12/12/2013, 13:15 - Kremlin, Moscou
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Presidential Address to the Federal Assembly
Cidadãos da
Rússia, membros do Conselho da Federação e do Parlamento,
A fala
anual do presidente sobre o estado da nação, à Assembleia Federal é exigência
da Constituição Russa, a qual completa, exatamente hoje, 20 anos. Congratulo-me
com todos por essa importante dada para o nosso estado e nossa sociedade. E, é
claro, também me congratulo com o 20º aniversário da Assembleia Federal, o
Parlamento da Rússia, criado conforme o que determina a lei básica de nosso
país.
Nossa
Constituição une duas prioridades fundamentais – o valor supremo dos direitos e
liberdades dos cidadãos e um estado forte; e enfatiza as obrigações mútuas de
respeito e proteção. Estou convencido de que o quadro constitucional é estável,
sobretudo no que concerne ao segundo capítulo, que define os direitos e
liberdades de indivíduos e cidadãos. Essas provisões de nossa lei fundamental
são invioláveis.
Mas a vida
não para e nenhum processo constitucional jamais poderá ser dado por acabado ou
morto. Emendas pontuais a outros capítulos da Constituição, derivados da
própria vida e das práticas da aplicação da lei, são naturalmente possíveis e
às vezes necessários.
Todos sabem
que propus uma emenda à Constituição, pela qual se unifiquem a Suprema Corte e
a Alta Corte de Arbitragem. Hoje, essas duas cortes diferem, às vezes
substancialmente, no modo como interpretam várias leis. Não é raro que
ofereçam decisões diferentes em casos similares, e às vezes concordam. Resulta
daí alguma incerteza jurídica, e muitas vezes injustiças que afetam pessoas.
Creio que
unificar essas cortes nos permitirá pôr a prática da justiça numa via comum a
todos e, assim, fortaleceremos as garantias que protegem um princípio
constitucional crucial: que todos são iguais perante a lei.
Colegas,
A
Constituição contém ideias cruciais que unificam as ideias nacionais.
O
significado das provisões sobre o estado de bem-estar é a mútua
responsabilidade que liga o estado, a sociedade, a comunidade empresarial e
todos os cidadãos russos. Temos de apoiar o desejo crescente dos cidadãos, dos
representantes de associações públicas e profissionais, dos partidos políticos
e dos empresários, de participar na vida do nosso país.
Dentre
outras coisas, devemos apoiar o ativismo cívico no nível local, de modo que as
pessoas tenham ocasião real para participar da administração de sua vila ou
cidade, lidar com as questões diária e, realmente, determinar a qualidade da
própria vida.
Hoje,
alguns problemas acumularam-se no nosso sistema de autogoverno local.
Infelizmente, e vocês sabem bem, as responsabilidades e os recursos das nossas
municipalidades não estão devidamente equilibrados. Isso, com frequência, leva
a confusões sobre as respectivas competências, as quais não são só ainda
confusas, mas são constantemente jogadas de um nível do governo para outro: dos
distritos para as regiões e das cidades outra vez para os distritos. A
autoridades do autogoverno local têm sido constantemente sacudidas por
escândalos de corrupção.
Os poderes
no nível distrital foram consideravelmente diluídos. Poderes para agir na
educação, atenção à saúde e bem-estar social foram transferidos para o nível
regional de governo.
Além disso,
a autoridade local – porque é a que está mais próxima do povo – deve ser
organizada de modo que todos os cidadãos tenham acesso a ela, pelo menos
figurativamente falando. Falo aqui ao Conselho de Toda a Rússia para o
Desenvolvimento do Autogoverno Local, ao Congresso de Municipalidades de Toda a
Rússia, aos governadores e membros da Assembleia Federal, ao governo da
Federação Russa: tratemos amplamente de todas essas questões outra vez, para
alinhar a situação e o senso comum, e para afiná-la aos tempos que vivemos.
Permitam-me
que repita: entendo que a tarefa mais importante é esclarecer os princípios
geral da organização do autogoverno local; desenvolver autoridades locais
fortes, independentes, financeiramente sustentáveis. E temos de iniciar esse
trabalho e dar-lhe sólidos fundamentos legais já no próximo ano, 2014, quando
se comemoram os 150 anos da famosa “Reforma dos Zemstvo” [reforma,
que criou unidades de governo locais (Zemstvo,
ru. = “assembleias distritais”) na Rússia Imperial (NTs)] de 1864.
Incidentalmente,
naquele momento, foi precisamente o desenvolvimento de zemstvos,
unidades de autogoverno local, que permitiram à Rússia dar um salto de
encontrar de encontrar
pessoas competentes para implementar maiores reformas progressistas, inclusive
a reforma agrária de Pyotr Stolypin [Primeiro-ministro da
Rússia Imperial, de 1906-1911 (NTs)] e a
re-estruturação da indústria, durante a 1ª Guerra Mundial.
Tenho
certeza de que também hoje um autogoverno local forte pode vir a ser recurso
poderoso para apressar a renovação do potencial de recursos humanos de nosso
país. E, é claro, estamos interessados em assegurar que as eleições levem ao
poder pessoal qualificado, motivado e profissionalmente competente, prontos a
desempenhar com responsabilidade suas funções de governo. Por essa razão,
continuaremos a desenvolver a competição política, melhorando as instituições
políticas e criando condições para que sejam cada vez mais abertas e
eficientes.
As eleições
recentes mostraram que hoje há menos burocracia e resultados previsíveis na
vida política. Entendo que é importante que novos partidos se façam ver e
sentir na vida pública. Ao conquistar postos nas municipalidades e corpos
regionais, já estão lançando boas bases para participar nas próximas campanhas
de eleições federais. E tenho certeza que serão concorrentes valorosos, a
disputar postos com os velhos atores políticos de sempre.
A Rússia de
hoje exige amplo debate público que gere resultados práticos, com iniciativas
populares que sejam parte de políticas públicas, ao mesmo tempo em que a
própria sociedade fiscaliza a execução de suas políticas.
Entendo que
todos os projetos de lei, decisões governamentais chaves e planos estratégicos
devam passar por uma, digamos, leitura pública inicial, que envolva ONGs e
outras instituições da sociedade civil.
As
autoridades executivas federal e regional devem estabelecer conselhos públicos.
Claro que muitos desses conselhos já existem em vários níveis de autoridade,
mas não em todos. E, mais importante, esses conselhos não devem ser estruturas
só formais ou decorativas. Ao contrário, devem agir como grupos de
especialistas, e às vezes também como opositores construtivos do governo, e
devem ser participantes ativos nos esforços anticorrupção.
Peço à
Câmara Cívica, ao Conselho de Direitos Humanos e a outras organizações não
governamentais e de direitos humanos, que se envolvam ativamente na redação da
lei sobre “A supervisão Social Pública”, que estabelecerá a base legal para a
participação civil.
Apoiar os
movimentos de direitos humanos deve ser prioridade do trabalho conjunto entre
estado e sociedade. Esperamos que essas organizações não ajam pelas velhas vias
deformadas da velha política, e que se engajem o mais intimamente possível com
os interesses e preocupações de cada cidadão, de cada indivíduo.
Nesse
contexto, está aumentando o papel da Câmara Cívica. Ela deve tornar-se uma
plataforma na qual os vários grupos sociais e profissionais, associações e
uniões possam manifestar seus interesses. Mais profissionais devem engajar-se
nesse trabalho. Creio que membros dessas uniões devem constituir pelo
menos metade do número de membros da Câmara Cívica indicados pelo presidente.
Esse tipo de abordagem equilibrará os interesses de diferentes grupos sociais e
profissionais, e capacitará a Câmara a responder melhor àquelas preocupações.
O mais
importante tópico que exige hoje discussão franca em nossa sociedade são as
relações interétnicas.
