25/5/2014, Bint Jbeil, Electronic
Resistence
Vídeo (1h 6’26”) legendado
traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Tudo que se passou
ao longo desse último ano confirma a correção e a validade de nossas análises e
a correção de nossa posição firme desde o início. Em termos gerais, tenho a
dizer aqui, novamente, que estamos com a Síria, apoiamos a Síria e defendemos a
Síria.
Encontro abrigo em Alá, contra o mal apedrejado. Em nome de
Alá, o Compassivo, o Mais Generoso. Que a paz esteja com a Pérola dos Profetas,
nosso Mestre e Profeta Abi Al Qassem Mohammad e sua família casta e pura e seus
companheiros escolhidos e com todos os mensageiros e profetas.
Que a paz esteja com vocês, e as graças e bênçãos de Alá.
Felicitamos todos vocês nesse grande dia nacional, e
agradecemos por terem vindo em tão grande número. Bem-vindos sejam nessa terra
abençoada – a terra da Resistência, da Libertação e da Vitória.
Antes de minha fala, gostaria de destacar que essa grande
ocasião jihadi coincide com outros
grandes aniversários no calendário da Hégira, e que os muçulmanos comemoram,
como o aniversário da “Jornada Noturna e Ascenção aos Sete Paraísos” do
Profeta. Também nesse dia – Rajab 25º – aconteceu o martírio do torturado Imã,
Mussa bin Jaafar Al Kathem (que a paz esteja com ele) nos cárceres de Bagdá.
Nessas datas, temos de oferecer nossas felicitações e nosso consolo ao Profeta
de Alá (que a paz esteja com ele e toda a sua casa) e a todos os muçulmanos que
creem em sua “Jornada Noturna” e unanimemente manifestam sincera afeição aos
seus parentes e à casa deles (que a paz esteja com eles).
******************************
Irmãos e irmãs!
No tempo que me cabe, tratarei de alguns tópicos. Na
verdade, nem terei tempo para cuidar de todos os assuntos dos quais me compete
cuidar num dia como esse. Por um lado, não há tempo suficiente, e a natureza da
ocasião não admite certos tipos de discussão. Por outro lado, há tópicos muito
importantes e críticos, dos quais, contudo, deliberadamente, não tratarei hoje.
Não significa que os ignore, mas que, sim, considero vários interesses.
Voltando à ocasião de 25/5/2000, como todos os anos, nos
encontramos aqui para afirmar, ano após ano e geração após geração, os
seguintes conceitos, como temos de fazer:
Primeiro,
afirmamos os profundos e históricos significados e dimensões dessa vitória.
Nós, como tantos irmãos bem-amados, muito falamos, cuidadosa e atentamente,
sobre isso. Escreveram-se estudos e pesquisas também, sobre isso. Dentre essas
conotações, estava o colapso do projeto de “Grande Israel” [orig. “Major
Israel”], e as repercussões dessa vitória ainda são válidas dos dois lados do front: aqui no Líbano, na Palestina, em
nossa nação, e também sobre o nosso inimigo. Não fosse essa vitória, as
vitórias e realizações que vieram depois não teriam acontecido. Pode-se dizer
que a vitória do dia 25/5/2000 fundou a era de vitórias que veio depois – foi
quando acabaram-se as derrotas, que se foram para sempre.
Plano sionista do Grande Israel de Oded Yinon |
Segundo:
Afirmamos que essa vitória e essa realização é realização
Islâmica-árabe-nacional-libanesa que não pode ser atribuída só a um partido,
facção, região ou país, e pertence a toda a nação que está engajada numa guerra
contra o esquema sionista e o esquema para impor a hegemonia dos EUA em nossos
santuários, região e capacidades. Sempre lutamos para dar a esse dia essa
dimensão ampla, de modo que seja dia celebrado na nossa terra e em toda a
nação.
Terceiro:
Saudamos e louvamos os grandes sacrifícios oferecidos por nosso povo, em almas,
crianças, dinheiro, riquezas e segurança. Saudamos e louvamos também os
sacrifícios oferecidos pelos movimentos da Resistência em todos seus grupos, o
Exército Nacional, as forças de segurança, o Exército Árabe Sírio em território
libanês, e os grupos palestinos. Destacamos que essa realização foi resultado
de imensos sacrifícios e que não nos saiu de graça.
Quarto: Com
comemorar anualmente essa ocasião, queremos promover a cultura da esperança no
futuro e da confiança na vitória, e a capacidade para confrontar os exércitos
de ocupação mais violentos e opressores e os desafios mais duros. Essa cultura
de ter confiança em Alá e em nosso povo e em nossos seres humanos – homens,
mulheres, velhos, jovens, as famílias – é que nos levou para o que chamamos “a
era das vitórias” que começou em 2000 e continuou na derrota de “Israel” em
Gaza e a retirada de “Israel” de Gaza em setembro de 2005; e à derrota de “Israel”
na Guerra de Julho de 2006, e à resistência de Gaza em 2008-2009 (a guerra dos
22 dias), ao confronto de oito dias em 2012, ao “Fim da Operação Silêncio” em
Gaza há vários meses e, antes disso, à derrota dos soldados dos mais poderosos
exércitos do mundo, quando derrotamos o exército dos EUA que ocupava o Iraque
em dezembro de 2011.
Essa é a era das vitórias. É o resultado dessa cultura e
dessa convicção.
Portanto, a conclusão mais importante que sempre tiramos, desde
25/5/2000 e reafirmamos aqui hoje é que podemos vencer e vencemos mais de uma
batalha, e não importa o quanto o inimigo seja capaz ou tirânico – e mesmo que
tenha as armas mais poderosas e o mais poderoso exército – ele sempre pode ser
derrotado pela nossa vontade e pela nossa coragem e pela nossa inteligência, e
já foi derrotado em bem mais que uma batalha.
Assim, é muito importante preservar essa fé, essa confiança
em Alá, a determinação e a vontade. E nunca parar de trabalhar, porque só a fé
não basta.
