1/8/2013, [*] Yves Smith, Naked Capitalism
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Barack Obama |
Por
causa da pose, do afamado ar cool, da cara de “sem drama”, é difícil
detectar quando Obama está suando frio. Mas se se examina a substância de suas
ações, é claro que o presidente já perdeu a pose, no mínimo no que tenha a ver
com Snowden e as revelações sobre o estado de vigilância. Ainda não tenho
certeza de que o presidente ande metendo os pés pelas mãos arrastado por alguma
obsessão pessoal, ou se Obama já entendeu que escorrega velozmente para a
posição de pato manco, e a frustração ante o poder que lhe escapa entre os dedos
é mais visível no ponto mais sensível – a saber: a verdade sobre o que realmente
faz a Agência de Segurança Nacional dos EUA.
Um
dos sinais de que Obama está fora de prumo é a quantidade de erros consecutivos
nos contatos com a Rússia. A pressuposição patética de que bastaria Obama
ordenar e Putin obedeceria parece corolário da certeza de que os russos
cooperariam e entregariam Snowden, tão logo Obama “amaciasse” o líder russo.
Dado o pé em que estão hoje as relações EUA-Rússia, esta ideia beira o delírio
limítrofe e a irracionalidade.
Como Michael
Hirsh explicou:
Michael Hirsh |
Na
década seguinte ao colapso da URSS no final de 1991, os EUA deram aos russos
muitos maus conselhos econômicos – nascidos da cabeça de consultores de livre
mercado do Harvard Institute para
Desenvolvimento Internacional e do FMI (...).
Aquela era de desconfiar dos EUA
levou diretamente aos anos de Putin. Desde então, apesar das várias tentativas
do que a ex-secretária de Estado, Hillary Rodham Clinton chamava de “um reset” das relações,
os EUA só fizeram estimular a desconfiança dos russos, insistindo em tratar os
“russos como herdeiros das políticas e objetivos da União Soviética”, como
Leslie Gelb e Dimitri Simes escrevem num novo artigo na revista The National
Interest (...). Assim se criou a impressão de que as principais
prioridades do ocidente, muito depois da Guerra Fria, ainda incluíam não apenas
conter a Rússia, mas
também transformá-la.
Putin
tossiu um primeiro pigarro logo no início e tratou logo de lembrar aos EUA que
Rússia e EUA não têm tratado de extradição e que, regra geral, a Rússia não
extradita ninguém. Tratar o caso Snowden como “caso especial”, só porque os EUA
“exigiam” que ele lhes fosse entregue, jamais entrou nas cogitações de Putin.
Putin assumiu a posição segundo a qual não valeria a pena explorar Snowden e seu
potencial gigante de causar problema aos EUA: “É como tosquiar porco: muito
berreiro e nenhuma lã”.
Oleg Kalugin |
Vale
observar que essa formulação não veda a possibilidade de que a Rússia se
interesse por trocar Snowden por indivíduos que vivem hoje nos EUA e que os
russos querem ter de volta, como Oleg Kalugin, ex-agente da KGB.
Mas... Não! Obama imediatamente
rejeitou essa possibilidade, e pôs-se a insistir que a Rússia seria obrigada
pela lei internacional a devolver Snowden (engraçado é que a lei internacional
torna-se super operante quando Obama precisa dela, mas não em casos como o de
Kalugin; dos prisioneiros alimentados contra vontade na prisão de Guantánamo; ou
de crianças paquistanesas assassinadas por drones). Obama
também disse que:
Não
vou mobilizar jatos bombardeiros para apanhar um hacker de 29 anos
(...) Não telefonei pessoalmente ao presidente Xi
nem ao presidente Putin, e a razão é... No.1: não tinha de telefonar.
No.2,
temos muitos negócios com China e Rússia e não vou ter um caso de suspeito que
tentamos extraditar elevado de repente ao ponto de eu me pôr a manobrar e
negociar e comerciar uma vasta série de outras questões.
Sim, mas... e o que aconteceu em
seguida? Ora bolas! Obama não mobilizou pessoalmente jatos bombardeiros, mas se
você não tomar como agressão o que fizeram contra o avião em que viajava o
presidente Evo Morales, tenho cá uma ponte que você talvez queira comprar. E
embora Putin tenha pronunciado as palavras “não se cogita de extradição” na
formulação mais clara possível, nem assim Obama deu sinais de estar captando a
mensagem. Já citei algumas vezes essa passagem do blog
Moon of Alabama, mas vale a pena
relembrá-la:
Vladimir Putin |
Putin
deixou bem claro desde o início que não haveria extradição de Snowden. Ponto
final. Funcionários russos repetiram incansavelmente a mesma coisa, inclusive
hoje. Perguntado por um repórter se a posição do governo teria mudado, Dmitry
Peskov disse a agências russas de notícias que “a Rússia jamais extraditou quem
quer que fosse e jamais extraditará.