Esse único
tópico concentra muitos de nossos problemas: desafios concernentes ao
desenvolvimento socioeconômico e regional, corrupção, ineficiência no trabalho
das instituições públicas e, claro, fracassos nas políticas de educação e
cultura, que tão frequentemente produzem compreensão distorcida das reais causas
das tensões interétnicas.
Essas
tensões não são provocadas por representantes de nacionalidades específicas,
mas por gente incapaz de respeitar tradições culturais, sejam as suas próprias,
sejam as de outros. Representam uma espécie de Internacional Amoral, que reúne
gente arrogante e insolente de algumas regiões do sul da Rússia; policiais
corruptos que dão cobertura a máfias étnicas, os chamados “nacionalistas russos”,
vários tipos de separatistas – sempre prontos a converter qualquer tragédia de
todos, em pretexto para vandalismos e massacres sangrentos.
Temos de
enfrentar juntos esse desafio. Temos de defender a paz interétnica e assim a
unidade de nossa sociedade, a unidade e integridade de todo o estado russo.
Colegas,
As ordens
executivas de maio de 2012 contêm as medidas específicas para assegurar o
desenvolvimento dinâmico em todos os campos. De fato, as ordens são um programa
de ação unificada, que refletem o desejo de milhões, o desejo de todo o povo
russo por uma vida melhor. Ouvimos às vezes que não há fundos suficientes para
realizar todos os planos e metas declarados, e que deveríamos baixar nossos
padrões e simplificar nossas tarefas.
Permitam-me
falar de tema importante, com profundas implicações. Entendo que é impossível
elaborar políticas seguindo abordagens formais. Sim, é claro que todos sabemos
que tendências econômicas podem mudar e mudam. Mas isso não é motivo para
começar a falar de revisar nossas metas. Temos de realmente trabalhar, buscar
soluções e fixar com clareza prioridades de orçamento e outras. Pediria que
atualizassem todos os programas de estado por esses parâmetros.
Já nos
próximos dois anos, todos os orçamentos devem ser modificados para ficarem
conformes ao nosso plano orçamentário. Não significa reescrever mecanicamente
tudo. Significa aumentar a responsabilidade pessoal de cada gestor, para que se
alcancem os resultados. O que temos de fazer é focar recursos para alcançar
mudança substancial em setores específicos.
Por essa
razão, estamos aumentando os salários da educação e da atenção à saúde
públicas, para que o trabalho de professores e médicos volte a ter o prestígio
que antes teve, e passe a atrair graduados competentes. Mas, como já se sabe,
salários decentes não refletem só transferência de rubricas orçamentárias, mas
reformas que visem a gastar com eficiência e, sobretudo, que promovam melhor
qualidade dos serviços sociais. Precisamos de ativa fiscalização social, que
acompanhe o quanto nossas escolas, universidades, clínicas e hospitais estejam
mudando para melhor.
Assim
sendo, além de aumentos de salários, que com certeza têm de acontecer e
acontecerão, precisamos também implementar um grande conjunto de outras medidas
que assegurem que nossos objetivos serão alcançados. Que medidas são essas?
Incluem passar a usar contratos efetivos e a certificação de especialistas,
além de implementar o financiamento per capita; estabelecimentos
(estatais e privados, que também são importantes) que ofereçam serviços da mais
alta qualidade receberão benefícios especiais. Isso implica impor concorrência
efetiva, abrir o setor público a ONGs e empresas com real compromisso social.
Com certeza, significa otimizar a rede do orçamento, reduzindo os gastos e
componentes que não funcionem, removendo barreiras que impeçam as instituições
públicas de trabalharem com independência.
O que está
acontecendo com essas medidas? Um ano e meio passou-se desde que foram
assinadas as ordens executivas. Sabem o que vejo? Ou as coisas estão sendo
feitas de modo que só gera reações negativas da opinião pública, ou nada foi
feito até agora. Com esse tipo de trabalho, não alcançaremos nossas metas.
Está
demorando tempo demais, e não se veem mudanças, tempo inaceitavelmente
excessivo. Resultado disso; os usuários daqueles serviços não veem mudança
fundamental alguma. Estamos alocando enormes recursos, mas, se as reformas não
forem feitas, em vez de melhor qualidade só veremos mais gastos sem resultado
positivos, que inflam o aparelho administrativo, o que, na prática, é o que
quase sempre se vê acontecendo. Gostaria de chamar a atenção das autoridades
federal e regionais para esse ponto.
Um
importante desafio é criar um sistema para avaliação independente da qualidade
das instituições sociais. Esse mecanismo permitirá que o modo de financiar as
instituições sociais seja conectado ao desempenho, o que significa otimizar
efetivamente a instituição da rede orçamental.
Creio que
precisamos leis de aplicação direta que estabelecerão abordagens comuns,
padrões e critérios, além das responsabilidades em todos os níveis de governo,
para criar um sistema para avaliação independente do desempenho das
organizações do setor social. Peço-lhes que aprovem a lei correspondente na sessão
da próxima primavera. Colegas, esse é um pedido urgente.
Nos anos
recentes, conseguimos muita coisa no setor de atendimento à saúde. A
expectativa de vida aumentou. A mortalidade por doenças cardiovasculares e
outros tipos de doenças diminuiu. Contudo, ainda estamos longe nos nossos
indicadores alvos.
A grande
questão que permanece é uma abordagem realista do princípio do seguro no campo
da saúde. Hoje, a função do seguro-saúde obrigatório é essencialmente “bombear”
dinheiro para quem recebe pelo fundo extra-orçamentário, mais do que pelo
orçamento. O objetivo é absolutamente outro. O objetivo é que o princípio do
seguro trabalhe como um incentivo para que as pessoas responsabilizem-se pela
própria saúde, ter incentivos financeiros para viver com estilo de vida
saudável, e para que as empresas de seguro se interessem pelas instituições
médicas que oferecem serviços de alta qualidade, de modo que o/a paciente,
afinal, tenha oportunidade de escolher a instituição médica que, na opinião
dele/dela, trabalhe melhor.
O sistema
de seguro-saúde obrigatório deve cobrir financeiramente as garantias que o
estado exige para oferecer assistência médica gratuita. Isso se aplica
igualmente ao volume total de gastos e do financiamento direto a um específico
hospital ou clínica. Ao mesmo tempo, o/a paciente deve compreender claramente a
quais serviços de atendimento à saúde ele/ela tem direito, gratuitamente; e o
médico tem de entender os princípios pelos quais seu trabalho é remunerado.
Ênfase
especial deve-se dar ao desenvolvimento de um sistema de tratamento preventivo.
A partir de 2015, todas as crianças e adolescentes passarão anualmente por check-up
médico obrigatório e gratuito; e os adultos, a cada três anos.
Como se
deve esperar, haverá aumento nos casos detectados de doenças durante os exames
médicos obrigatórios, e crescerá a necessidade de atendimento médico de mais
alta sofisticação. Nos últimos anos, criamos uma rede de centros federais,
centros de apoio localizados nas grandes cidades, mas criando também uma nova
rede federal de centros que oferecem assistência médica do mais avançado nível.
Temos de manter e desenvolver o potencial desses centros. Ao mesmo tempo, os
serviços desses centros têm de ser acessíveis não só aos moradores nas cidades
onde estejam localizados, mas a residentes de outras regiões. Temos de garantir
os necessários recursos financeiros para isso.
No total,
devemos criar, nos próximos três anos, as condições para realizar número 50%
superior de intervenções médicas de alta complexidade, em relação a hoje. É
objetivo completamente alcançável. Ao mesmo tempo, não podemos nos distanciar,
para trás, das tendências globais. As nações líderes já estão no limiar de
implementar tecnologias médicas a partir da engenharia genética e da
bioengenharia, baseadas no sequenciamento do genoma humano, o que revolucionará
a medicina. Entendo que o Ministério da Saúde e a Academia de Ciências da
Rússia devem fazer da pesquisa médica aplicada uma prioridade.