Nessa ocasião, é obrigatório considerar o conteúdo moral e
civilizacional dessa resistência e da vitória dessa resistência em 2000,
prestando atenção aos eventos que acontecem em nossa região.
Logo do Hezbollah |
Infelizmente, continua-se a ver esforços para consolidar uma
específica ideia, uma impressão, uma espécie de cena, segundo a qual haveria
alguma ligação entre o Islã (os movimento islâmicos, o grupo islâmico, o
contexto islâmico) e mortes arbitrárias, massacres, demolições, destruição,
bombardeios, genocídios, ataques contra locais de culto, degola, violação de
sepulturas, ataques a faca, e condenações à morte como pena para punir os que,
apenas, discordam de uma ou outra posição política, não por razões religiosas
ou de doutrina. Essa ‘conexão’ forçada, essa ligação que não há, é mais um
crime contra o Islã e traição cometida pelos que perpetram esse crime.
Não temos tempo aqui, nem quero, agora, entrar num debate
científico, intelectual ou jurisprudencial sobre essa questão, por mais que,
sim, a questão mereça ser discutida. Dia 25 de maio, quero dizer, apenas, que
estamos ante experiência diferente, manifestação diferente de outro tipo de
experiência: trata-se da vitória da Resistência no Sul do Líbano. Em 2000, como
se vê acontecer hoje, milhares de combatentes entraram na larga linha de
fronteira ocupada e naquelas cidades e vilarejos. Eram os resistentes de nosso
povo libanês e crentes das mais diferentes religiões, seitas, confissões,
facções, e alguns deles estavam envolvidos com o inimigo que começava a
fracassar no sul, no oeste do Bekaa e no Líbano ao longo dos muitos anos de
ocupação.
Todos ainda lembram que almas, dignidades, riquezas,
pessoas, igrejas, mesquitas, locais de culto, árvores, fábricas, edifícios,
seres humanos, tudo foi preservado. Ninguém foi ferido ou maltratado e ninguém
será jamais ferido ou maltratado. Essa nossa resistência foi criada pelo Islã.
É uma resistência islâmica. Sim, essa resistência é libanesa, nacional e árabe;
mas, sim, essa resistência é islâmica. O que foi apresentado e oferecido em
2000 foi verdadeira representação do Islã, dos valores do Islã, da moral do
Islã, dos ensinamentos do Islã, a tolerância do Islã e do grande Profeta do
Islã, Mohammad bin Abdullah (Que a paz esteja sobre ele e sua casa).
Quando um muçulmano que diz pertencer ao Islã faz um bem,
está prestando bom serviço a ele mesmo e a sua religião. Mas quando faz algum
mal, fere ele mesmo, como fere sua religião, que não tolera o mal.
Irmãos e irmãs!
Isso quanto à ocasião. Quanto à atual situação com o inimigo
‘'israelense'’, podemos afirmar os seguintes pontos:
Primeiro:
Destacamos a política de conter o inimigo. Significa que o Líbano tem de ter o
poder de deter o inimigo, porque esse poder ou essa política ou essa estratégia
– chamem como preferirem – é a única política que protege o Líbano, seus
territórios, o povo, as instituições, o estado, recursos, capacidades, água,
petróleo, gás, entidade, existência, dignidade, futuro e soberania. Sob o
desequilíbrio de poderes com o inimigo, só há, mesmo, essa estratégia, dado que
de fato nenhuma outra estratégia séria jamais foi sugerida que possa alcançar
esse objetivo, essa meta.
No Dia da Resistência e da Libertação, afirmamos nosso
compromisso com a equação de ouro: exército-povo-resistência, apareça
mencionada na declaração ministerial, ou não. De fato, esse conteúdo é
preservado na declaração ministerial. A língua árabe salvou a declaração
ministerial. Esse conteúdo – exército-povo-resistência – lá está, na declaração
ministerial. Embora haja quem se detenha em palavras e termos. Mas o
que importa é o conteúdo. O que importa é que o Líbano é senhor do próprio
poder para proteger o país.
É claro que apoiamos o desenvolvimento de capacidades
humanas e materiais do Exército Libanês, e é claro que não temos problema algum
com isso, ao contrário de alguns que tentam espalhar boatos. Por isso quer
reafirmar aqui e hoje que a Resistência conservará todos os seus poderes,
apesar dos desenvolvimentos e eventos em curso na região, o principal dos quais
é a Síria. O inimigo sabe disso e leva isso em consideração. Por outro lado, a
Resistência trabalha dia e noite para ampliar sua capacidade para conter o
inimigo, e é isso que preocupa o inimigo, que não fala de outra coisa!
Está dito, portanto, que não apenas mantemos nossa
capacidade para conter o inimigo. Não. Nós também trabalhamos para ampliar e
desenvolver essa capacidade para deter-conter o inimigo. Esse é um dos aspectos
que mantém em sobressalto o inimigo “Israel”, que não tira os olhos da Síria,
do Irã e de outros dos nossos amigos, para ver o que possam oferecer ou tenham
oferecido à nossa Resistência.
Peraí, Vanunu! Não vê que estamos ocupadíssimos? |
No que tenha a ver com o poder para conter/deter o inimigo,
não há ponto ao qual se chegue e declare-se que “basta!”. Estamos falando de “Israel”
e do Exército de “Israel” que é dos mais poderosos do mundo. Consequentemente,
é nossa obrigação desenvolver o poder para conter/deter o inimigo, à parte da
discussão marginal sobre se a Resistência deve “entregar” as armas e o futuro
das armas da Resistência. E só podemos ir até esse ponto dessa discussão.
Deixemos essa discussão de lado.
Seja como for, baseados em nossa convicção sobre a firmeza e
a correção dessa equação, sobretudo no que tenha a ver com a Resistência,
estamos trabalhando nessa direção.
