8/4/2013, Paul Jay
entrevista Oliver Stone, TRNN (17’40)
(Parte 1).
Traduzida pelo pessoal da Vila Vudu
PAUL JAY, editor sênior de The Real News Network, TRNN:
Bem-vindos a The Real News Network. Sou Paul Jay.
O
documentário em dez episódios, A
História Não Contada dos EUA [The Untold History of the United States [1]] desmonta grande parte
da narrativa convencional da história dos EUA pós-Guerra Fria. Organizamos uma
série em vários episódios, com Peter Kuznick, coautor do documentário, com
Oliver Stone.
Oliver
Stone, como muitos de vocês sabem, é um dos mais celebrados cineastas
norte-americanos. Tem três Óscars, como diretor e roteirista. É veterano da
Guerra do Vietnam. Fez quase duas dúzias de filmes aclamados, entre os quais
Platoon, Wall Street, Nascido em 4 de julho, JFK,
Nixon, W., e Wall Street e Wall Street 2.
Agora,
Oliver Stone, com Peter Kuznick, produziu esse seriado em dez episódios, que
está no ar no canal Showtime, The Untold History of the United
States [A História Não Contada dos EUA. Hoje, conversamos no estúdio
com Oliver.
Obrigado
por nos receber.
OLIVER
STONE:
Obrigado, Paul.
JAY:
Então, antes de tudo, parabéns. Vocês enfrentaram alguns dos assuntos tabu, da
história dos EUA. Não preciso repetir, porque já discuti com Peter. Ainda estou
surpreso, de certa maneira, por o documentário estar
sendo exibido no canal Showtime [2].
Mas
comecemos pelo fim do seriado. E o último episódio trata do final do governo
Bush e início do governo Obama. E o presidente Obama, quando candidato em 2008,
quando alguém lhe perguntou sobre as raízes de seu projeto de política externa,
respondeu que começavam com Truman e terminavam com Reagan. Essa, me parece, é a
tese de fundo, do seu filme. Todo o arco da série é uma demonstração de que a
política do presidente Obama é um continuum. Que continua aquela política
externa dos EUA. Fale um pouco dessas raízes e de porque você entende que Obama
segue um continuum.
STONE: É isso
mesmo. Você conhece a palavra teleológico? Sabe o que significa? [3]
JAY:
Sei.
STONE: Foi a
palavra que me ocorreu, quando você falava sobre isso. E pensei: o único modo de
pensar sobre o filme é do fim para o começo. É preciso conhecer o fim da
história, para desemaranhar o início. E sempre foi essa a minha ideia.
JAY:
Pensei nisso, porque é assim que se deveria ensinar história. Observar o que
acontece hoje e partir, do presente, para o passado.
STONE: [fala
cruzada] ... e andar para trás. É. O que vivemos hoje é o que conhecemos... mas
não vemos o passado. É o que chamo de “tirania do agora”. Somos soterrados por
detalhes e eventos diários, e somos arrastados nesse vento.
Aí
está a beleza de poder parar e fazer isso que fizemos, Peter e eu. É um projeto
imenso que começa nos anos 1940s. De fato, começa em 1900, e estão em produção
dois capítulos extras, o prólogo. Os capítulos A e B serão lançados em DVD em
setembro-outubro, pela Warner
Brothers, uma caixa, com 12 horas de filme. Mas o que você disse sobre
Obama, sim, é o meu pensamento.
JAY:
E anda para trás até McKinley, não é?
STONE: É.
Até McKinley e Bryan na eleição de 1900, e daí prossegue, até as duas guerras.
A
Primeira Guerra Mundial é imensa. É a mãe de todas as guerras. É a mãe da
Segunda Guerra Mundial.
