11/6/2012, Lawrence
Davidson, Consortiun News
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Comentário
de internauta, na página de
Consortium
News
Blackbird
on June 12, 2012 at 9:04 am
Até
parece que há alguma diferença entre o que a lei “legalizará” e o que a
imprensa-empresa já faz, todos os dias, há anos.
O
1% controla o estado, o estado e a grande finança controlam a imprensa-empresa –
e sempre foi assim.
O
jornalismo já é exclusivamente propaganda das guerras de Bush-Obama,
praticamente em todo o mundo.
Mas
agora, porque mais gente está percebendo que a imprensa-empresa existe para
arrastar o planeta para as guerras sem fim dos EUA de Obama & Clinton...
Obama & Clinton & Panneta e a empresa-imprensa inventam uma lei que
“legalizará” as mesmas mentiras da mesma empresa-imprensa, que continuará a
arrastar os EUA para as guerras de Obama etc.
De
novo, só que agora, o jornalismo-mentira foi legalizado; e os mentirosos de
sempre podem mentir mais despreocupadamente pelos jornais e televisões de
sempre.
Lawrence Davidson |
A Lei de Autorização da Defesa
Nacional [orig. National Defense Authorization Act (NDAA)] [1] leva
nome errado: é lei mais de autorização de ataque, que de autorização de defesa.
A lei ataca não só a lista eternamente crescente de inimigos dos EUA, mas
também, do ponto de vista do que a Constituição determina, ataca também direitos
dos cidadãos norte-americanos e de todos que vivem nos EUA.
Grandes
trechos da legislação baseiam-se no pressuposto de que a proteção que a lei
sempre garantiu aos indivíduos seria incompatível com as exigências da segurança
nacional. O resultado é que os norte-americanos estão agora presos entre os
“terroristas” e as inclinações totalitárias do próprio Estado norte-americano e
respectivo governo Obama.
A Lei de Autorização da Defesa
Nacional (NDAA) – especificadamente a seção 1.021(b) [2] – já
institucionalizou a competência dos militares dos EUA para manter em prisão por
tempo indeterminado, sem acusação nem julgamento, cidadãos norte-americanos e,
também, cidadãos de outras nacionalidades. É grave abuso de poder. A autoridade
monárquica da qual os Pais Fundadores dos EUA tentaram escapar praticava esse
tipo de “desaparecimento” de pessoas. E também as ditaduras contemporâneas que
Washington tão empenhadamente apoia e sempre
apoiou.
Agora,
os norte-americanos, aparentemente porque não têm nem talento, nem imaginação
nem paciência para buscar soluções de segurança compatíveis com as próprias
leis, já podem meter na cadeia qualquer um de quem os EUA tenham (com razão ou
sem razão) medo.
Judge Katherine Forrest |
Decisão recente de uma juíza da
Corte de Apelação de New York,
Katherine Forrest, [3]
suspendeu a vigência dessa parte da Lei de Segurança Nacional dos EUA, depois de
ação impetrada, contra a tal lei, por sete jornalistas ativistas dos movimentos
antiguerra. A sentença da juíza Forrest causou surpresa (e embaraço) aos
advogados do Departamento de Justiça do governo Obama que defendiam uma suposta
“legalidade” de manter cidadãos presos por tempo indefinido, sem acusação e sem
julgamento.
Daqui em diante, devem-se esperar
redobrados esforços para derrubar ou minimizar os efeitos da sentença da Juíza
Forrest, sob o argumento de que ela “restringe futuras operações
militares” [4]
que
venham a ser ordenadas pelo comandante-em-chefe em tempos de guerra. No primeiro
movimento, o governo Obama alegou que a sentença da Juíza Forrest só se
aplicaria aos sete autores da ação. Mas a Juíza Forrest rapidamente esclareceu
que sua sentença “impede a aplicação contra qualquer cidadão, do que dispõe a
Seção 1.021(b)”.