Devemos
aumentar muito o papel da comunidade profissional, na gestão do sistema de
assistência à saúde. Sei que já há algumas ideias nessa área que merecem apoio.
Estou pedindo que o Ministério da Saúde trabalhe em associação com as
principais associações de trabalhadores do setor de saúde, para construir e
apresentar propostas concretas.
Temos de
reviver também nossas tradições de caridade. Proponho que organizemos por todo
o país movimentos de voluntários que queiram trabalhar no sistema de
assistência à saúde, oferecendo-lhe a ajuda que possam oferecer. Entendo que
voluntários que tenham trabalhado durante anos como voluntários em instituições
de assistência à saúde devem merecer direitos prioritários de admissão às
escolas de Medicina.
Colegas,
O ano de
2014 foi declarado “Ano da Cultura” na Rússia. Espera-se que seja ano de
ilustração, de enfatizar nossas raízes culturais, valores do patriotismo e a
ética.
Sabemos bem
do papel de congraçamento e unificação que têm a cultura, a história e a língua
russa para nossa população multiétnica, e temos de construir nossa política de
estado com isso em mente, inclusive na educação.
Precisamos
de escola que façam mais do que alfabetizar; alfabetizar é muito importante,
sim, mas também precisamos de escolas que ajudem os cidadãos de nossa nação a
formar a própria identidade, aprendendo valores, história e tradições da nação
russa. Precisamos de indivíduos de mente aberta, com forte conhecimento
internalizado da cultura, capazes de pensar criativamente e independentemente.
Já dei
instruções para que, a partir do próximo ano acadêmico, seja introduzido um
exame final obrigatório para os alunos do segundo grau. Os resultados desse
exame serão considerados, com o Exame Nacional de Conclusão de Estudos, nas
inscrições para acesso a universidades e outras instituições educacionais.
O
desenvolvimento profissional de professores será crucial para o futuro das
escolas russas. Os professores devem estar preparados para usar tecnologias
modernas e tratar com crianças portadoras de necessidades especiais
relacionadas à saúde e à competência física. Peço que preparem um programa
integrado para atualizar nosso pessoal docente. Sei que o Ministério da
Educação já está trabalhando nisso, e está desenvolvendo um programa de
desenvolvimento profissional e treinamento permanente para professores. Temos
de completar o trabalho para esse programa.
Há outro
problema que exige solução urgente. Ainda hoje muitas escolas trabalham em dois
turnos de aulas. É assim em cerca de ¼ das escolas russas, e quase metade das
escolas nas cidades usam esse sistema. Graças ao crescimento demográfico
positivo, o número de estudantes nas escolas russas aumentará em cerca de 1
milhão de novos alunos nos próximos 5-6 anos.
Peço ao
Gabinete, à Assembleia Federal e às autoridades regionais: temos de avaliar a
escala dessa questão e prover soluções efetivas, que devem incluir a construção
de pré-escolas de tal modo que, no futuro, possam também ser usadas como
escolas de 1º grau.
Isso não
deve levar a aumentar os custos dos projetos de construção de pré-escolas. Devemos
analisar a possibilidade de construir escolas e pré-escolas num mesmo prédio,
num único campus.
Evidentemente,
sei que isso não é responsabilidade do governo federal: é responsabilidade das
autoridades regionais e até das autoridades locais. Mesmo assim, temos de
compreender a escala do problema. Não podemos esquecê-lo. É tema que tem imenso
significado para nosso país, e não me parece que seja possível tratar dessa
questão sem apoio federal.
Claro que
temos de continuar a desenvolver vasto sistema de infraestrutura de esportes
para crianças e adolescentes. Temos de fazer de tudo para estimular a prática
de estilos ativos de vida. Essa, de fato, é a ideia principal que anima a
Universíade realizada com sucesso em Kazan e os Jogos Olímpicos em Sochi, cuja
abertura está prevista para breve.
Estou
confiante de que mostraremos excelente trabalho na organização dos Jogos
Olímpicos em Sochi, da Copa do Mundo de Futebol FIFA de 2018 e na Universíade
de Inverno em Krasnoyarsk.
Colegas,
As
estatísticas de janeiro a outubro dessa ano mostram que a população russa
aumentou. É a primeira vez que vemos esse resultado desde 1991, e é indicador
muito positivo.
A taxa de
natalidade supera a mortalidade em quase metade das regiões russas, e já
superou a média nacional em todas as regiões nos Urais e na Sibéria, e em
grandes áreas das regiões do Volga e do extremo leste do país.
Mas temos
de compreender mais um detalhe. Exatamente agora, a geração nascida nos anos
1990s está começando a construir suas próprias famílias – é a geração do tempo
em que houve o maior declínio histórico no número de nascimentos, quando esse
declínio foi catastrófico. Temos de fazer esforço especial para assegurar que o
crescimento populacional positivo continue e seja irreversível.
Lembro que
a taxa de nascimentos em nosso país alcançou os números máximos no final da
década dos 1980s. A construção de moradias também foi alta naquele momento.
Hoje, a construção de moradias deve outra vez ter papel decisivo para estimular
o crescimento populacional na Rússia.
O governo
já traçou as medidas políticas necessárias para implementar o programa de
construção de moradias a preço razoável. Esse programa levará à construção de
pelo menos 25 milhões de metros quadrados de novas moradias, com a correspondente
infraestrutura completa, até 2017, de modo que famílias de renda média possam
melhorar a própria situação de moradia. Proponho que chamemos esse programa de
“Moradia para Famílias Russas”, para manter a atenção focada ao lado
demográfico da questão.
Já em 2016,
temos de ultrapassar a marca de 75 milhões de metros quadrados construídos,
superior ao recorde de 1987, quando se construíram 72,8 milhões de metros
quadrados de moradias. Modernas tecnologias de construção permitem construir
moradias relativamente baratas e de boa qualidade, mas ainda há muitos problemas
a resolver pelo caminho.
Em primeiro
lugar, temos de fazer as emendas necessárias à lei, para sanear o caminho que
tornará acessíveis à construção de moradias os necessários lotes de terreno.
Isso tem de ser feito nos próximos meses. É assunto que sempre se discute, e já
voltamos a esse assunto várias vezes nas últimas semanas.
As
autoridades locais de governo terão a tarefa de organizar licitações de
terrenos, sob procedimentos claros e transparentes. As empresas construtoras
também terão maior responsabilidade: se receberem o terreno e não iniciarem a
construção no prazo estipulado, terão de devolver o terreno.
Outra
barreira que está dificultando a construção é a falta de fundos para oferecer
terrenos e lotes já com a necessária engenharia de infraestrutura. Temos de
desenvolver instrumentos específicos para resolver isso e trabalhar as fontes
de financiamento e a forma organizacional.
Sei que na
iniciativa das autoridades de impostos e arrecadação, o governo já está
alinhavando propostas para organizar o comércio online. Aí pode estar
uma fonte para financiar o desenvolvimento da engenharia de infraestrutura.
Peço que encaminhem propostas sobre tudo isso.
Finalmente,
temos de pôr ordem na questão dos alvarás e autorizações para construir. Esses
procedimentos ainda não estão padronizados. Peço que redijam uma lista única e
completa de todos os alvará exigidos para construir e encurtem o mais possível
o tempo necessário para atender todas aquelas exigências. Gostaria que isso
esteja feito até o fim de março de 2014.
Todos nós
sabemos por que esse trabalho não avança e por que, até hoje, ainda não se
resolveram essas dificuldades. É por causa da corrupção, muita, que há nesse
setor. A raiz do problema é a corrupção.
Colegas,
Todos
sabemos que o crescimento econômico renovado e sustentado é condição essencial
para que alcancemos nossos objetivos de desenvolvimento social. O que me leva
ao âmago no nosso trabalho.
Evidentemente,
todos estamos sentindo os efeitos da crise econômica global, mas sejamos
francos: as principais razões para o desaquecimento da economia russa são
razões internas, muito mais do que externas.
