19/7/2014, [*] Paul Craig Roberts − Institute for
Political Economy
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Dado que Washington, Kiev e a imprensa-empresa press-tituta
[orig. presstitute] também estão obrando na propaganda de que Putin “é
culpado”, ninguém encontrará na mídia norte-americana qualquer informação
aproveitável. Teremos de procurar e de construir nós mesmos nossa própria
informação aproveitável. Paul Craig
Roberts
1ª página do NYTimes de 18/7/2014 já informa que o voo MH17 foi derrubado por míssil (como?)
|
A máquina de
propaganda de Washington está trabalhando em tão alta rotação, que há risco de
perdermos os dados e fatos comprovados que já temos.
Um desses
fatos é que os federalistas não têm os caros sistemas de mísseis
antiaéreos Buk ou não têm pessoal treinado para operá-los.
Outro fato é
que os federalistas não têm incentivo ou motivo para, ou interesse em, derrubar
avião de passageiros; a Rússia tampouco. Qualquer um sabe ver a diferença em um
avião de combate voando baixo e um avião de passageiros a 33 mil pés de altura.
Os ucranianos
têm sistemas Buk de mísseis antiaéreos, e uma bateria Buk estava
operacional na região e localizada em ponto do qual poderia ter disparado um
míssil contra o avião.
Assim como os
federalistas e o governo russo não têm incentivo nem motivo para derrubar avião
de passageiros, tampouco os tem o governo ucraniano; e, de fato, nem os
ensandecidos nacionalistas extremistas ucranianos que formaram milícias para
fazer as lutas contra os federalistas que o governo ucraniano não têm interesse
em fazer. A menos que haja aí um plano para culpar a Rússia.
Um general
russo que conhece o sistema de armas apresentou sua opinião, de que foi erro
cometido por militares ucranianos não treinados para usar aquela arma. O
general disse que, embora a Ucrânia tenha algumas armas, os ucranianos não
foram treinados para usá-las nesses 23 anos desde que a Ucrânia separou-se da
Rússia. O general acredita que tenha sido um acidente devido à incompetência.
Sistema de mísseis Buk do exército ucraniano |
Essa
explicação faz algum certo sentido e com certeza faz muito mais sentido que a
propaganda de Washington. O problema com a explicação do general é que não
explica por que o sistema Buk de mísseis antiaéreos foi posto próximo
de, ou dentro de, território dos federalistas. Os federalistas não têm força
aérea. Parece estranho que a Ucrânia mantivesse um caríssimo sistema de
mísseis em área na qual não teria uso militar – e em posição na qual poderia
ser capturado pelos federalistas.
Como
Washington, Kiev e a imprensa-empresa press-tituta [orig. presstitute]
também estão obrando na propaganda de que Putin é culpado, ninguém
encontrará na mídia norte-americana qualquer informação aproveitável.
Teremos de procurar e de construir nós mesmos nossa própria informação
aproveitável.
Um modo de
fazer isso é perguntar: por que aquele sistema de mísseis estava onde estava?
Por que pôr em risco um caríssimo sistema de mísseis, pondo-o num ambiente
conflagrado, no qual não teria nenhuma serventia? Incompetência, sim, é uma das
respostas; outra resposta é que o sistema de mísseis foi posto ali, para ser
usado, porque seria usado.
Seria usado
para quê? Noticiosos e provas circunstanciais têm fornecido duas respostas. Uma
delas é que os extremistas ultranacionalistas anti-Rússia e pró-EUA &
Europa tinham planos para derrubar o avião presidencial de Putin; e teriam
confundido o avião malaio e o avião russo.
Como os EUA (e o Wall Street!) "sabiam" que o MH17 havia sido derrubado por míssil no mesmo dia? |
O que posso dizer é que o avião de Putin e o
Boeing malaio cruzaram-se no mesmo ponto no mesmo degrau. Foi perto de
Varsóvia, no degrau 330-m, altura de 10.100 metros. O jato
presidencial estava nesse ponto às 16h21 hora de Moscou, e o avião malaio, às
15h44 hora de Moscou. Os perfis das aeronaves são semelhantes, as dimensões
lineares são muito semelhantes, e as cores, observadas em grande distância, são
quase idênticas.
Não encontrei
nenhum desmentido oficial russo, mas, segundo noticiários russos, o governo
russo informou, em resposta às notícias da agência Interfax, que o avião
presidencial de Putin já não voa a antiga rota da Ucrânia desde o início das
hostilidades.
