29/11/2013, [*] Paul Craig
Roberts – IPE – Institute for
Political Economy
Traduzido por João Aroldo
Timothy Geithner |
O ex-secretário do Tesouro, Timothy Geithner, um
protegido dos Secretários do Tesouro, Rubin e Summers, recebeu sua recompensa
por continuar a política de Rubin-Summers-Paulson de apoiar os “bancos grandes
demais para falir” à custa da economia e do povo americano. Pelo seu serviço
para o punhado de bancos gigantescos, cuja existência atesta o fato de que a
Lei Anti-Truste é uma lei de letra morta, Geithner foi nomeado presidente e
diretor-gerente da empresa de private equity, a Warburg Pincus, e está a
caminho da sua fortuna.
Paul Warburg |
Um cunhado de Warburg financiou a campanha
presidencial de Woodrow Wilson. Parte da recompensa foi a nomeação por Wilson
de Paul Warburg ao primeiro Federal Reserve Board. A relação simbiótica
entre presidentes e banqueiros tem continuado desde então. O mesmo pequeno
grupo continua a exercer o poder financeiro.
A carreira de Geithner é ilustrativa. Na década de
1980, Geithner trabalhou para Kissinger Associates. Em meados dos anos
1990, Geithner serviu como secretário do Tesouro adjunto. Sob Rubin e Summers,
ele foi promovido a subsecretário do Tesouro.
Do Tesouro ele foi para o Council on Foreign Relations e de lá para o Fundo Monetário Internacional (FMI). De
lá, ele foi nomeado presidente do Federal
Reserve Bank de Nova York, onde trabalhou para tornar os bancos mais
rentáveis, permitindo índices mais elevados de dívida para o capital,
contribuindo assim para a crise financeira.
Geithner organizou a venda da fima falida de Wall Street, Bear Stearns, ajudou no salvamento da AIG com dinheiro do
contribuinte e rejeitou salvar o Lehman Brothers da falência, a fim de criar a
atmosfera de crise necessária para mais completamente subordinar a política
econóômica dos EUA às necessidades de poucos grandes bancos.
Rubin, um veterano de 26 anos da Goldman Sachs, foi
recompensado pelo Citibank pelo seu serviço aos bancos como secretário do Tesouro
com um pacote de 50 milhões de dólares de compensação em 2008 e 126 milhões de
dólares entre 1999 e 2009.
Quando uma pessoa se torna um funcionário do Tesouro,
é claro que a escolha é entre servir aos bancos e ficar rico ou tentar servir o
público e ficar pobre. Poucos fazem a última escolha.
Michael Hudson |
Como Michael Hudson nos informou, o objetivo do setor
financeiro sempre foi o de converter toda a renda, dos lucros das empresas às
receitas fiscais do governo, para o serviço da dívida. Do ponto de vista dos
banqueiros, quanto mais dívidas mais ricos ficam os banqueiros. Rubin, Summers,
Paulson, Geithner, e agora o banqueiro secretário do Tesouro, Jack Lew, servem
fielmente este objetivo.
O Federal Reserve descreve sua política de quantitative
easing - a criação de nova moeda com a qual o Fed compra títulos do Tesouro e títulos lastreados por hipotecas -
como uma política de baixas taxas de juros, a fim de estimular o emprego e o
crescimento econômico. Os economistas e a mídia financeiros repetiram esta
ladainha.
Por outro lado, eu tenho exposto o QE como um esquema
para injetar lucros nos bancos e impulsionar seus balanços. O propósito real do
QE é fazer subir os preços dos derivativos relacionados à dívida nos balanços
dos bancos, mantendo, assim, os bancos com balanços positivos.
Andrew Huszar |
Escrevendo no Wall Street Journal (“Confessions
of a Quantitative Easer”, 11 de novembro de 2013), Andrew Huszar confirma a
minha explicação como correta. Huszar é o funcionário do Federal
Reserve que implementou a política de QE. Demitiu-se quando percebeu que os
efeitos reais do QE era elevar os preços dos títulos de dívida dos bancos, para
fornecer aos bancos trilhões de dólares a custo zero para emprestar e
especular, e para fornecer aos bancos “gordas comissões de corretagem da maior parte
das transações QE do Fed.
Este vasto golpe permanece desconhecido pelo
Congresso e pelo público. Na Conferência de Pesquisa do FMI em 8 de novembro de
2013, o ex-secretário do Tesouro, Larry Summers, apresentou um plano para
expandir o golpe.