Em termos
do tamanho do PIB, a Rússia sai-se bem e está entre as cinco maiores economias
do mundo. Mas em indicadores como produtividade do trabalho, há diferença de 2 a 3 degraus entre nós e as
economias desenvolvidas. É preciso superar essa distância.
Para fazer
isso, temos de fazer pleno uso de todos os novos fatores de desenvolvimento.
Que fatores são esses? Todos nós sabemos bem quais são. Incluem formação
profissional de alta qualidade; um mercado de trabalho flexível; um bom clima
para investimentos; e tecnologia atualizada.
Peço que o
governo, com a Academia de Ciências da Rússia, promova ajustes no programa de
áreas prioritárias para o desenvolvimento científico e tecnológico. O
recentemente criado Fundo Russo para Ciências também precisa alinhar seu
trabalho a essas prioridades. O objetivo do Fundo é financiar pesquisa
fundamental com longo prazo para implementação. Entendo que esse trabalho tem
importância nacional.
Os líderes
de partidos com representantes nesse Parlamento manifestaram suas propostas,
para participar do desenvolvimento inovador da Rússia, nas reuniões
preparatórias pra essa fala de hoje. Todos vocês votaram a lei que criou o
Fundo Russo para Ciências. Proponho que todos os partidos políticos enviem
representantes para o Comitê Gestor do Fundo Russo para Ciências.
Quanto à
pesquisa aplicada, deve ser baseada em torno de plataformas tecnológicas.
Proponho que programas focados, como Pesquisa e Desenvolvimento em Campos
Prioritários de Ciência e Tecnologia refocalizem o financiamento que distribuem
e os dirijam ao apoio a esse tipo e pesquisa aplicada. Também é importante, ao
mesmo tempo, assegurar o co-financiamento de projetos, com fontes dos setores
estatais e privado.
No momento,
apenas um, de cada 265 resultados científicos obtidos é protegido por lei. A
contribuição da propriedade intelectual para o PIB russo não chega a 1%. Não é
só número baixo: é número vergonhoso. Nos EUA, esse número é de 12%; na
Alemanha, 7-8%; e na Finlândia, nossa vizinha, é de 20%. As plataformas de
tecnologia, pois, devem focar-se em resultados objetivos, que gerem patentes e
licenças desenvolvimentos que tenham utilidade real, prática.
Temos de
desenvolver a demanda interna por tecnologia avançada. É absolutamente crucial
que haja demanda interna, dentro do país, por tecnologia avançada. Temos de
usar o sistema público de contratação, compra, licitação, etc. [orig. public
procurement system] e os programas das companhias estatais de investimento,
para que ajudem a estimular essa demanda. Essas fontes representam muito
dinheiro, trilhões de rublos.
Temos de fazer
também inventário exaustivo de nossas instituições de desenvolvimento. Suas
atividades tornaram-se fragmentadas entre inúmeros projetos disparatados, que
nem sempre estão diretamente relacionados à inovação. Não era esse o nosso
objetivo, quando estabelecemos essas instituições de desenvolvimento. Não estou
dizendo que todos os projetos são sem mérito, mas as instituições foram criadas
especificamente para apoiar o desenvolvimento da economia de inovação. Temos de
calibrar o foco estratégico daquelas instituições, para que voltem a buscar avanços
no campo da tecnologia.
Para livrar
nossa economia de tecnologia ultrapassada, ineficiente e daninha, temos, em
resumo, de criar um moderno sistema de regulação técnico e ambiental. Essa é
questão extremamente complexa e sensível no campo econômico. Espero que o
governo trabalhará energeticamente, aliado à comunidade empresarial e com
nossos colegas da União Aduaneira [Bielorrússia,
Cazaquistão e Rússia, desde 2010 (NTs)), para levar adiante esse plano.
Proponho
também que estabeleçamos um sistema de avaliação estatística para a situação da
tecnologia em diferentes setores econômicos, para que se tenha um quadro
objetivo de nossa competitividade. Houve sistema semelhante em operação no
estado soviético. O velho sistema foi desmontado e nada se construiu para
substituí-lo. Agora, precisamos desenvolver um novo sistema.
A tarefa
seguinte é apoio aos setores de exportação de manufaturados. Esse sistema de
apoio ainda não começou a trabalhar em pleno. Muitas barreiras administrativas
ainda estão montadas. Demora mais de 20 dias para obter um alvará de
exportação. Em comparação, são seis dias nos EUA; e no Canadá e na Coreia do
Sul, oito dias. São questões que têm de ser resolvidas, num novo mapa do
caminho para apoiar as exportações. Peço que o governo, com a Agência de
Iniciativas Estratégicas, tracem esse mapa do caminho, até dia 1/3/2014.
Novos
padrões profissionais têm papel crucial na qualidade do desenvolvimento
econômico. Esses padrões devem fixar as demandas de qualificação que os
profissionais de diferentes setores têm de atender. Mas só funcionarão se
atenderem as demandas do próprio setor empresarial e devem, pois, ser
desenvolvidos com as comunidades profissionais. Proponho que se estabeleça um
Conselho Nacional de Qualificações Profissionais. Em vez de ser ligado a algum
corpo governamental, deve ser organização realmente independente. As principais
organizações empresariais e profissionais devem envolver-se nesse trabalho. No
prazo de dois anos, esse conselho terá a tarefa de aprovar todo o pacote de
novos padrões profissionais.
Conclamo
nossos colegas da comunidade empresarial e das associações que mencionei a
assumir a parte que lhes cabe nesse trabalho. Afinal, envolver-se, nesse caso,
é do interesse de todos.
Todo o
sistema de educação profissional deve ser reorganizado, para adaptar-se aos
novos padrões e suas demandas. Há muito de nossa própria experiência que se
pode mobilizar aqui, atualizando-a para as demandas de hoje. Penso aqui em
coisas como treinamento profissional e para o trabalho desde a escola e centros
de educação superior tecnológica criados e mantidos por grandes empresas
industriais. O que interessa é que os profissionais sejam treinados em serviço,
de modo que a teoria se amplie com a experiência e a competência prática.
Umas poucas
palavras, à parte, sobre o tema da educação superior. Muitos jovens querem ter
formação acadêmica e as nossas universidades devem satisfazer essa demanda, com
qualidade. Só assim poderemos converter o impulso dos nossos jovens em força
ativa a favor do desenvolvimento do nosso país. Mas hoje, seja nas capitais
seja no interior do país, ainda há muitas universidades que não respondem à
demanda contemporânea.
Entendo
que, para revigorar todo nosso sistema de educação superior, temos de usar o
potencial de nossas melhores universidades, delegando a elas o poder de avaliar
a qualidade da educação e de ajudar a garantir que o conhecimento e as
habilidades dos graduados sejam as que o mercado de trabalho procura e que
trarão vantagens reais para a nossa sociedade e a nossa economia.
Em nenhum
caso se devem criar barreiras à mobilidade educacional. Isso diz respeito
também aos custos da residência para estudantes. Os preços não devem ser
excessivos, mas têm de estar diretamente ligados às condições de vida e as
serviços educacionais oferecidos. Peço que o Ministério de Educação e Ciência e
as organizações de estudantes monitorem bem de perto essa situação. É
inadmissível cobrar preços exorbitantes por acomodações para estudantes.
Uma palavra
de alerta aos reitores de universidades quanto a isso: em breve a situação
alcançará tal ponto que o Ministério das Finanças considerará reduzir os
salários e os lucros de vocês, e apertará correspondentemente as normas. É como
vocês acabarão, e, como resultado, sofrerão a educação, os alunos e as
universidades.