Antes de aceitar
essa negativa, é preciso ter bem claro que qualquer tentativa pelos ucranianos
de assassinar o presidente da Rússia implica guerra – exatamente a guerra que a
Rússia quer evitar. Implica também a cumplicidade de Washington na tentativa de
assassinato, porque é altamente improvável que os fantoches de Washington em
Kiev arriscar-se-iam a cometer ato tão perigoso, se não contassem com o apoio
dos EUA.
O governo
russo, que é inteligente e racional, com certeza negaria todas as notícias
sobre uma tentativa, por Kiev e Washington, de assassinarem o presidente russo.
Se não negar, a Rússia fica obrigada a tomar alguma providência – quer dizer:
também implica guerra.
A segunda
explicação é que os extremistas pró-Europa-EUA que operam por fora do aparelho
militar ucraniano oficial tenham concebido um atentado para derrubar um avião
de passageiros, para inculpar a Rússia. Se houve um atentado, o mais provável é
que tenha sido gerado pela CIA ou por algum braço operativo de
Washington; e visaria a forçar a União Europeia a parar de opor-se às sanções
de Washington contra a Rússia, além de contribuir para romper valiosos laços
econômicos que conectam a Rússia à Europa. Washington está frustrada por suas
sanções continuarem a ser unilaterais, sem apoio dos fantoches dos EUA na OTAN,
nem de qualquer outro país no planeta, exceto talvez do cachorrinho-de-madame e primeiro-ministro britânico.
David Cameron e Barack Obama |
Outro
problema com esse vídeo é que, por mais que se possa crer que os federalistas
tivessem confundido um avião de passageiros a 33 mil pés de altitude, com um
jato militar de ataque, o general russo jamais os confundiria. A única
conclusão é que, ao fazer falar um militar russo (verdadeiro ou falso), para
tentar dar credibilidade a um vídeo falso, os falsários erraram e desacreditaram-se,
eles mesmos.
A prova
circunstancial que o público não especialista pode entender mais facilmente
está na sequência de noticiários de televisão produzidos para culpar a
Rússia... antes de que se conheça qualquer fato.
Em meu artigo
anterior falei de um
noticiário da BBC ao qual assisti e que, com certeza, foi integralmente
produzido para culpar a Rússia. O programa concluía com um correspondente da
BBC, ofegante, dizendo que acabava de assistir ao vídeo em YouTube, e que ali estava a prova do crime e “não resta dúvida
alguma” – dizia o jornalista. A prova do crime apareceu para o jornalista da
BBC, antes de o governo da Ucrânia e Washington saberem das coisas.
A prova de
que Putin fez tudo seria um vídeo filmado antes do ataque ao avião malaio. Todo
o noticiário produzido pela BBC e distribuído pela [rede] National Public Radio foi orquestrado para a exclusiva finalidade
de “provar”, antes de haver qualquer prova, que a Rússia teria sido
responsável.
A 1ª página do Daily News já em 18/7/2014 acusa Putin diretamente |
Verdade é que
toda a imprensa-empresa ocidental falou como uma só voz: foi a Rússia! E todas
as press-titutas/press-titutos continuam a dizer sempre a mesma
coisa.
O mais
provável é que essa opinião única e uniforme apenas reflita o treinamento
pavloviano da imprensa-empresa ocidental que, sempre, automaticamente, se alinha
com Washington. Nenhuma “fonte” quer ser criticada por “antiamericanismo” ou
quer ver-se isolada da opinião geral, a única que se ouve, a única que se
admite, a única que não pode ser contestada, sob pena de o “especialista”
receber “nota vermelha” no boletim.
Como
ex-jornalista e colaborador dos mais importantes veículos da imprensa-empresa
nos EUA, sei muito bem como funcionam.
Por outro
lado, se se descontam os condicionamentos pavlovianos – que gera o “jornalismo”
de repetição automática – a única conclusão que resta é que todo o ciclo de
notícias sobre o avião malaio está sendo orquestrado para inculpar Putin.
Romesh
Ratnesar, vice-editor de Bloomberg
Businessweek, oferece prova convincente de que, sim,
tudo está sendo orquestrado, com o que publicou dia 17/7/2014.
O título da
coluna de Ratnesar é “Derrubada do avião malaio atrai desastre para Putin”.
Ratnesar não está dizendo que Putin pode estar sendo vítima de um complô. O que
ele diz é que antes de Putin ter derrubado o avião malaio,
Fui editor do
Wall Street Journal e, naquele tempo, quem me aparecesse com coluna de
merda equivalente a essa teria sido demitido(a). Só insinuações, sem nenhuma
prova que apoie qualquer coisa. E a mentira-distorção, descarada, segundo a
qual o que foi golpe de estado dado por Washington contra a Ucrânia seria “o
comprometimento da Rússia na Ucrânia”!
