10/5/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
Traduzido por mberublue
The Saker |
Todos vimos as imagens oriundas de
Mariupol hoje. Não é preciso postá-las aqui. Gente simples tentando deter uma
gangue de bandidos pesadamente armados que se veem como uma espécie de “força
especial”, cuja especialidade parece ser atacar civis desarmados ou muito mal
armados.
Não seria correto comparar esses
bandidos ucranianos com a SS, como alguns
fizeram. Apesar de todos os seus erros a
Waffen-SS
lutava bem. Não apenas contra civis
indefesos, como em combate real. Mas essas
“unidades especiais” de Kiev ainda não conseguiram subjugar nem Slaviansk ou
Kramatorsk! Claro, havia uma parada em
Slaviansk em comemoração ao Dia da Vitória, onde Pavel Gubarev, o “governador
eleito pelo povo” da região de Donetsk, usou da palavra em comício oficial. A
mesma coisa em Kramatorsk, onde também aconteceu uma celebração do Dia da
Vitória.
Pavel Gubarev, discursa em Slaviansk no Dia da Vitória (9/5/2014) |
Incrível, n'é?
Segundo a contagem oficial de
Kiev, estamos já na segunda fase da segunda “operação antiterrorista”; e as
forças “especiais” ainda não capturaram sequer uma cidade, uma, que fosse!
Agora, há Mariupol. O que se
passou ali foi quase tão repugnante quanto o massacre em Odessa.
A grande diferença é que em Odessa
pelo menos a Junta não usou “forças especiais” uniformizadas, mas torcedores
holligans
e bandidos neonazistas especialmente
deslocados de Kiev. Em Mariupol, forças “oficiais” uniformizadas atiraram
contra civis. Com que objetivo, afinal? Quantos “terroristas” *armados* foram
capturados ou mortos em Mariupol?
Em Slaviansk, um atirador disparou
e conseguiu atingir no peito um garoto de 12 anos. Deve ser motivo de orgulho
para os loucos em Kiev. A imprensa local está informando que o
SBU
(Serviço de Segurança Ucraniano [NT])
deve mandar reforços para Slaviansk. Ridículo.
Além disso, fiquem sabendo que o
primeiro batalhão de soldados ucranianos convocados teve que ser mandado de
volta para casa, depois de apenas 45 dias de “operações”. Pior ainda: todos os
que, de alguma forma, participaram das “operações de combate” contra o povo do Donbass
têm garantido o status oficial de “veteranos de guerra” com todos os
privilégios inerentes à honraria.
Realmente,
Glória à Ucrânia!
Aos heróis,
Glória!
(slogan
dos Ukie neonazistas).
Todo o tempo, essa miniguerra
civil oscila entre a farsa e a aberração. Ontem vi um vídeo de Yulia
Timoshenko, no qual ela avisava Putin de que o glorioso povo da Ucrânia
derrubará o governo russo. Não, não estou brincando. Como o
Ukie
favorito de Nuland – “Yats” – que
apareceu em algum ponto da “linha de frente” perto de Slaviansk para “encorajar
as tropas”.
Mas meu favorito é um sujeito
chamado Oleg Liashko, extravagante “pedo-cum-homo-sexual” (agora casado
com uma mulher russa), e que se exibe metido num antigo uniforme de combate,
negro, e aparece para interrogar “terroristas” capturados, como produtores de
TV, ou mais recentemente, um “ex-ministro da Defesa” da República de Donetsk.
Em seguida, os vídeos são enviados para YouTube, em aparente preparação para as
próximas eleições presidenciais (suponho que reforçando as credenciais de
Liashko como machão).
Oleg Liashko, de boné, interroga civil capturado como "terrorista" (8/5/2014) |
Oleg Liashko em "treinamento de combate" |
Liashko não passa de mais uma
figura particularmente curiosa, dessa galeria de doidos. Os interessados podem
conhecer outros tipos de inacreditáveis nacionalistas ucranianos, como a notória
Irina Farion (ex-comunista, agora convertida em nacionalista), ou Valentin
Nalivaichenko, provavelmente o agente da
CIA
de mais alto escalão, na atual Junta.
Muitas vezes me refiro ao regime
em Kiev como um “show de horrores”. Não o faço para ofender: apenas constato. O
pessoal que tomou o poder em Kiev é quase completamente louco, e tudo o que
fizeram até agora só confirma isso.
Começo a suspeitar de que não
conseguirão impedir que aconteça o referendo marcado para amanhã, domingo.
Francamente, tinha – e ainda tenho – sérias dúvidas sobre a habilidade das
forças pró-Rússia no Donbass para organizar referendos em tão curto tempo, e em
plena guerra, que não é menos cruenta por ser pequena. Mas se examino os loucos
em Kiev e seu “balanço”, não vejo como conseguirão impedir o referendo, cada
vez mais próximo (mas, sim: meu currículo de eventos previstos com sucesso na
Ucrânia é horrível).
Primeiro, jamais me
passou pela cabeça que a Criméia pudesse ser incorporada à Rússia. Aconteceu.
Depois, duvidei da capacidade do
pessoal do Donbass para enfrentar o regime de Kiev. Pois enfrentaram, pode-se
dizer. Não de forma total, nem tão eficaz. Mas suficientemente efetiva para
deter toda a máquina repressiva da junta neonazista, deixando-a paralisada.