Temos
também de fazer esforço muito maior para exportar serviços de educação de
qualidade e criar condições para receber estudantes estrangeiros aqui e mandar nossos
alunos nossos estudar lá; interessa-nos sobretudo ter alunos dos países da
Comunidade dos Estados Independentes [orig. Community
of Independent States, CIS; também chamada Commonwealth Russa:
é uma associação informal dos ex-estados soviéticos (NTs)], para que
estudem em universidades russas. É medida que pode ter papel importante para
reforçar a influência cultural e intelectual da Rússia em todo o mundo.
No próximo
ano, temos de acertar a questão do reconhecimento mútuo de diplomas entre todos
os países CIS e examinar a questão (já proposta) de estabelecer centros
para aplicar o Exame Final Nacional da Rússia, com padrões russos, nos países CIS,
em, por exemplo, centros de ensino da língua russa. Esses exames seriam
aplicados na mesma data naqueles países e nas escolas russas. Daria maiores
chances aos alunos talentosos dos países CIS de chegarem mais
rapidamente às universidades russas.
Por fim,
temos de acelerar a aprovação de leis que permitam às universidades russas
desenvolver centros de ensino-aprendizagem à distância, que visariam também os
russos que vivam em outros países e nos países CIS.
Ao
aprimorar a educação profissional, devemos ter em mente que o mercado de
trabalho vai-se tornando mais flexível, e as pessoas têm de ter meios para
retreinamento, para iniciar outra vida profissional. Devemos garantir as
condições certas para quem queira mudar de trabalho, de cidade ou de região.
Claro que tudo isso tem de ser coordenado com os planos de desenvolvimento
regional e local, e com os interesses das empresas.
Temos de
oferecer apoio de informação às pessoas, inclusive criando um banco de dados
nacional de empregos, para que todos possam saber em que região haverá um bom
emprego. Para isso, é preciso toda uma série de decisões. Planejem esse banco
de dados, que deve incluir os preços dos aluguéis no local-destino, e tudo
mais. Vocês sabem do que estou falando. A lista de providências é longa. Esse é
trabalho que pode e deve ser iniciado imediatamente.
A segunda
tarefa é tornar o interior da Rússia mais atraente para viver e trabalhar. Já
investimos considerável dinheiro no desenvolvimento do setor agrícola. Agora, o
setor já mostra uma dinâmica positiva. Em muitas áreas, já se supre
completamente a demanda doméstica com bens produzidos na Rússia. Agradeço à
população rural russa pelo trabalho e pelos resultados que alcançaram.
A maior
tarefa agora é encorajar as pessoas para que fiquem no interior e construir
infraestrutura moderna e confortável nas áreas rurais. Peço que deem especial
atenção a essa questão, quando introduzirem mudanças no programa estatal de desenvolvimento
da agricultura.
Quero dizer
algumas palavras sobre a situação das cidades de indústria única. São parte do
complicado legado que herdamos da economia soviética. Nessas cidades vivem mais
de 15 milhões de pessoas, muitas delas em situação difícil. Mas aquelas cidades
têm excelente infraestrutura social, moradia e força de trabalho qualificada.
Temos de identificar o que está bloqueando as empresas, que não vão naquela
direção, que incentivos e que condições podemos oferecer para que os
investidores descubram aquelas cidades, não sob pressão, mas por verem lá reais
oportunidades para eles. Acreditem em mim: é sempre melhor resolver as coisas
por essa via, do que injetar bilhões tentando inventar empregos lá, o que
acabaremos por ter de fazer, se não encaminharmos adequadamente a situação,
agora.
Peço,
portanto, que apresentem propostas para o desenvolvimento amplo e integrado das
cidades de indústria única, projetos de investimentos que se possam construir
lá e fontes de financiamento, além de propostas para reduzir as tensões do
mercado de trabalho e para garantir apoio a pequenas e média empresas.
Sobre isso,
quero dizer aos governantes regionais que sabemos bem das dificuldades que
enfrentam com os orçamentos regionais, mas temos, agora, de também olhar além
dos problemas imediatos.
Já há a
proposta – que apoio – de que todas as regiões ofereçam isenção de impostos por
dois anos a pequenas empresas de manufatura e dos setores social ou científico
(aplausos). Nem todos os governadores aplaudiram, mas quero dizer que esse é o
tipo da ideia que, aplicada hoje, dará dividendos amanhã, sob a forma de mais
arrecadação para regiões e municipalidades. Seriam novos negócios. Ainda não
existem hoje, portanto, não se trata de “perder” arrecadação. Estamos falando,
ao contrário, de criar condições para esses novos negócios, que criarão nova
arrecadação.
Também
temos de tornar possível, para pequenos negócios e empresas individuais, que
paguem seus impostos e seguros usando o sistema “janela única”. São pagamentos
diferentes, mas temos de conseguir para eles que paguem num local só e ao mesmo
tempo.
Outro
problema complicado relacionado ao mercado de trabalho, é a migração de
trabalhadores. A ausência de qualquer regulação nesse setor cria distorções no
mercado de trabalho, provoca desequilíbrios no setor social, conflitos étnicos
e leva a crimes.
Temos de
organizar os procedimentos para cidadãos que tenham visto de entrada livre na
Rússia e aumentar a responsabilidade de empresários que empreguem trabalhadores
não russos. Claro que, se vivem e trabalham na Rússia, e usam nosso sistema de
educação e saúde, devem também pagar impostos e demais custos que todos os
russos também pagamos.
Não é
empreitada fácil. Temos de preservar nossos laços especiais com as repúblicas
ex-soviéticas, mas, ao mesmo tempo, temos de organizar o que se vê aqui. Acho
que nesse contexto, devemos modificar o atual sistema de licenças para
trabalhar. Trabalhadores não russos atualmente têm de obter uma licença, se
trabalham para indivíduo privado. Proponho que entidades legalmente organizadas
e empresários individuais sejam autorizados a contratar empregados não russos,
sob licença. O custo da licença seria fixado por região, dependendo do mercado
de trabalho regional e a renda média. O sistema de licença terá de ser
diferenciado e encorajará profissionais formados, falantes do russo, com
afinidade com nossa cultura, a vir trabalhar na Rússia. E essas licenças só
seriam válidas na região onde fossem emitidas.
Espero que,
se organizarmos corretamente esse trabalho, será um instrumento econômico que
nos ajudará a regular o fluxo de migrantes. Digo instrumento econômico, por
causa dos preços diferentes das licenças, de uma para outra região na Rússia.
Finalmente,
temos de estabelecer regras mais claras sobre os objetivos de não russos que
entrem em território russo. Todos os países civilizados fazem isso. A Rússia
tem de saber por que alguém está vindo e por quanto tempo planeja ficar. Temos
também de acertar a questão dos não russos que entram na Rússia mediante
arranjos de viagens sem visto, e sem qualquer objetivo específico. Na verdade,
supomos que não tenham qualquer objetivo, porque de fato, claro, o mais
provável é que estejam vindo com objetivo claro, mas as autoridades russas nada
sabem. O tempo de permanência deve ser limitado, e a entrada proibida na
Rússia, para quem tenha infringido regras da imigração. Conforme a gravidade da
infração, a entrada deve ser proibida por de 3 a 10 anos.
Essas
medidas criarão barreira extra para os não russos que trabalham na
economia-sombra ou, mesmo, em atividades criminosas, que trabalham ilegalmente,
muitas vezes em condições desumanas e pessoas que, elas mesmas, infelizmente,
acabam por tornar-se vítimas de criminosos.
Colegas,
Há dois
anos, com a comunidade empresarial, começamos trabalho sistemático para
melhorar o clima, na Rússia, para o investimento. Posso dizer que já alcançamos
alguns bons resultados. Talvez poucos acreditem que realmente alcançaríamos
aqueles resultados, mas eles estão aí. Agora, temos de avançar. Em 2015,
devemos ter completado o trabalho principal para implantar leis e uma base
regulatória que tornará fácil e atrativo fazer negócios na Rússia.
