27/9/2012, Bahukutumbi Raman, Eurasia Review
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
B. Raman |
B.
Raman
é Secretário Adjunto (aposentado) do Gabinete de Governo da Índia.
Atualmente
é diretor do Instituto para Estudos Tópicos e
sócio do Chennai Centre For China
Studies, Índia.
Al-Qaeda
no Waziristão Norte, al-Qaeda na Península Arábica, os Neo-Talibã do Afeganistão
e Tehrik-e-Taliban Pakistan (TTP) estão acompanhando de bem perto a
campanha eleitoral nos EUA.
Embora
tenham elevado o tom da retórica contra o presidente Barack Obama, não estão
ainda decididos sobre se seria de seu interesse trabalhar pela derrota de Obama
aumentando o número de atos terroristas na região do Af-Pak e na área de
Iraque-Síria-Líbia.
É
alto o nível de revolta contra Obama em todos esses grupos. Deve-se ao aumento
no número de ataques de drones contra a al-Qaeda e os Talibã na área dos
Waziristões depois que Obama assumiu a presidência; ao assassinato de Osama bin
Laden numa operação especial em Abbottabad na noite de 1-2/5/2011; ao
assassinato de Abu Yahya al-Libi, clérigo líbio e mentor religioso da al-Qaeda,
num ataque de drones no Waziristão dia 4/6 passado; ao assassinato de
Anwar al-Awlaki, líder da al-Qaeda na Península Árabe, cidadão norte-americano
de origem iemenita, num ataque de drones no Iêmen em setembro 2011; e a
os EUA terem-se recusado a tomar medidas judiciais contra o produtor do filme
anti-Islã cuja divulgação disparou uma onda de protestos, alguns violentos, de
muçulmanos, em vários países.
A
revolta, na al-Qaeda, contra Obama, era visível em duas recentes mensagens da
al-Qaeda. Uma vídeo-mensagem de Ayman al-Zawahiri, emir da al-Qaeda, distribuída
dia 10/9/2012, referia-se a Obama como mentiroso eleito para “trair” muçulmanos
em todo o mundo, o qual, contudo, “está sendo derrotado no Afeganistão”.
Declaração
distribuída pela al-Qaeda na Península Arábica depois do ataque ao consulado dos
EUA em Benghazi, na Líbia, dia 11/9/2012, que resultou na morte do embaixador
dos EUA na Líbia e de outros três cidadãos norte-americanos, dizia:
O
assassinato do Xeique Abu Yahya só aumenta o entusiasmo e a determinação dos
filhos de Omar al-Mukhtar (herói da independência da Líbia) para buscar vingança
contra os que atacam nosso Profeta. O levante de nosso povo na Líbia, Egito e
Iêmen contra os EUA e suas embaixadas é aviso, para alertar os EUA de que a
guerra que fazem aqui não é guerra contra grupos ou organizações, mas contra
toda a nação islâmica que se rebelou contra a injustiça.
Conclamava
a novas manifestações violentas contra embaixadas dos EUA no Oriente Médio e na
África; e conclamava muçulmanos no ocidente a atacar interesses dos EUA em seus
países de residência. “Que a expulsão de embaixadas e consulados leve à libertar
as terras árabes da hegemonia e da arrogância dos EUA” – dizia o texto da
declaração. O líder da al-Qaeda na Península Arábica é Nasser al-Wahishi.
Também
a al-Qaeda no Paquistão e os neo-Talibã no Afeganistão subiram o tom da retórica
contra Obama. Conclamaram para protestos contra o filme norte-americano e têm
promovido maior número de atos e demonstrações de violência no Afeganistão e no
Paquistão. Mas, simultaneamente, ainda não parecem seguros de que a derrota
eleitoral de Obama nos EUA lhes interesse diretamente. Por mais que detestem
Obama, ainda não sabem o que esperar de novas políticas de Mitt Romney em
questões como ataques de drones, presença maior ou menor de tropas
norte-americanas no Afeganistão e a inclusão de elementos moderados dos
neo-Talibã num futuro governo em Cabul.
Para
eles, Romney é elemento imprevisível, cujos planos sobre a retirada das tropas
dos EUA, do Afeganistão, ainda são desconhecidos. Os EUA já completaram a
retirada dos soldados “extra” enviados para o Afeganistão na “avançada”
[“surge”] ordenada por Obama logo depois de assumir a presidência. Os locais têm
motivos para esperar que Obama, se for reeleito, continue a reduzir o número de
soldados em campo, o que muito interessa aos Talibã e à al-Qaeda.
Também
no caso da al-Qaeda na Península Arábica, que controla as operações da al-Qaeda
no Iêmen, Arábia Saudita, Líbia e Síria, a política de “mudança de regime” de
Obama, que patrocina intervenções estrangeiras na região, tem-se mostrado útil e
ajudado a reforçar as posições do grupo nas áreas conflagradas. Nesse caso, o
que o grupo teme é que Obama, se for reeleito, aumente o número de ataques
contra a al-Qaeda na Península Arábica, como aumentou contra a al-Qaeda na
região do Af-Pak, logo que assumiu pela primeira vez a presidência, em 2009.
Ao
mesmo tempo em que têm conclamado a uma intensificação das atividades anti-EUA,
todas essas organizações têm evitado atos de revide desproporcional contra
cidadãos norte-americanos ou contra interesses norte-americanos, entendendo que
atos de revide desproporcional poderiam mover a opinião pública dos EUA contra
Obama. Tudo indica que, ao mesmo tempo em que mantêm alto o tom retórico contra
Obama, todos esses grupos estejam evitando ações que possam vir a reforçar o
voto anti-Obama nos EUA.
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