11/5/2014, [*] Simon Tisdall
(em Teerã), The Guardian, UK
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
O Presidente Bashar al-Assad saúda o povo à saída do Opera House em Damasco |
Muitos já dizem que a estratégia
ocidental na Síria encorajou radicais e saiu-lhe pela culatra, fazendo aumentar
a ameaça contra a segurança da Europa, agora que os jihadistas começam a fugir
da Síria para seus países de origem. Altos funcionários iranianos dizem que:
Os norte-americanos só falavam de substituir Assad, mas… por quem? A única
coisa que conseguiram foi encorajar grupos radicais, e tornar as fronteiras
muito menos seguras.
O Irã e o presidente Bashar
al-Assad, íntimo aliado dos iranianos venceram a guerra na Síria,
e a campanha orquestrada pelos EUA em apoio à tentativa da oposição para
derrubar o regime sírio fracassou completamente – disseram ao The Guardian vários altos
funcionários iranianos.
Alaeddin Borujerdi |
Em séries de entrevistas em Teerã, altos
funcionários, dos que modelam a política externa iraniana, dizem que a
estratégica do ocidente na Síria pouco fez além de estimular radicais, gerar e
alimentar o caos e, feitas as contas certas, saiu-lhes pela culatra, agora que
as forças do governo sírio, comandadas pelo presidente Assad, já assumem total controle
da situação em campo.
Vencemos na Síria
– disse Alaeddin Borujerdi, presidente da comissão de política externa e
segurança nacional do Parlamento do Irã, e elemento muito influente dentro do
governo. O regime permanecerá. Os norte-americanos
perderam tudo.
O terrorismo perpetrado pelos grupos jihadistas ligados à al-Qaeda e
indivíduos armados financiados por países sunitas muçulmanos árabes são agora a
principal ameaça que o povo sírio enfrenta, disse Borujerdi. Muitos
combatentes estrangeiros, que viajaram para a Síria, da Grã-Bretanha e outros
países europeus, logo voltarão para casa. Nos preocupa agora a segurança futura da
Europa – Borujerdi continuou.
Amir Mohebbian |
Amir Mohebbian, estrategista conservador
e conselheiro do presidente disse que:
(...) foi fácil para nós vencermos o jogo na Síria. Os EUA absolutamente não
entendem a Síria. Queriam substituir Assad mas… nem perceberam que não havia
alternativa para eles. Só conseguiram encorajar grupos radicais e tornar as
fronteiras ainda menos seguras. Aceitamos que é preciso mudar, na Síria – mas
gradualmente. Se não for assim, será o caos.
O Irã muçulmano xiita é o mais poderoso
apoiador regional de Assad, e sabe-se que investiu bilhões de dólares para
promover o governo de Assad desde os primeiros movimentos de oposição, em março
de 2011. Ao lado da Rússia, principal fornecedora de armas para o regime sírio,
o Irã salvou Assad contra todas as tentativas de golpe com “mudança de regime”
que o ocidente organizou contra ele.
Analistas ocidentais dizem que o Irã
está engajado numa luta regional por poder, ou guerra à distância, que vai bem
além da Síria, contra os estados árabes sunitas do Golfo, principalmente a Saudi Arabia. Portanto, Teerã teria agora óbvio
interesse em proclamar a vitória do regime sírio alawita, que luta contra
muitos rebeldes sunitas. Mas funcionários iranianos e especialistas regionais
negam que essa seja a motivação principal.
Majid Takht-Ravanchi |
Majid
Takht-Ravanchi, Vice-Ministro de Relações Exteriores do Irã, disse
que a prioridade é aceitar que o golpe falhou e restaurar a estabilidade na
Síria, antes das eleições presidenciais previstas para o próximo mês.
O extremismo e a desordem na Síria têm de ser enfrentados com seriedade
pela comunidade internacional. Os países que estão fornecendo terroristas e
forças extremistas têm de parar de alimentar o terror e os terroristas – disse Takht-Ravanchi.
O Irã tem boas relações com o governo sírio, o que não implica que nos
ouçam sempre – ele
continuou. E negou que o Irã tenha fornecido armas e combatentes das unidades
dos Guardas Revolucionários, para ajudar a derrotar os terroristas sunitas,
como disseram agências
ocidentais de inteligência. O Irã tem presença diplomática ali. Nada há
de estranho ou de diferente, nisso. Não precisamos armar o governo sírio – disse ele.
Apesar de sua influência com Damasco e o
Hezbollah, a milícia libanesa xiita que luta ao lado
das forças do governo sírio, o Irã foi sempre excluído das conversações
internacionais para forjar um acordo de paz, por causa de objeções dos EUA e da
Grã-Bretanha, que alegam que Teerã não reconhece a importância de Assad
deixar o governo.
Mas depois da semana passada, quando os
rebeldes mantidos e armados pelo ocidente e pelos países do Golfo afinal se
retiraram derrotados, da estratégica cidade de
Homs – a capital da revolução síria –, alguns
políticos e comentaristas ocidentais também já concluíram que Assad
venceu.
Os EUA e estados árabes do Golfo seus
aliados forneceram dinheiro, equipamento e armas aos terroristas ativos na
Síria. Ano passado, o Presidente dos EUA, Barack Obama, aproximou-se muito
perigosamente de lançar mísseis de ataque contra o governo de Assad, sob o
falso pretexto de que o exército sírio teria usado armas químicas. Mas o ataque
não se consumou e a decisão de Obama, de retroceder, foi interpretada em Teerã
e em Damasco, como sinal de que os EUA já não estariam muito ativamente
empenhados em continuar a tentar vencer aquela guerra.
Mohammad Marandi |
Entendo que os norte-americanos cometeram erro enorme na Síria e acho que
sabem disso, embora jamais o admitam. Se tivessem aceitado o Plano Annam, em
2012, que teria mantido Assad no governo, com um cessar-fogo respeitado por
todos e eleições monitoradas pela comunidade internacional teriamos evitado tudo isso
.
O Irã sempre acreditou profunda e sinceramente que não teríamos outra
possibilidade, se não a de garantirmos total apoio ao governo de Assad. Qualquer
outra via teria resultado no colapso da Síria, e o país teria sido perdido para
os terroristas. Calcula-se que mais de 150 mil pessoas tenham perdido a vida no
conflito sírio, e pelo menos 9 milhões perderam as casas e locais de moradia. – disse
Mohammad Marandi, professor universitário em Teerã
[*] Simon Tisdall é Editor Assistente para
Assuntos Internacionais do The Guardian
e colunista política externa.
Anteriormente,
sediado em Washington, DC – EUA, publicou vários artigos sobre Política
Internacional em inúmeras jornais e revistas norte-americanos. Entre 1996 e
1998 foi o Editor de Assuntos Internacionais do The Observer.
Apoio completamente o presidente sírio Assad, da mesma forma em relação ao Irã e o papel deste na "guerra civil(...)" insuflada pelos americasnos... depois de ver as inumanas imagens de execuções com soldados, parentes destes, padres e cristãos sírios decapitados pelos "rebeldes(...)" insuflados,treinados,armados e pagos pelos americanos, jamais poderia ser de outra forma...
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