Por essa
razão, a começar do próximo ano, publicaremos um rating nacional do clima
para investimentos nas diferentes regiões. Será essencialmente um instrumento
para avaliar a implementação de iniciativas de empresas nacionais em cada
região do país.
Ao mesmo
tempo, temos de criar incentivos para as regiões que estão desenvolvendo sua
base econômica e que incluíram em sua missão o apoio a iniciativas empresariais
e a criação de novas instalações de produção e de empregos.
Agora, uma
pequena boa notícia para os governadores regionais. Regiões que investem em
desenvolvimento de parques industriais e tecnológicos e em incubadoras de
empresas, terão seus impostos federais pagos pelo que as empresas residentes
retornem, por três anos, aos orçamentos regionais, na forma de transferências
inter-orçamentos. Mas isso será feito nos limites do gasto das regiões para
construir a infraestrutura para aqueles parques.
Não há
motivo para rir! É uma boa proposta. Foi resultado de longas e exaustivas
discussões com o Ministro das Finanças. Pedi que o Ministro das Finanças não
desconsiderasse esses acordos e desse a eles total atenção e os fizesse
avançar.
Uma questão
que ainda é ponto sensível para os empresários é a excessiva atenção de vários
inspetores. Inspeções e checagens são necessárias, mas o trabalho de mudar os
princípios pelos quais as agências de verificação e de fiscalização fazem seu
trabalho tem de continuar.
Esse
trabalho prossegue e tem de prosseguir. Para dar mais transparência a essa
área, proponho que se monte um portal federal unificado, no qual cada inspeção
e checagem terá um número e se saberá imediatamente quem iniciou cada processo
de investigação, por que motivo, quem foi inspecionado ou investigado, como os
inspetores levaram a efeito a inspeção e, mais importante, que resultados as
investigações produziram.
Permitam
anotar outro problema, a saber, que nossos mecanismos para resolver disputas
econômicas ainda estão muito distantes das melhores práticas globais. Nesse
contexto, também temos de fazer sério esforço para aumentar a autoridade das
cortes de arbitragem.
Peço ao
governo, à União Russa de Industriais e Empresários e à Câmara de Comércio e
Indústria que apresentem projeto de lei para melhorias fundamentais no sistema
de arbitragem, e o submetam, o mais depressa possível, ao Parlamento.
Em minha
fala do ano passado, comentei os desafios para livrar a economia da atividade
dos paraísos fiscais. É outro tópico para o qual quero chamar a atenção dos
senhores e ao qual tenho de voltar hoje.
Devo
dizer-lhes francamente que, até aqui, os resultados daqueles esforços são quase
imperceptíveis. Lembro os senhores de um grande negócio feito esse ano, que
movimentou mais de $50 bilhões. A venda das ações de TNK-BP aconteceu fora da
jurisdição russa, por mais que todos saibamos que os vendedores eram russos e o
comprador uma das maiores empresas russas.
Ano
passado, segundo especialistas, mercadoria russa no valor total de $11 bilhões
foi vendida através de paraísos fiscais e semi-paraísos fiscais: é o
equivalente a 20% de todas as nossas exportações. Metade dos $50 bilhões de
investimentos russos no exterior também foram para paraísos fiscais. Esses
números indicam saída de capitais que deveriam estar trabalhando na Rússia e
perda direta para o orçamento nacional.
Dado que
nada de significativo se conseguiu nessa área durante esse ano, quero sugerir
as seguintes medidas.
A renda de
empresas registradas em paraísos fiscais cujos proprietários sejam russos e
cujos beneficiários finais sejam russos, deve obedecer leis fiscais russas e os
impostos correspondentes devem ser pagos à Rússia. Temos de criar um sistema
para cobrar esse dinheiro.
Esses
métodos existem e nada há de raro no que proponho. Alguns países já
implementaram sistema semelhante: se você quer usar paraísos fiscais, use; mas
os impostos têm de ser pagos aqui. Está sendo implementado em países com
economia de mercado desenvolvida, e essa abordagem está funcionando.
O
importante é que empresas registradas em outros países não poderão
beneficiar-se das medidas de apoio e suporte que o governo oferece, inclusive crédito
do Vnesheconombank e garantias do estado. Essas empresas devem também
perder o direito de assinar contratos com o estado ou com agências com
participação estatal.
Em outras
palavras, se você quer beneficiar-se do apoio e dos benefícios que o estado
russo dá a suas empresas, e quer lucrar trabalhando na Rússia, sua empresa tem
de ser registrada na jurisdição da Federação Russa.
Temos de
aumentar a transparência de nossa economia. É imperativo tornar crime a ação de
executivos que comprovadamente forneçam informação falsa ou incompleta sobre o
real estado de bancos, empresas de seguros, fundos de pensão e outras
instituições financeiras.
Temos de
manter nossa posição fundamental, firme, de livrar nosso sistema financeiro e
de crédito dos vários tipos de operações de lavagem de dinheiro. Enquanto isso,
o interesse dos clientes e depositantes honestos de bancos problemáticos têm de
ser protegidos.
Hoje, a
luta contra a erosão da base fiscal e os paraísos fiscais é tendência global.
São questões sempre discutidas amplamente nas reuniões do G8 e G20, e a Rússia
conduzirá sua política no plano nacional e internacional.
A
necessidade da responsabilização legal não se aplica só a empresários privados,
mas também a executivos de empresas do estado e instituições de
desenvolvimento. Proponho que o governo mude radicalmente os princípios de seu
trabalho; aqui não deve haver qualquer zona de conforto “executivo”. Eles
ganham muito dinheiro. Não alcançaremos grande progresso econômico se
reduzirmos aqueles salários; e perderemos a possibilidade de empregar os
profissionais de que precisamos. Mas o trabalho deles tem de ser supervisionado
e temos de fazer essa supervisão do jeito certo.
Todas essas
organizações devem desenvolver suas estratégias de longo prazo, que devem
propor-se metas claras e indicadores de responsabilização pessoal para os
postos de comando. Acordos de trabalho de executivos devem estipular
penalidades no caso de as metas não serem alcançadas, inclusive multas.
Programas
de compra e venda de empresas incluídas na lista de empresas estratégicas devem
ser aprovados pelo governo da Federação Russa, e a implementação de compra e
venda deve ser objeto de auditoria externa. Ontem, examinei aquela lista: há
algumas dúzias dessas empresas. Temos várias listas, mas a lista de empresas
estratégicas tem apenas algumas dúzias. Claro, isso significa carga extra de
trabalho, mas tenho certeza de que o governo corresponderá ao desafio.
Reforço
mais uma vez que os recursos do governo e do setor privado devem andar na
direção do desenvolvimento e de alcançar objetivos estratégicos. Por exemplo,
consideremos os objetivos de desenvolver a Sibéria e o extremo leste da Rússia.
É nossa prioridade nacional para todo o século 21. Os desafios que temos a
superar são de escala sem precedentes, o que significa dizer que temos de
recorrer a abordagens não convencionais.
Já tomamos
a decisão de reduzir impostos de renda e vários outros impostos para novos
projetos de investimento no extremo leste do país. Seria conveniente expandir o
mesmo regime para toda a Sibéria Oriental, incluindo o Território Krasnoyarsk e
a República da Cacassia.
Sobretudo,
sugiro que se crie uma rede de zonas especiais de desenvolvimento avançado no
extremo leste e na Sibéria oriental, com condições especiais para organizar a
produção não extrativa, incluindo a produção para exportação. Novas empresas
localizadas nessas zonas, nesses territórios, devem receber cinco anos de
isenção de impostos de renda, imposto de extração mineral (exceto para petróleo
e gás, que é um setor rentável), impostos sobre terra e propriedade, além de
taxas de seguro preferenciais, que são muito importantes para manufatura high-tech.