Mas, sabe... Eu me fiz a mesma
pergunta. Quando decidi iniciar esse projeto, em 2008. Estava, então, com 62
anos. E pensei: estou chegando ao fim de minha pequena passagem por aqui. E
quero saber: Que negócio foi esse, Oliver? Sabe, qual o sentido disso tudo? O
que significou? O que ficou escondido. Porque a coisa toda começou, para mim, na
semana em que Wallace, Henry Wallace, foi demitido. Nasci naquela semana. Uma
espécie de ironia. Na semana daquela coisa toda [o discurso de Wallace e sua
demissão] no Madison Square
Garden. [4]
Nasci
em New York, meus pais eram
norte-americanos típicos daquela geração otimista da 2ª Guerra Mundial. Meu pai
era militar. E o mundo era tão grande, tão luminoso, e New York era o centro daquele mundo. E
eu estava ali. Ironicamente, acabei indo para o Vietnam. E minha vida, você
sabe, parte dela, o cinema, os filmes... Acho que tentei escapar outra vez para
o mundo da fantasia.
Mas
fato é que toda a minha geração, meus colegas na Universidade de Yale, a Hill School, quase todos eles
tornaram-se os principais agentes do poder do meu tempo: Bill Clinton. George
Bush foi meu colega de turma, em Yale, turma de 68. E era típico daquela geração
de títulos e privilégios, que assumiam que os EUA eram o centro do mundo e nós
tínhamos o direito de fazer o que quiséssemos.
JAY:
Uma geração e uma classe.
STONE: É. E
aquele direito nos fora dado pela bomba. E, hoje, já ninguém sabe disso. É o que
mais me assusta. Quero dizer, todos sabemos, mas é como se não soubéssemos. Não
reconhecemos. E muito me incomoda. Acho que... porque sou dramaturgo, parte do
que faço é entrar pelo subconsciente da geração, o subconsciente da raça, e
tento trazer à tona coisa primais, coisas sobre as quais não se fala nas festas,
nos coquetéis.
Sempre
senti, no meu coração, que tudo mudou, nos EUA, com a bomba atômica. A bomba nos
deu o direito de fazer o que quiséssemos. E, porque a bomba tinha poder, nós
tínhamos o poder ao nosso lado. E se tínhamos a força, tínhamos o direito. Para
nós, tudo se misturou: a força com o direito; a força e a habilidade de fazer o
bem. Como se fazer o bem fosse consequência automática de ter a força. E assim
fomos, até aqui, onde inventamos nossa própria moral, enquanto avançávamos.
Nunca pedimos desculpas! Nunca sequer consideramos a possibilidade de pedir
desculpas por ter lançado a bomba atômica sobre o Japão. Nunca nos ocorreu que
fosse necessário, porque sempre pensamos que era necessário, para pôr fim à
guerra.
E
a saga da minha vida começa com o clímax da 2ª Guerra Mundial. E vencemos com a
bomba atômica. O Japão foi destruído. Não há mito maior que esse. É falso. Acho
que conseguimos elaborar essa história com detalhes. A bomba é o mito fundante
da sociedade norte-americana. Estou tentando dar conta de sua pergunta sobre
Obama, porque estou indo ao fundo, para chegar ao fim, hoje.
JAY:
É, porque também aconteceu por ação do Partido Democrata. O partido Democrata
estava no poder. Foram os Democratas que construíram e lançaram a bomba atômica.
STONE: É.
Sim. O Partido Democrata, com poucas exceções, formou um dueto com o Partido
Republicano. 1946 foi um ano chave. Ano da primeira eleição pós-guerra. As
eleições parlamentares de 1946, trouxeram os Republicanos fumegando, de volta a
Washington. Havia muita gente muito furiosa, com tudo aquilo, contra Roosevelt.
E
Roosevelt adivinhou. Acho que aí está uma provável razão pela qual se separou de
Wallace, ou virou-se contra ele. Acho que farejou um retorno dos conservadores,
já de volta desde 44. Todos os chefões partidários e os Democratas fizeram
campanha para livrar-se de Wallace e substituí-lo por Harry Truman.