Francamente, não consigo creditar esse sucesso à Rússia ou Putin. Eles fizeram
muito menos para destruir a Ucrânia como um Estado unitário do que fazem os
loucos instalados em Kiev, que estão neste mesmo momento assustando e
enfurecendo mais e mais o povo em Odessa e Mariupol.
As coisas começam a degringolar a
partir de agora, pelo menos para a Junta.
Em primeiro lugar, a Rússia
anunciou que a menos que a Ucrânia faça o pagamento antecipado pelo gás a ser
entregue em junho, a Rússia fechará a torneira. O prazo está correndo.
Segundo, embora eu
esteja disposto a admitir que não faço a menor ideia de qual será o resultado
do referendo, a menos que a maioria vote contra (coisa difícil de imaginar),
não consigo ver como a Junta imagina conseguir submeter cidades enormes, como
Donetsk ou Carcóvia, se, até agora, sequer logrou conquistar Slaviansk ou
Kramatorsk, cidades muito menores.
Sim, sei do que dizem supostas
pesquisas, mas não as considero: as “pesquisas” contradizem tudo que ouço de
fontes locais. Mas... Se a maioria do povo do Donbass votar que prefere um
Banderastão unitário dirigido por Junta de aberrações, para mim está ótimo.
Seja como for, não vejo nenhuma razão para confiar nesta pesquisa. Nenhuma.
Se partirmos do princípio de que:
A) o
referendo acontecerá; e
B) que
a maioria do povo do Donbass votará por uma declaração de independência
(hipótese bem razoável), não vejo o que os Ukies possam fazer.
Terceiro, a crise
econômica começará para valer em junho e não amainará em um futuro previsível.
Se o Donbass pode sobreviver com a ajuda do dinheiro russo, o resto do
Banderastão desabará no abismo econômico, no próximo verão. O que, pelo amor de
Deus, podem os malucos de Kiev fazer para recuperar o controle da situação?
Quarto, se a crise
atingir a Ucrânia tão duramente quanto prediz a maioria dos especialistas, dará
muito combustível aos descontentes em cidades como Odessa, que em um mundo
normal, deveria ser bastante próspera. O mesmo vale para Nikolaev ou Mariupol.
Mesmo Kiev, costumava ser uma cidade próspera e bonita.
(Como não puderam ser traduzidas algumas postagens anteriores do Saker, acrescentamos a seguir 3 vídeos curtos dessas postagens não traduzidas; são auto-explicativos e os acontecimentos se deram em Mariupol [Nrc])
Seria necessário um gênio,
assessorado por staff
governamental brilhante, com o apoio e
confiança da grande maioria do povo, para arrostar o desastre multidimensional
que está prestes a acontecer. Em vez disso, a Ucrânia é atualmente governada
por gangue de malucos sórdidos e ignorantes. Não há modo de fazer funcionar. O
Banderastão implodirá. Restará aos neonazistas, antes de tudo desabar,
voltarem-se uns contra os outros, num desesperado, derradeiro acesso de fúria.
Nada há que EUA e União Europeia
possam fazer para prevenir tais acontecimentos, exceto uma providência: sentar
à mesa de negociações e conversar seriamente com a Rússia, conscientes de que
estão em posição muito frágil para negociar e que a Rússia detém todas as
cartas boas, inclusive uma crucial: o tempo.
Se EUA e União Europeia fecharem
acordo realmente sério com a Rússia, talvez ainda se salve alguma coisa da
“Ucrânia” – que será forçosamente bem menor do que hoje; que terá de eliminar
os nazistas; e terá de ser, no mínimo, realmente neutra.
Infelizmente, a única solução
pragmática seria muito humilhante para os palhaços pomposos dos EUA e da União
Europeia. Para os EUA, seria humilhação ainda pior que o fracasso total de sua
política para a Síria. Com poucas exceções, quase todos os políticos dos EUA/EU
aplicaram toda a própria autoridade, o peso da própria influência, no apoio à
parada de loucos em Kiev. Agora, têm de admitir que “o imperador está nu!”.
Como na fábula original:
O rei tremeu, desconfiado de que eles tinham
razão. Mas “o desfile tem que continuar”,
pensou ele. Então andou ainda mais orgulhosamente que antes, e os vassalos
ergueram mais alto a cauda da roupa que não estava lá.
O imperador está nu! |
Se as coisas acabarão nesse tom,
então, OK, o império está com os dias contados, e dele não restará muita coisa.
Mas é difícil de engolir. Se a razão me diz que é quase inevitável, o instinto
me diz que alguém, de algum lugar, de alguma forma, aparecerá com um truque de
mágica tirado da cartola e, feito gato que cai da árvore, o império desabará
sobre as próprias patas.
Só que todos os impérios têm de
acabar e este já ultrapassou em várias décadas o tempo de validade. Ao colocar
toda a própria autoridade a serviço de uma deplorável gangue de neonazistas
malucos, os anglo-sionistas desacreditam-se, completamente, eles mesmos.
Que regime, que império algum dia
sobreviveu a atos tão vergonhosos? Não sei de nenhum.
The Saker
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