Também é
importante criar condições aqui que sejam competitivas em relação a centros
comerciais chaves da região do Pacífico Asiático. Essas condições devem
aplicar-se aos procedimentos para autorização para construir, conectar-se às
redes elétricas e facilidades de passagem pela aduana. Faremos uso ativo do
Fundo para Desenvolvimento do Extremo Leste, para resolver questões de infraestrutura
naqueles territórios.
Até
1/7/2014, temos de decidir sobre a exata localização desses territórios, e
adotar todos os atos regulatórios legais necessários para que eles possam
operar. Dada a importância e a escala dessa tarefa, peço que o
primeiro-ministro supervisione pessoalmente esse trabalho. No futuro, tomaremos
decisões sobre o desenvolvimento posterior, baseados na experiência e na
prática de trabalhar naquelas específicas zonas e o efeito que resultar desse
trabalho.
Também
daremos continuação aos projetos que já estão sendo implementados atualmente.
Como vocês sabem, uma nova universidade foi estabelecida na Ilha Russky. Deverá
fazer sólida avaliação científica dos programas de desenvolvimento do Extremo
Leste, e suprir a demanda por empregados na região, primeiro e sobretudo, nas
áreas espacial, de biotecnologia, robótica, design, engenharia,
oceanografia e uso de recursos marinhos.
Tenho
confiança que a reorientação da Rússia na direção do Oceano Pacífico e o
desenvolvimento dinâmico de nossos territórios do leste não só abrirão novas
oportunidades econômicas e novos horizontes, mas, também nos darão instrumentos
adicionais para um ativa política externa.
Colegas,
O
desenvolvimento global está-se tornando crescentemente contraditório e
dinâmico. A responsabilidade histórica da Rússia é cada vez maior nessas condições,
não só porque a Rússia é um dos principais garantidores da estabilidade
regional e global, mas, também, uma nação que consistentemente afirma suas
abordagens baseadas em valores, inclusive nas relações internacionais.
A
intensidade da competição militar, política, econômica e informacional no mundo
não arrefece; só faz ficar cada dia mais forte. Outros centros de poder
monitoram de perto os avanços russos, à medida que a Rússia vai-se
fortalecendo.
Sempre nos
orgulhamos de nossa nação. Mas jamais nos declaramos qualquer tipo de
superpotência, nem buscamos alguma hegemonia global ou regional; não atacamos
interesses de outros, nem impusemos nosso poder sobre quem quer que fosse, nem
tentamos ensinar outros povos a viver a própria vida. Mas buscaremos o lugar de
liderança, lutando por respeito, pela soberania, independência e identidade dos
povos. É disposição absolutamente objetiva e compreensível para estado como o
estado russo, com sua grande história e cultura, com muitos séculos de
experiência, não da hoje chamada ‘tolerância’, castrada e estéril, mas da
vida natural moderna de povos diferentes no campo de um único estado.
Hoje, muitas
nações estão revisando seu valores morais e normas étnicas, erodindo tradições
étnicas e as diferenças entre povos e culturas. A sociedade é agora convocada
não só a reconhecer o direito de todos à liberdade de consciência e de visão
política e à privacidade, mas também a aceitar sem questionar, por estranho que
pareça, a igualdade entre o bem e o mal – conceitos cujos significados são
opostos. Essa destruição de valores tradicionais de cima para baixo não leva só
a consequências negativas para a sociedade: ela é também essencialmente
antidemocrática, posto que se constrói sobre ideais abstratas, especulativas,
contrárias ao desejo da maioria, que não aceita as mudanças que acontecem ou a
proposta “revisão dos valores”.
Sabemos que
há cada vez mais pessoas no mundo que apoiam nossa posição de defender valores
tradicionais que estão nas fundações morais e espirituais da civilização em
cada nação, há milhares de anos: os valores das famílias tradicionais e
tribais, a vida humana real, incluindo a vida religiosa, não só a existência
material mas também a espiritualidade, os valores do humanismo e da diversidade
global.
Claro, sim,
essa é posição conservadora. Mas, usando as palavras de Nikolai
Berdyaev, o ponto do conservadorismo não é que ele impeça movimentos
para cima e para adiante, mas que ele impede movimentos para trás e para baixo,
para a escuridão caótica, e a volta a um estado primitivo.
Em anos
recentes, vimos como tentativas para fazer avançar modelos de desenvolvimento
supostamente mais progressistas em outras nações resultaram, realmente, em
regressão, barbárie e vasto derramamento de sangue. Foi o que aconteceu em
muitos países do Oriente Médio e do Norte da África. Essa situação dramática
desenrolou-se na Síria.
No que
tenha a ver com a Síria, a comunidade internacional teve de, conjuntamente,
fazer uma escolha crucial: ou descer rumo a erosão ainda maior dos fundamentos
da ordem, ou coletivamente tomar decisões responsáveis.
Vejo como
nosso sucesso comum, quando a escolha foi feito sobre os princípios
fundamentais da lei internacional, do senso comum e da lógica da paz. Até
agora, pelo menos, estamos conseguindo evitar intervenção militar estrangeira
nos negócios da Síria, e a disseminação do conflito para fora da região.
A Rússia
fez contribuições significativas nesse processo. Agimos com firmeza,
meditadamente e cuidadosamente. Jamais pusemos em risco nossos interesses e
nossa segurança, nem a estabilidade global. No meu modo de ver, é como uma
nação madura e responsável deve agir.
Resultado
disso, com nossos parceiros, conseguimos dirigir o curso dos eventos para longe
da guerra e na direção de estabelecer-se um processo político e um consenso
civil nacional na Síria. O arsenal de armas químicas da Síria está agora sob
controle internacional. A liquidação daquelas armas é um passo importante no
fortalecimento de regimes de não proliferação, para armas de destruição em
massa. O precedente sírio confirmou o controle central da ONU na política
mundial.
A crise
síria, e agora a situação também do Irã, claramente demonstram que qualquer
problema internacional pode ser resolvido exclusivamente por meios políticos,
sem recorrer-se a ações de força, que têm tão pouco potencial que são
rejeitadas pela maioria dos países do mundo.
Esse ano,
já vimos um considerável avanço, com o programa nuclear iraniano, mas foi só o
primeiro passo. É imperativo continuar pacientemente a buscar solução mais
ampla que venha a proteger e garantir o inalienável direito do Irã a
desenvolver energia nuclear para finalidades pacíficas e – quero destacar isso
– para a segurança de todos os países da região, incluindo Israel.
Vale
lembrar que foi o programa nuclear iraniano que, uma vez, serviu como principal
argumento a favor de implantar-se um sistema de mísseis de defesa. E o que está
acontecendo agora? A questão nuclear iraniana vai sendo resolvida, mas o
sistema de mísseis de defesa continua. E não só continua: está sendo ampliado.
Falarei sobre isso logo adiante.
Quero
repetir e reforçar mais uma vez: a Rússia está preparada para unir esforços com
todos os seus parceiros com vistas a garantir segurança comum, igual,
indivisível.
Em 2014, a Rússia estará na
presidência do G8. Estaremos focados em problemas globais agudos: fortalecer
regimes de não proliferação; combater o terrorismo internacional; combater o
tráfico de drogas. A Rússia também agirá por esses princípios na preparação
para receber as reuniões de cúpula dos países BRICS e da Organização de
Cooperação de Xangai em 2015.
Entramos
agora num estágio crucial da preparação do Tratado da União Econômica Eurasiana
[orig. Eurasian Economic Union Treaty]. Esperamos que já haja acordo
sobre o texto do Tratado dia 1/5/2014 e que nessa época já o tenhamos submetido
aos parlamentos de Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão. Peço, colegas, que deem
prioridade a esse documento e dediquem a ele consideração e apoio.
Quero
registrar que grupos de trabalho preparam, hoje, mapas do caminho para o acesso
do Quirguistão e da Armênia à União Aduaneira. Estou certo que as reais realizações
da integração eurasiana só aumentar o interesse de outros de nossos vizinhos,
inclusive o interesse de nossos parceiros ucranianos.
