19/2/2013, Manlio Dinucci, Il Manifesto
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Manlio Dinucci |
O
presidente Obama declarou “amor ao povo italiano”, ao receber na Casa Branca o
presidente Napolitano, um dia depois do Dia dos Namorados. Por que tanto amor?
Porque o povo italiano “recebe os nossos soldados em seu território, em sua
casa”.
É
acolhida que o Pentágono muito aprecia. O Pentágono é proprietário, na Itália
(segundo dados oficiais de 2012), de 1.485 prédios, área total de 942 mil
metros. A esses se somam outros 996, alugados ou entregues sob concessão. Estão
distribuídos em 37 locais principais (bases e outras instalações militares) e 22
menores. No período de um ano, o número de militares dos EUA estacionados na
Itália aumentou em 1.500 e já passa de 10 mil. Às estruturas militares dos EUA
somam-se as da OTAN, sempre sob comando dos EUA: como o Comando de Forças
Conjuntas, com o novo quartel general do Lago Patria, em Nápoles.
“Hospedando”
algumas das mais importantes unidades militares dos EUA/OTAN, a Itália
desempenha papel central na estratégia norte-americana, a qual, depois da guerra
contra a Líbia, mantem os olhos fixos não só na Síria e no Irã, mas olha além,
depois de alterar o foco (o “movimento de pivô”) para a região do Pacífico
Asiático, tentando conter a ascensão da China.
Giorgio Napolitano |
Para
envolver os aliados europeus nesta estratégia, Washington tem de fortalecer a
Aliança Atlântica, também no plano econômico. Por isso Obama propôs a Napolitano
um acordo comercial de livre comércio “EUA-União Europeia”. O acordo recebeu
apoio incondicional do presidente italiano já antes de ser redigido; e
Napolitano prometeu avaliar as consequências para a economia italiana,
especialmente para as pequenas e médias empresas e a agricultura. Para
Napolitano “um novo estágio histórico inicia-se nas relações entre a Europa e os
Estados Unidos, não só economicamente, mas também do ponto de vista político”.
Prepara-se,
pois, uma “OTAN econômica”, sistema político-econômico funcional dominado pelos
EUA e pelo ocidente, apoiado por grandes grupos multinacionais, como o poderoso
banco Goldman Sachs. Só o nome já é excelente garantia! Depois de participar da
fraude internacional das hipotecas podres, com o que contribuiu para gerar a
crise financeira que, a partir dos EUA, atingiu toda a Europa, o Goldman Sachs
agora especula contra a crise europeia, indicando aos principais clientes os
meios para lucrarem com a crise. Passo seguinte, encurralará o governo da Itália
(ajudado por Napolitano) ou por Mario Monti, consultor internacional do mesmo
banco Goldman Sachs
Pierluigi Bersani |
A
excelente qualidade de toda a operação foi imediatamente reconhecida e
proclamada pelo Secretário do Partido Democrático, Bersani: “É tecnologia de
autoridade de alto calibre”. O próprio Bersani, entrevistado por América 24,
afirma agora que, “na tradição do governo de centro-esquerda, sempre unidos por
relação de absoluta lealdade e amizade com os Estados Unidos, somos
absolutamente a favor de que se constituam mecanismos de livre comércio na
Europa e nos Estados Unidos”.
Vote
quem quiser no que quiser e como achar melhor, mas nada mudará. A adesão da
Itália à OTAN econômica já está decidida.
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