domingo, 11 de maio de 2014

O Banderastão ucraniano – tão feio quanto ridículo

10/5/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
Traduzido por mberublue


The Saker
Todos vimos as imagens oriundas de Mariupol hoje. Não é preciso postá-las aqui. Gente simples tentando deter uma gangue de bandidos pesadamente armados que se veem como uma espécie de “força especial”, cuja especialidade parece ser atacar civis desarmados ou muito mal armados.

Não seria correto comparar esses bandidos ucranianos com a SS, como alguns fizeram. Apesar de todos os seus erros a Waffen-SS lutava bem. Não apenas contra civis indefesos, como em combate real. Mas essas “unidades especiais” de Kiev ainda não conseguiram subjugar nem Slaviansk ou Kramatorsk! Claro, havia uma parada em Slaviansk em comemoração ao Dia da Vitória, onde Pavel Gubarev, o “governador eleito pelo povo” da região de Donetsk, usou da palavra em comício oficial. A mesma coisa em Kramatorsk, onde também aconteceu uma celebração do Dia da Vitória.

Pavel Gubarev, discursa em Slaviansk no Dia da Vitória (9/5/2014)
Incrível, n'é?

Segundo a contagem oficial de Kiev, estamos já na segunda fase da segunda “operação antiterrorista”; e as forças “especiais” ainda não capturaram sequer uma cidade, uma, que fosse!

Agora, há Mariupol. O que se passou ali foi quase tão repugnante quanto o massacre em Odessa.

A grande diferença é que em Odessa pelo menos a Junta não usou “forças especiais” uniformizadas, mas torcedores holligans e bandidos neonazistas especialmente deslocados de Kiev. Em Mariupol, forças “oficiais” uniformizadas atiraram contra civis. Com que objetivo, afinal? Quantos “terroristas” *armados* foram capturados ou mortos em Mariupol?

Em Slaviansk, um atirador disparou e conseguiu atingir no peito um garoto de 12 anos. Deve ser motivo de orgulho para os loucos em Kiev. A imprensa local está informando que o SBU (Serviço de Segurança Ucraniano [NT]) deve mandar reforços para Slaviansk. Ridículo.

Além disso, fiquem sabendo que o primeiro batalhão de soldados ucranianos convocados teve que ser mandado de volta para casa, depois de apenas 45 dias de “operações”. Pior ainda: todos os que, de alguma forma, participaram das “operações de combate” contra o povo do Donbass têm garantido o status oficial de “veteranos de guerra” com todos os privilégios inerentes à honraria.

Realmente, 
Glória à Ucrânia! 
Aos heróis, Glória! 
(slogan dos Ukie neonazistas).

Todo o tempo, essa miniguerra civil oscila entre a farsa e a aberração. Ontem vi um vídeo de Yulia Timoshenko, no qual ela avisava Putin de que o glorioso povo da Ucrânia derrubará o governo russo. Não, não estou brincando. Como o Ukie favorito de Nuland – “Yats” – que apareceu em algum ponto da “linha de frente” perto de Slaviansk para “encorajar as tropas”.

Mas meu favorito é um sujeito chamado Oleg Liashko, extravagante “pedo-cum-homo-sexual” (agora casado com uma mulher russa), e que se exibe metido num antigo uniforme de combate, negro, e aparece para interrogar “terroristas” capturados, como produtores de TV, ou mais recentemente, um “ex-ministro da Defesa” da República de Donetsk. Em seguida, os vídeos são enviados para YouTube, em aparente preparação para as próximas eleições presidenciais (suponho que reforçando as credenciais de Liashko como machão).

Oleg Liashko, de boné, interroga civil capturado como "terrorista"
(8/5/2014)
Oleg Liashko em "treinamento de combate"
Liashko não passa de mais uma figura particularmente curiosa, dessa galeria de doidos. Os interessados podem conhecer outros tipos de inacreditáveis nacionalistas ucranianos, como a notória Irina Farion (ex-comunista, agora convertida em nacionalista), ou Valentin Nalivaichenko, provavelmente o agente da CIA de mais alto escalão, na atual Junta.

Muitas vezes me refiro ao regime em Kiev como um “show de horrores”. Não o faço para ofender: apenas constato. O pessoal que tomou o poder em Kiev é quase completamente louco, e tudo o que fizeram até agora só confirma isso.

Começo a suspeitar de que não conseguirão impedir que aconteça o referendo marcado para amanhã, domingo. Francamente, tinha – e ainda tenho – sérias dúvidas sobre a habilidade das forças pró-Rússia no Donbass para organizar referendos em tão curto tempo, e em plena guerra, que não é menos cruenta por ser pequena. Mas se examino os loucos em Kiev e seu “balanço”, não vejo como conseguirão impedir o referendo, cada vez mais próximo (mas, sim: meu currículo de eventos previstos com sucesso na Ucrânia é horrível).