Segundo:
Afirmamos a importância de mostrar interesse em que outros suspendam discussões
sobre o Líbano na luta contra ‘Israel’ – incluindo as Fazendas Shebaa, as
Colinas Kfar Shuba, a seção libanesa de Al Ghajar, os homens da Resistência ou
os civis mártires, desaparecidos ou presos e cujos se podem discutir, e as
violações “israelenses” por ar, terra e mar. Com isso não quero dizer o que
está acontecendo agora, como comentarei adiante. Esses são os pontos que
permanecem na luta direta entre libaneses e “israelenses”.
De fato, os refugiados palestinos e o retorno de nossos
irmãos palestinos às terras e propriedades deles estão relacionados à causa
geral da luta e não só à parte libanesa. Temos de nos preocupar e pensar nisso.
Reconheçamos que nada de sério está sendo feito quanto a essa questão. Nada de
sério. O estado nem fala sobre esse fato. Na declaração ministerial as pessoas
relembram as Fazendas Shebaa e as Colinas Kfar Shouba...
Nem nós – os movimentos da Resistência, as facções da
Resistência e todo o povo que acredita na Resistência – abordamos essa causa
com a devida seriedade, fosse como fosse. Temos de fazer nossa autocrítica.
Essa causa não pode ser negligenciada ou removida da lista de responsabilidades
como resultado dos eventos e desenvolvimentos que aconteceram no país em
2005-2006 nem dos eventos que aconteceram na região e na Síria.
Terceiro: A
situação no flanco internacional, com a Palestina ocupada. Vocês devem ter
observado que a frequência das violações “israelenses” aumentou nos últimos
meses. Significa que há gente na fronteira e perto do arame farpado que ouvem
gritos e desaforos e são ameaçados. São agricultores que, se são vistos
plantando a terra deles perto do arame farpado, são agredidos a tiros. Nas
Fazendas Shebaa a história repete-se e repete-se sem parar. Pastores e
agricultores libaneses têm sido sequestrados e atacados. Em outros lugares, são
agredidos a tiros. É preciso parar antes de alcançar aqueles pontos. Em
princípio, todas essas violações são bem conhecidas. Falo das violações na
região de fronteira. Não falo das violações militares por ar, por mar e por
terra. Não. Em qualquer ponto em que os “israelenses” entrem ou onde saibamos
de antemão que entrarão, temos nos dedicado a dificultar os movimentos deles.
Estamos trabalhando para isso. Mas estou falando da seção que tem a ver com o
que está acontecendo junto ao arame farpado, na fronteira.
O normal seria que o Exército Libanês e a UNIFIL
intervenham e acertem a questão. Desde que as coisas não alcance ponto mais
sério, é normal que a coisa seja tratada pelo estado e pela UNIFIL. Mas se
essas coisas continuarem, teremos de reconsiderar nossa posição.
Por outro lado, digo às pessoas – principalmente aos que
moram nas vilas de fronteira, mais próximas da fronteira – que o que está
acontecendo do outro lado, por causa do inimigo, é expressão do quanto estão
perturbados. Veem vocês na terra de vocês, nos campos, nas casas de vocês, e em
casa, vivendo felizes, com dignidade e orgulhosos do que têm. Isso é
intolerável para os “israelenses” cuja entidade e esquema são baseados na
necessidade de humilhar, insultar e agredir o próximo. Os “israelenses”
simplesmente não conseguem tolerar ver nosso povo morando na própria terra, em
casa decente, plantando ao longo da fronteira, do litoral até o topo das
montanhas, e sentindo-se seguros e se movimentando livremente, dia e noite. Essa
cena é intolerável, para os “israelenses”, no plano psicológico. É parte da
derrota que lhes foi infligida dia 25/5/2000. Mas, do outro lado, queremos
procurar razões para extenuá-los. É o medo do inimigo.
No passado, deste lado da fronteira, nós é que tínhamos
medo. Nosso povo, nossos agricultores, nossos fazendeiros e todos que viviam
naquelas vilas, tínhamos medo. Hoje, quem tem medo é quem está usurpando os
territórios palestinos do outro lado da fronteira. Eles é quem têm medo dos
agricultores, dos fazendeiros, dos arados, das espadas, das árvores, dos galhos
de árvores, o som dos galhos soprados pelo vento, o murmúrio da água. Até o
murmúrio da água assusta aqueles soldados israelenses na fronteira.
Hoje, estamos ante um exército em posição. Eles sentem mais
medo, do que assustam alguém. A verdade é essa. Não estou exagerando. E não são
só os soldados “israelenses” de fronteira que estão com medo. Qualquer um vê
como eles sentam nos acampamentos super blindados, fortificados com ferro. Até
quando têm de examinar o arame farpado, usam robôs e veículos comandados por
controle remoto. A tal ponto estão assustados, apavorados de medo. E o medo não
acaba na fronteira. Também no front
interno, os líderes políticos do inimigo “israelense”, generais militares, e
toda a comunidade usurpadora dos colonos têm, todos, muito medo da Resistência.
Todos eles têm medo, porque sabem da prontidão da
Resistência.
Cada vez que alguém usa uma pá, eles se perguntam o que
aquele homem estará fazendo com aquela pá. Se uma casa é construída na
fronteira, se perguntam o que estará acontecendo por ali.
Assim sendo, tudo tem a ver com o medo. Implica que o
inimigo olha para o outro lado como lado sério, preparado. Por causa disso,
agem como se cada som, cada passo, cada movimento, cada atividade, cada
construção, cada semente plantada, cada fruto colhido, fosse ato de agressão
contra eles. É porque estão com medo.
Ora, nesse dia, hoje, lhes digo: como dia 25/5/2000, vocês
acorrem à fronteira, andam próximos do arame farpado, fazem casamentos e erguem
cartazes. Continuem a fazer exatamente isso. Construam, ergam paredes e casas.
Plantem e andem por ali, e absolutamente não temam aquele inimigo. Aquele medo
passado já virou história que crianças pequenas contam, para rir. Aquele
inimigo não se atreverá, e eles sabem que não se atreverão. Não queremos
provocar confrontos. Se as coisas continuarem a ser negociadas e acertadas, OK.
