Quando um blogueiro sério vale (muito!) mais que milhares de jornalistas
do jornalismo-que-há
1/12/2013, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
(Eliane Cantanhede, FSP, 1/12/2013, MENTINDO que “não acha nada”, quando não faz outra coisa além de
plantar propaganda tucanófila antecipada e ilegal e achando e “se achando”,
como sempre, muito).
1. Ucrânia
O russo como língua dominante na Ucrânia (clique na imagem para aumenter) |
O sul e o
leste da Ucrânia são etnicamente russos. Aí é onde estão as indústrias da
Ucrânia. Essas indústrias não são (ainda) capazes de competir com indústrias da
Europa Ocidental e dependem de negócios com a Rússia. Diferente do leste do
país, o oeste é predominantemente agrícola e alguns ali provavelmente lucrariam
com associação mais profunda com a União Europeia. Mas, sobretudo, a recente
tentativa de firmar um pacto
comercial entre Ucrânia e União Europeia é absoluto
nonsense. Muitos países da União Europeia (França, Espanha) são
contrários ao pacto comercial com a Ucrânia e essa oposição reduziu o patamar
de suborno ao qual a União Europeia poderia ter chegado para comprar a Ucrânia.
E a União Europeia foi forçada a oferecer “valores”, onde a Rússia pode
fornecer gás barato e um mercado viável para os bens e serviços ucranianos.
Considerando-se a Grécia e a Espanha, os “valores” europeus não parecem,
atualmente, assim lá muito valiosos. Era direito, portanto, do presidente
da Ucrânia rejeitar a proposta da União Europeia. Uma claque bem paga
pela União Europeia e o refugo de uma “Revolução Laranja” estão fazendo
comícios a favor do negócio
com a União Europeia. Ignorem.
2. Irã
Acordo nuclear provisório entre Irã e P5+1 |
A atividade
da política exterior do Irã é excepcional, de tirar o fôlego. Recentemente, o
ministro de Relações Exteriores da Turquia visitou
Teerã. Em seguida, chegou o ministro de Relações Exteriores dos
Emirados Árabes Unidos. O ministro de Relações Exteriores do Irã está
atualmente no Kuwait e na sequência viajará a Omã. A proposta de visitar também
a Arábia Saudita foi rejeitada
por Riad. Considerada com o recente nuclear acordo temporário firmado
com o P5+1, essa parece ser estratégia para isolar a Arábia Saudita e assim
construir unidade contra um ataque saudita-israelense contra a Síria. Isso,
quando o presidente Assad (finalmente) declarou
guerra contra a Arábia Saudita, e
diplomatas europeus já retornam
a Damasco. Confio mais do que
nunca que a Síria, apesar dos altos custos, pode vencer e acabará vencendo essa
guerra.
3. EUA
Têm havido
conversas sobre uma “América
Saudita”, porque a exportação de gás e de petróleo de xisto permite
agora que os EUA produzam internamente mais de 50% dos hidrocarbonetos que os
EUA estão usando. Na minha opinião, é delírio. O preço pelo qual os produtos de
xisto pagam o que custa produzi-los [orig. break even price] é
quase sempre acima de $50
dólares (em alguns casos, muito acima) por barril.
O preço para
produzir hidrocarbonetos no Oriente Médio fica em $1-$5 por barril. Com a volta
de Iraque e Irã à produção, os preços cairão e a produção doméstica de xisto
nos EUA deixará de ser competitiva. Como a produção a partir do xisto é de
curto prazo (as fontes perfuradas esgotam-se rapidamente) qualquer pequena queda
nos preços bastará para torná-la comercialmente inviável.
4. China
Muitos anos
depois que os japoneses e outros países asiáticos declararam suas respectivas
Zonas Aéreas de Identificação de Defesa (ZAIDs), nas quais se exige que
os aviões que ali circulem informem sobre o voo ao país que seja sobrevoado, a China
declarou sua ZAID. Nada de excepcional. O mapa abaixo mostra que a ZAID
chinesa é menor que a ZAID japonesa.
ZAIDs da China (fucsia) e do Japão (azul) (clique na imagem para aumentar) |
Alguns
jornais-empresa dos EUA dizem que a China teria declarado uma “Zona de Defesa
Aérea” e estaria disposta a ir a guerra por causa dela. Tudo errado. Só mais da
sempre estúpida propaganda jornalística pró-guerra. Uma zona de identificação
(também chamada “de informação”) é sempre muito maior que uma zona de defesa e
visa a servir-se da identificação para não desperdiçar poder aéreo de defesa em
voos inocentes. Aliás, a ZAID
dos EUA (mapa abaixo) impõe
regras muito mais ferozes que as chinesas.
Mapa da ZAID do Canadá e dos EUA (cinza) (clique na imagem para aumentar) |
[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama
Song” (também conhecida como“Whisky Bar” ou “Moon over Alabama”)
dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de
Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois
autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny.
Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no
primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre
aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os
quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). No Brasil, produzimos versão
SENSACIONAL, na voz de Cida Moreira, gravada em “Cida Moreira canta Brecht”,
que incorporamos às nossas traduções desse blog Moon of Alabama, à guisa
de homenagem. Pode ser ouvida a seguir:
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