simples razão de que o Estado não tem dívidas e até tem excedentes.

O North Dakota Bank não seguiu a moda dos subprimes, ou outras das "criaturas" financeiras concebidas nos últimos anos por gestores gananciosos e insensatos de grandes bancos de investimento.

Continuou a ser um banco central para servir a comunidade, capaz de proporcionar às pessoas os recursos necessários para iniciar um negócio, empresas que a seguir não vivem de subsídios, mas de acordo com as regras do mercado. 

É a vingança duma América simples e bem sucedida, mas da qual ninguém fala. 

Fonte: Il Giornale 
Tradução e postagem: Informação Incorrecta (13 de novembro de 2010)

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