Mesmo antes
do inícios dos protestos que vemos hoje em Kiev – e muito desejo que as forças
políticas daquele país conseguirão negociar e resolver os problemas que se
acumulam na Ucrânia, no interesse de seus cidadãos – antes mesmo de que esses
problemas começassem, já em maio a Ucrânia manifestou desejo de estar presente
a todas as reuniões entre Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão, participando
delas como observador. A Ucrânia participa das discussões e repetidas vezes
declarou seu interesse em associar-se a alguns dos acordos da União Aduaneira.
Não estamos
impondo coisa alguma a ninguém. Mas se nossos amigos querem trabalhar juntos,
nesse caso estamos prontos a continuar esse trabalho em nível de especialistas.
Nosso
projeto de integração é baseado em direitos iguais e em interesses econômicos
reais. Vamos promover empenhadamente o processo eurasiano, sem orientá-lo
contra outros projetos de integração inclusive o europeu, que está mais
amadurecido. Partimos de nossa complementaridade e naturalmente continuaremos a
trabalhar com nossos amigos europeus, sobre um novo acordo básico.
Colegas,
Umas poucas
palavras sobre nossas ações para fortalecer ainda mais nossas Forças Armadas.
Mencionei
antes a questão dos mísseis de defesa, e quero falar um pouco mais sobre isso.
Todos
sabemos perfeitamente que o sistema de mísseis de defesa só é defensivo no
nome. De fato, é componente crucial de capacidades estratégicas ofensivas. O
desenvolvimento de um novo sistema de armas – como o desenvolvimento das pouco
úteis armas atômicas – de mísseis estratégicos não nucleares e de sistemas não
nucleares hipersônicos de alta precisão, para ataques instantâneos de longo
alcance, é, também motivo de preocupação.
Estamos
acompanhando de perto o desenvolvimento do chamado sistema Prompt Global
Strike [ap. Ataque Global Instantâneo], que está sendo ativamente
desenvolvido em alguns países. Implementar todos esses planos e projetos pode
ter consequências extremamente negativas para a estabilidade regional e global.
A
construção de sistemas estratégicos não nucleares de alta precisão por outros
países, combinada ao aumento das capacidades dos mísseis de defesa, pode violar
todos os acordos existentes sobre a limitação e redução de armas nucleares, e
romper o equilíbrio estratégico de poder.
Compreendemos
muito bem tudo isso e, nesse contexto, sabemos exatamente o que temos de fazer.
Que ninguém
acalente ilusões de vir a obter superioridade militar contra a Rússia: jamais
permitiremos que aconteça. A Rússia responderá a todos esses desafios, que são
políticos e tecnológicos. Para tanto, temos tudo de que precisamos.
Nossa
doutrina militar e nossas armas avançadas, que estão sendo e serão mobilizadas,
nos permitirão garantir, incondicionadamente, a segurança do estado russo.
Ainda temos
muito a fazer para desenvolver modernos sistemas de armas de alta precisão. Ao
mesmo tempo, considerados os parâmetros qualitativos das forças modernas de
contenção nuclear, estamos hoje alcançando com sucesso novas marcas, no prazo
determinado, e alguns de nossos parceiros terão de nos alcançar.
Estamos
desenvolvendo nossos sistemas de mísseis estratégicos para terra, mar e ar para
ampliar nossas forças nucleares. Continuaremos a fortalecer nossas forças de
mísseis estratégicos e continuaremos a construir uma frota de submarinos
nucleares. Estamos também começando a trabalhar num promissor sistema de aviação
de longo alcance.
O próximo
passo de nossa agenda é estabelecer uma rede de inteligência global. A formação
de uma rede de reconhecimento e alvo integrada, global, em tempo real, que
operará num único espaço informacional no interesse das Forças Armadas da
Federação Russa, também é extremamente importante. Isso está ligado a adições
ao nosso grupo de satélites.
Continuaremos
a desenvolver nossas forças para objetivos gerais: aviação, marinha e forças
terrestres. Esse anos, conforme o planejado, o número de cabos e sargentos em
serviço cresceu em 220 mil. Ao mesmo tempo, temos de pensar em como criar
forças de reserva altamente treinadas.
Outra
sugestão, na mesma direção: manter a isenção [do serviço militar] para
estudantes e modificar o sistema de treinamento militar oferecido por
instituições de educação superior. Isso permitirá que todos os estudantes
estudem, recebam treinamento militar para o posto militar seguinte e uma
específica área de especialização militar.
Esse
mecanismo permitirá que treinemos a quantidade certa de reservistas para as
especialidades técnicas militares básicas mais necessárias, sem ter de
alistá-los nas Forças Armadas. Peço que o governo e o Conselho de Segurança
encaminhem propostas concretas para que se possa organizar esse sistema.
Como todos
sabem, os fundos alocados para o rearmamento do Exército e da Marinha, para
modernização da indústria da defesa, são sem precedentes. Totalizam 23 trilhões
de rublos [mais de 700 bilhões de dólares].
Na próxima
década, nossas empresas da defesa estão abarrotadas de encomendas. Poderão
modernizar a base industrial e criar empregos de alta qualidade. Vale lembrar
que na Rússia mais de dois milhões de pessoas trabalham na indústria de defesa.
Com as respectivas famílias, o número chega a quase sete milhões de pessoas. E
especialistas nesse setor terão empregos estáveis e bem pagos, com assistência
à família.
Agora,
temos de pensar sobre o que farão as indústrias da defesa depois de entregar as
encomendas relacionadas à defesa da Rússia, depois de 2020. Não podem ficar
inativas, nem se tornar obsoletas.
Temos de
fortalecer nossa posição nos mercados globais. Peço à Comissão
Militar-Industrial que submeta propostas nessa direção, para assegurar que
nossos empresários possam rapidamente passar ao fornecimento de produtos de
demanda civil, seja para o mercado russo seja para mercados internacionais.
Há outro
ponto que quero reforçar. Dissemos que todos os funcionários do Ministério da
Defesa que começaram a servir antes de 1/1/2012 estariam recebendo suas
moradias permanentes ao final de 2013. Essa é tarefa que deve estar concluída
em futuro próximo, e estará. Chamo a atenção do ministério da Defesa para essa
questão, e peço que vocês tratem dessa questão em termos de caso-a-caso,
ajudando as pessoas a escolher a melhor opção para cada um e para cada uma.
Colegas,
Pela
primeira vez na história desse país, estamos virando a página da moradia
permanente para soldados do exército e da marinha da Rússia. Agora, podemos nos
concentrar em completar a construção de modernas instalações de serviço e de
bases militares confortáveis.
Colegas,
Um senso de
responsabilidade pelo país é o tema principal, a própria vida e o valor central
da Constituição Russa. E é conclamação para cada um de nós.
A agenda do
desenvolvimento estratégico nacional é bem conhecida. Nessa fala, esbocei as
principais áreas de trabalho e modos de alcançar objetivos específicos.
Tudo que
aqui fica declarado deve ser executado sem reservas, sem novas sugestões e sem
interpretações burocráticas. Aqui fica posta a mais importante e mais notável
tarefa das autoridades.
É nosso
dever fazer por merecer confiança cada vez maior do povo. Só assim
conseguiremos aumentar a atividade de nossos cidadãos e as pessoas desejarão
contribuir para o desenvolvimento do nosso país.
Permitam-me
repetir que se uma decisão foi tomada, ela tem de ser implementada. Entendo que
esse é um modo conciso de manifestar nossa responsabilidade partilhada. Sugiro
que esse seja o motto para o próximo ano e para todos, governo,
sociedade, cidadãos.
Estou
absolutamente convencido de que acompanhando as melhores tradições de nosso
povo, usando as ideias mais contemporâneas e as vias mais efetivas de
desenvolvimento, superaremos todos os desafios que há à nossa frente e teremos
sucesso.
Obrigado
pela atenção de todos.
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