Mas
os Republicanos, de fato, todo o país, também tinham medo, depois da guerra.
Todos temiam uma recaída numa depressão. O medo foi espantado pela “nossa
força”, a bomba, a arma nuclear – podíamos ameaçar quem quiséssemos. Lançamos a
bomba contra o Japão. Mas sentimos – como disse Edward R. Murrow – sentíamos
medo. Havia medo no ar, e ninguém conseguia localizá-lo, explicá-lo. Os russos
demoraram ainda três anos para ter a bomba. Mesmo assim, estávamos com medo. E
os Republicanos aproveitaram-se desse medo nas eleições. Assim, Truman estava,
em certo sentido, também reagindo ao medo.
O
medo sempre foi predominante na minha vida – medo da bomba, medo de crescer,
medo de ser atacado pelos russos. Estava lá. Meu pai costumava falar da
conspiração mundial dos russos, que tentariam tomar o poder mundial. Para mim,
era verdade bíblica, como Deus. Quero dizer, ele acreditava nisso, que os russos
eram o inimigo. A China era também aliada deles e a Guerra da Coreia inflou
esses medos. E quando fui para o Vietnam, sabe, eu era um indivíduo com muito
medo, como muitos norte-americanos.
E
olha-se então para o que temos hoje, com o Sr. Obama, e é triste, porque não
aprendemos. Por isso nós escrevemos esse livro e fizemos o documentário seriado.
Na esperança de que as pessoas digam, aquela história é mito que nos foi
impingido. A história real é essa. Eis o que os EUA fizeram nesses anos. E se
fôssemos capazes de encarar a verdade, firme e honestamente, como tanta gente
derrotada em guerra encara suas verdades – os alemães, os cidadãos alemães,
encararam suas verdades alemãs; os japoneses encararam as verdades japonesas.
Precisamos, francamente... Precisamos ainda de uma enorme derrota, da qual
aprender. Nunca fomos derrotados.
JAY:
E quando você exibe o documentário e fala com pessoas que votaram no presidente
Obama, e em Hollywood ainda há muita gente ainda muito entusiasmada com o
presidente Obama, e toda aquela mentalidade, essa gente, encarando a verdade da
própria história. Parece que não conseguem....
...
JAY:
Quando você falou com gente em Hollywood, que continua entusiasmada com o
presidente Obama, gente que racionaliza esses ataques com os drones, que
consegue racionalizar essas leis NDAA que... você sabe, permite que os militares
mantenham pessoas presas por tempo indefinido... Eles encontram meios para
racionalizar e continuam a repetir que estão certos, que são os “mocinhos”, que
ainda vivemos em democracia, que ainda defendemos a democracia, que somos os
civilizadores, os senhores da moral.
STONE: Está
tudo fora de lugar. Tudo. Tudo de cabeça para baixo. E teleologicamente de pés
para cima. E como olhar por um telescópio. Mas não se vê a própria imagem. É
como se a imagem estivesse “flipada”, como se faz no cinema. Pode-se inverter
tudo, pegar a história, chacoalhar e mostrá-la ao contrário, exibi-la de cabeça
para baixo e pés para cima, ao contrário do esperado, para ver melhor. Pegue um
aluno de história, faça-o ver os fatos, faça-o debater, debate real, sobre tudo
isso, e tome cada um desses eventos, da bomba atômica até hoje – e é obrigatório
começar pela bomba atômica, que mudou tudo. Pode-se começar pelo próprio
conceito da 2ª Guerra Mundial e o papel dos EUA na 2ª Guerra Mundial.
E
se se puder ter esse debate com um aluno, pelo menos há chance de sermos mais
humildes, e há chance de entender que nem todos nós somos o mal, mas que com
certeza não somos todos bons, não fomos tocados pela divindade e que Deus não
está do nosso lado.
JAY:
Bem, você estava dizendo que cresceu acreditando em muito dessa mitologia.