Com
certeza os advogados do governo Obama recorrerão da decisão da Juíza Forrest. Se
for preciso, defenderão na Suprema Corte a necessidade de rasgar a Constituição
dos EUA que todos os juízes juraram cumprir e fazer cumprir. Mas a maioria do
atual corpo de juízes daquela corte suprema é hoje tão míope, que quase com
certeza a Corte Suprema dos EUA concordará com rasgar a Constituição e
desonrar-se, ela mesma.
Mas o potencial destrutivo da Lei
de Segurança Nacional dos EUA não para na legalização da detenção indefinida. Já
se sabe que a versão 2013 daquela lei (já aprovada na Câmara de Deputados, mas
ainda não apreciada no Senado) [5] permite
que o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos EUA conduzam o mesmo
tipo de propaganda massiva, dentro dos EUA, que já está em andamento, como parte
do esforço de guerra dos EUA, em terras estrangeiras.
Essa
mais recente manobra é obra de dois deputados: Mac Thornberry (Republicano) do
Texas e Adam Smith (Democrata) do estado de Washington. Os dois dizem que a lei
hoje vigente, que proíbe as agências estatais de fazer propaganda política
em território dos
EUA , “amarra as mãos dos funcionários da diplomacia, dos
militares e de outros agentes do Estado nos EUA, inibindo nossa capacidade para
fazer comunicação confiável de modo efetivo”.
E a
opinião pública? E o discurso público?
(O grande irmão está observando você) 1984 - George Orwell |
A
ação conjunta de Thornberry e Smith levanta a questão da atenção à opinião
pública e ao discurso público. Claro: o discurso do governo sempre foi oblíquo.
Mas até agora havia o reconhecimento, pela lei, de que as autoridades públicas
não deveriam mentir nem manipular os cidadãos eleitores do mesmo modo como
mentem e manipulam cidadãos eleitores em outros países.
A
distinção que Thornberry e Smith querem agora apagar, implica incluir, nas as
atribuições dos Departamentos de Estado e da Defesa, a missão de “vender” aos
cidadãos e eleitores norte-americanos os projetos da política externa dos EUA e
todas as suas correspondentes guerras, em todo o mundo, mediante massivas
campanhas de publicidade e propaganda políticas.
Evidentemente,
nem Thornberry nem Smith veem seus esforços como declarado patrocínio a esforços
cada vez mais sofisticados para desinformar. Os dois deputados, muito
obviamente, já engoliram todo o roteiro oficial patriótico e, agora, concluíram
que todos os cidadãos norte-americanos devem ser igualmente intoxicados.
É
o que pode acontecer quando representantes eleitos não conhecem a diferença
entre propaganda de manipulação e “comunicação confiável, feita de modo
efetivo”. Essa ignorância não é bom sinal. Sugere que o que tantas vezes não
funciona em terras distantes poderia funcionar melhor aqui mesmo, nos EUA.
Cidadãos
no Vietnã, no Iraque e no Afeganistão sabem que os EUA estão ou estiveram em
seus países como conquistadores e força militar de ocupação. É possível que em
todos esses lugares alguns aprovem a conquista
e a ocupação. Mas pode-se dizer com segurança que a maioria não aprova e jamais
aprovará. A desgraça que sempre acompanha as conquistas e as ocupações é para
eles tão imediata, tão próxima de casa, que os milhões de dólares
norte-americanos consumidos para plantar notícias nos jornais e nos noticiários
de televisão e em outras modalidades e veículos de desinformação
profissionalizada e planejada não bastam para encobrir a realidade próxima e
melhorar a imagem dos EUA. Tampouco bastam para vencer guerras.
Mas,
sim, quando e se os Departamentos do Estado e da Defesa lançam campanhas
similares de desinformação profissionalizada e planejada aqui nos EUA, sim, aqui
o sucesso é garantido. E acontece assim, porque não há aqui o contexto complexo
da realidade da guerra, que sirva de contraponto para que os cidadãos
norte-americanos, inclusive muitos de seus representantes no Congresso, possam
ver e avaliar o quanto, na guerra psicológica de propaganda, não passa de
absoluta mentira noticiada como se fosse fato.