Summers diz que não é suficiente só dar aos bancos
dinheiro sem juros. Mais deve ser feito pelos bancos. Em vez de receberem juros
sobre seus depósitos bancários, as pessoas devem ser penalizadas por manter seu
dinheiro nos bancos, em vez de gastá-lo.
Para vender este novo esquema extorsivo, Summers veio
com uma explicação baseada no keynesianismo cru e desacreditado da década de
1940 que explicava a Grande Depressão como um problema causado pelo excesso de
poupança. Em vez de gastar seu dinheiro, as pessoas o esconderam, fazendo,
assim, a demanda agregada e emprego caírem.
Larry Summers |
Summers diz que hoje o problema do excesso de
poupança reapareceu. A peça central do seu argumento é “a taxa de juros natural”,
definida como a taxa de juro com a qual o pleno emprego é estabelecido pela
igualdade de poupança com investimento. Se as pessoas poupam mais do que os
investidores investem, o dinheiro poupado não vai encontrar o seu caminho de
volta para a economia, e a produção e o emprego cairão.
Summers nota que, apesar de uma taxa real de juros
zero, ainda há desemprego substancial. Em outras palavras, nem mesmo uma taxa
zero de juros pode reduzir a poupança para o nível de investimento, frustrando,
assim, uma recuperação de pleno emprego. Summers conclui que a taxa de juros
natural tornou-se negativa e ficou presa abaixo de zero.
Como corrigir isso? A maneira de corrigi-lo, Summers
diz, é cobrar das pessoas por poupar dinheiro. Para evitar os encargos, as
pessoas iriam gastar o dinheiro, reduzindo, assim, a poupança para o nível de
investimento e restaurando o pleno emprego.
Summers reconhece que o problema com a sua solução é
que as pessoas tirariam seu dinheiro dos bancos e manteriam em dinheiro vivo.
Em outras palavras, a forma do dinheiro em espécie oferece aos consumidores uma
liberdade para economizar que mantém o consumo baixo e impede o pleno emprego.
Summers tem uma correção para isso: eliminar a
liberdade através da imposição de uma sociedade sem dinheiro, onde o dinheiro é
só eletrônico. Como o dinheiro eletrônico não pode ser acumulado com exceção
dos depósitos bancários, as penalidades podem ser impostas para forçar a
poupança improdutiva em consumo.
O esquema de Summers é, claro, descuidado. Com os
governos mantendo enormes déficits, quem iria comprar títulos com taxas de
juros negativas? Como os fundos de pensão e aposentadoria iriam operar? Será
que eles também estão sujeitos a um confisco anual?
Paul Krugman |
Sabemos que a resposta dos consumidores para o
declínio da renda real familiar média a longo prazo, à perda de postos de
trabalho pela arbitragem de trabalho através das fronteiras nacionais
(exportação de empregos), ao aumento da pobreza, cortes na rede de segurança
social, a transformação de postos de trabalho em tempo integral para empregos
de meio período (resposta dos empregadores para o Obamacare), tem sido a
de reduzir a sua taxa de poupança.
Na verdade, poucos têm alguma economia. A taxa de
poupança pessoal dos EUA é atualmente de 2 pontos percentuais, cerca de 30%,
abaixo da média de longo prazo. Aposentados, incapazes de ganhar qualquer juro
sobre suas economias pela política de taxas de juro zero do Fed, estão sendo
obrigados a sacar suas economias, a fim de pagar suas contas.
Além disso, não está claro se a taxa de poupança é
uma medida exata ou apenas um residual de outros cálculos. Com tanta gente
tendo que sacar suas economias, eu não ficaria surpreso se uma medida precisa
mostrasse a taxa de poupança pessoal como negativa.
Mas para Summers a situação do consumidor não é o
problema. O problema é o lucro dos bancos. Summers tem a solução e o establishment,
incluindo Paul Krugman, o está aplaudindo. Quando a economia despencar
oficialmente novamente, fique atento.
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[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril de 1939) é
um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como
secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como
um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor
e colunista do Wall Street Journal, Business Week e Scripps
Howard News Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de
política econômica.
Durante o século XXI, Roberts tem
frequentemente publicado em Counterpunch,
escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde
Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a
proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como
habeas corpus o devido processo legal. Tem tomado posições
diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a
guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos.
Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da
Universidade de Virginia, pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley
e na Faculdade de Merton, Oxford University.
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