quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

E há também a OTAN econômica...


19/2/2013, Manlio Dinucci, Il Manifesto
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Manlio Dinucci
O presidente Obama declarou “amor ao povo italiano”, ao receber na Casa Branca o presidente Napolitano, um dia depois do Dia dos Namorados. Por que tanto amor? Porque o povo italiano “recebe os nossos soldados em seu território, em sua casa”.

É acolhida que o Pentágono muito aprecia. O Pentágono é proprietário, na Itália (segundo dados oficiais de 2012), de 1.485 prédios, área total de 942 mil metros. A esses se somam outros 996, alugados ou entregues sob concessão. Estão distribuídos em 37 locais principais (bases e outras instalações militares) e 22 menores. No período de um ano, o número de militares dos EUA estacionados na Itália aumentou em 1.500 e já passa de 10 mil. Às estruturas militares dos EUA somam-se as da OTAN, sempre sob comando dos EUA: como o Comando de Forças Conjuntas, com o novo quartel general do Lago Patria, em Nápoles.

“Hospedando” algumas das mais importantes unidades militares dos EUA/OTAN, a Itália desempenha papel central na estratégia norte-americana, a qual, depois da guerra contra a Líbia, mantem os olhos fixos não só na Síria e no Irã, mas olha além, depois de alterar o foco (o “movimento de pivô”) para a região do Pacífico Asiático, tentando conter a ascensão da China.

Giorgio Napolitano
Para envolver os aliados europeus nesta estratégia, Washington tem de fortalecer a Aliança Atlântica, também no plano econômico. Por isso Obama propôs a Napolitano um acordo comercial de livre comércio “EUA-União Europeia”. O acordo recebeu apoio incondicional do presidente italiano já antes de ser redigido; e Napolitano prometeu avaliar as consequências para a economia italiana, especialmente para as pequenas e médias empresas e a agricultura. Para Napolitano “um novo estágio histórico inicia-se nas relações entre a Europa e os Estados Unidos, não só economicamente, mas também do ponto de vista político”.

Prepara-se, pois, uma “OTAN econômica”, sistema político-econômico funcional dominado pelos EUA e pelo ocidente, apoiado por grandes grupos multinacionais, como o poderoso banco Goldman Sachs. Só o nome já é excelente garantia! Depois de participar da fraude internacional das hipotecas podres, com o que contribuiu para gerar a crise financeira que, a partir dos EUA, atingiu toda a Europa, o Goldman Sachs agora especula contra a crise europeia, indicando aos principais clientes os meios para lucrarem com a crise. Passo seguinte, encurralará o governo da Itália (ajudado por Napolitano) ou por Mario Monti, consultor internacional do mesmo banco Goldman Sachs

Pierluigi Bersani
A excelente qualidade de toda a operação foi imediatamente reconhecida e proclamada pelo Secretário do Partido Democrático, Bersani: “É tecnologia de autoridade de alto calibre”. O próprio Bersani, entrevistado por América 24, afirma agora que, “na tradição do governo de centro-esquerda, sempre unidos por relação de absoluta lealdade e amizade com os Estados Unidos, somos absolutamente a favor de que se constituam mecanismos de livre comércio na Europa e nos Estados Unidos”.

Vote quem quiser no que quiser e como achar melhor, mas nada mudará. A adesão da Itália à OTAN econômica já está decidida.

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