A
violência e a brutalidade da invasão, da ocupação e da resistência não têm
impacto direto sobre a vida local dos norte-americanos – exceto no caso das
famílias dos soldados dos EUA, os quais, para contrabalançar, sempre são
considerados heróis, não importa os crimes que cometam. E assim os cidadãos e os
eleitores norte-americanos são deixados à mercê de uma mensagem patriótica
incansável, doentiamente repetida por fontes nas quais os cidadãos e os
eleitores são treinados para confiar.
É interessante observar, e sem
dúvida é fato muito significativo, que, embora as campanhas de propaganda de
guerra conduzidas pelos Departamentos de Estado e da Defesa nos EUA sejam
atualmente proibidas por lei e ilegais em território dos EUA , nem
por isso são inexistentes: os EUA vivemos, de fato, sob campanha massiva de
desinformação conduzida pelas autoridades do Estado e dos governos. (Para
conhecer, de uma perspectiva histórica, esse tipo de massiva propaganda
doméstica, ver Lost History, de Robert Parry. [6])
Nem
o Departamento de Estado nem o Departamento de Defesa algum dia conseguirão
fazer campanha de propaganda massiva melhor que a que se viu em operação nos EUA ,
feita pelo governo de George W. Bush, e que culminou na invasão do Iraque em
2003. O Estado norte-americano mentiu sem parar, sem alívio, assessorado por
jornais e jornalistas também competentíssimos mentirosos profissionais, e assim
se pavimentou o caminho que arrastou os EUA para um fracasso sangrento, que
contou com massivo apoio popular e que dura já uma década. No caso da guerra do
Iraque, a mesma propaganda “jornalística”, contextualizada como foi com
violência sem limites, só trouxe ceticismo e sofrimento para os
norte-americanos.
Seja
qual for o modo como se faça o mesmo em terras estrangeiras, parece não haver
dúvidas de que o sucesso da propaganda ‘'jornalística'’ que o governo Bush
comandou em 2003 está servindo hoje como inspiração para os “agentes de
comunicações” do governo Obama, que agora querem legitimação por lei, como
cobertura para suas “campanhas de marketing e Relações Públicas” gigantes, construídas por
profissionais da “comunicação efetiva”, para vender dentro dos EUA, para os
próprios cidadãos e eleitores, a política externa dos EUA e suas correspondentes
guerras. Daí os esforços suprapartidários de Thornberry e Smith.
É
preciso ter em mente que as burocracias, sejam civis sejam militares, não são
espaços de discurso livre e livre manifestação de pensamento. São ambientes de
“cumpra a missão e obedeça ordens”. Por
mais que seus representantes, saídos como são do público norte-americano, muito
tagarelem sobre democracia e debates democráticos e significativos, a verdade é
que nada sabem e nada fazem nesses campos. O mais provável é que tampouco
acreditem, eles mesmos, no que dizem e “declaram” aos jornais e televisões e
jornalistas.
Eis
a razão pela qual, em tempos em que o dinheiro compra a manifestação do
pensamento e a escraviza, e os conservadores já são donos de, a cada dia,
parcelas maiores das empresas de comunicação e jornalismo, a legislação proposta
por Thornberry e Smith parece óbvia e lógica. Se for aprovada, será a coroação
de um processo já em andamento, pelo qual a livre manifestação do pensamento e o
discurso público estão sendo afogados num poço envenenado de doutrinação e
desdemocratização.
Notas dos tradutores
[3] 17/5/2012, AlterNet News
& Politics em: “Journalists,
Wiki-Leakers, Anti-War Activists Overturn Domestic Military Detention in Major
Civil Rights Victory”
[4] 6/6/2012, New York Times em: “Detention
Provision Is Blocked”
[5] 22/5/2012, Rússia Today
em: “NDAA 2013:
Congress approves domestic deceptive propaganda”
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