Mas – e quero ser bem claro quanto a isso – se chegarem a um
ponto no qual seja necessário que a Resistência intervenha, não ficaremos
calados ante nenhum insulto, nenhuma ofensa, nenhuma agressão a qualquer filho
de nosso povo leal e orgulhoso, em áreas de fronteiras internacionais. Todas as
questões estão sendo tratadas na proporção necessária. A Resistência tem
coragem, tem capacidades e meios, e também tem sabedoria. A Resistência
considera precisamente o que pode fazer para impedir que se consolide o status
quo que o inimigo deseja ver consolidado na fronteira. Bem... esse é tópico importante,
do qual queria lhes falar hoje: o status quo com os “israelenses”.
O outro tópico para hoje, é a Síria.
Como no dia de hoje, ano passado, quero dizer, dia
25/5/2013, da cidade de Mashghara – cidade dos mártires e cidade do líder
mártir Abu Hassan Bjiji e seus companheiros, falei também dos eventos na Síria.
Apresentei o pensamento do Hezbollah sobre o que acontecia lá, o esquema, os
riscos, as ameaças, as chances e os desafios resultantes dessa situação na
Síria, Líbano, Palestina, Jordânia e em toda a região, bem como em toda a
nação, especialmente sobre a Palestina e sua causa, também sobre o Líbano,
nossa Resistência e nosso povo. Não quero repetir o que disse no ano passado.
Ao longo de todo esse ano que transcorreu, meus irmãos e eu,
com nossos aliados e amigos e todos os que partilham nossa visão e nosso modo
de ver, elaboramos sobre esse tema, várias vezes, nas várias redes de
comunicação, por canais de televisão e emissoras de rádio... Naquele dia, eu
disse “nós assumiremos a responsabilidade. Não ficaremos sentados, só
assistindo.” Apresentei nossa posição, que já estava decidida.
Pelas nossas avaliações, tudo que se passou ao longo desse
último ano confirma a correção e a validade de nossas análises e a correção de
nossa posição firme desde o início. Em termos gerais, tenho a dizer aqui,
novamente, que estamos com a Síria, apoiamos a Síria e defendemos a Síria.
Quero apenas, em algumas linhas, lembrar-lhes que a Síria
foi e é o coração do arabismo. A Síria opôs-se à expansão “israelense”.
Protegeu o oriente árabe, inclusive os países do Golfo, contra a ação de “Israel”,
que queria implantar uma “Grande Israel” do Nilo ao Eufrates. As aspirações de “Israel”,
de fato, não têm limites. Só a Síria permaneceu ao lado do Egito, e é e foi a
única fortaleza de firmeza. Cantou, do arabismo, “Eis o Cairo”. A Síria, e só
ela, ostenta a honra de não ter comunicação com o inimigo, nem acordo com o
inimigo, nem qualquer tipo de laços com “Israel”. Protegeu, manteve, garantiu
suprimentos e apoio à Resistência libanesa e palestina, e continua a fazê-lo. E
pagou o preço por ter feito o que fez e ainda está tendo de lutar por isso. Por
todas essas razões, nós defendemos a Síria.
Por que não teríamos o direito de defender nossos pontos de
força, nossa retaguarda e nossa fonte de orgulho por aquele país e farol árabe,
contra a nacionalização e os ataques de “Israel”?
Dessa vez, vemos que sionistas estrangeiros estão sendo
trazidos de várias partes do mundo para a entidade que usurpa a Palestina, para
defender uma superstição que eles inventaram na cabeça deles mesmos,
enlouquecida de tantos crimes, de tantas matanças e de tanto racismo.
Acreditamos que nossa posição e as razões que dão base à nossa posição são
muito claras.
Hoje, e um ano depois daquele discurso, o projeto é ainda
mais claro. Sempre dissemos que há um esquema na região para dividir a região
em diferentes campos raciais, sectários e de facções.
Mas – irmãos e irmãs – quando vemos o que está acontecendo
agora na Síria e em mais de um país árabe, vemos que o esquema está fazendo
rachar a região ainda mais e não só em campos sectários, mas também em
emirados, distritos e um estado para cada bando armado. Cada bando armado quer
ter o próprio estado: são necessários cinco, ou seis ou sete estados.
No passado, costumavam dizer que iam dividir a Síria em três
ou quatro estados, e o Iraque, em três partes. Queriam dividir a Líbia, o Egito
e a Tunísia. Parece que já é coisa do passado. Agora, falam de dividir nossos
países árabes e islâmicos segundo o número de bandos armados, não por raças,
seitas ou facções, como rezava o plano anterior. Até no caso de os líderes da
própria organização não concordarem, podem-se formar dois estados, como o estado
de Daesh e o estado de Nusra. Essas são as piores imagens do caos, que geram
mais caos.
É preciso confrontar esse esquema.
Hoje, quando confrontamos esse esquema e as ferramentas
desse esquema, quero que todos recordem o movimento sionista – os que
inventaram “Israel”, essa entidade de usurpação. Quem disse que havia um grupo
que desejava vir para a Palestina? Eram, então, um grupo que queria ter um
estado em qualquer canto do mundo. Cogitaram de fazê-lo na Argentina. Também em
Uganda. Acho que também cogitaram de vir para o Iêmen. Foram os ingleses que
trouxeram o movimento sionista para a Palestina. Foi o colonialismo
internacional, a ânsia pela hegemonia mundial... chamem como quiserem.
Trouxeram-no para a Palestina, para ser um acampamento avançado, militar, de
segurança, implantado no coração de nossa região para destruí-la, para fazer
gorar todas as chances de desenvolvimento humano e econômico, além de todas as
chances de unidade e de fazer crescer a região árabe e islâmica.
