1/12/2013, [*] Finian Cunningham, Information Clearing House
“Dollar
Survival Behind US-China Tensions” [excertos]
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
ZAID - Zona Aérea de Identificação e Defesa da China |
A escalada
das tensões militares entre Washington e Pequim no Mar do Leste da China tem
sido explicada, sempre superficialmente, por a China ter declarado uma Zona
Aérea de Identificação de Defesa (ZAID). Mas a razão real da ira de Washington
é o anúncio, pela China, de que o país planeja reduzir suas reservas de dólares
norte-americanos. [1]
O movimento
de descarregar parte significativa dos 3,5 trilhões de dólares norte-americanos
que a China armazena como reservas, combinado à sempre crescente compra de petróleo
em todo o planeta em que os chineses estão empenhados, usando nessas compras
moedas nacionais, é ameaça mortal contra o petrodólar norte-americano e toda a
economia norte-americana.
Essa ameaça
contra a viabilidade dos EUA – que já balança à beira da bancarrota,
endividamento recorde e quebradeira generalizada – pode explicar por que
Washington respondeu com tanta beligerância à decisão dos chineses, semana
passada, de definir uma Zona Aérea de Identificação da Defesa (ZAID) que cobre
cerca de 400 milhas
do litoral do Mar do Leste da China. Pequim informou que a ZAID visa a impedir
manobras de aviões espiões sobre o território chinês (há décadas há aviões
militares dos EUA que sobrevoam, sem qualquer notificação, território chinês.
(...)
Além de tudo
mais, como Pequim já comentou, os EUA e o Japão, aliado dos EUA depois da
guerra, têm, os dois países, suas próprias Zonas Aéreas de Identificação da
Defesa. É absolutamente inconcebível que aviões espiões e grandes bombardeiros
chineses apareçam nos céus da Costa Oeste dos EUA, sem que o Pentágono ordene
feroz retaliação. Aparentemente, o Pentágono pode(ria), mas o resto do planeta,
não. (...)
Os EUA e a
imprensa-empresa norte-americana controlada estão apresentando a ZAID que
Pequim acaba de declarar como se se tratasse de a China “flexionar os músculos
e escalar tensões”. E Washington insiste que estaria nobremente defendendo seus
aliados japoneses e sul-coreanos contra o expansionismo chinês.
De fato, as
explicações devem ser buscadas noutro lugar.
A causa mais
provável para o surto de militarismo de Washington contra Pequim é o anúncio de
que os chineses começam a desinteressar-se de “salvar” o dólar norte-americano.
Os EUA estão, isso sim, ameaçando agredir a China, se o país insistir na
decisão de política econômica anunciada no final de novembro. (...)
A China – a
segunda maior economia e a maior importadora de petróleo – construiu e continua
a construir negócios de compra de petróleo com seus principais fornecedores
(entre os quais Rússia, Arábia Saudita, Irã e Venezuela) que implicam compra e
venda nas respectivas moedas nacionais desses países. Esse desenvolvimento é
grave ameaça ao petrodólar e ao status do dólar como moeda de reserva global.
O mais
recente movimento de Pequim, anunciado dia 20/11 e que dá notícia de que a
China trabalha para livrar-se de suas depauperadas notas de dólar, trocando-as
por uma cesta de outras moedas, é sinal claro de que os dias da economia dos
EUA estão contados – como Paul Craig Roberts observou semana passada. [2]
É claro que a
China tem pleno direito de declarar sua ZAID, como tem pleno direito de
defender o próprio território. Mas, para a forma mentis imperialista,
megalômana de Washington, a “ameaça” chinesa à economia dos EUA e ao fracassado
“modo de viver” norte-americano seria ato de guerra. Por isso – não por causa
de alguma ZAID – é que Washington está reagindo tão furiosamente (e tão
desesperadamente) contra um simples corredor aéreo declarado pela China, que
foi usado como o pretexto de que os EUA precisavam, para mais violência.
___________________
Notas dos
tradutores
[1] A
verdadeira bomba chinesa foi lançada dia 20/11, por um dos vice-presidentes do
Banco do Povo da China, em conferência num fórum econômico na Universidade
Tsinghua: “Já não interessa à China
acumular moedas estrangeiras [dólares] de reserva”. (29/11/2013, citado
em Valentin Katasonov, Strategic
Culture e Blog do Gilson Sampaio (em português): “A
morte anunciada do Fed”)
[2] 25/11/2013, redecastorphoto, Paul Craig Roberts em: “A
Morte do Dóllar”.
________________________
[*] Finian
Cunningham nasceu em Belfast, Irlanda do Norte, em 1963. Especialista
em política internacional. Autor de artigos para várias publicações e
comentarista de mídia. Recentemente foi expulso do Bahrain (em 6/2011) por seu
jornalismo crítico no qual destacou as violações dos direitos humanos por parte
do regime barahini apoiado pelo Ocidente. É pós-graduado com mestrado em
Química Agrícola e trabalhou como editor científico da Royal Society of
Chemistry, Cambridge, Inglaterra, antes de seguir carreira no jornalismo.
Também é músico e compositor. Por muitos anos, trabalhou como editor e
articulista nos meios de comunicação tradicionais, incluindo os jornais Irish
Times e The Independent. Atualmente está baseado na África Oriental,
onde escreve um livro sobre o Bahrain e a Primavera Árabe.
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