O
que haveria, aí, tão difícil de entender? Por que os EUA continuam a tentar?
Parece ser coisa da personalidade
de Obama. Ele pediu pessoalmente que Putin extraditasse Snowden, mesmo depois de
Putin ter dito publicamente (e quando, portanto, havia chance zero de mudar de
posição) que não haveria extradição. Agora, Obama
está no mato sem cachorro. Como é possível levar, ELE, um
“não”, bem na cara, de um país como a Rússia?
Há
duas semanas, Obama telefonou a Putin e pediu-lhe que despachasse Snowden de
volta para os EUA, mas Putin recusou, segundo um funcionário que foi informado
sobre o telefonema. Depois dessa resposta, ressentida como grosseria, a equipe
de Obama passou a dedicar-se à nova política de tratar Putin com ares de pouco
caso.
Samuel Charap |
O
caso Snowden está afetando definitivamente as relações EUA-Rússia, não há
dúvidas sobre isso. Se você deixa claro que algo é muito importante para os EUA
e requeremos cooperação e nosso requerimento é rejeitado, a rejeição terá
impacto no relacionamento mais amplo. Ninguém pode levantar o nariz ante o
presidente dos EUA e esperar que o gesto não tenha consequências. Se o
presidente envolveu-se pessoalmente no caso e recebeu um não como resposta, é
como jogar pela janela o livro de regras –
disse Samuel Charap, alto dirigente do Instituto Internacional Rússia e Eurásia
de Estudos Estratégicos.
Então,
sim. Certo. O livro de regras voou pela janela. Ferro na diplomacia pública. Nem
se preocupe com o modo como o mundo verá os EUA. Trata-se de Obama,
ofendidíssimo, porque Putin “levantou o nariz” para ele. Quem é esse tal de
presidente da Federação Russa que se atreve a fazer tal desaforo para o Rei
Obama dos EUA?
Parece
até que Obama esqueceu que a Rússia ainda tem arsenal atômico.
Agora
que Obama aprendeu que não pode jogar com Putin de um lado para outro, tudo
sugere que os EUA tentam oferecer gente e mais gente que interesse aos russos,
em troca de Snowden (agradecimentos, pela dica, a
Deontos):
Mas
depois de ter forçado o avião de Morales a fazer um pouso de emergência, e
depois dos desenvolvimentos das duas últimas semanas (em breve haverá outras
notícias atualizadas), Obama já não está conseguindo sequer disfarçar o
desespero e a urgência em capturar Snowden. Para piorar, e perversamente, quanto
mais as negociações se arrastam, mais valioso Snowden vai-se tornando, com
revelações que não cessam de pingar, pingar, pingar (com todo o material agora
sob a guarda do jornal The Guardian e do jornalista Glenn Greenwald), e o
estado de segurança oficial cada dia mais impotente, o que torna toda a situação
cada dia mais frustrante para Obama. Putin, hoje, canta do poleiro mais alto.
Pode continuar a rejeitar ofertas e mais ofertas dos EUA, esperando, enquanto a
oferta sobe, sobe, sobe.
Glenn Greenwald |
Agora,
enquanto Snowden assume importância simbólica indevida (dado que o verdadeiro
jogo está nas mãos de Greenwald e do jornal The Guardian; ter
acesso a Snowden é interessante, mas não suficiente para impedir que os
vazamentos prossigam), objetivamente, o governo dos EUA está na pior posição de
todo o quadro.
Vários leitores desse blog
Naked Capitalism resistem a dar importância à apertada derrota da emenda
Amash, semana passada, que teria posto sob cabresto o estado de segurança,
apostando que a votação não passou de encenação. Mas a emenda Amash teria
proibido a transferência de fundos públicos para uso da Agência de Segurança
Nacional para a finalidade de “coletar números de telefones e outros registros
de qualquer pessoa que não seja alvo de investigação”. A emenda
foi rejeitada por 217 a 205 votos.
A
rejeição, por tão apertada margem de votos é evento de proporções sísmicas.
Keith Alexander |
Lembremos que graças ao sistema
“pagar e votar” que rege os dois partidos, a liderança na Câmara de
Representantes manda muito mais, nos membros, que há 25 anos. As lideranças dos
dois partidos e a Comissão de Inteligência da Câmara opuseram-se à emenda e
fizeram cerrada
campanha pela rejeição. O
diretor da Agência de Segurança Nacional, Keith Alexander, falou sob sigilo aos
deputados, para dizer, sem meias palavras, que haveria consequências terríveis
caso a emenda fosse aprovada. Até a Casa
Branca distribuiu declaração em que se empenhou diretamente a
favor da rejeição da emenda. Ouvi dizer, na Câmara de Representantes, que
ninguém, ali, conseguia recordar outro caso em que o governo inteiro tenha
jogado todo o seu peso contra a aprovação de alguma emenda. Figurões da
comunidade de Defesa estiveram na mídia, em tempo integral, fazendo as mais
aterrorizantes ameaças sobre os danos que a aprovação daquela emenda traria para
interesses dos EUA. Como ouvi de um assessor, no Congresso: “Quebraram braços e
pescoços para obter a rejeição”.