Queriam que todos continuássemos preocupados com nossas
guerras, a saltar de uma guerra a outra, de um front ao front seguinte,
até nos exaurirmos. Queriam que recorrêssemos a quem fabricou nosso inimigo em
busca de poder e proteção contra aquele inimigo. Ora! Foram eles quem trouxeram
o projeto sionista para a Palestina. Foram eles que trouxeram sionistas de todo
o mundo, para a Palestina. Esse é um pecado histórico. Hoje, esse pecado é
cometido outra vez. Mas como? De fato, eles procuraram e obtiveram apoio árabe
e assinaturas de líderes árabes em troca da segurança dos tronos deles. Isso
aconteceu a 60, 70 anos passados.
Hoje, está acontecendo novamente. Os EUA e o ocidente estão
hoje com ele e são os que trazem para cá todos os terroristas e grupos Takfiri arrebanhados por todo o mundo.
Oferecem dinheiro, facilidades, vistos, fundos, armas, cobertura política e
jornalística, e um projeto internacional... Estão trazendo todos esses para a
Síria? Para quê? Para destruir a Síria e destruir o Eixo da Resistência que,
agora, ameaça afinal a própria existência do esquema sionista na região. Esse é
o maior novo pecado moderno.
Ou será talvez coincidência? Foram trazidos, para a Síria,
do mundo inteiro. Coisa assim jamais aconteceu em qualquer outro lugar. Nem no
Afeganistão. No Afeganistão tampouco aconteceu assim, nessa extensão, nesse
nível, nessa magnitude. São trazidos de todos os cantos do mundo e recebem
vantagens. Quem está fazendo isso são governos. O processo é comandado por
corpos da inteligência. São comprados longe da Síria, para virem para a Síria e
lutar nessa dura, terrível, feroz batalha.
Seja como for, essa compreensão já se expande na Síria, no
mundo árabe, no mundo islâmico, em todo o mundo. Muitas das perguntas que não
se ouviram no começo, estão agora sendo postas, questões levantadas
intensivamente com objetivos amplos.
Bem. Baseados nessa ideia e nessa compreensão, dissemos que
assumimos essa responsabilidade e, realmente, sim, assumimos essa
responsabilidade. Assim chegamos até onde chegamos. Como vocês sabem, nós não
discutimos detalhes dessa questão, pelos jornais e mídia. Mas fomos aonde fomos
à luz do dia. Dissemos: o tópico é esse; as razões são essas; nosso alvo é
esse.
Hoje, o que alcançamos, na situação na Síria? A que nos
levou aquele esquema?
Não há dúvidas de que o esquema que atacou a Síria e a
região, já está hoje em retirada, em grande parte. Sofreu várias derrotas. Não
há dúvidas de que vários elementos contribuíram para o que se vê hoje, seja
localmente, regionalmente, no nível da Síria, como no plano mundial. Mas o
principal elemento permanece em disputa no campo de batalhas. Dentre todas
essas mudanças e elementos, o próprio campo de batalha é o principal elemento.
É a firmeza da Síria e seu governo, seu exército e seu povo. Consequentemente,
aí se vê a importância do elemento extra: os aliados e os amigos, sejam no
plano político, na imprensa, na segurança, a posição dos militares e do povo.
Mas se a Síria – e seu governo, seu exército e seu povo – não se tivessem
mantido firmes contra essa guerra global, nenhum dos elementos extra teria sido
nem essencial nem decisivo.
Jabhat al-Nusra, frente terrorista armada e paga pelos EUA atuando na Síria |
Um dos elementos importantes a considerar é que, afinal,
veio à luz a verdade sobre os grupos que combatem entre eles na Síria, e a
verdade sobre o que pensam, como atuam e as lutas entre eles mesmos. Com isso,
aconteceu que, afinal, mudou a opinião pública inclusive na Síria, mas também no
plano árabe e internacional.
Tornou-se absolutamente claro que os que se reuniram para
ameaçar a Síria converteram, eles mesmos, em ameaça para todos, em todo o
mundo. Essa é uma das repercussões. Aqueles grupos terroristas estão ameaçando
agora os estados que os alimentaram com muito dinheiro, que os reuniram, que os
apoiaram e os encorajaram tanto. Converteram-se eles mesmos em ameaça contra
todos e contra o próprio mundo que os despachou contra a Síria.
Já disse antes que aqueles terroristas foram mandados para
destruir a Síria e o Eixo da Resistência, para se verem livres deles. Pois,
agora, parece que o mundo que despachou aqueles terroristas para destruir a
Síria estão descobrindo que nem a Síria nem o Eixo da Resistência foram
destruídos, não entrou em colapso, que muitos dos que deveriam ter sido mortos
continuam vivos e muitos dos que foram mandados para matar estão, hoje, mais
interessados em voltar ao campo-base – à Europa, ou onde tenham sido treinados.
Assim sendo, o problema intitulado “combatentes que retornam da Síria” é hoje a
principal ameaça que pesa contra a segurança da Europa, internacional, mundial.
Como esses estados enfrentarão, agora, a nova ameaça?
Um dos mais importantes fatores que temos de expor aqui é o
envolvimento de “Israel” nos eventos em curso na Síria.
Antes, quando dizíamos que “Israel” está apoiando os que
combatem contra a Síria, muitos respondiam que exagerávamos. Agora, já se veem
as coisas acontecer abertamente. Não se trata de “muro gentil” [orig. “kind wall” (?) (NTs)] como se
viu aqui. Não é questão de levar um ferido ao hospital. Não. São relações
políticas e encontros políticos. Parece que o desespero da chamada coalizão de
oposição chegou a tal ponto que já se reúnem e inimigos também desesperados,
como Monafiqi Khalq ou outros grupos de oposição na Europa. Já se comprovou que
essas reunião dão em nada. Não! Agora há laços já conhecidos com os “israelenses”.
Há cooperação, ajuda logística, ajuda militar, nas fronteiras das colinas do
Golan. Significa que há alvos no Exército Árabe Sírio que estão sendo atacados
por “israelenses”, como meio para ajudar a oposição armada e os seus terroristas
armados. Hoje, estamos ante um novo projeto, na fronteira das Colinas do Golan.
