Juízes federais julgam a favor dos bancos e
da ditadura política (nos EUA TAMBÉM!)
3/12/2013, [*] Abayomi Azikiwe,
Workers World
Excerto traduzido pelo
pessoal da Vila Vudu
Trabalhadores protestam contra o favorecimento aos BANKSTERS em frente à corte federal em Detroit |
O juiz
Steven Rhodes decidiu que é legal a ação de um administrador de emergência
nomeado pelo estado, que apresentou pedido oficial de falência da
municipalidade, acima e contra todas as objeções da população de Detroit. O
juiz decidiu também que as aposentadorias e pensões asseguradas na Constituição
do estado de Michigan podem ser reduzidas.
O juiz
decidiu o que decidiu, apesar de saber que o administrador de emergência
imposto à cidade, Kevyn Orr, e um ex-sócio de uma empresa privada de advocacia,
Jones Day, tomaram medidas que não foram negociadas de boa-fé com os
sindicatos, os pensionistas, aposentados e credores (alegaram que, naquelas
circunstâncias, nenhuma negociação seria viável). Na decisão de hoje, o juiz
não reconheceu nem admitiu o verdadeiro papel que tiveram os bancos e algumas
empresas privadas no processo que levou a destruição da economia da cidade de
Detroit e de seu povo.
O
governador Rick Snyder, Republicano, nomeou Orr em março, contra a vontade
manifesta dos moradores da cidade e dos seus representantes eleitos.
Enfrentando oposição forte, ativa e amplamente disseminada na população de
Chicago, contra as suas políticas de reestruturação, o governador afinal entrou
com o pedido de falência judicial da cidade de Detroit, em julho.
A sessão de
julgamento aconteceu hoje, ao mesmo tempo em que sindicatos, aposentados e
ativistas da comunidade manifestavam-se em frente ao prédio da corte de justiça
no centro de Detroit.
Aposentados roubados pelo decisão do juiz Rhodes protestam no tribunal federal |
Os
manifestantes levavam cartazes em que exigiam o “resgate” dos aposentados e
pensionistas, não dos bancos; e a favor do cancelamento das dívidas das quais
os bancos se apresentam como credores, valores que, para os manifestantes, são
absolutamente ilegítimos, quando não são também ilegais.
Marian Kramer |
Uma líder
comunitária, Marian Kramer, co-presidente da Organização Pró Direitos de
Bem-Estar de Michigan, falou aos manifestantes:
Eles estão atacando as pensões e
aposentadorias dos funcionários públicos. Todos os demais pensionistas e
aposentados e empregados em geral, que fiquem muito atentos. A cabeça de vocês
é a próxima a rolar nesse mesmo cepo, porque a sentença judicial no caso da
falência da prefeitura de Chicago demarcará um modelo para o resto dos EUA.
A sentença
afetará outras prefeituras nos EUA e arruinará muitas vidas
A decisão
tem ramificações nacionais para prefeituras em todos os EUA que estão com
problemas assemelhados, na sequência da pior recessão que o país conheceu desde
a Grande Depressão dos anos 1930s. Segundo conhecidas publicações financeiras,
dúzias de estados nos EUA mantém sistemas de pensões que são considerados
deficitários. O declínio dos subsídios que as cidades recebem do estado e do
governo federal só pode implicar cada vez mais “austeridade” para os habitantes
das cidades norte-americanas.
Desde 2008,
os bancos vem sendo “resgatados” (já receberam, pelo menos, 14 trilhões de
dólares, ao mesmo tempo em que a pobreza, o desemprego e a repressão policial
só fizeram aumentar contra a grande maioria dos trabalhadores, dos oprimidos e
dos pobres em geral. (...)
Em 1950,
Detroit tinha população de quase 1,8 milhões de pessoas. Hoje, mal chega a 700
mil. Só em Detroit houve mais de 100 mil despejos, na crise das hipotecas
podres. (...)
Kevyn Orr |
Durante as
audiências preliminares, no julgamento do pedido de falência da prefeitura de
Detroit, mais de 100 pessoas registraram objeções ao processo: pensionistas,
aposentados, moradores, proprietários de casas e trabalhadores repetiram
inúmeras vezes os seus muitos motivos para considerar injustificado e ilegal o
pedido de falência que a Prefeitura encaminhara.
Todo o
procedimento violou o desejo político e de autodeterminação da população de
Detroit. Pouco depois de Orr ter sido nomeado administrador de emergência de
Detroit, em março, a mesma empresa da qual se desligara para assumir o cargo,
Jones Day, foi contratada, em contrato de vários milhões de dólares, para
representar a prefeitura no processo de falência e reestruturação.
Isso,
apesar de o escritório de advogados Jones Day ter entre seus clientes inúmeras
instituições financeiras, como o Bank of
America. Até a imprensa-empresa noticiou, em Detroit, que outras firmas de
advocacia haviam sido “premiadas” com quase $62 milhões em contratos e “taxas
de consultoria”, para ajudarem a construir o “arcabouço jurídico” da
roubalheira da cidade e dos moradores de Detroit.
Advogados
da Federação de Empregados do Estado, do Condado e do Município já apresentaram
recurso contra a sentença do juiz Steven Rhodes. Esses advogados também
apresentarão recurso à 6ª Sessão Federal, em esforço continuado para conter os
procedimentos da falência judicial da municipalidade em Detroit. (...).
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[*] Abayomi Azikiwe é representante de Detroit na organização Workers World Party e editor do
informativo Pan-African News Wire.
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