Alan Grayson |
Pouco depois da votação, Alan
Grayson convidou alguns membros para uma sessão agendada para a manhã da
4ª-feira, 31/7, na qual Greenwald
deporia por teleconferência. Richard Clarke, presidente do
Grupo de Segurança Contra-terrorismo e um dos membros do Grupo de Segurança
Nacional também estava agendado para participar. 24 horas depois de Grayson ter
anunciado a reunião, que despertou considerável interesse entre os membros,
Clarke desistiu. De início, disse que havia um conflito de agenda, mas logo
ficou claro que recebera, do governo, uma dose de tratamento Elizabeth Warren –
foi convidado para outra missão (nada de alto valor monetário, mas prêmio
prestigiado, de participação em processo interno) e foi informado de que, caso
participasse daquela reunião, perderia a chance de ver-se incluído na outra
iniciativa.
Mas aparentemente nem toda essa
macaqueação foi suficiente. A possibilidade de criar-se um canal de contato
direto entre Greenwald e outros “sentinelas vazadores” [orig.
whistleblowers] e membros do Congresso, que, num certo momento,
configurou-se bem claramente, foi sentida por Obama como ameaça grave demais. Jane
Hamsher comenta os desenvolvimentos:
Jane Hamsher |
O
presidente Obama sempre, historicamente, considera o Congresso como uma
antessala do inferno. Uma das maiores queixas dos Democratas no Congresso sempre
foi que o presidente não os consulta nem os inclui na modelagem de sua agenda
legislativa, e nem se fala de dar uma passada por ali, para conversar um pouco.
Imagine-se, portanto, a surpresa geral quando, de repente, o presidente anunciou
que viria hoje ao Capitólio, para reunir-se com todos os Democratas – exatamente
na véspera do início das férias de agosto.
Por coincidência, Alan Grayson foi
obrigado a cancelar a audiência sobre a Agência de Segurança Nacional marcada
para hoje, durante a qual se ouviria o depoimento de Glenn Greenwald do The Guardian. Grayson
organizara a audiência bipartidária para dar aos críticos dos programas de
vigilância ilimitada da Agência de Segurança Nacional uma oportunidade para
expor suas preocupações, e controlar a maré montante de “informação sempre
errônea e viciada” distribuída pela comunidade de inteligência.
Gen. James Clapper |
Especificamente,
o encontro repentinamente agendado aconteceria com o chamado “Caucus Democrata”.
Não conflitava diretamente só com a sessão para ouvir Greenwald, mas dado que
esse período de atividade do Congresso se encerra na 6ª-feira, seria impossível
reagendar a teleconferência para adiante, ainda nessa semana (tipo “não se
conseguiu sala desocupada”). Muita gente me disse que o gambito de Obama ficou
escandalosamente claro e óbvio para todos, no Congresso.
Consideremos,
então, o que aconteceu: temos um presidente que encara um jornalista como ameaça
pessoal e que faz o diabo para impedir que o jornalista fale diretamente aos
congressistas. Nada disso, é claro, intimida Greenwald. Um dos pontos do
testemunho da 4ª-feira (tecnicamente, não seria audiência) era dar oportunidade
a Greenwald para responder a Obama, James Clapper e Keith Alexander, que haviam
declarado que os programas da Agência de Segurança Nacional eram limitados.
Edward Snowden |
Se você ainda não leu as
informações que Greenwald acaba de distribuir sobre o programa Xkeyscore, o The Guardian resumiu os pontos
mais críticos:
Um
dos programas top secret da Agência Top Secret de Segurança Nacional dos EUA
permite que os analistas pesquisem – sem qualquer autorização ou mandado
judicial – todas as vastas bases de dados em que se arquivam e-mails, chats online e os
históricos de mensagens e contatos de milhões de indivíduos (segundo os
documentos distribuídos pelo sentinela tocador de apito [orig. whistleblower]
Edward Snowden).
Os
arquivos lançaram luz sobre uma das falas mais controversas de Snowden, de sua
primeira entrevista por vídeo publicada pelo jornal The Guardian dia 10/6.
Eu,
sentado à minha mesa
– disse Snowden - podia ouvir e copiar
tudo de todos, de você, do seu advogado, do seu contador, de um juiz da corte
suprema e até do presidente. Bastava que eu tivesse um endereço pessoal de e-mail.