Isso é ameaça real. Digo aqui a todos os sírios: Essa experiência dolorosa,
terrível, não causará mais dor a sírios, palestinos e a nós todos, que o
desespero e a vergonha que “Israel” conheceu nas fronteiras do Líbano.
Há também o fato de que hoje já se conhece a extensão da
ameaça que esses grupos terroristas impõem aos estados vizinhos,
particularmente ao Líbano.
Agora, à luz de todos esses elementos que mencionei e não
mencionei, pode-se dizer que a Síria permanece firme, que o Eixo da Resistência
permanece firme, que o Eixo da Resistência está intacto, e que a Síria está
intacta. Já ninguém diz que o esquema inimigo obterá vitória verdadeira ou
decisiva. Hoje, a Síria avança e o Eixo da Resistência avança. A Síria está
avançando no campo de batalha. Isso é o que vocês veem e sabem que veem. Avança
também o processo de reconciliações populares, acompanhando a mudança na
opinião pública e o processo pelo qual forças políticas e grupos populares
rediscutem suas próprias posições. A Síria está avançando na direção de
eleições presidenciais, que nem todas as ameaças, intimidações, zombarias dos
chamados “amigos da Síria” conseguiram, impedir, boicotar ou distorcer. Assim o
povo sírio caminha na direção das urnas e veremos as imagens. Por isso, agora,
tantos se empenham tanto, dedicam-se tanto, a fazer gorar as eleições na Síria,
sempre confiantes de que, a ferro e fogo, conseguirão o que desejam.
Todos ouvimos ontem nos noticiários que Daesh – na região de
Hasakeh, por exemplo, dentre outras regiões – anunciou que é proibido
participar das eleições, mesmo em regiões que, embora não estejam sob controle
deles, mas estão ao alcance da artilharia deles. É como sentença de morte contra
todos que queiram votar.
Ora, vejam que bela alternativa estão dando ao povo sírio!
Eu tenho posição política e quero votar. Pode acontecer de eu votar no
presidente Bashar Assad ou em outro candidato... Mas não lá! Porque os “amigos
da Síria” decretaram que se eu me aproximar da urna eleitoral, viro alvo e
executa-se uma sentença de morte contra mim... Isso, me parece, é novidade!
Essa mentalidade de Daesh – onde reina [o grupo fundamentalista] o Estado
Islâmico no Iraque e no Levante – decidiu que também no Iraque, quem participar
de eleições, seja xiita, sunita, muçulmano, cristão, o que for, é declarado
infiel. E foi alvo de tiros e foram atacados por carros-bombas, declarados
infiéis, apóstatas e até combatentes contra Alá e Seu Profeta. Não é só que
declarem que você é infiel: julgam e condenam você como combatente contra Alá e
Seu Profeta. E você é condenado à morte, por desejar votar! Isso, precisamente,
é o que se vê agora na Síria.
Bandeira da Frente al-Nusra |
O que estou dizendo é que a Síria caminha rumo a eleições, e
o verdadeiro desafio é conseguir que o povo sírio consiga votar – sobretudo nas
regiões que estão sob fogo de grupos armados – e expressar a própria posição e
o próprio desejo, nas urnas. Na verdade, o povo está sendo impedido de votar no
estado da Frente al-Nusra, no estado da Al-Qaeda, porque nesses estados é
proibido votar. É pior que isso: não é só proibido; votar, aí é visto como
manifestação de apostasia, de falta de fé. Eleições são como guerra contra Alá
e Seu Profeta.
Ora! Vocês têm a jurisprudência de vocês, e o ponto de vista
de vocês... Mas por que e como podem querer impô-los a todos os muçulmanos? Há
muitos especialistas e juristas e altas autoridades no campo da doutrina, entre
os sunitas e entre os xiitas, que têm opinião diferente da de vocês! São
especialistas islâmicos que têm outra visão judicial sobre eleições!
Bem. Hoje, e depois de todos esses desenvolvimentos, posso
resumir do seguinte modo o que queria dizer a vocês sobre a Síria:
Em 2006, houve um esquema no plano de toda a região; mas a
batalha aconteceu no Líbano. Condoleezza Rice chamava a região de
“Neo-Oriente-Médio”. OK, mas a batalha aconteceu no Líbano. Nós – a Resistência
Libanesa com todos seus grupos e força total, o Exército Libanês e o povo do
Líbano – lutamos contra aquele esquema e o fizemos abortar. A Síria estava
conosco, ao nosso lado. O Irã estava conosco, ao nosso lado. Muitos do povo
honrado em todo o mundo, estavam conosco, ao nosso lado. Esse esquema foi
derrubado em 2006. Mas, de fato, não foi o esquema do “Neo-Oriente-Médio” que
foi derrotado, mas uma versão daquele esquema. Derrubamos, não o esquema, mas
uma versão do esquema.
Condoleezza Rice, ex secretária de estado dos EUA |
E, agora, apareceram com uma versão nova do mesmo esquema
para a região; e, dessa vez, o campo de batalha é a Síria.
Na Síria hoje, quem está combatendo é o governo sírio, o
Exército Árabe Sírio e o povo sírio. E seus aliados e companheiros lutam ao
lado deles, com eles. Não exageremos. Têm havido exageros, há quem diga que há
mais gente, naquela luta, que o povo, o governo e o exército sírios, e que há
ali gente também de outros e outros lados, não se sabe de que lados...
Nada disso é verdade. Na Síria há um povo, um exército, um
estado e um governo que lutam pela causa da Síria. E há amigos que oferecem um
ou outro tipo de ajuda, numa ou noutra circunstância em que a ajuda seja
necessária.
A frente que luta na Síria é firme e resistente. O esquema
que foi atentado em nova versão, dessa vez na Síria, já começou a desabar. Dado
que já entramos na era das vitórias, digo a vocês que Inshallah aquele esquema será derrotado e derrubado na Síria, e que
a Síria e o Eixo da Resistência outra vez conhecerá a vitória.