Quando foi que a ficha caiu, para você?
STONE:
Cresci, mesmo. Por isso acho que posso... A ficha, no meu caso, caiu aos 40
anos. As pessoas dizem que fui para o Vietnam e voltei radical. Nada disso. Fiz
um filme sobre um homem ao qual isso aconteceu, Ron Kovic [Nascido em 4 de julho,
1989], que é um sujeito maravilhoso. Voltou numa cadeira de rodas e
furioso, e entendo por quê. Eu era mais bobo, mais apático, digamos apático. Ou
entre uma coisa e outra. Demorou vários anos, depois de voltar, para... Fiquei
em cima do muro. Com certeza não me sentia bem com o Vietnam. Mas falando com
outras pessoas, me autoeducando. Nasci numa família profundamente conservadora,
compreenda... Republicanos. Eisenhower, Castro é o demônio, Kennedy era o
demônio, Roosevelt sempre foi o arquidemônio.
JAY:
Esse era o seu sistema de crenças.
STONE:
Era o meu contexto. Lá pelos anos 1970s, com as audiências sobre Watergate e a
Comissão Church, comecei a ter brigas terríveis com o meu pai sobre essa coisa
toda. Ele sempre chamou o Vietnam de “ação policial”. Feria meus sentimentos,
porque participei de combate ativo, muitas vezes, e ele me feria quando dizia
“pare com isso, o Vietnam não foi como a 2ª Guerra Mundial, não passou de ação
policial”, como se quisesse esconder um erro debaixo do tapete, como a Coreia
estava metida sob o tapete.
Mas,
não, comigo, não. Não foi “ação policial”. Foi guerra enorme – e hoje sabemos,
pelas baixas e pela quantidade de vietnamitas mortos, que foi guerra massiva,
massiva, e suja, muito, muito suja.
Mesmo
assim, só à altura dos anos 1980s – sou lento mesmo. Mas você tem de me
acompanhar. Estou em cima do muro. Acredito na Comissão Church. Estou
horrorizado, ao saber o que a CIA faz, os golpes.
Lá pelos anos 1980, Reagan foi
eleito. Ainda apoiei Reagan, acredite ou não, porque Carter, para mim – ainda
acreditava na imprensa, acreditava que Carter tinha feito um estrago e
acreditava que Reagan podia acertar as coisas. Então, em 1984, foi para a
América Central, com Richard Boyle, para fazer Salvador
[1986].
E, de repente, tive essa espécie de flashbacks, porque via soldados
norte-americanos nas ruas de Tegucigalpa, em Honduras, homens e mulheres
uniformizados, parecidos comigo no Vietnam... e contam a mesma história sobre o
que fazem ali, aquela história, você sabe – os comunistas estão ali, ao lado, na
Nicarágua, e vão invadir... – Basicamente, Reagan estava ali, dizendo que os
comunistas vão atravessar a fronteira e... os russos os apoiam, os cubanos os
apoiam, armas, suprimentos. E então, ali eu já sabia que aquilo tudo era
mentira, merda. Fui a Salvador, a Honduras, à Guatemala, que é um pesadelo de
esquadrões da morte, e Reagan... De repente, vi Reagan de outro modo, sob outra
luz. Voltei aos EUA. Fiz Salvador – não sei se você assistiu, mas...
JAY:
Sim, assisti.
STONE: ... é
filme progresssista, com visão progressista de Salvador.
JAY:
Sem dúvida, é. Ia dizer que ninguém jamais suporia que aquele cineasta tenha
saído de tantas ideias da Guerra Fria.
STONE: É,
saiu. Saiu do abuso contra os camponeses, as classes empobrecidas. E tudo isso
estava lá, também, no Vietnam. Vietnam e América Central, para mim, era a mesma
coisa. E sofri por aquele povo. E fiz o filme.