O que estamos
testemunhando é a total corrupção do jornalismo ocidental, pela agenda imperial
de Washington. Ou os jornalistas alinham-se com as mentiras, ou são atropelados.
Procurem à
volta: onde há jornalistas ainda honestos? Quem são? Glenn Greenwald, que
enfrenta ataque constante dos próprios colegas jornalistas, os quais, TODOS,
são putas, daquelas que fazem qualquer negócio por qualquer dinheiro. E que
outro jornalista haveria, cujo nome nos venha à lembrança? Julian Assange,
trancado na Embaixada do Equador em Londres, com a vida por um fio pendente de
ordens de Washington. E o fantoche britânico não dá a Assange o direito de
livre trânsito [até o aeroporto] para que possa assumir o asilo que o Equador
lhe garantiu.
A última vez
que se viu tal violência no mundo, foi a União Soviética, que exigiu que o
governo-fantoche da Hungria mantivesse o cardeal Mindszenty cercado dentro da
embaixada dos EUA em Budapeste durante 15 anos, de 1956 até 1971. Mindszenty
recebeu asilo político dos EUA, mas a Hungria, obedecendo ordens dos
soviéticos, não honrou o direito de asilo – exatamente como faz hoje o
palhaço-fantoche britânico obedecendo ordens de Washington, que não honra o
direito de asilo que Assange JÁ TEM. (...)
Edward Snowden e Julian Assange |
Putin não
está enfrentando “parceiros” razoáveis, mas todo um ministério da propaganda
que faz mira contra ele.
Compreendo a
estratégia de Putin, na qual se veem a razão e a razoabilidade russas, contra
as ameaças de Washington – mas é aposta muito arriscada. A Europa já há muito
tempo é apêndice de Washington, e não há líderes europeus no poder que tenham
capacidade e visão suficientes para separar a Europa, de Washington. Além do
mais, os líderes europeus são sobejamente subornados para servirem a
Washington. Um ano depois de deixar o governo, e Tony Blair já recebia salário
de US $50 milhões.
Depois dos
desastres que os europeus conheceram, é pouco provável que seus líderes pensem
em qualquer outra coisa que não seja aposentadoria confortável. Para isso, nada
como empregar-se como serviçal de Washington. Como a extorsão bem-sucedida
contra a Grécia, obrada por bancos, o comprova, o povo europeu está reduzido à
impotência.
Em Global
Research lê-se a declaração
oficial do Ministério de Defesa da Rússia.
O ataque de
propaganda de Washington contra a Rússia é uma dupla tragédia, porque
contribuiu para desviar as atenções para longe da mais recente atrocidade que
Israel comete contra os palestinos sitiados no Gueto de Gaza. Israel diz que o
ataque aéreo e a invasão da Faixa de Gaza seriam simples esforços para
localizar e vedar supostos túneis pelos quais palestinos contrabandeariam armas
para dentro de Israel. Basta olhar pela janela em Israel, para ver que não há
ataques de palestinos contra israelenses, nem há palestinos massacrando uma
geração inteira, mais uma, de palestinos.
Seria de
esperar que houvesse pelo menos um jornalista em algum ponto da
imprensa-empresa norte-americana, que perguntasse se bombardear hospitais e
matar crianças dentro das próprias casas está(ria) ajudando a fechar supostos
túneis que chegariam a Israel. Mas já é pedir demais para as press-titutas/press-titutos
da imprensa-empresa nos EUA.
A queda do MH17 é um álibi da imprensa-empresa para disfarçar o GENOCÍDIO de Israel em Gaza |
Como
recompensa pela política de genocídio, o governo Obama já está repassando,
imediatamente, US$ 429 milhões do dinheiro dos contribuintes norte-americanos,
para Israel: é o pagamento pelo mais recente massacre.
Comparem o
apoio que o governo dos EUA garante aos crimes de guerra de Israel, e a
massacrante campanha de propaganda contra a Rússia, alimentada de mentiras.
Os EUA
estamos de volta aos tempos das MENTIROSAS “armas de destruição em massa” de
Saddam Hussein; das “armas químicas” de Bashar al-Assad; das “armas atômicas
iranianas”.
Washington
mente tanto, há tanto tempo, que já não sabe fazer outra coisa.
[*] Paul Craig Roberts (nascido em
3/4/1939) é um economista norte-americano e colunista do Creators Syndicate.
Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi
destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista do Wall
Street Journal, Business WeekeScripps Howard News Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em
questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem
frequentemente publicado em Counterpunch e no Information Clearing
House, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e
mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que destruíram a
proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como
habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes
de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra
contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os
palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem
Ph.D. da Universidade de Virginia, com pós-graduação na Universidade da
Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.
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