Essa nação não permitirá que o esquema dos EUA imponha a
agenda dele, suas ideias e objetivos, contra nós. Ouçam o que lhes digo. Aqui
falamos diretamente uns aos outros. É claro que estou analisando eventos e é
claro que confio em Alá, Todo-Poderoso e na Divina Providência, que nos apontam
as razões, as vias, os resultados e cada um dos passos e prelúdios que levarão
ao resultado que buscamos...
Quem, antes, diria que a Síria resistiria como resistiu e
resiste? Quem disse que a Síria chegaria hoje ao ponto onde está? Quem, antes,
disse que algum dia veríamos a situação que temos hoje em tantas cidades
sírias? Há três, quatro anos, todos os “especialistas'’ só faziam “prever” que
em dois, três meses, a Síria que conhecemos teria entrado em colapso, que
deixaria de existir!
Dia virá em que todos os fatos serão revelados e, nesse dia,
todos os povos da região, todos os governos da região, todos os estados da
região e muitos dos maiores estados do mundo agradecerão à Síria, à liderança
síria, ao exército sírio, ao governo da Síria, pela determinação, pela coragem,
pela dedicação e pela vitória.
Dia virá em que muitos descobriram que devem à Síria, à
liderança síria, ao exército sírio, ao governo da Síria, à sua determinação,
coragem, dedicação, e à vitória da Síria, porque muitos perceberão que, nessa
guerra, a Síria conseguiu impedir inúmeras, imensas catástrofes; e afastou
muitos riscos. A vitória síria conseguiu impedir muitas repercussões em toda a
região, mas, sobretudo, na Palestina, repercussões contra a causa palestina e
as causas islâmica e cristãs na Palestina.
O que estou dizendo a vocês é que dia virá quanto até
governos que conspiraram contra a Síria e deram dinheiro e instigaram – e
alguns ainda continuam a fazer tudo isso – lamentarão amargamente tudo o que
fizeram contra a Síria, e agradecerão à Síria por sua firmeza, pela coragem,
pela resistência e pela vitória.
O mesmo se aplica ao Líbano e a todos que criticaram nossa
ação na Síria. Vale o mesmo, também, para toda a Resistência. Dia virá em que
nos saudarão e nos festejarão. Hoje não há muitos que falem a nosso favor pela
imprensa. Mas por baixo da mesa já muitos nos agradecem...
O último item sobre o qual quero falar a vocês é a situação
local no Líbano.
A principal questão é a questão presidencial. (...) Quero
dizer que temos de lidar com esse estágio sensível e crítico com compostura e
sem tensões. (...) Temos de ser calmos e precisos. Temos de preservar esse
nível de paz civil e estabilidade interna graças ao qual as pessoas sentam-se e
discutem e negociam a questão presidencial e qualquer outra. Estou falando de
forças internas, nas das forças regionais. O que importa é empenharmos todo o
esforço possível para encurtar o intervalo, para que tenhamos um presidente
eleito, o mais rapidamente possível. Que ninguém perca tempo esperando por
mudanças regionais ou alterações internacionais...
É absolutamente necessário negociar essa questão com a
máxima seriedade.
De fato nem temos agora tempo suficiente para discutir
elaboradamente o tópico das eleições. Só lhes digo o seguinte: Ainda há chance
verdadeira, interna, libanesa, de elegermos um presidente forte, capaz de
preservar a estabilidade e a paz no país, e que tenha real prestígio popular em
seu grupo e no plano nacional, e que também consiga pacificar as várias forças
e lados políticas e oferecer ao Líbano ajuda real para que ultrapassemos essa
fase tão difícil, seja no plano local e regional, seja no plano internacional.
Essa chance ainda existe. Há em andamento negociações
sérias, abertas, entre o Bloco Reforma e Mudança e o Movimento Futuro, ou o
líder do Movimento Futuro. Estão negociando e mantendo discussão séria já há
algum tempo.
Não quero começar aqui uma discussão. Só quero mostrar, em
duas, três frases, o que está acontecendo até aqui. A candidatura desafiante
está impedindo o surgimento de candidatura séria, respeitável. Até agora, só
fizeram “expor” candidatos desafiantes que sabem que não chegarão à
presidência. Todos sabem que esses candidatos dos quais se ouve falar não têm
chance alguma de chegar à presidência, nem sob regime de [maioria] de dois
terços, nem sob regime de metade dos votos mais 1. A “candidatura” da qual se
fala visa, exclusivamente, a impedir que se configure um nome de candidato
sério, que já está sendo discutido em grupos nacionais.
Como hoje já é 25 de maio (2014), não há problema que eu
lhes diga – sob minha responsabilidade e baseado em informação que temos e
contatos entre nós e muitos de nossos amigos – que o verdadeiro projeto dos
últimos dias, semanas e, mesmo, meses, não foi eleger algum presidente antes de
25 de maio. Quero dizer: o projeto do outro bloco nunca foi realizar
verdadeiras eleições, mas prorrogar o mandato do presidente. Esse era o projeto
deles.
Assim sendo, não admitem que ninguém diga que as eleições
foram atropeladas, ou fraudadas. Eles nunca quiseram eleger presidente algum.
Queriam, isso sim, prorrogar o mandato do presidente. Essa é a verdade. Aqui se
trata de dizer as coisas como as coisas são. Para obter essa prorrogação, foram
feitas muitas ofertas tentadoras. Não quero, agora, expor segredos. Eu,
normalmente, nunca faço esse papel. Mas a verdade é que, no nosso país, nenhum
segredo se preserva para sempre. E, em poucos dias, toda essa verdade será
integralmente revelada.
Então... O que aconteceu até aqui, que tenha a ver com
eleições, foi que um candidato desafiante que jamais venceria as eleições, como
todos sabem muito bem, foi indicado candidato, apenas para impedir a que se
apresentasse candidato sério, que realmente poderia chegar à presidência. A
ideia de eleger um presidente foi bloqueada pelo interesse em prorrogar o
mandato do presidente. Mas não deu certo. O projeto de prorrogar o mandato não
deu certo.
