19/8/2013, [*] MK
Bhadrakumar, Indian Punchline
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Violência das forças armadas contra manifestantes no Egito |
Será que a União Europeia morderá o tanto que está
ladrando? Se se lê o jornal egípcio
Al-Ahram, está ali bem claro que o chefão egípcio, general Abdel
Fattah al-Sisi, já concluiu que a União Europeia não passará de atos pro forma em que manifestará preocupação com o golpe e
a repressão; só isso e não irá além disso. Em resumo, a agência Itar-Tass entrevistou os sujeitos
errados, dos quais ouviu que países europeus decretarão (decretariam!) um embargo de
armas
contra o Egito.
William Hague |
Se
ainda sobreviver alguma dúvida, basta ver o que diz o Secretário britânico de
Relações Exteriores, William Hague, que pede que “não se façam falsas escolhas”
entre a junta militar no Cairo e a Fraternidade; e que todos observem que o
golpe militar no Egito foi “muito popular” entre o povo. Além do mais, Hague
exortou o ocidente a não perder de vista o “grande quadro” (querendo dizer que o
conflito às margens do Nilo pode durar décadas). Em outras palavras, foi como se
dissesse:
(...)
apertem os cintos e curtam a diversão.
Vocês estão assistindo à construção de um banho de sangue, com muçulmanos versus muçulmanos, quer dizer... Não há problema
algum.
As palavras de Hague sugerem que a posição
anglo-saxônica já está definida e cristalizada. Disse coisas que nenhum
funcionário dos EUA ousaria dizer em público. Dito de outro modo: por mais que a
chanceler
alemã Angela Merkel
se
mostre terrível e profundamente indignada ante os eventos dessa semana no Egito,
ela será minoria; e quando os ministros de Relações Exteriores da União Europeia
se reunirem no final dessa semana, Hague providenciará para que o governo de
Obama não se exceda, quero dizer: tratará de armar as coisas de modo que o
ocidente não precise abandonar “o lado certo da história”, mas, simultaneamente,
continue a enviar armas aos generais no Cairo.
François Hollande e Saud al-Faisal |
A França, de início, pareceu partilhar a angústia da
Alemanha, mas depois que o ministro Faisal, de Relações Exteriores da Casa de
Saud, voou às pressas para
Paris no domingo (18/8/2013), já
ninguém duvida de que François Hollande recebeu súbita iluminação sobre os
eventos no Egito. Já se veem sinais de que a Arábia Saudita está empurrando o
Qatar, aos trancos, para longe dos corredores do poder em Paris. Não se sabe a
quantidade de dinheiro que a operação está custando ao rei Abdullah, mas
sabe-se que os franceses são gente de gostos caros, e os sauditas, sim, estão
gastando muito, muito dinheiro.
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MK
Bhadrakumar
foi
diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União
Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão,
Uzbequistão e Turquia. É especialista em
questões do Irã, Afeganistão
e
Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações,
dentre as quais
The
Hindu,
Asia
Times Online e Indian Punchline. É o filho mais velho
de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de
Kerala.
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