Mike Rogers |
Funcionários
dos EUA apressaram-se a desmentir veementemente essa específica parte do que
Snowden disse. Mike Rogers, o Republicano presidente da Comissão de Inteligência
da Câmara de Representantes, disse, sobre a frase de Snowden: “É mentira. Está
mentindo. É impossível para ele fazer o que diz que poderia fazer”.
Mas
os materiais de treinamento para o programa XKeyscore agora distribuídos
detalham precisamente como os analistas podem usar o programa e outros sistemas
para pesquisar nas gigantescas bases de dados da Agência, bastando para tanto
preencher um simples formulário em tela, e fornecer qualquer vaga justificativa
para a pesquisa. A solicitação não é fiscalizada por nenhum juiz da Suprema
Corte ou de qualquer outra corte ou tribunal nem por qualquer funcionário da
própria Agência de Segurança Nacional, antes de ser processada.
O
programa XKeyscore, os documentos alardeiam, é o sistema de “mais amplo” alcance
de toda a Agência de Segurança Nacional de desenvolvimento de inteligência a
partir de redes de computador – o que a Agência chama de Digital Network Intelligence (DNI) [Rede
de Inteligência Digital]. Um dos documentos diz que o programa cobre
“praticamente tudo que um usuário típico faz na internet”, incluindo conteúdo de
e-mails, websites visitados e pesquisa, além dos respectivos
metadados.
Os
analistas da Agência de Segurança Nacional dos EUA também podem usar o sistema
XKeyscore e outros sistemas da Agência para obter interceptação “em tempo real”
da atividade de indivíduos na Internet.
Monica Lewinsky |
Por
mais danosas que sejam essas revelações, a reação da Agência e, agora, a atitude
suspeita de Obama, que não está negociando com honestidade com o Congresso e já
começa a tentar “qualquer coisa” para impedir que Greenwald fale (e até os mais
empedernidos congressettes já começam a suspeitar que nem Obama
conseguirá safar-se como “falso inocente”) já começam a dar sinal de que há
risco de o tiro sair pela culatra. Basta ter em mente que o que derrubou Nixon,
em Watergate, e o que mais dano causou a Clinton no affair Monica
Lewinsky não foram os eventos propriamente ditos, mas as tentativas de esconder
os eventos.
Aqui
e agora, a Agência de Segurança Nacional e o governo dos EUA parecem incapazes
de aceitar que Greenwald tem, sim, os documentos, e que prosseguirá
metodicamente a liberar as informações. Se a Agência de Segurança Nacional sabe
o que Snowden copiou (e dizem que sabem), então devem saber muito bem o que ele
pode divulgar. Apesar disso, insistem em mentir descaradamente, todos os dias,
em todos os jornais e televisões, mentiras que Greenwald tem meios para
desmascarar, acima de qualquer dúvida possível, com o próprio material da
Agência de Segurança Nacional.
O
governo dos EUA e seus principais funcionários parecem organicamente,
constitucionalmente, incapazes de reconhecer que não têm meios para deter o
processo que já está em andamento, a menos que... façam explodir a redação do
jornal The Guardian, ou
tentem, sabe-se lá... um golpe de Estado?! (Mas eu, pessoalmente, tenho certeza
de que ambos, Greenwald e Snowden, têm cópias de itens críticos do material
entregues a mãos suficientes, provavelmente do próprio The Guardian, de tal modo que a
publicação dos documentos prosseguirá, mesmo que algo aconteça ao jornal e aos
jornalistas ou ao próprio Snowden). O estado de vigilância parece incapaz de
entender que não tem meios para vencer essa luta e que, se não fizerem pelo
menos algum esforço para embarcar no ônibus, correm o risco de acabar sob as
rodas.
A
reunião convocada por Grayson foi adiada para setembro. As táticas de
procrastinação de Obama, que acabará por levar a discussão para o horário nobre
no próximo outono, tem tudo para acabar como gol contra. Permaneçam sintonizados
nesse canal.
______________________
[*] Yves Smith anima
incisivamente o popular blog financeiro "Naked
Capitalism" desde
2006. Passou mais de 25 anos em empresas financeiras e atualmente dirige a Aurora Advisors, uma empresa de
consultoria especializada em gestão, consultoria financeira corporativa e
serviços financeiros, sediada em New York. Experiência anterior inclui Goldman Sachs (em finanças
corporativas), McKinsey & Co. e
Sumitomo Bank (como chefe de fusões e
aquisições). Yves escreveu para publicações nos Estados Unidos e na Austrália,
incluindo The New York Times, The Christian Science Monitor, Slate, The Review Board Conference, Institutional Investor, The Daily Deal e Australian Financial Review.
[Yves é graduada no Harvard College e Harvard Business
School].
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.