terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Hilária e o Lobby: E os Clintons? Porão a pique a reaproximação EUA-Irã?

13-15/12/2013, [*] Franklin Lamb (de Beirute), Counterpunch
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Bill e Hilária Clinton em tempos de... Monica Lewinsky
Sim, se puderem, e mancomunados com o lobby sionista nos EUA, talvez consigam. Os sionistas estão atualmente ardendo de desejo de financiar e promover o mais novo projeto dos Clintons, segundo fontes de New Orleans próximas do marketeiro político James Carville, veterano de três campanhas presidenciais de Clinton e duas de Obama. Carville jurou recentemente, bebendo com amigos em seu bar favorito do French Quarter, que cansou do trabalho de “gigolô dos Clintons”. E que hoje “realmente admira o atual presidente”.

Mas Bill não cansou nem chegou, de/a coisa alguma.

Apesar do patrimônio dos Clinton, agora estimado em dezenas de milhões de dólares, e que continua em rápida expansão desde os dias de Casa Branca, o ex-presidente, dizem as notícias, anda mal-humorado e rabugento.

Posto em versão muito simples, o problema de Bill tem a ver com seu planejado “terceiro ato” na vida. O Clinton precisa de que A Clinton volte ao Salão Oval, que, na opinião do O, pertence a ele. Mas A anda cansada e lamenta que não quer, mesmo, passar por outra temporada cruel e humilhante (palavra dela) de campanha presidencial. Somando-se à pressão em casa, há também o fato de que a campanha eleitoral de 2016 está começando, com os aspirantes à Casa Branca já esvoaçando em torno de Iowa e New Hampshire e com miríades de novas caras lançando seus “balões de ensaio”.

A Sra. Clinton, dizem as notícias, está ouvindo súplicas e suspiros do marido, no sentido de que ela tem de focar-se em conseguir ser eleita em novembro de 2016, que ele a ajudará muito. Se tudo sair como o esperado, o nome dA Clinton estará na papelada da Casa Branca, mas O comandará o show até 2024 “detrás das cortinas, e será o faz-tudo nos quintais dos EUA” – segundo ex-membro do Comitê Nacional Republicano, do qual esse observador que vos escreve foi colega quando nós dois éramos membros do Comitê Nacional Democrata do Oregon, há muitos anos.



Há vários problemas que começam a vir à tona, alguns, parece, não antecipados, com o plano cuidadosamente e sabidamente arquitetado pelo ex-presidente. Um dos maiores problemas, pelo que se vê, é o presidente Obama. “Barack parece ameaçar quebrar o modelão do negro cabisbaixo e subserviente, e aparece todo arrogância e radicalismo, a fazer coisas nas quais diz que acreditava desde criancinha, mas escondeu até o último mandato” – segundo a mesma fonte. A história dos EUA revela muitas metamorfoses semelhantes, de presidente “pato-manco” derrubado um passo antes de alcançar os objetivos de segundo mandato. Obama parece a postos para lutar pelos dele.

Barack Obama (relax)
Como tem dito cada vez mais frequentemente em conversas privadas com amigos no Congresso, Barack Obama quer extrair os EUA, pelo menos em parte, do pesadelo do Oriente Médio; pôr fim a mais de uma década de guerras criminosas; falar a verdade sobre a falsa “guerra ao terror”; reduzir o financiamento; e até rasgar pelo menos parte dos véus que, nos EUA e na ONU, dão cobertura política ao regime sionista que ainda ocupa ilegalmente a Palestina. E deseja apaixonadamente “reconstruir a escola, o sistema de saúde e a infraestrutura pseudo norte-americanista” – como meu informante destacou numa de suas aparições ao lado do indicado dos Republicanos à presidência, Mitt Romney, pouco antes do sucesso maior que o esperado de Obama, na noite das eleições.

O principal problema é que os Republicanos não parecem estar muito conectados com os eleitores e ainda têm muito a fazer para capitalizar os fracassos de Obama. O campo dos Clintons vê o legado pelo qual Obama se empenha tanto como fatal às suas chances, no mínimo porque Obama não esconde de ninguém que detestou o obstrucionismo de Telavive durante as “negociações de paz”, o qual, dizem muitos, acabou de convencer Obama de que é complô para roubar mais terra palestina e minar qualquer possibilidade real de que chegue a haver um estado palestino viável.

O que se diz é que os Clintons estão convencidos de que se Obama se desgarrar do establishment de Washington e voltar às ideias de sua nada convencional mãe – estudante ativista, pelo multiculturalismo, que não só defendeu plena igualdade de gênero e de raça, mas casou-se com um africano, nesse caso a direita norte-americana e o lobby sionista se organizarão para pôr um Republicano na Casa Branca.

Um operador político que habita a colina do Capitólio e que segue de perto a política da presidência diz que, nas últimas semanas, uma questão passou a simbolizar as metas do governo Obama e todo o potencial legado de seus dois governos: a restauração de alguma espécie de normalização das relações entre EUA e Irã.