Primeiro, jamais me passou pela cabeça que a Criméia pudesse ser incorporada à Rússia. Aconteceu. Depois, duvidei da capacidade do pessoal do Donbass para enfrentar o regime de Kiev. Pois enfrentaram, pode-se dizer. Não de forma total, nem tão eficaz. Mas suficientemente efetiva para deter toda a máquina repressiva da junta neonazista, deixando-a paralisada. Francamente, não consigo creditar esse sucesso à Rússia ou Putin. Eles fizeram muito menos para destruir a Ucrânia como um Estado unitário do que fazem os loucos instalados em Kiev, que estão neste mesmo momento assustando e enfurecendo mais e mais o povo em Odessa e Mariupol. 

As coisas começam a degringolar a partir de agora, pelo menos para a Junta.

Em primeiro lugar, a Rússia anunciou que a menos que a Ucrânia faça o pagamento antecipado pelo gás a ser entregue em junho, a Rússia fechará a torneira. O prazo está correndo.

Segundo, embora eu esteja disposto a admitir que não faço a menor ideia de qual será o resultado do referendo, a menos que a maioria vote contra (coisa difícil de imaginar), não consigo ver como a Junta imagina conseguir submeter cidades enormes, como Donetsk ou Carcóvia, se, até agora, sequer logrou conquistar Slaviansk ou Kramatorsk, cidades muito menores.

Sim, sei do que dizem supostas pesquisas, mas não as considero: as “pesquisas” contradizem tudo que ouço de fontes locais. Mas... Se a maioria do povo do Donbass votar que prefere um Banderastão unitário dirigido por Junta de aberrações, para mim está ótimo. Seja como for, não vejo nenhuma razão para confiar nesta pesquisa. Nenhuma.

Se partirmos do princípio de que: 

A) o referendo acontecerá; e
B) que a maioria do povo do Donbass votará por uma declaração de independência (hipótese bem razoável), não vejo o que os Ukies possam fazer.

Terceiro, a crise econômica começará para valer em junho e não amainará em um futuro previsível. Se o Donbass pode sobreviver com a ajuda do dinheiro russo, o resto do Banderastão desabará no abismo econômico, no próximo verão. O que, pelo amor de Deus, podem os malucos de Kiev fazer para recuperar o controle da situação?

Quarto, se a crise atingir a Ucrânia tão duramente quanto prediz a maioria dos especialistas, dará muito combustível aos descontentes em cidades como Odessa, que em um mundo normal, deveria ser bastante próspera. O mesmo vale para Nikolaev ou Mariupol. Mesmo Kiev, costumava ser uma cidade próspera e bonita.

(Como não puderam ser traduzidas algumas postagens anteriores do Saker, acrescentamos a seguir 3 vídeos curtos dessas  postagens não traduzidas; são auto-explicativos e os acontecimentos se deram em Mariupol [Nrc])




Seria necessário um gênio, assessorado por staff governamental brilhante, com o apoio e confiança da grande maioria do povo, para arrostar o desastre multidimensional que está prestes a acontecer. Em vez disso, a Ucrânia é atualmente governada por gangue de malucos sórdidos e ignorantes. Não há modo de fazer funcionar. O Banderastão implodirá. Restará aos neonazistas, antes de tudo desabar, voltarem-se uns contra os outros, num desesperado, derradeiro acesso de fúria.

Nada há que EUA e União Europeia possam fazer para prevenir tais acontecimentos, exceto uma providência: sentar à mesa de negociações e conversar seriamente com a Rússia, conscientes de que estão em posição muito frágil para negociar e que a Rússia detém todas as cartas boas, inclusive uma crucial: o tempo.

Se EUA e União Europeia fecharem acordo realmente sério com a Rússia, talvez ainda se salve alguma coisa da “Ucrânia” – que será forçosamente bem menor do que hoje; que terá de eliminar os nazistas; e terá de ser, no mínimo, realmente neutra.

Infelizmente, a única solução pragmática seria muito humilhante para os palhaços pomposos dos EUA e da União Europeia. Para os EUA, seria humilhação ainda pior que o fracasso total de sua política para a Síria. Com poucas exceções, quase todos os políticos dos EUA/EU aplicaram toda a própria autoridade, o peso da própria influência, no apoio à parada de loucos em Kiev. Agora, têm de admitir que “o imperador está nu!”.

Como na fábula original:

O rei tremeu, desconfiado de que eles tinham razão. Mas o desfile tem que continuar”, pensou ele. Então andou ainda mais orgulhosamente que antes, e os vassalos ergueram mais alto a cauda da roupa que não estava lá.

O imperador está nu!
Se as coisas acabarão nesse tom, então, OK, o império está com os dias contados, e dele não restará muita coisa. Mas é difícil de engolir. Se a razão me diz que é quase inevitável, o instinto me diz que alguém, de algum lugar, de alguma forma, aparecerá com um truque de mágica tirado da cartola e, feito gato que cai da árvore, o império desabará sobre as próprias patas.

Só que todos os impérios têm de acabar e este já ultrapassou em várias décadas o tempo de validade. Ao colocar toda a própria autoridade a serviço de uma deplorável gangue de neonazistas malucos, os anglo-sionistas desacreditam-se, completamente, eles mesmos.

Que regime, que império algum dia sobreviveu a atos tão vergonhosos? Não sei de nenhum.

The Saker


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