22/12/2013, [*] Moon
of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Dizem
que os sauditas arranjaram um grande problema ao apoiar a jihad contra o presidente Bashar al-Assad da Síria.
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O blog
War Nerd acha que não haverá volta do chicote sobre o lombo do
chicoteador saudita, por mandar jihadistas matar sírios.
O Oriente Médio foi sauditizado, enquanto nós
olhávamos e ríamos dos ridículos sauditas que não compreendiam o progresso. Não
surpreende que eles não se incomodem por parecerem idiotas. Se olhássemos a
sério para eles, aí sim, os veríamos como são: aterradores.
E, de todas as suas muitas habilidades, a
habilidade que os sauditas desenvolveram em mais alto grau é a habilidade para
dividir, partir, rachar. Não as divisões, cortes, rachaduras limpinhas, à moda
dos doidos por tecnologias, mas a coisa a sério, a própria coisa, a feia, a
horrenda.
Não estão “fingindo que não veem” os jovens
sauditas que embarcam em levas para fazer sua jihad: os sauditas os estimulam a fazê-la. É estratégia
brilhante, que mata dois perigosos pássaros, só com uma passagem de avião. Ao
exportar os seus jovens irados mais violentos, os sauditas livram-se de
criadores potenciais de problemas, ao mesmo tempo em que minam por dentro e
causam muita dor aos povos para onde voam aqueles homens jovens.
Funcionou
bem, diz o War Nerd, no Afeganistão e na Chechênia wahhabizados, e mesmo aí, diz ele, a “volta do chicote” foi zero:
Assim sendo, podemos somar o número de
sauditas sunitas mortos na tal “volta do chicote” sobre o lombo deles, depois
da jihad afegã. Não sou bom em
matemática, mas acho que posso oferecer resposta bastante correta: zero,
nenhum.
Para resumir: não houve volta alguma, de
chicote algum, sobre os sauditas. Que o chicote cantou no lombo de outros,
manobrado pelos sauditas e por grupos mantidos pelos sauditas, santo deus, isso
sim, e muito. Mas nenhum chicote voltou jamais para bater em lombos sauditas,
dentro da Arábia Saudita, contra sauditas (sauditas verdadeiros, o que
significa: sunitas), não, não. Nunca.
É uma boa
discussão, mas o argumento não me convence.
Houve
alguma volta do chicote, depois de outras intervenções dos jihadistas sauditas,
que War Nerd não considera. Houve,
por exemplo, sério atentado contra o vice-ministro da
inteligência saudita. E o chicote que volta não precisa ser manobrado
necessariamente por jihadistas. A Síria é mais próxima da Arábia Saudita
que o Afeganistão ou a Chechênia, e seus aliados são forças muito mais
potentes.
Alguém, nos
serviços de inteligência da Síria, do Irã ou do Hezbollah, com certeza
aparecerá com alguma boa ideia.
[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também
conhecida como“Whisky Bar” ou “Moon over Alabama”)
dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de
Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois
autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny.
Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no
primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre
aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os
quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). No Brasil, produzimos versão
SENSACIONAL, na voz de Cida Moreira, gravada em “Cida Moreira canta Brecht”,
que incorporamos às nossas traduções desse blog Moon of Alabama, à guisa
de homenagem. Pode ser ouvida a seguir:
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