John Kerry, potencial candidato, ele mesmo, à Casa Branca em 2016, é nome que pode vir a ganhar muito, nas urnas, pelo papel que tenha nesse processo, uma vez que suas ideias estão cada dia mais bem sincronizadas com a opinião pública dos EUA – 80% da qual, segundo pesquisas recentes, é a favor de normalizarem-se as relações com o Irã.

Para O Clinton e sua equipe, não são boas notícias. Muito menos, para o lobby sionista no Congresso que sempre, inalteravelmente, vota pelos interesses de Israel, sempre acima das necessidades e desejos de seus próprios eleitores. Por essa razão, Telavive saiu com força total para forçar o Congresso a impor mais sanções contra o povo do Irã e para elevar as barreiras de contenção contra a iniciativa Obama-Kerry. Essa semana, fracassaram novamente na tentativa de afogar as esperanças de melhores relações com o Irã, por mais que tenham tentado, e não conseguiram fazer valer ameaças de que obrigariam o governo de Rouhani em Teerã a sair do jogo. Mas fizeram avançar algumas sanções políticas, que continuam a massacrar a população civil da República Islâmica, na esperança de assim inflar movimento de rua por “mudança de regime”, dados os altos preços dos alimentos e a falta de remédios para doenças crônicas.


Alguns do cast de atores que surgem em cena com a regularidade de figurantes da Broadway, quando convocados pelo AIPAC – senadores Eric Cantor, Mark Kirk, Ed Royce, Elliot Engel, Robert Menendez, Michael McCaul, o deputado Brad Sherman dentre outros, não conseguiram desmontar os argumentos de John Kerry no final dessa semana, no Congresso, que pediu mais tempo para ver o que acontece nos próximos seis meses. O senador desse observador que lhes escreve no 5º Distrito de Maryland, cuja equipe jura que todos ali lêem CounterPunch e meus dois dedos de coluna, falou grosso e deixou o lobby pendurado na brocha, em seus esforços para abortar a iniciativa da Casa Branca. É possível que os tempos estejam mudando – embora tardiamente, nesse jogo do relógio.

John Kerry
por Bob's
Kerry uniu-se a Obama na decisão da Casa Branca de atacar empresas de petróleo e de transporte acusadas de ajudar o Irã a infringir sanções econômicas – movimento que surgiu quando a Casa Branca parecia estar ganhando terreno na luta para impedir que o Congresso aprovasse sanções ainda mais duras que poriam em risco as conversações nucleares com a República Islâmica. “Continuaremos a agir contra empresas que violem ou tentem violar nossas várias sanções contra o Irã” – disse David S. Cohen, subsecretário do Departamento do Tesouro para terrorismo e inteligência financeira, ao Congresso, essa semana. “Que ninguém se engane: o Irã continua fora, para a maioria das transações bancárias e de petróleo”, disse Cohen.

As sanções contra empresas asiáticas, europeias e iranianas foram anunciadas momentos antes de dois altos especialistas em Irã falarem num painel do Senado, alertando para o risco de a imposição de sanções mais duras pôr a perder qualquer chance de acordo final com o Irã sobre limitações permanentes ao programa nuclear daquele país. Sabe-se que a Casa Branca gostou muito do timing, que ajudou a fazer gorar o projeto sionista.

No final da semana, segundo ex-assessora que diz que deixou a política, o que se ouvia no campo dos Clinton é que Bill parece ter concluído que A Clinton não chegará ao Salão Oval, sem a luz verde (como dólares) de Telavive.

Apesar de eu ter apoiado Jerry Brown na Convenção dos Democratas de 1992 em New York e de ter permanecido com ele, contra pesadíssimo lobbying que me aplicou O Clinton, eu até que gosto dele. O trabalho humanitário que faz ajuda muita gente e ele deve dedicar cada vez mais tempo a esse trabalho. Quanto à Clinton, ela disse a Katie Couric recentemente que o que realmente mais deseja é um neto ou neta para mimar. Que fique nisso.
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[*] Franklin Lamb foi advogado-assistente do Comitê Judiciário da Câmara dos EUA e professor de Direito Internacional na Northwestern College of Law, Portland, Oregon. Obteve seu diploma de Direito na Boston University, sua pós graduação (LLM), mestrado (M.Phil) e doutoramento (Ph.D). na London School of Economics. Ele está atualmente residindo em Beirute e Damasco. Depois de 3 anos advogando no Tribunal de Haia, tornou-se professor visitante na Harvard Law School’s East Asian Legal Studies Center, onde se especializou em Direito chinês.Ele foi o primeiro ocidental admitido pelo governo da China visitar a famosa prisão de “Ward Street”, em Xangai. Lamb está atualmente pesquisando no Líbano e trabalhando com a Palestine Civil Rights Campaign-Lebanon e a  Sabra-Shatila Foundation. Seu novo livro, The Case for Palestinian Civil Rights in Lebanon, será lançado em breve.

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