“A China
convida Obama p’rá dança” – (orig.: China
invites Obama to the dance floor: (Título do artigo de M.K. Bhadrakumar, que comenta este
artigo no blog Indian Punch Line)
(NT)
13/2/2013, Yang Qingchuan, Xinhua, Pequim
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
China e EUA... e suas "emissões" |
PEQUIM
– Como esperado, o discurso “Estado da União” do presidente Barack Obama dos EUA
foi construído integralmente sobre o que fazer para estimular o crescimento da
maior economia do mundo, provavelmente a questão definitória de toda sua
presidência.
Como
o desempenho do presidente no primeiro mandato já mostrou e comprovou, pôr em
ordem a desarrumada casa fiscal, financeira e econômica dos EUA é mais fácil de
dizer, que de fazer. Ainda assim, se forjar laços econômicos mais fortes com a
China nos próximos quatro anos, as chances de o presidente Obama cumprir as
promessas que fez no plano doméstico aumentam bem.
A
lógica, aqui, é simples e clara, porque EUA e China estão tão profundamente
ligadas entre si no plano econômico, que o bem-estar promovido num dos campos
inevitavelmente afetará o outro. Dado que já são o segundo maior parceiro
comercial um do outro, nenhuma das duas economias poder-se-á considerar em bom
estado, se na outra reinar o mais lamentável descalabro.
Por
mais que promover crescimento seja prioridade das duas nações, um relacionamento
econômico bilateral forte e saudável tornará mais fácil a empreitada, como os
laços econômicos existentes em décadas passadas já comprovaram.
Obviamente,
o sucesso do segundo mandato de Obama dependerá muito do ritmo do crescimento
econômico – que já se beneficiou do sempre crescente comércio com a China.
Os
EUA já superaram a União Europeia e tornaram-se o maior mercado para as
exportações chinesas em 2012, mas a China sempre esteve entre os mercados para
exportações norte-americanas que mais cresceram ao longo da década passada e não
se cansa de empreender esforços para comprar cada vez mais dos EUA. São ótimas
notícias para Obama, cuja agenda comercial terá de ver dobrarem as exportações
norte-americanas nos próximos cinco anos, para conseguir criar dois milhões de
empregos.
Segundo
estudo do Conselho de Comércio EUA-China [orig. U.S.-China Business Council
(USCBC), importações de boa qualidade e baixo preço vindas da China
mantiveram os preços ao consumidor nos EUA relativamente baixos e fizeram
aumentar o poder de compra das famílias norte-americanas, ajudando a aumentar o
crescimento líquido dos EUA.
Em
vez de culpar outros pelo alto desemprego nos EUA, alguns políticos
norte-americanos bem fariam se reconhecem o fato óbvio de que comércio robusto
com a China realmente ajudou a criar empregos nos EUA, eixo central do discurso
“Estado da União” de Obama em 2013.
A
mesma pesquisa do USCBC mostrou também que, entre 2001 e 2010, criaram-se três
milhões de empregos nos EUA como resultado do aumento das exportações para a
China.
Além
disso, a mudança rumo a maior crescimento econômico na China hoje em andamento e
a promessa reafirmada de abrir ainda mais seus mercados oferecem novas
oportunidades de cooperação bilateral em novas áreas, como energia limpa –
também prioridade da agenda econômica de Obama.
Como
beneficiária também dos laços econômicos de ida-e-volta e como a maior credora
da dívida pública do governo dos EUA, a China já aposta muito alto no
fortalecimento econômico do EUA, que são o maior mercado de produtos chineses de
exportação e destino crescente dos investimentos chineses no exterior.
Nesse
sentido, repor nos trilhos a economia dos EUA não é desejo só de Obama e dos
cidadãos norte-americanos, mas atende também aos interesses da China e, no
geral, de todo o mundo.
Ao
longo de muitos anos, a China vem buscando ativamente uma parceria econômica
mais forte com os EUA e continua empenhada nessa causa. Simultaneamente, Obama e
seu primeiro governo reconheceram a importância de forte relacionamento
econômico entre EUA e China e movimentaram-se na direção de fortalecer e
aprofundar laços.
Mas,
para que se construa padrão sustentável de relacionamento econômico forte e
saudável entre EUA e China, exigem-se esforços ainda maiores.
Com
vistas a esses objetivos, os políticos norte-americanos devem evitar criar
dificuldades e obstáculos, como medidas de protecionismo contra o livre
comércio, a xenofobia no campo dos investimentos, a guerra monetária e a
mentalidade de Guerra Fria, tão evidente na recente decisão de Washington de
impor sanções contra empresas chinesas.
Os
EUA devem também pôr fim ao vício de culpar outros por seus próprios erros e
devem agir de modo mais responsável, para efetivamente superar o caos financeiro
e o abismo fiscal.
Ainda
mais importante, Washington deve aprender a ver os laços econômicos com a China
sob a perspectiva correta de mais longo prazo, e evitar o risco mortal de vender
esse importante relacionamento, em troca de ganhos políticos de curtíssimo
prazo.
A
prosperidade do mundo, inclusive de China e EUA, exige laços mais fortes entre
as duas maiores economias do mundo. Por tudo isso, construir sobre esforços
passados e fazer avançar esse relacionamento será escolha inteligente, da qual
Obama não deve fugir, agora que tenta pôr em andamento a agenda de seu segundo
governo.
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