A Suprema Corte [nos EUA] ergue
uma barreira contra as liberdades civis
27/2/2013, Norman Pollack, Counterpunch
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Norman Pollack |
Na
3ª-feira, a Suprema Corte dos EUA, acompanhando a opinião de Alito [juiz Samuel
Alito], deu passo significativo na direção de unir o contraterrorismo à feia
mancha do anticomunismo, do mccarthyismo, das acusações, denúncias,
ataques e perseguições a indivíduos ou grupos ditos comunistas, voltando às leis
de Alienação e Sedição [orig. Alien and Sedition Laws] do século 18, e
atualizando grande parte do pano de fundo ideológico que começou pelo apagamento
da 1ª Guerra Mundial, dos Palmer Raids, dos campos de concentração para
japoneses nos EUA, etc., etc..
Não,
não há exagero algum. A Suprema Corte está convertida em carimbo de
“legalização” da campanha do presidente Obama para retraduzir a Constituição dos
EUA, criando um clima de apoio a atos repugnantes e odiosos, como os
assassinatos predefinidos [orig. targeted assassinations] e a captura do
poder pelo Executivo, como se vê no Estado de Segurança Nacional, na aplicação
das Leis de Espionagem e na conversão da CIA em força paramilitar, intimamente
alinhada com o Comando do Estado Maior das Forças Armadas – além das claras
violações da lei internacional. E tudo sob o manto do mais luzidio liberalismo.
Não
se sabe o que é pior – se a prisão indefinida ou os assassinatos predefinidos;
nos dois se vê a marca do totalitarismo, e o povo desvia os olhos,
autoindulgente demais, egoísta demais, envolvido demais, para se incomodar, num
estado de absoluta falsa consciência. E aquela decisão persistirá sem que se
ouça um murmúrio, o que significa envolver o contraterrorismo num manto de
legitimidade e, assim, estimular que se faça cada vez mais, do mesmo: cada vez
mais liberdades civis assaltadas, cada vez mais ataques de drones usados
para aterrorizar populações inteiras, garantindo os humores necessários para
insistir nos esforços que os EUA empreendem hoje para construir sua dominação
político-econômica unilateral; e, no plano interno, preservando e intensificando
as desigualdades entre ricos e pobres.
Samuel Alito |
Infeliz
juiz Alito – jurista sem qualquer brilho, cujas credenciais são a lista dos
muitos aos quais serviu, reacionário confiável, apoiador da repressão, cujo
individualismo doentio sanciona a destruição do estado de bem-estar, sem o qual
o argumento democrático se esvazia. Disse “infeliz” porque obviamente não é o
único, nem na Suprema Corte, nem na vida pública e, portanto não é o caso de o
tomarmos como único objeto de crítica. Obama, com seu desprezo pela justiça
social e pelos princípios legais faz, com Alito, um par perfeito.
Nos
EUA, os três poderes uniram-se contra os padrões humanos e as práticas
democráticas de governo. A situação dos EUA é um profundo abismo de mxxxx.
Adiante,
o comentário que enviei ao NYTimes. Esperemos que haja uma onda tectônica
de repúdio a uma política que já tem o imprimatur da Constituição, contra
uma força de provocação que autoriza o governo a matar, prender, espionar
qualquer um que o próprio governo declare inimigo, em perfeita impunidade e
imune a qualquer julgamento decente.
Barack Hussein Obama, O Novo Mccarthyismo |
Ao New York Times, 26/2/2013: O abismo da ilegalidade
Sejamos
claros. Os apoiadores de Obama, que anotem bem: Obama e o Departamento de
Justiça gostaram muito da decisão da Suprema Corte que impede qualquer denúncia
contra o procedimento do governo para degradar extraordinariamente as liberdades
civis. A ficção de Alito, que sonha com que nenhuma denúncia chegue à Suprema
Corte, protege as escutas clandestinas, a vigilância total, as “entregas
extraordinárias” de prisioneiros para serem torturados nos “buracos negros” da
CIA em outros países, a detenção indefinida; e converte o contraterrorismo
em Novo
Mccarthyismo. Vê-se ali, a politização da lei.
Mas
não surpreende, dada a obsessão de Obama com o sigilo e os segredos (que andam
sempre juntos) que envolvem todo seu governo. Por que esse pervertido descarte
do devido processo legal, do habeas corpus, do
estado de direito?
É
que Obama, como Brennan – dada a prostituição da Justiça pela Suprema Corte,
depois de décadas de agressões às liberdades civis – temem, com muita razão, a
revelação de crimes de guerra, sobretudo do programa de drones
indispensáveis ao programa de assassinatos predefinidos.
Obama
continua a cavar cada vez mais fundo no abismo da ilegalidade e, em termos
práticos, do assassinato político.
Dar-me-ia
por satisfeito com passagem só de ida, diretamente para a Corte Internacional de
Justiça, para Obama, Brennan e Alito.
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