2/8/2013, [*] Paul Craig
Roberts, Information Clearing
House
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Barack Obama ao saber que a Russia havia concedido asilo a Edward Snowden |
Com
Washington perdendo o poder de mandar no mundo, desafiada por Venezuela,
Bolívia, Equador, e agora também pela Rússia, o governo dos EUA recorre já
despudoradamente a chiliques de maus modos. As repetidas manifestações de
infantilismo, pela Casa Branca e pelo Congresso dos EUA, envergonham todos os
norte-americanos.
O
mais recente surto de comportamento infantilóide em Washington é “resposta” ao
Serviço de Imigração da Rússia, que garantiu asilo por um ano ao
sentinela-apitador [orig. whistleblower] Edward Snowden, na Rússia,
enquanto os russos analisam a possibilidade de conceder-lhe asilo permanente.
Washington, depois de já ter convertido os EUA em estado sem lei, já não sabe,
sequer, manter comportamento legal. Lei é o que interesse a Washington. Do ponto
de vista de Washington, lei é o desejo de Washington. Qualquer um, pessoa ou
país, que interfira no que Washington deseje, é declarado fora da lei.
Vladimir Putin |
Porque
Obama, como Bush antes dele, rotineiramente desobedece à lei norte-americana e à
Constituição dos EUA, a Casa Branca meteu-se na cabeça que o presidente Putin da
Rússia também teria de desobedecer à lei russa e à lei internacional, cancelar a
decisão do Serviço de Imigração da Rússia e entregar Snowden a Washington.
Washington
quer porque quer que a Rússia lhe entregue Snowden, simplesmente porque
Washington assim o “exige”. Como criança de dois anos, Washington simplesmente
não concebe que esse tipo de “exigência” não se sobrepõe à lei internacional,
nem à legislação interna de cada país. Como a Rússia atrever-se-á a não obedecer
à “nação indispensável”?!
O/A
porta-voz da Casa Branca, tão inexpressivo/a que não consigo lembrar nem o nome,
nem se é homem ou mulher, declarou que o idiota da Casa Branca poderá “castigar”
Putin e não aparecer para visitá-lo em Moscou, mês que vem. Duvido que Putin
perca o sono, preocupado com se o idiota da Casa Branca aparece ou não aparece
em Moscou.
O
mandato do idiota da Casa Branca está chegando ao fim, mas Putin, a menos que a
CIA o assassine antes, continuará em seu posto por mais dez anos. Importante,
agora, é que todos os presidentes da Rússia já entenderam que o que o presidente
dos EUA diga, não vale coisa alguma. Um Clinton, dois Bushes e o atual idiota da
Casa Branca já violaram todos os acordos que Reagan firmou com Gorbachev. Que
interesse teria o presidente da Rússia, nação governada por leis, em
encontrar-se com mais um tirano?
Edward Snowden, asilado político em Moscou |
Para
nada ficar a dever ao infantilismo da Casa Branca, membros da Câmara de
Representantes e do Senado dos EUA acrescentaram sua pitada de falta de
vergonha, à vergonha que cobre os norte-americanos. Os idiotas do Congresso
“reagiram furiosamente”, segundo os jornais, e alertaram para “graves
repercussões que advirão para as relações EUA-Rússia”. Eis mais uma
extraordinária demonstração da húbris de Washington. Só a Rússia teria por que
se preocupar com “repercussões” nas relações. Washington pode dormir em paz. Sua
Majestade Imperial, Barack I simplesmente recusará qualquer pedido de audiência
que Putin lhe faça.
O
Congresso parece nem perceber a própria esquizofrenia. Por um lado, o Congresso
é ultrajado pela espionagem inconstitucional e ilegal mantida pela Agência Stasi de Segurança Nacional dos EUA –
espionam até o Congresso! – e tenta cortar os fundos que mantêm o programa de
vigilância ilegal da Agência Stasi de
Segurança Nacional dos EUA. A emenda do gasto militar apresentada por Justin
Amash, Republicano de Michigan, só por um triz não foi aprovada. Foi derrotada
por um punhado de votos comprados pela indústria da espionagem.
Por
outro lado, apesar do ultraje de descobrir-se espionado, o Congresso se empenha
em escalpelar o mais bravo herói, Edward Snowden, o homem que os informou de que
estavam sendo espionados. Não há demonstração mais clara da estupidez histórica
do governo dos EUA: querem assassinar o mensageiro.
Congresso dos EUA por Tony Auth |
Só
uns poucos doidos de extrema direita ainda creem que a vigilância universal
sobre todos os norte-americanos seria necessária para a segurança dos EUA. A
Agência Stasi de Segurança Nacional
resistirá com fúria e chantageará cada Deputado, cada Senador, mas a própria
extensão da chantagem levará algum dia a tosar as asas da Agência Stasi de Segurança Nacional dos EUA. Ou,
no mínimo, temos de esperar que as tosem. Se não acontecer assim, a Agência Stasi de Segurança Nacional terá tempo
para organizar algum golpe, sob bandeira falsa, que aterrorizará os cordeirinhos
eleitos e os porá de joelhos e dará fim a qualquer tentativa para controlar a
agência-bandida.
Os
EUA estão à beira do colapso econômico. A alegada “superpotência”, que hoje já
enfrenta a bancarrota, não conseguiu, depois de oito anos de esforços, sequer
ocupar o Iraque. E teve de entregar os pontos e desistir. Depois de 11 anos, a
“superpotência” foi derrotada no Afeganistão por uns poucos milhares de Talibã e
armas leves, e hoje corre à procura de toca onde se esconda, com o rabo entre as
pernas.
Ante sua impotência militar os EUA limitam-se a prender, torturar e assassinar velhos, mulheres e crianças |
Para
compensar a própria impotência militar, Washington dedica-se a cometer crimes de
guerra contra civis. Os militares norte-americanos são eméritos matadores de
mulheres, crianças, velhos, médicos, enfermeiros e socorristas. O máximo que a
“superpotência” pode fazer é disparar mísseis de drones pilotados à
distância, contra sítios, pomares de maçãs, cabanas, barracas, escolas e centros
médicos.
Os
cegos esquizofrênicos que governam em Washington fizeram, dos norte-americanos,
um povo odiado em todo o mundo. Os que ainda conseguem ver o suficiente para
tentar escapar à tirania crescente também sabem que, onde quer que consigam
esconder-se, ali também serão vistos como filhos da mais odiada nação do mundo,
caçados onde apareçam, como espiões e bodes expiatórios e influência nefanda,
sempre ameaçados de serem dizimados em represália contra a mais recente
atrocidade ordenada por Washington.
Washington
destruiu todo o futuro de todos os norte-americanos, em casa e em todo o
mundo.
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[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril de 1939) é um economista
norte-americano, colunista do Creators
Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração
Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista
do Wall Street
Journal, Business Week e Scripps Howard
News Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões
em questões de política econômica.
Durante o século XXI,
Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch,
escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde
Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a
proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como
habeas corpus e o devido processo
legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à
guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel
contra os palestinos.
Roberts é um graduado
do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, pós-graduação na Universidade da Califórnia,
Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.
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