E
daí em diante, já aos 40 anos – bem tarde, na minha vida - comecei a reexaminar
realmente essa coisa toda e lentamente. Porque cada um daqueles filmes –
JFK,Nixon, os filmes do Vietnam – levou-me para diferentes locais
de pesquisa. E em Washington tinha pesquisa de frente – sobre Nixon, aquela
coisa toda, JFK.
Fiquei
chocado com o que vi para fazer JFK, porque estávamos tentando lidar
honestamente com transparência, num governo transparente. Chocou-me muito que o
movimento conservador nos EUA tenha atacado tanto o filme. Porque eu acreditava
que os conservadores se alinhariam conosco. Goldwater dizia, transparência,
façamos as coisas com transparência, vamos descobrir o que realmente aconteceu.
Mas ninguém queria descobrir coisa alguma. Assim, a imprensa, de repente, pôs-se
mais violentamente contra mim, mais que nunca, porque me atacavam de todos os
lados, no caso desse filme, JFK, dizendo que eu falsificara a história.
E
assim fui andando. E em 2008, quando fiz W., que foi minha tentativa para
falar da presidência de George Bush com esse viés de humor, porque era tudo tão
ofensivo – uma sátira, digamos assim – que era o que nós víamos.
Agora
decidi que tenho de ir além e, pelos meus filhos, fazer uma coisa maior, mais
definitiva, e tentar lidar com a coisa toda, tudo que vi desde os anos 1940s até
agora. E a história de Peter Kuznick, com Henry Wallace sendo despachado para
fora da cena, em 44, amarra-se muito ironicamente com a bomba atômica. Assim
sendo, se você quer falar sobre bomba atômica, achamos que esse poderia ser a
porta de entrada – voltar até Wallace nos levou logo à história da bomba, à
candidatura Truman. E assim chegamos à Guerra Fria.
JAY:
OK, obrigado. Esse encontro continuará.
______________________________
Não
perca!
A jornada de Oliver Stone: De
Guerreiro da Guerra Fria a “A História Não Contada dos EUA” (2 de
2)
8/4/2013, Paul Jay
entrevista Oliver Stone, The Real News Network, TRNN (17’29”)
(Parte 2).
“Oliver
Stone’s Journey from Cold Warrior to America’s Untold
History” (em tradução).
Notas dos
tradutores
[1] Baixam-se alguns episódios,
legendados em português, em: “Oliver
Stones Untold History Of The United States”.
[2] Episódios gratuitos
em: Oliver Stone's Untold History of the
United States (Website).
Alguns episódios gratuitos
em Showtime
(Website ) (ambos em inglês).
[3]
Teleológico.
Adj. 2
fil
que relaciona um fato com sua causa final (diz-se de argumento, explicação ou
conhecimento). Houaiss.
[4]
Discurso, no Madison Square Garden, em que Wallace argumentou contra a obcecada
preocupação dos EUA com os russos:
Para
alcançar paz duradoura, temos de estudar em detalhe o modo como se formou o
caráter dos russos. (...) E acrescente-se a tudo isso a tremenda potência
emocional que o marxismo e o leninismo dão aos líderes russos. É absolutamente
evidente que enfrentamos uma força que não conseguiremos manobrar com políticas
de “endureçam mais contra os russos. Ataquem antes”. “Atacar” jamais trouxe
benefício verdadeiro e duradouro – nem para crianças malcriadas, nem para
empresários, nem para potências mundiais. Quanto mais endurecermos, mais os
russos endurecerão.
Dias
depois, em 20/9/1946, o presidente Truman demitiu-o do cargo de secretário
[ministro] da Agricultura, acusando-o de “pôr sob risco a segurança dos EUA”. E
Roosevelt excluiu-o de sua chapa, onde concorria como vice-presidente às
eleições daquele ano. Wallace é conhecido como “o último New Dealer” (NTs com informações
de The Wrong Ways, “Henry Wallace: The Last New
Dealer”)
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