Mas... Por quê? Por quais razões? Por que se tomou tal
posição? Quais as razões? Vou dizer-lhes o que aconteceu. Essa é a verdade. Não
acreditem em nada do que ouçam, diferente disso que lhes digo aqui. Primeiro,
que o Parlamento não tinha meios possíveis para eleger presidente. Só tinha
meios e chance para prorrogar o mandato.
Bem... O importante é continuar a trabalhar. De fato, digo
aqui, entre parênteses, o que já disse no início. Caso digam que a culpa é
nossa, que a culpa é do Bloco Lealdade à Resistência... Que digam! Que digam o
que quiserem. Que digam que arruinamos o país, que arruinamos as eleições, que
arruinamos tudo. Que digam o que bem entendam.
Não são vocês que dizem que o presidente tem alto status no
Líbano? Se tem, não há lugar aqui para mesuras e cortesias de salão, nem para
piadas. Essa questão é questão de responsabilidade nacional histórica, porque
nosso país atravessa hoje estágio histórico criticamente decisivo.
Não há problema algum. Estou-lhes dizendo que nós – o Hezbollah
e o Bloco Lealdade à Resistência – em nome dos nossos deputados, assumimos toda
a responsabilidade. Assumimos toda a responsabilidade. Não há problema algum. A
‘culpa’ é nossa. Nada significa e não há problema algum.
O que haveria de novidade, além do que ouvimos sempre, ao
longo de tantos anos? Eles sempre quiseram paralisar o país. Sempre quiseram o
vácuo político. Sempre quiseram mudar o estado, o país, o regime. Pois falem! Digam
o que mais os interessa.
Importante, sempre, é que esses objetivos sejam tratados
como tarefa séria. Que as negociações sejam conduzidas com seriedade, para que
nos levem a alguma coisa que nos tire do vazio político em que estamos.
Isso, quanto à questão presidencial. Estamos abertos, somos
acessíveis, responsáveis e sérios. Queremos presidente, o mais rapidamente
possível. Queremos presidente, mas não apoiamos a ideia de prorrogar o mandato
presidencial.
Mais uma coisa, que pensei em adiar para ocasião futura, mas
hoje é Dia da Resistência, e digo-lhes então, hoje mesmo, que não queremos
sobrecarregar a questão presidencial com itens que não podem sobrecarregá-la.
QUEREMOS UM PRESIDENTE QUE ASSEGURE A ESTABILIDADE DO LÍBANO.
Há, entre nós, uma clara inclinação interna. Mas, às vezes,
predominam os termos que se ouvem nos discursos. Concordamos com os
companheiros que entendem que sequer é preciso dizer que “queremos um
presidente que proteja a Resistência”. Não é o caso. Não é preciso.
Hoje, dia 25/5/2014, eu lhes digo, aqui, que não estamos à
procura de presidente que proteja a Resistência no Líbano. Não queremos isso.
No Líbano, a Resistência protege o estado, o povo, a nação, a honra, a
soberania e a nação.
Nosso objetivo é humilde. Não estamos dizendo que queremos
presidente que proteja a Resistência. Lembrem-se de 2006 e do que eu disse em
2006. Queremos um presidente que não conspire contra a Resistência. Queremos um
presidente que não apunhale pelas costas a Resistência. Queremos um presidente
que tenha visão firme da posição de Resistência. Isso é o que queremos.
Não é condição impossível. E, seja como for, há no país,
disponível, essa alternativa? Há, sim, há.
Além disso, no que tenha a ver com a questão local, não importa
a situação para a qual estamos andando, há um desejo a manifestar aqui. Chamem
de desejo, de pedido, de recomendação, um grito de alerta, chamem como
quiserem. Há um tópico, chamado “salários e quadros” que tem a ver com
empregados e com o setor público – com professores e militantes enfrentando
graves dificuldades em mais de uma região nesse país. Esperemos que essa
questão não se misture no conflito e nas disputas que virão. Façamos desse
tópico uma exceção, bem como a Universidade Libanesa: que esses dois tópicos
sejam, afinal, tratados à parte. Pedimos, recomendamos, exigimos e esperamos
que o governo, o parlamento e as forças políticas ouçam nosso desejo... Não é
possível que esses temas sejam adiados até depois de todas as questões
políticas estarem resolvidas.
Estamos dizendo, todos, que queremos um presidente e um
estado, porque o povo libanês precisa disso. Não sacrifiquem o povo ao
presidente, ou a seja lá o que pareça interessante a um ou a outro. Só o povo
interessa. Esperamos que isso seja levado em consideração.
Irmãos amados! Nessa ocasião – aniversário da vitória do 25
de maio – que todos confiemos no nosso poder e na nossa capacidade para superar
desafios, e sejam quais forem os desafios. Todos temos de confiar em nosso
poder e em nossa capacidade para construir vitórias, por mais duras, terríveis,
que sejam as lutas.
Graças à equação de ouro – exército-povo-resistência, não
tememos “Israel” nem suas provocações, nem a ganância deles, nem as ameaças
deles. O esquema para atacar a região e o Eixo da Resistência na região e a
nação já começou a ruir. O Eixo da Resistência está intacto. O Eixo da
Resistência continua a avançar, e chegará à vitória. O que importa aqui no
plano interno do Líbano é que guardamos nosso país, a paz e a coexistência
civil no Líbano. Temos de ponderar bem nossas escolhas. Cabe a nós fazer as
escolhas que defendam e preservem esse país e o futuro desse país.
Saudamos todos os comandantes da Resistência: o líder e
fundador da Resistência Sayyed Mussa Sader (que Alá o guarde e seus amigos,
forte e seguro) e os comandantes mártires: Sayyed Abbass, Sheikh Ragheb e Hajj
Imad. Saudamos nossa nação, nosso povo, todos os nossos povos, e todos os povos
honrados do mundo, que lutam unidos nessa luta. Continuaremos atentos e firmes.
Resistiremos. Construiremos nossa vitória, nessa era de vitórias.
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